Dados do estudo “Estado da Saúde geral da população portuguesa”
Um estudo da Medicare, em parceria com a Marktest, revela o aumento dos níveis de stress entre a população jovem. Segundo o...

Esta é uma das várias conclusões trazidas pelo estudo “Estado da Saúde geral da população portuguesa”, que já tinha revelado que mais de metade dos portugueses, entre os 18 e os 64 anos, assumem sentir stress elevado, sendo o sexo feminino o mais afetado.

Para responder a esta realidade, a Medicare lançou oficialmente a Mastercare, uma ferramenta gratuita de prevenção em saúde mental e bem-estar. O evento acontece no Dia Mundial da Saúde Mental, na Ordem dos Médicos, em Lisboa, onde será apresentado o estudo completo e as reflexões de vários especialistas.

A Mastercare promove a literacia em saúde mental e a prevenção de doenças através de mais de 50 workshops focados em temas como stress, ansiedade, parentalidade, gestão de carreira, burnout e autoestima.

Recomendações são apresentadas na conferência “A pegada carbónica do setor da saúde”
Cerca de metade dos médicos especialistas portugueses (47,7%) não têm conhecimento sobre a pegada ambiental dos inaladores, de...

O estudo é uma iniciativa do Conselho Português para a Saúde e o Ambiente (CPSA), em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPPediatria), a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), em que foram inquiridos 348 médicos com o objetivo de avaliar o grau de consciencialização sobre o impacto ambiental dos inaladores. 

Outro dado que foi possível apurar neste estudo é que os médicos mais jovens, entre os 25 e 49 anos, mostram menos preocupação com o tema (25%), enquanto mais de 35% dos médicos na faixa etária compreendida entre os 50 e os 64 anos, preocupam-se mais com o impacto ambiental dos tratamentos feitos com inaladores.

A conferência "Healthy Planet, Healthy People: A pegada carbónica do setor da saúde", organizada pelo CPSA e a Embaixada Britânica, com o apoio da GSK, evidenciou a urgência de uma ação conjunta para mitigar o impacto ambiental no setor da saúde, com foco na prescrição de inaladores. É fundamental definir estratégias que permitam aumentar o conhecimento dos profissionais de saúde relativamente ao impacto ambiental da área em que atuam e que contribuam para reduzir a pegada ecológica. Assim, com base nas conclusões  do estudo, foram elaboradas dez recomendações para a diminuição do impacto ambiental dos inaladores e para auxiliar na implementação de práticas sustentáveis. Por exemplo, haver sempre uma alternativa terapêutica e preferência pelos inaladores de pó seco (DPI) aos pressurizados (pMDI). Nos casos em que os pMDI são necessários, deve escolher-se inaladores com menor volume de HFA (hidrofluoroalcanos).

A introdução de um mecanismo de alerta sobre a pegada ecológica de cada inalador e a  implementação de estratégias para incentivar a devolução, o reaproveitamento dos dispositivos usados, bem como a monitorização do impacto  destas medidas, são passos importantes para mudar o paradigma atual, de acordo com os especialistas.

“O trabalho realizado mostra-nos que ainda há um longo caminho a percorrer no tema da sustentabilidade ambiental do setor, principalmente no que diz respeito à prescrição dos inaladores. Importa tornar a sustentabilidade em saúde numa prioridade para todos os intervenientes. Apesar de representarem somente uma parte do impacto ambiental do setor da saúde, é fundamental que sejam implementadas as recomendações, para que futuramente possamos ambicionar atingir zero emissões de carbono no setor da saúde”, afirma Luís Campos, Presidente do CPSA.

Importância do apoio psicológico e especificidades do luto perinatal em destaque
A Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade) organiza, a 18 de outubro, o VII workshop destinado a psicólogos e a...

"Acreditamos que o conhecimento e a sensibilidade para lidar com questões emocionais associadas à infertilidade são essenciais para oferecer um apoio completo e eficaz. Este workshop foi idealizado precisamente para fortalecer a conexão entre a ciência psicológica e a prática clínica, de forma a assegurar que aqueles que enfrentam o complexo caminho da (in)fertilidade possam receber o apoio adequado”, explica a presidente da associação, Cláudia Vieira.  

A programação do evento inclui palestras lideradas por diferentes especialistas e mesas redondas. A importância do apoio psicológico na perspetiva dos pacientes, as especificidades do luto perinatal em Procriação Medicamente Assistida e famílias formadas por pessoas LGBTQIA+ são alguns exemplos de discussões em destaque.  

“Queremos destacar a importância de estarmos atentos à diversidade de experiências e necessidades dos pacientes, seja no contexto do luto perinatal, seja na criação de materiais inclusivos para famílias LGBTQIA+. Estas sessões refletem o nosso empenho em promover uma abordagem mais inclusiva, compreensiva e atualizada sobre os desafios emocionais que afetam os nossos utentes”, continua a presidente.  

Os participantes vão ainda ficar a conhecer o projeto “Be a Mom”, um programa de intervenção psicológica online para promover a saúde mental no período pós-parto, e participar na atividade de grupo “Várias cabeças a pensar!”, destinada a analisar vinhetas clínicas em pequenos grupos e elaboração de propostas de formulação e intervenção.  

“Esperamos que este evento seja um espaço de partilha e enriquecimento para os profissionais, onde todos possam aprender, colaborar e desenvolver novas estratégias para apoiar cada pessoa de forma empática e personalizada. Juntos, estamos a construir um futuro em que o apoio emocional seja um pilar fundamental no percurso de quem enfrenta a infertilidade”, diz a responsável da APFertilidade. 

Com duração de 4h30, o workshop é acreditado pela Ordem dos Psicólogos com 1,8 créditos, no âmbito da área da formação em Psicologia Clínica e da Saúde. “A iniciativa não procura apenas informar, mas também capacitar os profissionais para lidarem de forma mais empática e eficaz com as dificuldades emocionais associadas à fertilidade”, termina Cláudia Vieira.  

Projeto liderado pela FMUC
A equipa do projeto “Let’s Talk About Children”, coordenada em Portugal pela Universidade de Coimbra (UC), acaba de divulgar um...

Segundo o documento foram identificados cinco desafios para promover a saúde mental na comunidade escolar: 1) dificuldades em dar resposta à crescente necessidade de apoio a crianças e jovens com problemas de saúde mental; 2) dificuldades de comunicação entre a escola e as famílias; 3) dificuldades de comunicação entre a escola e os serviços de saúde; 4) lacunas na formação dos professores e educadores sobre temas relacionados com a saúde mental; e 5) dificuldades na implementação integrada de políticas sociais, educativas e de saúde.

São também identificadas oportunidades de melhoria, para que se possa estabelecer, no futuro, uma abordagem mais integrada para trabalhar com as famílias em prol do bem-estar das crianças. Intervenções para prevenção primária e secundária de problemas de saúde mental na população escolar, promoção de colaboração regular entre os professores/educadores e os profissionais de saúde mental e a capacitação dos professores e educadores para reconhecerem e apoiarem crianças e jovens com problemas de saúde mental são algumas das propostas de melhoria apresentadas.

A promoção da saúde mental entre as crianças/jovens é uma prioridade a nível internacional, nomeadamente para a Organização Mundial da Saúde e para a União Europeia, que recomenda aos Estados-Membros intervenções específicas no âmbito da saúde mental na juventude e educação. O projeto “Let´s Talk About Children” tem como missão promover a saúde mental de crianças oriundas de contextos familiares vulneráveis, como, por exemplo, famílias em que há casos de doença mental, carências económicas ou dificuldades na integração social. Está a ser implementado em Portugal e noutros 8 países europeus desde 2023, no âmbito do programa EU4Health, financiado pela Comissão Europeia, sendo coordenado a nível nacional pela Faculdade de Medicina da UC (FMUC).
 
O documento orientador agora publicado resultou da auscultação de entidades que prestam apoio a famílias em situações de vulnerabilidade (como escolas, autarquias, serviços de saúde e associações). Além do coordenador do projeto “Let’s Talk About Children” – o docente da FMUC e especialista em Psiquiatria, Joaquim Cerejeira – participaram nesta reunião de trabalho representantes da Unidade Local de Saúde de Coimbra e de outras instituições: Associação dos Ucranianos em Portugal, Câmara Municipal de Arganil, Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, Confederação Nacional das Associações de Pais, Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares – Direção de Serviços da Região Centro, Escola Básica do Tovim, Escola Secundária de Jaime Cortesão, Instituto de Apoio à Criança – Polo de Coimbra e Associação MenteCiente.
 
Em respostas aos desafios enumerados neste documento orientador, vai ter início, a 12 de outubro, o programa de capacitação de cerca de 60 profissionais que lidam com as famílias e com as crianças nos contextos educativo e da saúde, promovida pelo “Let’s Talk About Children”. Este grupo de profissionais inclui professores e educadores desde o ensino pré-escolar até ao 12.º ano, assim como profissionais da área da saúde (psicólogos, enfermeiros, médicos) e outros técnicos superiores.
 
Este treino vai potenciar a aquisição de competências para que estes profissionais possam reconhecer precocemente famílias em situação de vulnerabilidade e, através de intervenções preventivas multidisciplinares, promover as competências parentais, o desenvolvimento psicossocial das crianças e a saúde mental de toda a família. 
Câmara Municipal de Lisboa e Lusíadas Saúde juntam-se para assinalar o Dia Mundial da Saúde Mental
A Câmara Municipal de Lisboa e o Grupo Lusíadas Saúde juntaram-se para assinalar o Dia Mundial da Saúde Mental, que se comemora...

Com esta iniciativa inédita conjunta, as duas entidades pretendem sensibilizar a população para a relevância da saúde mental, para a necessidade de eliminar o estigma associado a patologias do foro mental e ao seu tratamento, e para a incidência, cada vez maior, na população portuguesa, em diferentes grupos e faixas etárias.

De acordo com o último Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental, promovido pela Universidade Nova de Lisboa, um em cada cinco portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica, realidade que coloca Portugal na segunda pior posição a nível europeu – atrás apenas da Irlanda. Já os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde alertam para o impacto da doença mental na vida do indivíduo, salientando que pessoas com doenças do foro mental graves tendem a viver menos 10 a 20 anos do que o resto da população.

“A saúde mental, e o estigma associado às doenças mentais e ao seu tratamento, é um tema de âmbito e importância nacionais, pelo que a Câmara Municipal de Lisboa, que tem feito um trabalho de construção de um Estado Social Local através da implementação de várias medidas na área da saúde, não poderia deixar de se associar a uma iniciativa de sensibilização desta temática, através da iluminação de um dos monumentos mais simbólicos da nossa cidade. A saúde mental dos lisboetas é um dos compromissos prioritários da nossa autarquia”, refere Sofia Athayde, Vereadora da Câmara Municipal de Lisboa com os pelouros da Saúde, Direitos Humanos e Sociais, Educação, Juventude, e Serviços de Apoio Geral.

“Face à importância crescente dos problemas associados à saúde mental e, sobretudo, de eliminar o estigma que ainda persiste na sociedade sobre este tema e o seu tratamento, a Lusíadas Saúde uniu-se à Câmara Municipal de Lisboa num gesto simbólico e de sensibilização de iluminar um dos mais emblemáticos monumentos da capital portuguesa com a cor verde, representativa da saúde mental. Esta ação é uma forma de mostrar que cuidar da mente é tão importante como cuidar do corpo, e de apelar à necessidade urgente de olharmos para a saúde mental como uma prioridade coletiva e individual”, explicou Vasco Antunes Pereira, CEO do Grupo Lusíadas Saúde.

Para assinalar o momento, Sofia Athayde, Vasco Antunes Pereira, e Filipa Pinheiro Marques, a CEO do Hospital Lusíadas Monsanto – a unidade do Grupo especializada em saúde mental, protagonizaram, na noite do dia 9 de outubro (ontem), o momento inédito da iluminação da Estátua do Marquês de Pombal.

 
Dia Mundial da Visão | 10 de outubro
Porque sou Oftalmologista Veterinário? A resposta é simples: acredito profundamente na importância

A visão é um dos sentidos mais complexos e importantes. Define-se como “o processo pelo qual percebemos e interpretamos a luz e as imagens ao nosso redor. Envolve a captação de luz pelos olhos, que é então convertida em sinais elétricos enviados ao cérebro, onde essas informações são processadas e interpretadas. A visão permite-nos perceber cores, formas, profundidade e movimento, e é essencial para a interação com o ambiente”. Portanto, sem ver, as nossas capacidades de interação com o mundo estão amplamente limitadas. O mesmo se passa com os animais.

Costuma-se dizer que, nos cães e gatos, a visão não é o sentido mais potente, com o olfato e a audição desempenhando papéis mais intensos. E é verdade. No entanto, não podemos subestimar o impacto que a visão tem na forma como esses animais percebem o mundo. Eles podem até "ver" com o nariz ou os ouvidos, mas é através dos olhos que reconhecem movimentos, obstáculos, o prato de comida e, talvez o mais importante, as feições humanas. A visão é, indubitavelmente, importante para a qualidade de vida em pleno dos animais, apesar de estes apresentarem uma capacidade absolutamente “sobre-humana” para compensarem a condição invisual com os outros sentidos. Esta é a regra e é uma realidade que um cão invisual tem qualidade de vida.

Os animais têm uma notável capacidade de adaptação. É comum ver cães totalmente cegos que, se não fosse a ausência dos olhos, passariam despercebidos. Muitos continuam a viver com grande qualidade de vida, utilizando outros sentidos para compensar a perda visual. Mas, como em qualquer regra, existem exceções. E, por vezes, são essas exceções que nos fazem refletir sobre a verdadeira importância da visão nos animais.

O caso do Ruca, um cão amistoso de 14 anos de vida bem preenchidos, é um exemplo disso. Com o passar dos anos, o Ruca começou a apresentar dificuldades cognitivas e motoras, além de perder a visão devido a uma catarata no único olho que ainda possuía, após ter o outro removido por causa de um glaucoma. Tornou-se invisual, o que limitou determinantemente a sua qualidade de vida. Notava-se que tinha dificuldade em encontrar o prato da comida e da água, para além de embater frequentemente em tudo o que era obstáculo. O seu cuidador, o Sr. Márcio, percebendo a gravidade da situação, procurou uma solução corajosa: a cirurgia da catarata.

Após a cirurgia, o Ruca recuperou a visão por um curto período, mas logo enfrentou uma nova batalha, quando a pressão ocular aumentou drasticamente (41 mmHG, quando o normal é até 25 mmHG), necessitando de outra cirurgia arriscada para tratar o glaucoma. O caminho foi árduo, com dezenas de consultas, tratamentos pós-operatórios difíceis e muita ansiedade. Mas, graças à persistência e ao amor do seu cuidador, o Ruca finalmente recuperou a visão e a sua qualidade de vida, movimentando-se sem bater em obstáculos e interagindo com o mundo ao seu redor.

Esta história é um exemplo de perseverança e coragem — tanto do cuidador quanto do próprio Ruca. É um testemunho de que a visão é, sim, um sentido crucial para os nossos animais e de que vale a pena lutar por ela. Cada caso é uma oportunidade de oferecer uma vida melhor e mais plena para os nossos heróis de quatro patas.

Neste Dia Mundial da Visão, quero dedicar os meus pensamentos ao Ruca, ao Sr. Márcio e a todos os cuidadores que, com amor e dedicação, procuram oferecer aos seus animais o melhor cuidado possível. E, claro, uma homenagem a todos os oftalmologistas veterinários que, diariamente, trabalham para que os nossos animais continuem a perceber "cores, formas, profundidade e movimento," mantendo-se conectados ao mundo que os rodeia.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Opinião
Celebra-se no próximo sábado, dia 12 de outubro, mais um Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, inicia

Este ano cumprem-se 10 anos desde a resolução da OMS (Organização Mundial de Saúde) alertando para a necessidade de promover a melhoria dos Cuidados Paliativos no mundo. Em 2014 a Assembleia Mundial de Saúde (órgão dirigente da OMS) aprovou uma resolução exortando todos os países a “fortalecer os Cuidados Paliativos como um componente dos cuidados abrangentes ao longo da vida”. É este o mote inspirador do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos 2024.

O tema para 2024 é “Dez anos após a Resolução: Como estamos?”

Sendo os Cuidados Paliativos fundamentais para melhorar a qualidade de vida, bem-estar, conforto e dignidade da pessoa em sofrimento decorrente de doença crónica, sendo cuidados de saúde eficazes e centrados na pessoa, valorizando as suas  necessidades, oferecendo informação adequada, personalizada e culturalmente sensível sobre o seu estado de saúde e estimulando o seu papel central na tomada de decisões, pretende-se reforçar a mensagem ‘Não existe Cobertura Universal de Saúde sem a integração dos Cuidados Paliativos nos sistemas de saúde em todo o mundo”.

É importante reconhecer que mais de 60 milhões de pessoas em cada ano, necessitam de Cuidados Paliativos, prevendo-se o aumento destas necessidades com o envelhecimento da população e o aumento de doenças não transmissíveis e outras doenças crónicas.

É importante reconhecer a necessidade de Cuidados Paliativos para as crianças e ter consciência da necessidade de acesso a medicamentos adequados, nomeadamente medicamentos em formulações pediátricas.

É importante reconhecer que a integração dos Cuidados Paliativos nos sistemas de saúde é essencial para a obtenção de Cobertura Universal de Saúde (Universal Health Coverage). O acesso a serviços de saúde de qualidade, seguros, eficazes e universais é imprescindível.

É necessário alertar para a necessidade urgente de incluir os Cuidados Paliativos em todo o sistema de saúde, a todos os níveis, desde cuidados de saúde primários, hospitalares e socio-sanitários, reconhecendo que a integração inadequada dos Cuidados Paliativos nos sistemas de saúde e de assistência é um dos principais fatores que contribuem para a falta de acesso equitativo a estes cuidados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) no Atlas Global de Cuidados Paliativos demostrou que apenas cerca de 12% dos quase 60 milhões de adultos e crianças que precisam de Cuidados Paliativos, os recebem. Cerca de 18 milhões de pessoas morrem todos os anos com dor e sofrimento, devido à falta de acesso a estes cuidados.

O Dia Mundial dos Cuidados Paliativos é uma oportunidade vital para aumentar a conscientização e mobilizar o apoio a Cuidados Paliativos de comunidades e governos em todo o mundo.

A WHPCA apela que “façamos ouvir, junto dos decisores e responsáveis, a voz dos que necessitam de Cuidados Paliativos, para que promovam a implementação da resolução da OMS e priorizem os Cuidados Paliativos na Cobertura Universal de Saúde”.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
No âmbito do Dia Mundial da Saúde Mental
No passado dia 4 de outubro, o especialista em Medicina de Reprodução , Miguel Raimundo juntou-se à psicóloga Teresa Ribeiro...

A sessão abordou vários temas relacionados com problemas de infertilidade, como o sentimento de culpa das pessoas envolvidas, a pressão que existe durante os tratamentos e a dificuldade em perceber quando é preciso ajuda psicológica. Para Teresa Ribeiro, psicóloga clínica, com formação na área da terapia familiar, “às vezes os casais e as pessoas não conseguem distinguir se estão a precisar ou não de ajuda. Muitas vezes vão sendo negligenciados os fatores psicológicos, e há outras prioridades, e estes acabam por ir ficando. Quando prestam atenção é quando o sofrimento já é muito grande”.

Foram também debatidas outras questões relacionadas com os tratamentos FIV, como a gestão de expetativa da taxa de sucesso, e o tema da doação de óvulos e espermatozoides, bem como a importância de relacionar estes tratamentos com o apoio psicológico para casais.

Os dois especialistas relembraram ainda toda a pressão que existe durante os processos de tratamento, como a pressão social sobre o tema. Reforçaram que estabelecer a comunicação entre casal é fundamental, e ainda que as mulheres estão mais pressionadas, sentindo-se sozinhas, não havendo espaço na sociedade para falar do tema, devido aos tabus que ainda existem em Portugal.

Para  Miguel Raimundo é necessário “acabar com os tabus em Portugal sobre a fertilidade e saúde mental. É urgente falar sobre estes temas, para que mais pessoas saibam que não estão sozinhas a passar por estes problemas. As áreas da medicina têm de trabalhar em conjunto”.

 
Associação apela a que se tomem medidas ao nível da política educativa
No âmbito do Dia Mundial da Dislexia, 10 de outubro, a DISLEX - Associação Portuguesa de Dislexia alerta para a necessidade de...
“Os alunos com Dislexia estão em todas as escolas do país e cientificamente sabe-se que representam 10% da população escolar.  São alunos inteligentes e criativos. O seu cérebro processa de forma diferente os carateres simbólicos, incluindo as palavras escritas. Cabe a cada agrupamento e escola envolvê-los com respostas educativas eficazes: atempadas, cientificamente sustentadas, com resultados consistentes, com frutos duradoiros, capazes de alavancar o seu projeto de vida pessoal e, a par, o país, pelo seu sucesso, suportado pela melhoria do nível de literacia destes cidadãos.”, afirma Helena Serra, Presidente da Assembleia Geral da DISLEX.
A DISLEX reclama por decisões de política educativa a serem tomadas, como por exemplo: 
1. Obrigatoriedade da educação Pré-escolar, no referente à idade dos 5 anos, para poder ser feita a devida prevenção nessa etapa. Cuidar de bem desenvolver os pré-requisitos das aprendizagens simbólicas - linguagem, conhecimento fonológico, noções de espaço e tempo, perceção e memória auditiva e visual, motricidade, coordenação viso-motora e atenção - com recurso a prova de avaliação da existência destas competências, antes da iniciação escolar;
2. Revisão do rácio para colocação de docentes de Educação Especial, passando a considerar o seu papel quanto à Dislexia, incluindo dar apoio aos docentes em geral, inseririndo as devidas adequações no processo de ensino-aprendizagem e adaptação da avaliação;
3. Possibilidade de as escolas poderem requisitar recursos humanos -terapeutas, docentes especializados, docentes para os apoios necessários – para a adequada intervenção neste domínio.
A DILEX elenca as práticas habituais nas escolas portuguesas e a sua ineficácia relativamente aos alunos com Dislexia:
  • "Muitos casos de alunos com Dislexia não são identificados. Muitos chegam ao Ensino Secundário e Superior sem serem identificados como disléxicos, nem são avaliados;
  • A indicação de um caso, em regra, é feita pela descrição dos desempenhos-problema do aluno, pelo docente titular ou pelo Diretor de Turma, sem haver avaliação compreensiva. Ou seja, não é feito o perfil do aluno de desenvolvimento e de realização.  Nem se conhecem as áreas fracas ou emergentes sobre as quais haveria que ser feita, precocemente, uma intervenção específica;
  • Quando se promove a avaliação só ao Psicólogo cabe fazê-la. A escassez destes profissionais nas escolas, a sua falta de tempo de tempo leva a à não realização da avaliação ou que o resultado chegue tardiamente;
  • Mesmo quando há intervenção, é muito frequente ser tardia, curta e inespecífica;
  • A grande maioria dos alunos com Dislexia não recebe apoio especializado. A intervenção, quando existe, é um apoio mais individualizado dado por docentes do ensino regular, sem formação em Dislexia, o que se traduz somente no reforço de conteúdos das disciplinas".
 
A Doença de Alzheimer
Em Portugal o número e a percentagem de pessoas com demência é crescente, fruto do aumento da espera

A Doença de Alzheimer é a demência mais frequente. E, sem dúvida, o principal fator de risco principal é a idade. Por outro lado, nas outras formas de demência a idade não é o fator determinante.

Assim, efetivamente, o envelhecimento, não é uma doença, mas é um fator de risco para um conjunto de doenças, onde se inclui a demência, nomeadamente a Doença de Alzheimer.

O diagnóstico da demência

Na abordagem de um doente com suspeita de demência, a história do paciente, a observação clínica e psicológica são, por isso, os elementos essenciais do diagnóstico.

A investigação clínica, ao associar marcadores químicos, neuropsicológicos e neurorradiológicos permite-nos afirmar com grande probabilidade que se trata de uma doença de Alzheimer. Apesar do diagnóstico ser sustentado por todos estes marcadores e exames, infelizmente até ao momento não dispomos de nenhum medicamento que atrase significativamente a evolução da doença.

A importância de confirmar o diagnóstico de Doença de Alzheimer

Confirmado o diagnóstico de demência é essencial excluir as múltiplas causas tratáveis da doença. Como o hipotiroidismo, défice de vitamina B12, aumento da pressão do líquor no cérebro, AVC´s de repetição, etc. O diagnóstico de Alzheimer só se pode fazer após se excluir todas as causas tratáveis.

Na minha experiência enquanto neurologista, na atualidade um número significativo de doentes está rotulado de Doença de Alzheimer, a fazerem terapêuticas prolongadas, sem benefícios para a demência e, na verdade, sofrem de depressões ou alterações psicóticas não tratadas.

A prevenção da demência

Estudos epidemiológicos apontam para cerca de 40% das demências poderem ser evitadas e tratadas. A razão mais provável para a redução da prevalência da doença é o melhor controlo da hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca, etc. Contudo, são também importantes para esta diminuição a utilização da anti-agregação plaquetária e anticoagulação na prevenção de fenómenos cardioembólicos.

Défice cognitivo e idade

A observação médica deve avaliar e valorizar cada vez mais os défices auditivos, visuais e dos outros órgãos dos sentidos que acompanham a evolução natural do processo de envelhecimento. E contribuem para o crescente défice cognitivo. Mas, podemos ainda reduzir a incidência das outras causas de demência não Alzheimer.

Como reduzir o risco de demência?

Reduzir a ingestão de sal, excesso de álcool, tabaco, drogas, benzodiazepinas, antiácidos e ter uma dieta equilibrada são os segredos para minimizar o risco de demência.

De acordo com algumas investigações, sabemos que nas pessoas com menor escolaridade, o Alzheimer evolui mais rápido. A reserva cognitiva é variável de pessoa para pessoa. Além destes fatores, hoje é consensual que se devem criar ambientes confortáveis e familiares que facilitem a estimulação cognitiva. Ler, jogar, conviver com os amigos, pensar e andar são atividades que estimulam o nosso cérebro e contribuem para o retardar do processo demencial.

Por exemplo, quando fazemos um movimento físico, como simplesmente andar ou quando nos é realizada uma massagem muscular estimulamos eletricamente o córtex cerebral.

Em suma, uma carícia, um abraço, um beijo, estimulam da mesma forma outras áreas do córtex cerebral, não menos importantes.

Vamos pensar nisto e reduzir assim o declínio cognitivo?

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
1 em cada 4 doentes de lúpus toma corticoides há mais de 10 anos
A propósito do Dia Mundial das Doenças Reumáticas, que se assinala a 12 de outubro, a Associação de Doentes com Lúpus (ADL)...

Um inquérito recente da World Lupus Federation revela dados alarmantes sobre a utilização destes medicamentos anti-inflamatórios e o impacto que têm na vida dos doentes. O estudo demonstra que 91% dos doentes com lúpus usam ou usaram corticoides de forma habitual, sendo que 3 em cada quatro (75%) tomam há mais de um ano e 27% (mais de um em cada quatro) há mais de uma década. Esta realidade traduz-se num risco significativamente aumentado de efeitos secundários graves, como diabetes, problemas cardíacos e osteoporose. Esse é, aliás, um dos maiores receios da comunidade de pessoas com lúpus: 96% expressam preocupação e sublinham a necessidade de discutir opções terapêuticas com o seu médico assistente.

"Apesar dos avanços da medicina, o tratamento do lúpus ainda apresenta desafios significativos para os doentes, nomeadamente no que toca aos efeitos secundários da medicação mais comummente utilizada, os anti-inflamatórios. Este inquérito realça a importância de oferecer aos doentes com lúpus outras opções terapêuticas, que minimizem os efeitos secundários e permitam uma melhor qualidade de vida a longo prazo. A informação, o diálogo entre médico e doente e um diagnóstico precoce são essenciais para alcançar este objetivo", afirma Rita Mendes, presidente da ADL.

60% dos inquiridos relataram ter experienciado, pelo menos, um efeito colateral grave, incluindo diabetes, problemas cardíacos e osteoporose. Um dado particularmente preocupante é que 43% dos inquiridos admitem tomar doses diárias de corticoides superiores à dose de manutenção recomendada, o que aumenta exponencialmente o risco de complicações.

José Alves, diretor da unidade de doenças imunomediadas sistémicas do Hospital Fernando Fonseca, alerta: "Sabemos que os corticoides são uma espécie de empréstimo a prazo, em que os juros vão aumentando muito com o tempo. É fundamental que os doentes sejam informados sobre os riscos e benefícios da medicação e que sejam exploradas todas as alternativas terapêuticas disponíveis".

A necessidade de partilha de informação e de uma abordagem terapêutica mais personalizada é, aliás, sublinhada pelo inquérito. Cerca de 39% dos doentes não se sentem envolvidos nas decisões sobre o seu tratamento, o que pode contribuir para a frustração e para a diminuição da adesão à terapêutica.

Dia 28 e 29 de novembro
A cidade de Tomar vai acolher, nos dias 28 e 29 de novembro de 2024, a 7.ª Reunião do Núcleo de Estudos de Geriatria (NEGERMI),...

Sofia Duque, coordenadora do NEGERMI, destaca que o principal objetivo da reunião é "divulgar as particularidades dos doentes idosos e trazer para Portugal as melhores práticas na sua abordagem". Num país onde "a população idosa representa quase um quarto da população", conforme refere Pedro Marques, membro da comissão organizadora da reunião, é essencial que os profissionais de saúde estejam preparados para tratar estes doentes de forma individualizada. Entre os temas a serem debatidos estão doenças crónicas como diabetes, insuficiência cardíaca e doença renal crónica, todas analisadas sob a perspetiva geriátrica. Também serão discutidas síndromes comuns nos idosos, como o delirium, as quedas e as doenças do movimento, assim como a relevância da saúde oral na avaliação geriátrica global, uma área muitas vezes negligenciada.

Outro ponto inovador que será abordado é a  inteligência artificial e o seu papel na abordagem do doente idoso, evidenciando o compromisso do NEGERMI com o futuro da Medicina. "Vamos sair da caixa e discutir o impacto que a inteligência artificial pode ter na monitorização e tratamento dos idosos com patologias crónicas", revela Gonçalo Sarmento, membro da comissão organizadora da reunião.

Durante a reunião serão abordados também os desafios específicos no tratamento dos idosos em Portugal, onde, segundo Pedro Marques, "a gestão do doente crónico idoso é desafiante devido à coexistência de várias síndromes geriátricas que complicam o tratamento". O especialista sublinha a complexidade de tratar condições como a insuficiência cardíaca e a diabetes nesta população, apontando que "esperamos responder a muitas das dúvidas que os médicos enfrentam no dia a dia".

O envelhecimento da população em Portugal continua a influenciar significativamente a prática da Medicina Interna. Conforme afirma Pedro Marques, "o isolamento causado pela pandemia agravou muitos problemas cognitivos, psicológicos e funcionais nos idosos, criando novos desafios para os hospitais e as famílias". Perante este cenário, segundo Sofia Duque, o NEGERMI tem estado na linha da frente, oferecendo formação contínua e atualizações clínicas aos profissionais de saúde, através de cursos, bolsas de estudo e eventos como esta reunião.

Gonçalo Sarmento acrescenta que serão discutidos os avanços na vacinação para os mais velhos, uma área que "já não é exclusiva dos mais jovens", tendo um impacto positivo em todas as idades.

A abordagem multidisciplinar será também um dos pilares da reunião. "A avaliação do idoso não existe sem uma abordagem multidisciplinar", realça Sofia Duque, destacando a importância da colaboração entre médicos, enfermeiros, nutricionistas, terapeutas e outros profissionais de saúde para garantir um plano de cuidados completo e eficaz.

O NEGERMI tem sido um promotor ativo da formação contínua. O curso anual de Introdução à Geriatria, já na sua 13.ª edição, continua a atrair muitos profissionais de saúde, e outros cursos, como o de Nutrição Clínica Geriátrica e Doenças Neuropsiquiátricas, têm sido igualmente populares. A formação é ainda complementada pelas Open Sessions, encontros mensais online que permitem a discussão de casos clínicos e a partilha de conhecimentos entre colegas de todo o país. "Estas sessões têm criado uma verdadeira comunidade de profissionais dedicados à Geriatria", explica Sofia Duque, mencionando a criação de um repositório educativo online, acessível a qualquer momento.

Com uma visão focada no futuro, o NEGERMI continua a promover iniciativas inovadoras, como a Bolsa NEGERMI para Estágios Clínicos de Geriatria, que apoia médicos de Medicina Interna a realizarem estágios em unidades de excelência na Europa. "Procuramos sempre dinamizar as nossas atividades e inovar, porque a Geriatria é uma área em constante progresso", conclui a coordenadora.

 
Alerta é do Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses
O Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), Francisco Miranda Rodrigues, alerta para a importância da promoção da...

“Numa altura em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolhe a Saúde Mental no Trabalho como tema para este Dia da Saúde Mental, é preciso lembrar as promessas por cumprir. O governo não está a olhar para a saúde mental no local de trabalho”, lamenta o Bastonário.

Francisco Miranda Rodrigues recorda que “foi entregue um Livro Verde do Futuro da Segurança e Saúde no Trabalho, elaborado por um grupo de peritos” e que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social não se pronuncia sobre o que vai acontecer. “As equipas de saúde ocupacional já deviam contar com um psicólogo, por exemplo, como já recomendado pela Direção-Geral da Saúde, mas, na prática, nada acontece".

“É preciso que o governo tire os relatórios das gavetas e ponha a funcionar as políticas de promoção da saúde mental no local de trabalho que podem fazer a diferença na vida das pessoas”, defende o Bastonário.

Numa altura em que “todos dizem ser muito importante a saúde mental no local de trabalho é lamentável que, quando chega a altura de colocar as políticas em prática, tudo seja esquecido em prol do pilar financeiro e de curto prazo”. E isso acontece “tanto por parte dos decisores políticos como de empregadores e sindicatos”, explica.

“A saúde mental não pesa na mesa de negociações. E com isso perde-se no bem-estar das pessoas e perde-se na economia. Quando as pessoas não estão bem ao nível da saúde mental não conseguem ter o mesmo nível de produtividade”, explica Francisco Miranda Rodrigues, recordando o relatório da própria Ordem dos Psicólogos Portugueses que indica que o stresse e os custos de Problemas de Saúde Psicológica no trabalho custam 5,3 mil milhões por ano.

O Bastonário lamenta ainda que o Estado não dê o exemplo sobre o que deve ser feito nesta área, em serviços tão basilares como o Serviço Nacional de Saúde ou as escolas, onde “os profissionais estão descontentes, e não deve ser só pelas questões financeiras. Há também a falta de reconhecimento e autonomia. E não se faz nada”.

Já nas organizações privadas, recorda que “tem sido crescente a importância dada à saúde mental, o que é muito positivo”. “Mas é preciso ter cuidado para não se ficar apenas pelos discursos e pelas intenções e pelo ‘mental washing’. É necessário que as boas práticas sejam efetivamente aplicadas e que se façam planos de avaliação dos riscos psicossociais e de mitigação desses riscos”, conclui.

Prémio no valor de até 150 mil euros atribuído pela Ordem dos Médicos e Fundação BIAL
Maria Arez, Pedro Nascimento Alves, Ana Rita Araújo, Samuel Gonçalves e Joana Gaifem são os vencedores da quarta edição do...

Maria Arez, do Instituto de Bioengenharia e Biociências do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa; Pedro Nascimento Alves, do Centro de Estudos Egas Moniz da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Ana Rita Araújo e Joana Gaifem, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, e Samuel Gonçalves, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho, são os cientistas distinguidos pela excelência dos seus projetos de investigação com até 30 mil euros cada, incluindo um estágio num centro internacional de excelência.

A cerimónia de entrega do Prémio Maria de Sousa, na sua 4ª edição, acontecerá hoje, pelas 17:00, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, precedendo a Conferência “Sobre a Fisiologia da Mente 2024”, preparada pelos neurocientistas António Damásio e Hanna Damásio e apresentada pelo primeiro, realizada no âmbito da celebração dos 30 anos da Fundação BIAL.

Estarão presentes o Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, que encerra a sessão, o Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, e o presidente da Fundação BIAL, Luís Portela.

Maria Arez, investigadora do Instituto de Bioengenharia e Biociências do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, propõe-se, com o projeto “Uma nova abordagem para corrigir defeitos de imprinting genómico durante a reprogramação de células estaminais pluripotentes induzidas”, compreender as causas dos erros que ocorrem durante a criação células estaminais pluripotentes induzidas (iPSCs) e, com isto, desenvolver um método inovador para evitar esses defeitos, garantindo a integridade destas células. O sucesso deste trabalho contribuirá significativamente para a área das células estaminais, melhorando a segurança e eficácia das iPSCs em contextos científicos e clínicos. Com a otimização do processo de criação destas células, este projeto abrirá portas para terapias celulares mais confiáveis e eficazes, fortalecendo o papel das iPSCs na medicina regenerativa e oferecendo novas possibilidades de tratamento para diversas doenças, tais como doenças cardiovasculares, diabetes, cegueira e doenças neurodegenerativas.

A descoberta das iPSCs trouxe grandes avanços para a medicina. Estas células são criadas em laboratório a partir de células adultas do corpo humano, como células da pele ou do sangue, e têm a incrível capacidade de se transformar em qualquer outro tipo de células, como células do coração, dos nervos ou dos músculos. No entanto, durante o processo de criação destas células em laboratório, elas podem sofrer "erros" no controlo da expressão de certos genes, especialmente nas áreas do genoma reguladas por um mecanismo chamado imprinting genómico. Esses erros estão associados a doenças do desenvolvimento e a cancros, por isso este trabalho tem como objetivo identificar e corrigir esses erros usando métodos e tecnologias modernas, para criar iPSCs livres desses defeitos. Desta forma, as iPSCs serão mais seguras e confiáveis para serem usadas nos tratamentos de saúde no futuro.

O projeto do investigador Pedro Nascimento Alves, do Centro de Estudos Egas Moniz da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, sob o título “Modulação personalizada dos circuitos de neurotransmissores em doentes com AVC”, centra-se no estudo do Acidente Vascular Cerebral (AVC), uma das principais causas de alterações cognitivas.

O cérebro é constituído por milhares de milhões de neurónios, que comunicam entre si através de substâncias químicas chamadas neurotransmissores, formando circuitos eletroquímicos. O AVC é uma doença muito frequente causada por um défice de sangue ou hemorragia numa determinada região do cérebro. A lesão do AVC vai interromper os circuitos neuronais mediados pelos neurotransmissores, provocando defeitos cognitivos, tais como alterações da fala, memória e concentração. Recentemente, foi desenvolvida uma técnica que permite calcular quais os circuitos de neurotransmissores que são alterados por um determinado AVC. Este projeto de investigação vai assim testar se a administração de medicamentos com potencial para reequilibrar esses circuitos melhora as sequelas cognitivas do AVC. Não existindo atualmente medicamentos que melhorem as alterações cognitivas do AVC, esta abordagem (a revelar-se eficaz) terá um impacto importante, dado que mais de 25 milhões de pessoas no mundo já sofreram um AVC e uma grande percentagem fica com sequelas cognitivas limitativas.

O projeto de Ana Rita Araújo, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, intitula-se “BOOST-Age: Reforçar a capacidade proliferativa dos tecidos envelhecidos para manter o bom funcionamento dos órgãos”. Com este projeto pretende-se perceber se as células que proliferam durante mais tempo ao longo da nossa vida têm um papel protetor na manutenção da função dos diferentes tecidos e ajudam à desaceleração do envelhecimento. Para isso, serão usados modelos in vitro, mais especificamente células de indivíduos com diferentes idades, e modelos in vivo que consistem em ratinhos de diferentes idades. Vão ainda ser usados “super-ratinhos” que têm uma molécula que os investigadores já sabem que prolonga a longevidade destes animais porque promove a divisão celular controlada e regulada.

Até ao momento, conhece-se muito pouco sobre a regulação (ou falta dela) da divisão celular durante o processo de envelhecimento. Sabe-se que ao longo da nossa vida as células começam a dividir-se cada vez mais lentamente até ao ponto em que param e entram em processo de senescência. Esta fase está intimamente ligada ao desenvolvimento de um processo inflamatório exacerbado que influencia a longevidade dos indivíduos e o aparecimento de doenças ligadas ao envelhecimento, como doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e inflamatórias. É, por isso, importante perceber em que consiste o envelhecimento a nível molecular e celular. Recentemente, descobriu-se que existe um mecanismo de regulação do ciclo celular que é responsável pele manutenção da capacidade proliferativa das células e, com este projeto, pretende-se perceber este processo in vivo usando como modelo o ratinho. Pretende-se investigar se a sustentação deste mecanismo in vivo em tecidos mais proliferativos como o intestino e o baço os mantém “jovens” durante mais tempo em contraste com tecidos menos proliferativos como o cérebro ou o coração. Em suma, o objetivo é perceber se a melhoria da proliferação das células envelhecidas é essencial para preservação da função dos tecidos e órgãos, contribuindo assim para a extensão do tempo de vida saudável.

Samuel Gonçalves, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho, vai desenvolver o projeto “Regulação da imunidade antifúngica pelo metabolismo do colesterol no contexto de doença respiratória fúngica”.

O Aspergillus fumigatus é um fungo ambiental que está presente em todo lado, inclusive dentro das nossas casas e, por essa razão, inalamos centenas dos seus esporos, diariamente. Na maioria dos indivíduos saudáveis, este fungo não causa doença, contudo, em alguns, sobretudo nos que apresentam o sistema imunitário comprometido, por exemplo, devido a um transplante ou a um tumor, este fungo pode causar uma doença respiratória fatal chamada Aspergilose Pulmonar Invasiva (API). Apesar de alguns avanços significativos no combate a esta infeção terem sido feitos nos últimos anos, quer o diagnóstico quer o tratamento desta infeção, continua a ser um problema clínico sério, o que resulta em elevadas taxas de mortalidade. Sabe-se que as células do sistema imunitário ativam vias metabólicas específicas em resposta a esta infeção. Recentemente, descobriu-se que uma das vias que é ativada é a via de síntese do colesterol. Neste sentido, este projeto foca-se no estudo dos mecanismos moleculares através dos quais o metabolismo do colesterol contribui para as respostas imunitárias antifúngicas. A compreensão detalhada de como o metabolismo celular pode contribuir para a suscetibilidade à API vai possibilitar encontrar novos alvos terapêuticos e desenvolver novas estratégias de medicina personalizada, que permitam reduzir as elevadas taxas de mortalidade e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos suscetíveis a esta infeção.

O projeto de Joana Gaifem, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, tem como título “Alimentar a imunidade: glicanos como agentes nutricionais na dinâmica hospedeiro-microbioma na DII”.

A investigação tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção da doença inflamatória intestinal (DII). Esta doença, que inclui a doença de Crohn e a colite ulcerosa, é diagnosticada sobretudo em jovens adultos e não apresenta, de momento, um tratamento que seja eficaz para todos os doentes. É também uma doença multifactorial, pelo que é ainda mais difícil prever quem vai desenvolver a doença, e como prevenir ou tratar a mesma. Para isso, vão ser estudadas amostras de doentes com DII e indivíduos saudáveis, e modelos experimentais de ratinho, o que permitirá compreender a dinâmica entre a microbiota intestinal e o hospedeiro, com os glicanos como elemento-chave nesta interação. Com este projeto de investigação pretende-se explorar se o perfil de glicanos (açúcares) presentes na mucosa intestinal do hospedeiro é capaz de definir a composição da microbiota intestinal, e de que forma é que esta interação pode ditar um intestino saudável ou um ambiente inflamatório (doença). O objetivo primordial será contribuir para o desenvolvimento de novas terapias, abrindo caminho para estratégias preventivas para a DII.

Os trabalhos vencedores foram escolhidos por um Júri presidido pelo neurocientista Rui Costa, presidente e diretor executivo do Allen Institute, nos Estados Unidos.

Mais de 15 mil subscritores reconhecem o risco inerente à profissão
São 15174 os portugueses que subscreveram a petição lançada pelo Sindicato dos Enfermeiros — SE que visa o urgente...

Os primeiros subscritores desta petição, entre os quais Eduardo Bernardino, o 1.º subscritor do documento, vão ser ouvidos no âmbito do Grupo de Trabalho constituído na esfera da XVI Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão. A audição decorre na Assembleia da República esta quinta-feira, dia 10 de outubro, pelas 14 horas.

Esta é uma luta antiga do SE, mas que a cada ano ganha nova força e novos contornos. Em setembro deste ano, por exemplo, o Ministério Público (MP) acusou doze arguidos de um crime de introdução em lugar vedado ao público, três crimes de coação agravada, três crimes de ofensa à integridade física qualificada, um crime de dano com violência e três crimes de ameaça agravada. Em causa os factos ocorridos na urgência do Hospital de Famalicão, em fevereiro de 2022. E durante os quais dois enfermeiros e um segurança deste polo da Unidade de Saúde Local do Médio Ave, foram barbaramente agredidos com socos e pontapés por um grupo de pessoas que exigia a prestação de cuidados de saúde imediatos, e nas condições por eles impostas, a uma pessoa que transportavam consigo. Os agressores chegaram a usar barras metálicas de suportes de soro que retiram das macas e camas de urgência.

Para Pedro Costa, “este é um exemplo, paradigmático, das centenas de casos que todos os anos se verificam nas unidades de saúde portuguesas”. “Os enfermeiros estão diariamente na linha da frente, acompanham os doentes, em muitos casos, em momentos muito delicados da sua saúde, e enfrentam frequentemente situações de violência injustificada, como aqueles que se registaram no Hospital de Vila Nova de Famalicão”, refere o presidente do SE.

Mas não só. O Sindicato dos Enfermeiros recorda os casos de enfermeiros envolvidos em acidentes de viação ou em helicópteros quando, ao serviço do INEM, vão prestar socorro urgente à população. Para lá disso, “os enfermeiros estão diariamente expostos a riscos vários, como os materiais corto perfurantes potencialmente infetados, as doenças infeciosas ou mesmo a radiação e materiais citotóxicos. “Não é por capricho que consideramos a Enfermagem uma profissão de risco”, frisa.

Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), foram reportados pelos profissionais de saúde, através da plataforma “Notifica”, um total de 1036 episódios de violência em 2023. Uma redução de 37% em relação a 2022, ano em que se registaram 1.632 ocorrências. Porém, a própria DGS reconhece que o valor está aquém da realidade de casos acompanhados pelas instituições de saúde, que entre o início de 2022 e junho de 2023 contabilizaram 3.024 episódios. Tal sugere, como teme o Sindicato dos Enfermeiros, que muitos profissionais não notificam os casos de violência, que pode ser psicológica (67% dos casos), física (14%) e o assédio moral (5%). Os enfermeiros, sublinhe-se, representam a maioria das vítimas (35%).

E o próprio gabinete de segurança do Ministério da Saúde admite que só no ano passado foram registados 2144 episódios de violência, mais 17,8% em relação ao ano anterior (1820). Estes episódios, em hospitais e centros de saúde, motivaram um total de 3275 dias de ausência ao trabalho, o equivalente a um centro de saúde parado um ano inteiro.

O facto de este tipo de crime estar dependente de queixa da vítima, pois não é considerado crime público, acaba por gerar “um sentimento de impunidade para os agressores que, em muitos casos, intimidam as vítimas ao ponto de estas temerem novas agressões caso apresentem queixa nas autoridades”.

A consagração da profissão como sendo de Alto Risco e Desgaste Rápido iria permitir aos enfermeiros, por exemplo, beneficiar do regime de antecipação da idade de pensão de velhice do regime geral, sendo eliminado o fator de sustentabilidade. Como, aliás, já sucede em profissões tão variadas como as Bordadeiras de casa na Madeira, os trabalhadores integrados nas carreiras de bombeiro sapador e de bombeiro municipal ou, entre outros, profissionais de bailado clássico ou contemporâneo e os controladores de tráfego aéreo.

Recorde-se que, no passado, o SE já apresentou outras propostas similares, uma com 14261 assinaturas e outra com 31875 assinaturas (a maior de sempre na área da Saúde); bem como uma petição pelo direito do acesso à reforma com pelo menos 55 anos, que contou com 11186 subscritores.

“Não podemos fazer depender esta avaliação da resposta de grupos de trabalho que, ao longo de mais de um ano, analisaram a situação e cujos resultados nem sequer se conhecem, como sucedeu na anterior legislatura”, afiança Pedro Costa. Para o presidente do SE, “os enfermeiros estão sujeitos a uma pressão crescente”. Os números da emigração mantêm-se e cerca de 60% dos novos enfermeiros nem sequer chega a exercer em Portugal. Depois, “de dia para dia, as unidades de Saúde, de uma forma transversal, sentem dificuldades em completar escalas, pois os níveis de absentismo continuam elevados, muitos enfermeiros abandonam o SNS ou até mesmo a profissão”.

“Estamos sujeitos a um desgaste físico, emocional e psicológico brutal, os casos de burnout aumentam, os enfermeiros fazem turnos duplos e triplos e tudo isto contribui para se sentirem muito desmotivados”, diz Pedro Costa.

Para o presidente do SE, o reconhecimento da profissão de Enfermagem como de Alto Risco e Desgaste Rápido, é, sobretudo, “uma questão de justiça social, reconhecida pelos próprios partidos”. Recorde-se que na última legislatura foram apresentados vários Projetos de Lei e Projetos de Resolução dos partidos da Oposição, e sempre chumbados pela maioria parlamentar.

“Os enfermeiros enfrentam diariamente desafios extremos, que colocam em risco a sua saúde física e mental”, frisa Pedro Costa. O reconhecimento da profissão como sendo de Alto Risco e Desgaste Rápido, assegura o presidente do SE, “não é apenas uma questão de justiça, mas uma necessidade urgente para garantir a dignidade e segurança destes profissionais”. E, enquanto esta meta não é alcançada, o Sindicato dos Enfermeiros apela para que sejam implementadas medidas práticas de apoio aos enfermeiros, como o apoio psicológico e um reforço das medidas de segurança nas unidades de saúde.

“Esperamos que, desta vez, o Parlamento tenha a sensibilidade necessária para entender a gravidade da situação e aprovar o estatuto que permitirá aos enfermeiros condições de trabalho mais justas e uma maior proteção”, acrescenta. A aprovação deste estatuto, conclui, “é essencial para preservar a saúde dos nossos profissionais, garantindo assim a continuidade e a qualidade dos cuidados de saúde em Portugal”.

 
Vê tortas as linhas direitas? Especialistas dizem que pode ser DMI
No Dia Mundial da Visão, que este ano se assinala a 10 de outubro, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) destaca a...

A DMI é a principal causa de cegueira prevalente nos países desenvolvidos, estando relacionada com 8,7% dos casos em todo o mundo.Esta condição afeta a mácula, área central da retina responsável pela visão nítida e detalhada, essencial para atividades diárias, como ler, conduzir e reconhecer o rosto das pessoas.

Lilianne Duarte, médica oftalmologista e membro da SPO, afirma que: “Embora a maioria dos casos de DMI esteja numa fase inicial, sem perda significativa de visão, é preocupante o facto de cerca de 400 mil portugueses terem formas mais avançadas, com perda grave de visão. É fundamental as pessoas estarem atentas aos sinais de alerta, nomeadamente se virem linhas retas que parecem onduladas, manchas cegas (escotomas) ou terem uma perda de visão repentina, que afete a leitura.”

Para apelar à prevenção e ao diagnóstico atempado da DMI, a SPO e o Grupo de Estudos da Retina (GER) estão a promover uma campanha de consciencialização, com o apoio da Bayer, das Farmácias Portuguesas (ANF), da Novartis, da Roche e da Shamir, que incentiva os portugueses a realizarem o autorrastreio em casa, utilizando a grelha de Amsler.

De acordo com a a SPO pode fazer rastreio em www.testeasuavisao.pt , aconselhando que, na presença de sintomas, consulte um médico oftalmologista com urgência.

Para mais informações, veja o vídeo da mais recente campanha da SPO e do GER aqui: https://spoftalmologia.pt/2024/09/29/ve-tortas-as-linhas-direitas-procure-o-seu-medico-oftalmologista/.

 
Projeto OLIGOFIT é liderado pela Universidade de Oxford
A doença de Parkinson, uma condição neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e que se instala ao longo de...

O projeto OLIGOFIT - Oligomer-Focused Screening and Individualized Therapeutics to target Neurodegenerative Disorders, através da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), tem contribuído especificamente para desenvolver estratégias de deteção da doença que se relacionam com marcadores proteicos conhecidos e a sua agregação.

A doença de Parkinson é uma das várias condições classificadas como sinucleinopatias, que estão intimamente ligadas à presença da proteína alfa-sinucleína. Esta proteína é responsável pela formação de depósitos anormais conhecidos como corpos de Lewy, que interferem com o funcionamento do cérebro. «Este projeto centra-se na capacidade dessa proteína adotar diferentes formas de acordo com a sua agregação, que impactam na evolução da doença», começa por explicar Goreti Sales, professora do Departamento de Engenharia Química (DEQ) e investigadora do Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos (CEMMPRE).

Durante a investigação, continua a cientista, «o projeto permitiu analisar monómeros, oligómeros e estruturas fibrilares da proteína, investigando a sua relevância para a doença e estudando meios capazes de capturar os agregados indesejados. No DEQ, desenvolvemos biossensores capazes de diferenciar as estruturas de alfa-sinucleína, uma vez que existe uma relação entre as manifestações clínicas e as estruturas agregadas de proteína», revela.

Além disso, indica ainda a docente do DEQ, «estes biossensores poderão, no futuro, ajudar a monitorizar a evolução da doença. Vamos imaginar que um médico prescreve ao doente um medicamento que retarda a sintomatologia, os biossensores devem poder avaliar o efeito dessa medicação na formação desses agregados, antes até da pessoa sentir o impacto da mesma», conclui.

Esta investigação integrou uma equipa multidisciplinar e representa mais um passo na compreensão da doença de Parkinson e na procura de tratamentos individualizados, contribuindo para uma abordagem mais eficaz no combate a esta condição devastadora.

O projeto OLIGOFIT, liderado pela Universidade de Oxford, contou ainda com a participação de investigadores das universidades de Aarhus (Dinamarca), Coimbra (Portugal), Göttingen (Alemanha) e Warsaw (Polónia), bem como do Latvian Biomedical Research and Study Centre (Letónia).

Semana da Mama decorre de 15 a 19 de outubro na Alameda da Universidade
Semana da Mama promovida pela Fundação GIMM (Gulbenkian Institute for Molecular Medicine) recolhe dádivas de sangue para a...

Estima-se que o cancro da mama possa afetar uma em cada oito mulheres, em Portugal. Os dados mais recentes da OMS revelam que, em 2022, foram detetados 8.954 novos casos e que 2.211 mulheres morreram vítimas de cancro da mama, em Portugal. 

Do número total de mortes por cancro da mama, pelo menos 70% são provocadas por Cancro da Mama Metastático. O GIMM CARE é uma área da Fundação GIMM dedicada à aplicação da ciência aos problemas da sociedade civil, onde se insere o Advanced Breast Cancer Laboratory. Este laboratório tem uma equipa de cientistas totalmente focada neste tipo de cancro e empenhada em reduzir a incidência e a mortalidade, com a grande meta de aumentar o diagnóstico precoce até 2030. “O que já sabemos e o que ainda queremos saber sobre o Cancro da Mama Metastático será um dos grandes temas que queremos aprofundar com mais uma edição da Semana da Mama, em que contamos com a presença de todos”, adianta Maria Manuel Mota, CEO da Fundação GIMM.

A Semana da Mama decorre entre 15 e 19 de outubro, na Alameda da Universidade, em Lisboa, para sensibilizar e informar sobre um dos tipos de cancro com maior incidência e mortalidade em Portugal. O programa inclui ainda conversas sobre temas como a relação entre cancro e sono ou entre cancro e sistema imunitário. A já habitual Fitness Pink Ribbon Talk, contará com os contributos de Maria Manuel Mota, Tânia Graça e Cátia Goarmon, numa conversa moderada por Filipa Galrão. Todos os dias, entre as 14h e as 17h30, “Há Conversa com um Cientista”, um espaço descontraído e informal em que os nossos cientistas vão estar disponíveis para conversar com quem tiver interesse e curiosidade em falar com os protagonistas da vertigem da descoberta.

Quem quiser saber mais sobre o impacto da alimentação e do exercício físico, poderá ainda participar num workshop de alimentação saudável com a Tia Cátia ou numa aula aberta de ginástica. No sábado, haverá ainda um espaço dedicado aos mais novos, com a apresentação do livro infantil “Clara, a boneca sem cabelo”.

Todas as manhãs, a partir das 10h, haverá ainda recolhas de sangue para o Biobanco, um banco de amostras biológicas essenciais para a investigação. Qualquer adulto que queira doar uma amostra de sangue, estará a contribuir para a investigação científica. Com um gesto simples e rápido, em tudo semelhante a uma recolha para análise, estarão a contribuir para a identificação de novos biomarcadores de diagnóstico, prognóstico e progressão de doença e para a descoberta de fármacos inovadores. “Cada cidadão pode contribuir para a ciência e esta é a oportunidade para concretizar esse papel”, sublinha Maria Manuel Mota.

O espaço da Semana da Mama será muito fácil de encontrar na Alameda da Universidade, em Lisboa, uma vez que estará devidamente assinalado com duas tendas gigantes em forma de mamas, que já se tornaram uma imagem de marca desta campanha de sensibilização.

Ações decorrem no âmbito do Dia Mundial da Saúde Mental
Com o objetivo de assinalar o Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado a 10 de outubro, a Atlântica – Instituto Universitário e a...

“A manutenção da saúde mental integra diversos fatores, nos quais se integra a prevenção de comportamentos de risco. Embora esta premissa se aplique a todas as faixas etárias, estas questões tendem a ser mais sensíveis junto da população mais jovem, em particular da comunidade académica”, explica Natália Espírito Santo, diretora-geral da Atlântica, sublinhando a importância a da presença da Associação Portuguesa para a Prevenção e Desafio à Sida – SER+ nas instalações da instituição. A unidade móvel vai disponibilizar, até às 16h00 de amanhã, rastreios ao HIV e Hepatites Virais, promovendo ainda o esclarecimento de dúvidas e aconselhamento sobre estas patologias, através da presença de profissionais especializados.

Paralelamente, entre as 15h00 e as 16h00, a Atlântica vai também acolher uma sessão de esclarecimentos, denominada Projeto Educação pelos Pares e que terá como público-alvo os jovens do ensino superior. Esta ação, que se irá debruçar sobre questões relativas à educação sexual, nomeadamente a prevenção da infeção VIH/SIDA, contará com o apoio da fundação A comunidade contra a SIDA. O conceito de educação pelos pares engloba várias modalidades de intervenção, partindo do princípio de que o aconselhamento por pares apresenta consideráveis vantagens quando comparado com o que é dado pelos adultos. A sessão de esclarecimentos vai procurar sensibilizar os jovens para comportamentos de risco, promovendo uma visão integrada da saúde física e, por consequência, mental.

Já no dia 10, Dia Mundial da Saúde Mental – que terá, este ano, como principal foco a temática do suicídio, com o objetivo de abordar estratégias preventivas de Saúde Mental Positiva – será marcado pela realização de várias atividades por parte da ESSATLA. A Escola Superior de Saúde Atlântica vai realizar uma sala aberta de saúde mental, onde serão desenvolvidos, ao longo do dia, workshops direcionados a diferentes temas e técnicas de prevenção de doença mental. As atividades, de participação gratuita, têm como objetivo sensibilizar para a importância da atividade física, mindfulness, gestão de emoções, capital psicológico ou esperança e compaixão para a manutenção da saúde mental. 

Iniciativa integra projeto “(sobre)Viver Bem no Ensino Superior”,
O Politécnico de Santarém promove as primeiras Jornadas de Saúde Mental no Ensino Superior. Este é um evento pioneiro, que...

A iniciativa reúne diversas personalidades das áreas da saúde e do ensino superior para debater questões essenciais sobre a importância do bem-estar das comunidades académicas e os fatores interdependentes. Conta ainda com a presença de Joaquim Mourato, Diretor Geral do Ensino Superior, João Teixeira Leite, presidente da Câmara Municipal de Santarém, entre outros.

“A Saúde Mental deve ser uma prioridade no Ensino Superior. É fundamental promover uma cultura de diálogo para podermos construir um ambiente mais saudável e inclusivo”, refere João Moutão, Presidente do Politécnico de Santarém, acrescentando que “este evento cria um espaço de reflexão e de ação, que permitirá definir estratégias eficazes para apoiar a comunidade académica a lidar com os desafios que enfrenta diariamente”.

As Jornadas de Saúde no Ensino Superior integram o projeto “(sobre)Viver Bem no Ensino Superior”, financiado pelo Programa para a Promoção da Saúde Mental no Ensino Superior, que visa contribuir para a melhoria da saúde mental entre estudantes, professores e não docentes das instituições de ensino superior. O evento inclui duas sessões de mesa redonda e a apresentação de trabalhos nas áreas da Saúde Relacional e da Felicidade no Ensino Superior, bem como o testemunho de alunos, docentes e a participação de especialistas na área da psicologia e psiquiatria, entre outras.

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