Recomendações são apresentadas na conferência “A pegada carbónica do setor da saúde”

Metade dos médicos portugueses não conhece a pegada ecológica dos inaladores que prescrevem

Cerca de metade dos médicos especialistas portugueses (47,7%) não têm conhecimento sobre a pegada ambiental dos inaladores, de acordo com os resultados de um estudo apresentado na 2 ª edição da conferência "Healthy Planet, Healthy People: A pegada carbónica do setor da saúde", no âmbito do Documento de Consenso “Recomendações para a redução do impacto ambiental do inaladores”, publicado na revista científica Acta Médica Portuguesa (AMP).

O estudo é uma iniciativa do Conselho Português para a Saúde e o Ambiente (CPSA), em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPPediatria), a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), em que foram inquiridos 348 médicos com o objetivo de avaliar o grau de consciencialização sobre o impacto ambiental dos inaladores. 

Outro dado que foi possível apurar neste estudo é que os médicos mais jovens, entre os 25 e 49 anos, mostram menos preocupação com o tema (25%), enquanto mais de 35% dos médicos na faixa etária compreendida entre os 50 e os 64 anos, preocupam-se mais com o impacto ambiental dos tratamentos feitos com inaladores.

A conferência "Healthy Planet, Healthy People: A pegada carbónica do setor da saúde", organizada pelo CPSA e a Embaixada Britânica, com o apoio da GSK, evidenciou a urgência de uma ação conjunta para mitigar o impacto ambiental no setor da saúde, com foco na prescrição de inaladores. É fundamental definir estratégias que permitam aumentar o conhecimento dos profissionais de saúde relativamente ao impacto ambiental da área em que atuam e que contribuam para reduzir a pegada ecológica. Assim, com base nas conclusões  do estudo, foram elaboradas dez recomendações para a diminuição do impacto ambiental dos inaladores e para auxiliar na implementação de práticas sustentáveis. Por exemplo, haver sempre uma alternativa terapêutica e preferência pelos inaladores de pó seco (DPI) aos pressurizados (pMDI). Nos casos em que os pMDI são necessários, deve escolher-se inaladores com menor volume de HFA (hidrofluoroalcanos).

A introdução de um mecanismo de alerta sobre a pegada ecológica de cada inalador e a  implementação de estratégias para incentivar a devolução, o reaproveitamento dos dispositivos usados, bem como a monitorização do impacto  destas medidas, são passos importantes para mudar o paradigma atual, de acordo com os especialistas.

“O trabalho realizado mostra-nos que ainda há um longo caminho a percorrer no tema da sustentabilidade ambiental do setor, principalmente no que diz respeito à prescrição dos inaladores. Importa tornar a sustentabilidade em saúde numa prioridade para todos os intervenientes. Apesar de representarem somente uma parte do impacto ambiental do setor da saúde, é fundamental que sejam implementadas as recomendações, para que futuramente possamos ambicionar atingir zero emissões de carbono no setor da saúde”, afirma Luís Campos, Presidente do CPSA.

Fonte: 
Conselho Português para a Saúde e o Ambiente (CPSA)
Nota: 
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