Metade dos médicos portugueses não conhece a pegada ecológica dos inaladores que prescrevem
O estudo é uma iniciativa do Conselho Português para a Saúde e o Ambiente (CPSA), em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPPediatria), a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), em que foram inquiridos 348 médicos com o objetivo de avaliar o grau de consciencialização sobre o impacto ambiental dos inaladores.
Outro dado que foi possível apurar neste estudo é que os médicos mais jovens, entre os 25 e 49 anos, mostram menos preocupação com o tema (25%), enquanto mais de 35% dos médicos na faixa etária compreendida entre os 50 e os 64 anos, preocupam-se mais com o impacto ambiental dos tratamentos feitos com inaladores.
A conferência "Healthy Planet, Healthy People: A pegada carbónica do setor da saúde", organizada pelo CPSA e a Embaixada Britânica, com o apoio da GSK, evidenciou a urgência de uma ação conjunta para mitigar o impacto ambiental no setor da saúde, com foco na prescrição de inaladores. É fundamental definir estratégias que permitam aumentar o conhecimento dos profissionais de saúde relativamente ao impacto ambiental da área em que atuam e que contribuam para reduzir a pegada ecológica. Assim, com base nas conclusões do estudo, foram elaboradas dez recomendações para a diminuição do impacto ambiental dos inaladores e para auxiliar na implementação de práticas sustentáveis. Por exemplo, haver sempre uma alternativa terapêutica e preferência pelos inaladores de pó seco (DPI) aos pressurizados (pMDI). Nos casos em que os pMDI são necessários, deve escolher-se inaladores com menor volume de HFA (hidrofluoroalcanos).
A introdução de um mecanismo de alerta sobre a pegada ecológica de cada inalador e a implementação de estratégias para incentivar a devolução, o reaproveitamento dos dispositivos usados, bem como a monitorização do impacto destas medidas, são passos importantes para mudar o paradigma atual, de acordo com os especialistas.
“O trabalho realizado mostra-nos que ainda há um longo caminho a percorrer no tema da sustentabilidade ambiental do setor, principalmente no que diz respeito à prescrição dos inaladores. Importa tornar a sustentabilidade em saúde numa prioridade para todos os intervenientes. Apesar de representarem somente uma parte do impacto ambiental do setor da saúde, é fundamental que sejam implementadas as recomendações, para que futuramente possamos ambicionar atingir zero emissões de carbono no setor da saúde”, afirma Luís Campos, Presidente do CPSA.