Congresso Médico de Imagem e Radioterapia
Crianças e profissionais de saúde expostos sucessivamente a radiação para fins médicos apresentam índices maiores de incidência...

A relação entre exposição a radiação para fins médicos e a incidência de cancro é o tema central do Congresso Médico de Imagem e Radioterapia promovido pela Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra, que decorre na sexta-feira e no sábado.

"Na população pediátrica é mais problemático o impacto da radiação ionizante no sistema biológico das crianças, que são mais radiossensíveis e estão em processo de crescimento", disse Graciano Paulo, presidente do congresso.

Segundo o professor coordenador de Imagem Médica e Radioterapia, estudos efetuados demonstram que crianças submetidas a Tomografia Axial Computorizada (TAC) têm uma taxa de incidência de leucemia "duas a três vezes superior" àquelas que não estiveram sujeitos aos mesmos exames.

No caso das angiografias (exame radiográfico dos vasos sanguíneos), em que técnicos e doentes estão dentro da mesma sala, a incidência de doença oncológica nos profissionais de saúde expostos é também "duas a três vezes superior".

"A comunidade científica tem de criar mecanismos para otimizar procedimentos e apenas prescrever exames em situações clinicamente justificadas para a dose de radiação ser a menor possível", sublinhou Graciano Paulo.

Como exemplo, citou o caso das TAC, em que a radiação a que o paciente está exposto pode corresponder à de 100 radiografias ao tórax.

"É precisar criar esta consciência nos cidadãos e alertar a população e os médicos de que a medicina fez muitos progressos, mas que as técnicas de diagnóstico representam hoje algum risco, pelo que a prescrição de determinados exames deve ser feita com base na evidência científica", frisou.

O especialista Graciano Paulo alertou ainda que é preciso estar muito atento à radiação, salientando que, no caso de tumores erradicados por radioterapia, como a próstata, aparecem já uma "quantidade de tumores em órgãos vizinhos", entre eles o rim.

O Congresso Médico de Imagem e Radioterapia pretende discutir "o estado da arte com o objetivo de adquirir novos conhecimentos, melhorando e maximizando os cuidados prestados aos doentes, de forma a promover melhores cuidados de saúde".

A iniciativa, que substitui o Congresso Internacional de Radiologia iniciado em 2010, espera receber cerca de 250 participantes, entre técnicos de Medicina Nuclear, Radiologia e Radioterapia, médicos e investigadores.

Nos dois dias, o congresso vai abordar temas como dosimetria, comunicação do risco, desafios da radiologia abdominal, desafios da radioterapia, novos horizontes na Medicina Nuclear, radiação ionizante e sistemas biológicos.

Entre os 18 oradores convidados, destacam-se as participações de Donald Frush (EUA), o mentor da campanha mundial "Image Gently", que alerta para a proteção das crianças à exposição à radiação ionizante, John Damilakis (Grécia), presidente da Federação Europeia de Física Médica, Kristoff Muylle (Bélgica), presidente da Associação Europeia de Medicina Nuclear, e Peter Jacob (Alemanha), um dos mais reputados radio epidemiologistas a nível mundial.

Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde vai alargar o acesso às bombas de insulina a todas as crianças e jovens com diabetes tipo 1. O...

O programa está repartido por três anos para que até 2019 todos os doentes até aos 18 anos tenham resposta. No próximo ano todas as crianças até 10 anos terão uma bomba de insulina: serão pelo menos 230. A medida, publicada em Diário da República uma semana antes do Dia Mundial da Diabetes - que se assinala a 14 - cumpre uma resolução do Parlamento de 2015.

A diabetes tipo 1 é a mais comum entre as crianças e jovens. É uma doença autoimune, em que o pâncreas não consegue produzir a insulina necessária, obrigando a tomas de insulina obrigatórias. Em 2014 estavam contabilizados 3365 casos de diabetes tipo 1 em jovens até aos 19 anos. Atualmente já se prevê o acesso das crianças até aos cinco anos à bomba de insulina, tal como a disponibilização de 100 bombas para adultos com diabetes tipo 1 por ano e mais 30 para grávidas na mesma situação a pretender engravidar.

No despacho, o Ministério da Saúde reconhece que "o número de dispositivos atribuídos anualmente encontra-se aquém das necessidades detetadas", razão pela qual criaram este plano a três anos. Em 2017 irá de abranger todos os doentes até 10 anos, em 2018 os doentes até 14 anos e em 2019 os doentes até aos 18 anos. Todos eles considerados prioritários. "Têm a vida toda pela frente e o que pretendemos é que tenham menos complicações, mais qualidade de vida. Os doentes inscritos no programa de atribuição de bombas de insulina como elegíveis até aos 10 anos rondam os 230, entre os 11 e os 14 anos são cerca de 350 e entre os 15 e os 18 anos são 390. A que se somam os novos casos a cada ano", diz ao Diário de Notícias Cristina Valadas, coordenadora do Programa Nacional para a Diabetes.

"A bomba de insulina é sem dúvida o melhor tratamento. O que queremos é levar ao maior número de pessoas este tipo de tratamentos. Infelizmente os recursos são limitados", explica a responsável , referindo que podem acontecer casos de doentes com diabetes tipo 1 não elegíveis por não conseguirem ligar com o dispositivo: "As bombas têm de ser programas pela própria pessoa ou pelo cuidador diariamente".

João Filipe Raposo, diretor clínico da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, explica que a bomba vai libertando pequenas doses de insulina ao longo do dia permitindo o melhor controlo do açúcar no sangue e substituir as cinco ou mais doses diárias de insulina do mecanismo tradicional. "Até agora estávamos limitados pelo número de bombas disponíveis. A partir de agora o objetivo é traçado pela população alvo. É a resposta a uma necessidade há muito sentida. Na Europa existem experiências diferentes, alguns países têm distribuição a quase 100%, outros a 25% nestas idades. Nós estamos entre os 35 e os 5% de cobertura dessa população", aponta.

Não se conhece a estimativa de custos, mas o despacho refere que a compra dos dispositivos e do material necessário será feita de forma centralizada pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e serão os centros de tratamento já identificados (cerca de 14) a dar as bombas aos doentes.

Agenda Solidária 2017
Agenda solidária vai estar à venda a partir do dia 9 e receitas revertem para a pediatria do IPO de Lisboa. Nela poderá...

O Instituto Português de Oncologia de Lisboa, em conjunto com a Livros Horizonte, elaborou uma agenda para 2017, cujas vendas vão reverter integralmente para o Serviço de Pediatria. Com ilustrações de João Vaz de Carvalho, a IPO Agenda Solidária 2017 está à venda a partir de hoje, dia 9.

“O montante angariado destina-se à aquisição de alguns equipamentos que permitam melhorar a qualidade de vida dos doentes e à melhoria e remodelação das instalações do Serviço de Pediatria”, explicou ao Observador, fonte oficial do IPO de Lisboa. Desses equipamentos pode-se destacar, por exemplo, um visualizador de veias que evita que as crianças com veias ocultas sejam picadas em vários sítios.

Esta agenda, que será apresentada oficialmente pelo Presidente da República a 23 de novembro, conta com a colaboração de 12 figuras públicas portuguesas que se disponibilizaram a contar as memórias mais marcantes das suas vidas: Marcelo Rebelo de Sousa, Catarina Furtado, Nuno Markl, Afonso Cruz, Clara de Sousa, Margarida Pinto Correia, Boss AC, Victoria Guerra, Marisa Matias, Sobrinho Simões, Elvira Fortunato e Sandra Correia.

O Presidente da República foi o primeiro a enviar o testemunho. Marcelo Rebelo de Sousa recuou 61 anos para contar o episódio que mais o marcou até hoje. Tinha seis anos e foi duas vezes ao bairro de lata lisboeta Casal Ventoso, com a mãe, que era assistente social e acompanhava crianças portadoras de deficiência. “No Casal Ventoso, em ambiente de pobreza brutal, a situação daquelas crianças era dramática. Lembro-me bem do que me impressionaram as crianças, as barracas, a falta de água e de esgotos.”

Já Sobrinho Simões recorda a morte da empregada e governanta Brígida. Tudo aconteceu na casa da família do investigador que lembra como ficou impressionado com “a solenidade do processo que envolveu avós, tios e pessoal”. Sobrinho Simões aproveita a memória para sublinhar como com o passar dos anos se assistiu a uma “desqualificação da morte, que se tornou distante, hospitalar, desligada da família e dos amigos”.

A eurodeputada Marisa Matias sinaliza o dia em que, com três anos, viu chegar os pais, vindos da maternidade, com o irmão ao colo. “Não me lembro de nada do que se passou a seguir. A minha primeira memória é de uma chegada. De um encontro. Um encontro para a vida. O dia em que chegou o meu irmão. O meu menino. Até hoje.”

E Catarina Furtado destaca uma memória triste: quando assistiu, na Guiné-Bissau, ao trabalho de parto de uma mulher que acabou por não resistir, por falta de condições.

Pediatria do IPO tem contado com vários donativos
Não é a primeira vez que a instituição beneficia de donativos. Segundo o gabinete de comunicação do IPO, há um ano o hospital desenvolveu uma parceria com o Santander Totta, que resultou num donativo de 30 mil euros para ajudar a ampliação e requalificação do Hospital de Dia do Serviço de Pediatria. A verba foi alcançada graças a “uma ação de Natal interna do Banco, que convidou todos os colaboradores a apoiar esta causa através da compra de um kit de 12 etiquetas autocolantes, feitas com desenhos de crianças tratadas no Serviço de Pediatria”.

Ainda segundo a mesma fonte, também no final do ano passado, a bloger Pipoca mais Doce doou 51.700 euros, a fatia mais significativa do conjunto de donativos recebidos pelo hospital e que permitiu pagar as obras efetuadas já este ano no Hospital de Dia Pediátrico, num total de 100 mil euros.

“O IPO é de facto um hospital diferente. O IPO é muito acarinhado pelos seus doentes, familiares e cidadãos anónimos, dos quais recebemos regularmente donativos de pequeno montante”, remata o gabinete de comunicação do hospital.

O serviço de pediatria do IPO, criado em 1960 por António Gentil Martins, é o maior e mais antigo do país e é o Centro de Referência Nacional. Por ser o único centro oncológico pediátrico da zona sul do país, o IPO de Lisboa recebe crianças não só de Lisboa e Vale do Tejo, mas também do Ribatejo, Alentejo, Algarve, Açores, Madeira e PALOP. Todos os anos chegam ao serviço cerca de 190 casos de cancro pediátrico e são tratadas 400 crianças.

Atualmente, um em cada 600 adultos jovens teve cancro infantil. A taxa de cura ronda os 80%.

Mitos e factos sobre o cuidado da zona íntima
Por constrangimento ou falta de informação, quase metade das mulheres portuguesas desconhece a impor

O embaraço em torno do tema acompanha as alterações na rotina de qualquer mulher da atualidade ocidental, como explica a especialista em ginecologia e obstetrícia, Patrícia Amaral: “Até meados do século XX, a maioria das mulheres não utilizava roupas justas, não fazia contraceção hormonal, não fumava, não frequentava o ginásio nem trabalhava fora de casa por longas horas. Devido às alterações associadas ao estilo de vida atual, os cuidados de higiene íntima não devem ser descurados, tendo em vista a prevenção de infeções e aquisição de hábitos saudáveis.”

Idealmente, a higiene diária deve ser realizada duas vezes ao dia (de manhã e à noite) de preferência com um produto que respeite o equilíbrio do pH da zona íntima em vez de um produto indicado para todo o corpo. “Para algumas pessoas o gel de banho ou um sabonete podem ser suficientes, mas a verdade é que uma grande percentagem de mulheres que começa a fazer a sua higiene com um produto adequado à zona íntima,, acaba por não voltar às soluções anteriores” afirma a especialista.

Mitos e Factos da higiene íntima

Mitos:

  1. Os duches vaginais favorecem o cuidado da zona íntima – Mito. Os duches vaginais podem ser nocivos já que a parte interna da vagina procede a uma limpeza diária de forma natural.
  2. Pensos e tampões são prejudiciais à zona íntima – Mito. Se usados durante a menstruação, e se trocados com regularidade (3 a 4 vezes por dia) não prejudicam a flora vaginal.
  3. As relações sexuais prejudicam a saúde da zona íntima – Mito. Se realizada uma higiene adequada após as relações sexuais, as secreções serão eliminadas e evita-se o desenvolvimento de infeções vaginais e urinárias. Ainda assim, uma vida sexual muito ativa pode aumentar o risco de infeção.
  4. As roupas justas não afetam a zona íntima feminina – Mito. Calças e outras peças apertadas inibem a ventilação necessária à saúde vaginal.

Factos:

  1. A roupa interior influencia a higiene íntima. Tecidos sintéticos dificultam a respiração da pele e podem contribuir para o aparecimento de infeções, enquanto roupa de algodão favorece a sensação de equilíbrio e bem-estar.
  2. O pH da zona íntima é diferente do pH do resto do corpo. O gel de duche não está formulado para satisfazer as necessidades da zona íntima, já que pode desequilibrar o seu pH natural. A utilização de produtos adequados evita a sensação de desconforto e garante a a frescura e o equilíbrio da saúde vaginal.
  3. Os pensos diários devem ser usados apenas nos últimos dias de menstruação. Utilizá-los de forma diária favorece o aparecimento de irritações e infeções vaginais.
  4. O corrimento incolor e sem cheiro é natural. Caso estas condições se alterem deverá consultar-se um especialista.
Fonte: 
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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Em Coimbra
O Serviço de Cardiologia-B do Hospital Geral do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra organiza na quinta-feira um curso...

"A formação vai incidir na ecocardiografia intracardíaca que possibilita um exame cardiológico sem anestesiar o doente e apoiar intervenções estruturais, como o encerramento do apêndice auricular esquerdo, onde é frequente a formação de coágulos causadores de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC)”, explicou o diretor, Lino Gonçalves.

Segundo o clínico, trata-se de uma técnica não invasiva, que permite fazer chegar uma sonda até dentro do coração, através de uma veia periférica, sem desconforto para o paciente, e recolher imagens de alta qualidade para os diagnósticos médicos e intervenções cirúrgicas.

Anteriormente, de acordo com Lino Gonçalves, era usada uma sonda que descia pelo esófago, que obrigava a procedimentos médicos complicados, e a anestesiar o doente.

A ecocardiografia intracardíaca é usada há vários anos pelo Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e suscitou grande interesse internacional, pelo que o curso conta com oito cardiologistas europeus (quatro franceses, dois austríacos e dois polacos) e três portugueses.

"Os cardiologistas europeus sabem da nossa atividade nesta área e vêm ver como fazemos para levar a experiência para os seus países", salientou Lino Gonçalves.

O CHUC é um centro de referência nacional nesta área específica pelo que, acrescenta o diretor de serviço de Cardiologia-B do Hospital Geral, o curso se insere no processo de internacionalização em curso.

Estudo
Uma equipa multidisciplinar de cientistas e médicos identificou duas mutações, uma das quais nova, associadas à origem da...

O estudo que conduziu a esta descoberta foi realizado, ao longo de quatro anos, com dois doentes seguidos no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), por uma equipa de investigadores, coordenada por Manuela Grazina, docente da Faculdade de Medicina de Coimbra.

Os investigadores identificaram, em concreto, “um défice enzimático da COX (Citocromo Oxidase) e alterações genéticas do gene SURF1, uma das quais descrita pela primeira vez neste trabalho, permitindo, assim, identificar a origem da doença nestes dois casos, até agora desconhecida”, refere Manuela Grazina, citada numa nota da Universidade de Coimbra (UC) hoje divulgada.

Um dos dois casos seguidos durante a investigação é “referenciado como o doente vivo com mais idade, afetado com a doença de Leigh”, acrescenta a investigadora, que também é responsável pelo Laboratório de Bioquímica Genética do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra.

“As mutações no gene SURF1 são uma das causas mais frequentes desta doença”, afirma a cientista.

“A proteína SURF-1, codificada por este gene, tem uma função essencial na “montagem” (assembly) das várias subunidades que constituem o complexo enzimático IV da cadeia respiratória mitocondrial (CRM), também denominado Citocromo Oxidase (COX)”, explica Manuela Grazina.

Este processo, salienta a cientista, é “crucial no posicionamento correto dos componentes proteicos de modo a que a produção de energia ocorra de forma adequada”.

Os resultados do estudo, publicado na revista científica ‘Mitochondrion’, são um contributo importante para “compreender melhor a origem da doença de Leigh, uma doença mitocondrial rara, que surge na infância”.

As mutações agora descobertas são “mais uma peça do puzzle, porque já foram descritas mutações genéticas associadas à doença em mais de 20 genes diferentes (nucleares e mitocondriais)”, observa Manuela Grazina.

A doença de Leigh é neurodegenerativa progressiva e os seus portadores apresentam “lesões bilaterais focais, em uma ou mais áreas do sistema nervoso central, incluindo tronco cerebral, tálamo, gânglios da base, cerebelo e medula espinhal”, indica a UC, referindo ainda que “a esperança de vida destes doentes é geralmente curta”.

Estudo
A reduzida dimensão dos ensaios clínicos em Portugal deve-se à falta de incentivos e à pouca valorização profissional do...

Um grupo de peritos elaborou o estudo “Ensaios Clínicos em Portugal: Consensos e Compromissos”, com o objetivo de identificar pistas para alcançar maior cooperação nacional e maior competitividade internacional.

Nesse trabalho, identificou aqueles que considerou serem os principais constrangimentos e desafios na área dos ensaios clínicos em Portugal, desde logo a falta de incentivos e a pouca valorização dada ao investigador.

Na opinião desta equipa de investigação, o facto de a gestão hospitalar não estar orientada para a investigação clínica e de os prazos legais de aprovação dos ensaios clínicos serem frequentemente ultrapassados contribuem para a dificuldade da realização dos ensaios clínicos em Portugal.

Outros constrangimentos identificados prendem-se com a reduzida visibilidade e a falta de uma plataforma de divulgação dos ensaios clínicos.

Identificados estes problemas, o grupo de peritos apresentou um conjunto de propostas e soluções que passam por criar centros de ensaio com uma gestão e infraestruturas orientadas para apoiar e conduzir ensaios clínicos, bem como definir estratégias para melhorar a taxa de recrutamento e retenção.

Para os investigadores, é fundamental reforçar a cooperação entre os principais intervenientes e regulamentar os incentivos para a participação dos profissionais envolvidos.

Num plano mais organizacional, é proposta a criação de uma agenda nacional para a investigação clínica e a uniformização da documentação.

Para que isto seja possível, os peritos alertam para a “fundamental necessidade de a própria tutela reconhecer a importância dos ensaios clínicos em Portugal” e identificar as áreas de excelências e divulgá-las internacionalmente, bem como definir áreas prioritárias e estratégicas para investir em investigação clínica.

À tutela caberá igualmente determinar os critérios para a criação dos centros de investigação e para a definição dos indicadores de desempenho.

 

A equipa de investigação considera também fundamental que o Ministério da Saúde inclua o doente em todo o processo, promovendo a sua literacia em investigação clínica.

Desde 2011
Os casos de maus tratos a crianças e adolescentes analisados pelo Instituto Nacional de Medicina Legal aumentou nos últimos...

“Pai com antecedentes criminais e desempregado” é o perfil do agressor típico, segundo um estudo que vai ser apresentado no âmbito da III Conferência do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), que decorre no auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, até sexta-feira.

Realizado entre 2011 e 2015, o trabalho evidencia um “aumento do número de casos de abuso físico de crianças e adolescentes avaliados no INMLCF”, disse João Pinheiro, vice-presidente deste instituto público e um dos autores do estudo, que abrange vítimas com idade igual ou inferior a 18 anos.

O número de exames a crianças e adolescentes, por suspeita de terem sido vítimas de violência, subiu de 371, em 2011, para 550 em 2015, o que traduz uma subida de 0,86% para 1,48% da taxa de incidência relativamente ao total dos chamados “exames de direito penal”, que nesses anos desceu de 43.280 para 37.159, respetivamente.

“Não temos uma explicação para a diminuição dos exames de direito penal”, nem para o acréscimo das avaliações a menores de 18 anos alegadamente vítimas de abuso físico, disse João Pinheiro, que desenvolveu o estudo em coautoria com mais dois médicos legistas, Júlio Barata e Rosário Silva.

Segundo as conclusões do estudo, é o seguinte o perfil da vítima de maus-tratos: “género feminino, entre os 15 e 18 anos de idade, contexto de violência doméstica, família desestruturada (divórcio dos pais) e com conflitos e agressão prévios”.

Geralmente, as lesões são traumatismos de “natureza contundente” e localizam-se na cabeça, tórax e abdómen, braço, mão e dedos, implicando entre cinco a 10 dias de doença da pessoa agredida.

Considerada “a mais importante reunião científica do setor” em Portugal, a conferência anual do INMLCF foi realizada pela primeira vez em 2014 e “tem vindo sempre a crescer”, segundo uma nota da organização.

Na edição deste ano, pela primeira vez, a conferência decorre durante três dias, em vez de apenas dois, a que se junta, no sábado, a realização de três cursos pós-conferência, subordinados aos temas “Violência doméstica: aprender a reconhecer” (curso teórico), “Sínfise púbica e idade à morte em antropologia forense” (curso teórico-prático) e “Técnica avançada de dissecação do pescoço” (curso prático).

Ainda no sábado, durante a tarde, decorre a II Reunião de Coordenadores de Gabinetes Médico-Legais e Forenses.

Este ano
Perto de 38% dos portugueses já se vacinaram este ano contra a gripe, segundo dados do inquérito “Vacinómetro”, hoje divulgados.

Entre a população a partir dos 65 anos, para quem a vacina é gratuita nos centros de saúde, encontram-se vacinadas mais de 48% das pessoas. Nos doentes crónicos, a percentagem é de 42,2% e nos profissionais de risco de 34,2%.

No total, de acordo com uma amostra representativa de 1.500 pessoas, estão vacinadas 37,9%.

Do total dos que se vacinaram contra a gripe, 80% não foi a primeira vez que o fez.

Entre os que ainda não se vacinaram, menos de um terço não pretende levar a vacina nesta época gripal.

Lançado em 2009, o "Vacinómetro" visa "monitorizar, em tempo real, a taxa de cobertura da vacinação contra a gripe em grupos prioritários recomendados pela Direção-Geral da Saúde".

Principal causa de cegueira
No próximo dia 14 de novembro numa iniciativa da IDF assinala-se o Dia Mundial da Diabetes, este ano subordinado ao tema “Olhos...

Álvaro Coelho, coordenador do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, sublinha que a diabetes é uma epidemia em muitos países e também em Portugal, no entanto, é passível de ser considerada uma patologia prevenível e tratável. O especialista alerta também que “esta patologia constitui a principal causa de cegueira”, daí a importância atribuída ao tema este ano.

A oftalmopatia diabética tem a sua principal expressão na retinopatia, no entanto, é mais globalizante, podendo envolver também a catarata e o glaucoma. Qualquer um deles de forma singular ou em conjunto, poderão ser indutores de cegueira. A especialidade de oftalmologia deve ser procurada por todos os doentes diabéticos e, muitas vezes, chega mesmo a ser o especialista desta área quem faz o diagnóstico da diabetes (traduzindo um considerável defeito no processo do desejável diagnóstico atempado) . Para o especialista de Medicina Interna “isso é reflexo do insuficiente investimento que existe nesta área. O diagnóstico não deve realizado por força da presença das complicações”.

Álvaro Coelho sublinha que “a diabetes é uma entidade complexa e consumidora de enormes recursos, sejam eles sociais, humanos ou mesmo financeiros”. Acrescenta ainda que “a prevenção é fundamental e é na população em geral e em especial na referenciada ‘de risco’ que se deve centrar o cuidado com a saúde e evitar as situações indutoras de doença”. Os critérios de diagnóstico atuais são também insuficientes para um diagnóstico precoce, em tempo útil, de forma a evitar a evolução da doença e o surgimento das suas complicações. “Um maior investimento na medicina de proximidade (medicina familiar) e numa educação para a saúde, evitaria inúmeras perdas e mesmo consumos hospitalares”.

Concluindo, prevenir e controlar a diabetes continua a ser um objetivo maior. O doente tem um papel importante e fundamental na prevenção e controlo da sua doença, através da adoção de bons hábitos alimentares, de adequada atividade física, de um estilo de vida saudável e ao evitar comportamentos de risco (como fumar, etc). De sublinhar que tão importante como estes elementos é a relação com a equipa e a estrutura de saúde. A Medicina Interna está empenhada em dar o seu contributo no pretendido combate a esta epidemia, como é testemunhado pelo conjunto de atividades em que se encontra envolvida por todo o País através deste Núcleo de estudos.

A principal causa de cegueira na população ativa
Mais de 415 milhões de pessoas vivem atualmente com diabetes, uma das principais causas de cegueira na população mundial. Um em...

No Dia Mundial da Diabetes, 14 de novembro, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), no seguimento do que tem vindo a fazer pelo país, vai estar na Praça Luis de Camões, em Lisboa, a avaliar os olhos de pessoas com diabetes, número que ultrapassa, em Portugal, um milhão.

Este ano o foco do Dia Mundial da Diabetes está centrado na retinopatia diabética (RD) e na importância de diagnosticar precocemente esta manifestação oftalmológica da diabetes, que constitui uma das principais causas de perda grave de visão a nível mundial. Na causa da retinopatia diabética, que é umas das mais graves complicações crónicas da diabetes, está o aumento dos níveis de açúcar no sangue, que provoca alterações nos pequenos vasos sanguíneos da retina, no interior do olho.

O primeiro estudo epidemiológico no país sobre a retinopatia diabética, realizado por especialistas da APDP, examinou recentemente mais de 52 mil pessoas com diabetes e concluiu que 16,3% sofrem da doença que é a principal causa de cegueira (evitável) na população ativa. O RETINODIAB foi implementado entre Julho de 2009 e Dezembro de 2014 em pessoas com diabetes tipo 2 após 5 anos de seguimento e compreende a área geográfica de Lisboa e Vale do Tejo, onde a APDP realiza rastreios anuais.

Os dados aferidos neste estudo, com base num total de 109 543 retinografias classificáveis, demostram que a duração da diabetes, a idade em diagnóstico e tratamento de insulina estão associados ao aumento do risco de prevalência, incidência e progressão da RD. Os resultados permitem perceber a necessidade de generalizar os rastreios por todo o país, de forma a contribuir para baixar em 30% o número de casos de cegueira por diabetes, conforme sugerido na Declaração de St. Vincent, uma declaração que Portugal assinou em 1989, comprometendo-se a atingir os objetivos de reduzir as principais complicações da diabetes: cegueira, amputações major dos membros inferiores, insuficiência renal terminal e doença coronária.

“Seria uma grande mais-valia que o Ministério da Saúde alargasse a colaboração que tem com a APDP para ampliar o rastreio à população a nível nacional. A APDP é a única entidade certificada no rastreio da retinopatia diabética por telemedicina, um processo iniciado com a ARSLVT há 6 anos. Recordo que em Portugal há um milhão de pessoas com diabetes, mas apenas 10 ou 15% das 700 mil que se encontram em tratamento têm acesso ao programa de rastreio da retinopatia diabética”, refere João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP.

“Hábitos de vida saudável são o pilar de prevenção da diabetes. Estes hábitos, associados ao tratamento precoce e adequado da diabetes permitem travar o aparecimento e a progressão da retinopatia diabética, pelo que é fundamental reforçar o alerta na população. Há dois milhões de pessoas que podem evitar vir a ter diabetes: pessoas que têm excesso de peso, vida sedentária, hipertensão arterial, pessoas com diabetes na família. É imperativo que estas pessoas sejam identificadas, com o intuito de travar a diabetes, a incidência de complicações graves, e os custos económicos associados”, acrescenta.

No ano em que assinala os seus 90 anos, a APDP, suportada pela sociedade civil numa luta contínua de sobrevivência nas adversidades e no combate à pandemia da diabetes, leva a cabo, durante o mês de novembro, diversas iniciativas: de rastreio, de incentivo à atividade física, de discussão de uma doença séria e silenciosa.

Iniciativas em que a APDP estará presente em novembro, mês da diabetes:

12 de novembro | Caminhada pelos miradouros de Lisboa | Início Príncipe Real*
16h00 – Aula de Zumba no Jardim do Príncipe Real
Das 17h00 às 18h30 – Caminhada pelos miradouros de Lisboa, do Príncipe Real até à Praça do Comércio, passando por São Pedro de Alcântara, Bairro Alto, Miradouro de Santa Catarina, Largo Camões, Chiado, Rua Garrett, Rua do Carmo, Rossio, Rua Augusta.

12 a 14 de novembro | Iluminação de vários monumentos da cidade de Lisboa a azul*
Estátua D. José, na Praça da Figueira; Paços do Concelho; Praça do Império, em Belém.

14 de novembro | Rastreio da APDP à Retinopatia Diabética, na Praça Luís de Camões**
Das 9h00 às 18h00 – Rastreio à retinopatia diabética e aplicação de questionários de avaliação de risco de vir a ter diabetes à população em geral.

26 de novembro | Festa Da Diabetes 90 anos APDP | Complexo Desportivo do Casal Vistoso, no Areeiro, em Lisboa***
Das 09h30 às 16h30 - Música, dança e poesia, showcooking e alimentação saudável, espaço criança, feira das associações | Com a participação de Carlos Alberto Moniz, José Fanha, Chef Vítor Sobral, entre outros | Entrada livre!

*Organização Câmara Municipal de Lisboa, APDP e outros parceiros
**Organização APDP | Apoio Bayer e Câmara Municipal de Lisboa
*** Organização APDP | Apoio Câmara Municipal de Lisboa

Presidente da União das Misericórdias Portuguesas
O Banco de Medicamentos, que já doou mais de 265.000 embalagens de fármacos, ajudou à sustentabilidade de muitas instituições e...

Manuel Lemos falava a propósito dos quatro anos da criação do banco, que permite a distribuição gratuita de medicamentos aos idosos carenciados, através de doações feitas pelas empresas farmacêuticas às instituições sociais que tenham serviços médicos e farmacêuticos ou regime de internamento.

Segundo dados da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), já aderiram à plataforma 44 empresas da indústria farmacêutica e 94 Instituições Particulares de Solidariedade Social, 19 das quais são unidades de cuidados continuados.

Já foram doadas pela indústria farmacêutica 265.705 embalagens de medicamentos e produtos cosméticos, com um valor estimado de 2,3 milhões de euros.

Deste universo de ofertas disponibilizadas, as instituições encomendaram 116.445 embalagens, das quais já foram entregues 87.564, num valor estimado de 576.064 euros.

Para Manuel Lemos, o balanço desta iniciativa é “muitíssimo positivo”, porque permitiu às instituições de solidariedade apoiar muitos utentes carenciados.

“Pela via do banco as instituições têm podido ajudar muitas pessoas, uma vez que recorrem ao banco para aplicar medicamentos na rede de cuidados continuados e isso ajuda à sustentabilidade das instituições e ajuda os cidadãos, que são tratados a tempo e horas e com muita qualidade”, sublinhou.

Manuel Lemos está convicto de que “se não fosse o banco, a situação de muitas instituições era bem pior e haveria menos idosos a ser tratados, porque algumas inclusivamente já teriam fechado as suas portas”.

“É preciso ver que os preços da rede de cuidados continuados não são atualizados há seis anos e nessa altura já se dizia, por exemplo, que os valores pagos pelo Estado” pela longa duração não chegavam, salientou.

Sobre como estas instituições têm conseguido sobreviver, Manuel Lemos disse que recorrem às suas reservas e contam com o apoio desta plataforma, resultante de uma “parceria virtuosa” entre a indústria farmacêutica, as instituições de solidariedade e o Estado, que “coordena e zela pela qualidade dos medicamentos”.

“Tem sido uma ajuda muitíssimo importante, porque protege-se o comércio e a atividade farmacêutica, evita-se o desperdício e socorre-se as pessoas, que é a razão de ser das Misericórdias e das outras instituições que a UMP acredita”, sublinha Manuel Lemos.

Em causa estão medicamentos com prazo de validade não inferior a seis meses, mas que estão em perfeitas condições de segurança e qualidade para serem utilizados.

Os medicamentos mais doados (81.359) destinam-se ao tratamento de doenças do aparelho cardiovascular, seguindo-se os fármacos para doenças do aparelho locomotor (37.936), do sistema nervoso central (37.209), anti-infecciosos (27.066) e para o aparelho digestivo (20.896).

A plataforma foi criada através de um protocolo assinado, a 09 de novembro de 2012, entre o Governo, o Infarmed, a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica e a UMP, no âmbito do Programa de Emergência Social.

“Vida com mais fôlego”
Respira e Sociedade Portuguesa de Pneumologia convidam população a experienciar as limitações da Fibrose Pulmonar Idiopática

A Respira - Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas e a Sociedade Portuguesa de Pneumologia irão realizar uma campanha de sensibilização sobre Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI). Esta ação denominada de “Vida com mais fôlego”, tem o objetivo de incentivar as pessoas a experienciar as limitações de um doente que vive com esta doença. No dia 14 de novembro, no Atrium do Saldanha (Lisboa) das 10h às 20h, os visitantes do espaço comercial serão convidados a colocar um colete de chumbo que condiciona a realização de tarefas simples como tocar um instrumento de sopro, encher um balão, apagar as velas de um bolo, etc.

Os sintomas da FPI são constantemente desvalorizados e atribuídos a outras causas, mesmo quando persistentes e caracterizam-se por tosse irritativa, falta de ar progressiva, perda de apetite, perda de peso e debilidade. Ocorre mais habitualmente nos homens com idades acima dos 50 anos. O tabagismo e determinados fatores genéticos têm sido associados ao aumento do risco de desenvolver esta doença.

A FPI é uma doença rara e na Europa são registados cerca de 4.6 novos casos, por cada 100.000 habitantes, no entanto, tem um prognóstico de sobrevida (sobrevivência mediana) de três a cinco anos. Em Portugal a informação é muito limitada, mas de acordo com os dados do Observatório Nacional de Doenças Respiratórias registaram-se 2.717 internamentos por fibrose pulmonar, em 2012.

Smartphones
Uma aplicação desenvolvida para smartphones que identifica quedas do utilizador e alerta os contactos de emergência quando...

A 'Fall Detect' tem um "algoritmo de deteção de quedas baseado em sinais dos sensores inerciais" que "distingue quedas simuladas de eventos do dia-a-dia, com mais de 97% de precisão, quando o smartphone é colocado no bolso ou cinto", disse a investigadora Inês Sousa. Concluiu-se que "é possível detetar quedas simuladas de forma precisa e que o nível de falsos alarmes por dia não é excessivo, uma vez que não perturba as rotinas do utilizador", explicou.

Este é um dos projetos desenvolvidos no "Fall Competence Center" (FCC), um centro de investigação criado para encontrar soluções tecnológicas que contribuam "efetivamente" para a prevenção e resolução de situações de quedas em idosos, "um dos principais problemas enfrentados" por esta população.

De acordo com a investigadora, escreve o Sapo, as quedas podem estar relacionadas não só com a idade ou doença, mas também com situações de risco que podem surgir durante a execução de determinadas atividades profissionais ou desportivas.

Outra das aplicações criadas foi a ‘My Fall Risk Meter', que possibilita aos idosos a autoavaliação do risco de queda através de "jogos sérios" que permitem verificar a ‘performance' da marcha, a força dos membros inferiores, o equilíbrio e a confiança na realização de atividades do dia-a-dia. Para além disso, é possível validar fatores externos de risco em casa e condições de saúde e de meditação.

A aplicação ‘Fall Risk Assessment Tool', também desenvolvida pela Fraunhofer, tem como objetivo auxiliar os profissionais de saúde na execução de testes ‘standard' de avaliação do risco de quedas. Por sua vez, o protótipo ‘Smart Feet' consiste num conjunto de exercícios de prevenção de quedas, apresentados na forma de jogos interativos e sensores inerciais que para avaliam a ‘performance' e a qualidade dos movimentos dos idosos.

A linha de investigação de quedas em atividades desportivas foi direcionada para o aumento de segurança durante a prática de desportos náuticos, como o Surf, o Windsurf e a Vela, dando informação ao utilizador em relação à sua atuação de forma a melhorar a experiência de utilização.

Com a aplicação ‘Mover', criado ainda no mesmo âmbito, é possível classificar atividades e posturas como andar, correr e sentar.

Na área da deteção e documentação de ataques, foi criado uma tecnologia que deteta automaticamente os movimentos corporais de operacionais no terreno (equipas de forças de segurança, por exemplo), distinguindo estados como caminhar, correr, queda, impacto ou inatividade.

Adicionalmente, foi desenvolvido e incorporado um módulo que permite monitorizar a localização dos operacionais no terreno, não só em espaços exteriores mas também no interior de edifícios.

Este protótipo inclui a transmissão da informação acerca destes estados, a localização e a comunicação vídeo entre o operacional e o centro de controlo de operações em tempo real.

Para a criação do centro, a associação Fraunhofer Portugal Research reuniu investigadores e especialistas das áreas da medicina, da física, da eletrónica, das tecnologias de informação e comunicação (TIC), entre outras.

O projeto, no qual participaram cerca de 30 investigadores, foi financiado pelo Programa Operacional Regional do Norte (ON.2 - O Novo Norte) e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) da União Europeia.

Estudo
Um anticorpo produzido pelo corpo humano protegeu fetos de ratos fêmeas grávidas contra o Zika, segundo um estudo publicado na...

Em laboratório anticorpo neutralizou todas as estirpes conhecidas do Zika e reduziu "visivelmente" os níveis do vírus nos roedores infetados e nos seus fetos. "Este é o primeiro antivírus que funciona na gravidez e que protege fetos em desenvolvimento contra o Zika", disse o coautor do estudo, Michael Diamond, da Escola de Medicina da Universidade de Washington.

"Isto é a prova de que o vírus é tratável durante a gravidez e de que já temos um anticorpo humano que o combate, pelo menos em ratos", destacou o cientista.

O vírus Zika é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma emergência de saúde pública mundial. É transmitido principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti, mas também por contacto sexual, escreve o Sapo.

Na maioria dos casos, a infeção provoca apenas sintomas leves ou passa despercebida. Mas desde o surto que começou em 2015, o vírus tem sido associado à microcefalia, uma condição que limita o crescimento da cabeça e causa danos cerebrais em fetos em desenvolvimento. Desse modo, mulheres grávidas infetadas pelo Zika têm um risco maior de dar à luz um bebé com malformações cerebrais.

Mais de 2.300 bebês, a maioria deles no Brasil, nasceram com microcefalia ou outras malformações do sistema nervoso central relacionadas ao Zika desde o ano passado em todo o mundo, de acordo com a OMS.

Não há cura nem nenhum tratamento contra o vírus.

Diamond e sua equipe obtiveram amostras de anticorpos de pessoas que se recuperaram de infeções pelo Zika.

No estudo, publicado pela revista científica Nature, os pesquisadores destacaram a ação contra o Zika de um anticorpo em especial, batizado ZIKV-117, colhido de apenas uma pessoa.

Os anticorpos, que são a primeira barreira de defesa humana, são proteínas em forma de Y produzidas pelo sistema imunológico em resposta à presença dos chamados antígenos, agentes patogênicos que causam doenças.

Cada tipo de anticorpo se liga a um antígeno específico, e o elimina ou imobiliza para que sejam suprimidos por outras células imunitárias.

Os pesquisadores deram o anticorpo ZIKV-117 a ratas grávidas que tinham sido injetadas com o vírus Zika, e descobriram que suas placentas permaneceram normais e saudáveis em comparação com as de ratas não tratadas.

"Quase todos os fetos foram protegidos contra a infeção e a doença", explicou Diamond à AFP.

Não se sabe se a maioria dos seres humanos pode produzir naturalmente este anticorpo específico em resposta à infeção, disse Diamond. E, mesmo que pudesse, este não seria rápido o suficiente para proteger um feto - daí a necessidade de um reforço.

Os resultados poderiam ajudar a fornecer um escudo provisório contra a transmissão do Zika, enquanto os cientistas desenvolvem uma vacina contra o vírus, disse o estudo.

Mas primeiro, os testes têm de ser feitos em macacos, cujo processo de gestação é muito mais semelhante ao dos humanos.

15 anos depois
Quinze anos depois da descriminalização do consumo de drogas o presidente do SICAD faz um balanço positivo, lembrando que...

“A apreciação que fazemos é que a evolução dos diversos indicadores da dependência têm evoluído de uma forma globalmente positiva. Não é um problema resolvido na sociedade, mas a apreciação é que foi boa medida”, disse João Goulão, referindo-se à descriminalização do consumo de drogas.

João Goulão salientou, contudo, que esta medida faz parte de “um pacote muito mais vasto que resultou de esforço que já vinha sendo feito” desde 1999, quando foi aprovada a Estratégia Nacional de Luta contra a Droga.

Nestes 15 anos, assistiu-se a uma diminuição das doenças resultantes dos consumos, sobretudo a contaminação com o vírus VIH, das mortes por overdose e da pequena criminalidade com a toxicodependência.

Mas não só, “aumentou o acesso ao tratamento para pessoas que se querem tratar, melhoraram as políticas de redução de danos e assistiu-se a um retardar do início de consumos por parte dos mais novos, sem que tivesse havido um disparar de consumos na população em geral, sem que tivesse havido narcoturismo, sem que se tivesse instalado em Portugal turismo relacionado cm drogas”.

Neste período houve algumas vicissitudes, entre as quais um aumento do consumo de heroína – sobretudo recaídas de antigos consumidores -, após um longo período em que este tipo de consumo tinha vindo a decair.

Este recrudescimento é explicado com “intercorrências que marcaram muito fortemente a sociedade portuguesa, nomeadamente a crise financeira com o consequente impacto social que teve: aumento do desemprego, dificuldade das famílias e o resultante “desmoronar dos percursos que alguns toxicodependentes tinham imprimido à sua vida e que se viram confrontados com problemas que não conseguiram enfrentar”.

A criação das salas de consumo assistido – vulgarmente designadas por “salas de chuto” - é uma hipótese que foi aventada na altura da descriminalização e que de vez em quando volta a ser posta em cima da mesa, mas sem que nunca tenha avançado, uma situação que poderá mudar em breve.

João Goulão explicou que a ideia nunca foi esquecida, mas tem havido “desencontros entre a liderança de princípios e a liderança de governos”.

Em 2001 foi produzida legislação que enquadra medidas de redução de danos com várias medidas, entre as quais salas de consumo assistido, estando previsto um acordo entre o poder autárquico e o Governo no sentido da criação desse tipo de respostas.

“De alguma forma, na altura em que a premência da criação de dispositivos desse género era maior, não houve condições politicas. Quando tivemos condições para o fazer, em que houve abertura do município para avançar, o que se constatou foi que o consumo por via injetável estava a cair de forma tão rápida, que considerámos que seria um sinal errado avançar com um dispositivo desse género”, explicou.

A ideia foi então posta de parte, ainda mais porque se constatou que era possível chegar às franjas da população com outras medidas, como as equipas de rua ou o programa de troca de seringas, e que, simultaneamente, os consumos mais problemáticos estavam a cair.

Mais recentemente, a questão voltou a levantar-se, devido ao recrudescimento desses consumos, “daí a questão estar novamente em discussão, com abertura do poder autárquico e central para avaliar a pertinência da instalação destes dispositivos”.

“Estamos numa fase em que me parece provável que surjam propostas concretas”, sublinhou.

Teatro Terapêutico
A ansiedade marca os dias que antecedem a estreia de uma peça, mas para o Grupo de Teatro Terapêutico do Hospital Júlio de...

O grupo sobe ao palco na quarta-feira, com a peça "Torcicolo", de João Silva. Os atores são doentes em tratamento neste hospital, que pertence ao Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.

Isabel Cristina Calheiros, terapêutica ocupacional que trabalha há 25 anos com este grupo, disse à agência Lusa que os dias que antecedem a estreia de uma peça são oportunidades “para trabalhar questões como a ansiedade”.

“Perceber como nos acontece, como reagimos sob pressão: disparamos para o lado? Começamos a chatear os outros, somos agressivos, dá-nos para chorar, para comer? Ao tomarmos consciência de como reagimos nestas situações, podemos aprender a gerir isso e a tomar as rédeas, não nos deixando dominar pela ansiedade”, adiantou.

Na base de “Torcicolo” está a discussão que foi lançada inicialmente ao grupo para partilha: as emoções.

“Passámos por uma série de emoções que o grupo escolheu, da raiva ao medo, da felicidade à tristeza. Depois, associado a isso, vieram as ideias de suicídio, as depressões profundas por que passaram. Nestas reuniões, as pessoas partilham os seus sentimentos”.

Foi a partir destes conteúdo que o encenador e dramaturgo João Silva escreveu a peça.

Sobre os doentes, Isabel Cristina Calheiros explicou que são pessoas que, a dada altura da sua vida, tiveram uma doença mental que se revelou e iniciaram um processo terapêutico.

“Num dado momento desse processo terapêutico, o seu psiquiatra ou psicólogo achou que seria importante nesse momento participar num grupo terapêutico”, disse.

Isabel Cristina Calheiros explicou que parte do trabalho passa por preparar os doentes para os sentimentos que chegam com o final da peça.

“Tentamos que, a seguir à peça, seja mais uma oportunidade para refletir sobre as coisas e sobre como cada um esteve neste processo e o seu impacto na vida de cada um”, adiantou.

“Depois começamos a pensar noutro projeto, o qual até pode demorar mais de um ano”, frisou.

João Silva sublinha a importância deste trabalho e, sobre o tipo de problemas que estão na origem da procura de uma terapêutica, limitou-se a afirmar: “São pessoas”.

Em relação à peça que estreia na quarta-feira e que pode ainda ser assistida na quinta-feira e no sábado, João Reis disse resultar da observação de algumas sessões terapêuticas – nem todas são presenciáveis – e que trata de sentimentos.

João Silva é desde 1968 encenador do Grupo de Teatro Terapêutico do Hospital Júlio de Matos, fundado no mesmo ano.

Estudo
Um investimento de apenas um a dois dólares (90 cêntimos a 1,80 euros) por pessoa e por mês podia dar a todos os habitantes dos...

A conclusão é de um estudo, divulgado na segunda-feira pela revista médica 'The Lancet', que apontou que um em cada cinco países gasta menos do que aquele valor em medicamentos, ilustrando “a urgência de financiamento adicional para satisfazer as necessidades básicas de cuidados de saúde”.

Um cabaz de medicamentos essenciais inclui analgésicos, como morfina, drogas contra as doenças infecciosas, como tuberculose, HIV ou malária, tratamentos para situações crónicas, como cancro ou diabetes, além de vacinas e contracetivos.

Classificada como a Comissão Lancet sobre Medicamentos Essenciais, a análise ilustra “desigualdades e ineficiências massivas” no financiamento e na gestão entre regiões, prejudicando o acesso a medicamentos a muitas pessoas.

O documento foi produzido por 21 peritos internacionais e faz recomendações a governos, organizações não-governamentais, instituições de saúde, agências de regulação do medicamento e indústria farmacêutica.

O grupo usou estatísticas sobre a prevalência de doenças, bem como sobre consumo e preço de medicamentos, para calcular o custo do acesso a um cabaz de medicamentos essenciais. O resultado a que chegou foi o intervalo entre 77,4 mil milhões de dólares e 151,9 mil milhões de dólares por ano, o equivalente ao intervalo 12,9 – 25,4 dólares por pessoa.

“Estimativas recentes sugerem que o gasto médio total nos países de baixo rendimento foi de 8,6 dólares por pessoa e por ano”, seguido um comunicado divulgado pela 'The Lancet'.

A maior parte desta verba proveem dos orçamentos das famílias, mais do que dos governos.

As famílias pobres nos países de baixos e médios rendimentos gastam cerca de 9,5% do seu rendimento em medicamentos, o que compara com 3,5% nos mesmos agregados nos países ricos, especificou-se no documento.

Também evidenciou o problema da pobre qualidade dos medicamentos que muitos países de baixo rendimento enfrentam. Em 2013, estima-se que medicamentos de pobre qualidade para a malária tenham provocado a morte a 120 mil crianças na África subsariana.

Por vezes, é uma questão de negligência, outras, de “práticas desonestas”.

Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde concluiu que o Hospital Garcia de Orta, em Almada, cumpre as regras de isolamento de doentes infetados...

"Tanto quanto as condições físicas do hospital permitem, são cumpridas as regras determinadas pelo Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos, em matéria de isolamento de doentes infetados", assinala o relatório da visita técnica da Direção-Geral da Saúde (DGSaúde) ao hospital, para avaliação da qualidade e segurança das condições de controlo de infeção.

A visita foi feita ontem, "sem aviso prévio", entre as 11:00 e as 14:45, depois de o jornal i ter noticiado que, no Hospital Garcia de Orta, os doentes infetados com bactérias multirresistentes, como a E-coli e a Klebsiela, "estão misturados nas mesmas salas com os doentes que não estão infetados e, inclusivamente, com pacientes que foram submetidos a cirurgias".

No relatório, a DGSaúde sustenta que "não se encontrou evidência que demonstre a veracidade da notícia hoje publicada pelo jornal i", embora registe que o hospital "apenas possui cinco quartos de isolamento, um dos quais na unidade de cuidados intensivos".

Segundo a DGSaúde, que cita a direção clínica da unidade hospitalar, seriam necessários mais cinco quartos de isolamento, além dos quatro que já estão a ser criados.

O relatório salienta que as enfermarias do hospital têm três camas, sendo que são transformadas em quartos de isolamento, quando estes estão ocupados, "o que é frequente", levando ao "desperdício de duas camas" ou à colocação do doente infetado na "cama junto da janela, com bloqueio da cama do meio e separação por cortina".

Os técnicos da DGSaúde visitaram a unidade de cuidados intensivos, os serviços de internamento de medicina IV e ginecologia.

O relatório enaltece a existência, nos cuidados intensivos, de "normas de procedimento interno em matéria de limpeza e desinfeção de cada unidade de doente e de limpeza e recolha de resíduos sólidos".

No entanto, observa que nem sempre um doente está informado de como se deve proteger da transmissão da infeção, quando partilha uma enfermaria com um paciente infetado.

"Interrogado um doente que partilha uma enfermaria com um doente infetado, aquele não possuía informação de como se proteger da transmissão de infeção", refere a DGSaúde.

A administração do Hospital Garcia de Orta alegou hoje, em comunicado, que "todos os procedimentos de prevenção e controlo de infeção estão a ser cumpridos na instituição", negando a colocação de doentes recém-operados em enfermarias onde estejam pacientes infetados.

Em Coimbra
As doenças raras e os "medicamentos órfãos" vão estar em debate na quinta e na sexta-feira, em Coimbra, durante um...

"Não é uma temática que seja abordada durante o curso de Ciências Farmacêuticas, assim como também não é no Curso de Medicina e noutros cursos da área da saúde", disse Francisco Nunes, um dos moderadores do congresso.

Segundo o responsável, "o número de doentes é muito baixo, mas as doenças são imensas, normalmente genéticas e complicadas, e têm uma elevada morbilidade e mortalidade".

Promovido pelo Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra, o congresso quer enquadrar o que são doenças raras e o que tem sido feito nos últimos anos no sentido de dar mais atenção e motivar mais profissionais de saúde para esta área.

"O Governo português tem uma estratégia nacional para as doenças raras. Recentemente, fez um cartão do doente raro", exemplificou Francisco Nunes, considerando que em Portugal e no resto da Europa "cada vez mais se tem dado atenção a esta problemática".

Durante o congresso, será dada a visão dos doentes, mas também a da indústria farmacêutica.

Francisco Nunes explicou que "não é qualquer indústria farmacêutica que se dedica ao desenvolvimento de novos fármacos para estas doenças", as que existem "são poucas e há poucos produtos, poucos tratamentos".

"É possível falar de fármaco-economia quando existem cinco doentes em Portugal? Se calhar não é", afirmou.

O responsável explicou que, "normalmente, uma doença rara só tem um tratamento específico disponível e, por isso, chama-se medicamento órfão".

"Quer os Estados Unidos, quer a Europa, desenvolveram nos últimos anos mecanismos de motivação para que as companhias farmacêuticas se dediquem à investigação e desenvolvimento de moléculas de tratamento para doenças raras que sejam medicamentos órfãos", referiu.

Isto porque "é diferente estar a investir num tratamento que vai ser para milhões e milhões de pessoas no mundo inteiro ou num para meia dúzia de pessoas", acrescentou.

Um dos mecanismos passa por, quando um medicamento é aprovado, ter uma exclusividade de mercado na Europa de dez anos.

Também serão focados durante o congresso temas que habitualmente preocupam os profissionais de saúde que lidam com doenças raras.

"A doença não é conhecida, não existe informação, não existem reuniões de formação sobre a doença, o médico tem de ir à procura, para chegar ao diagnóstico às vezes é uma odisseia de demora anos", apontou.

Por outro lado, estes doentes "têm de fazer muito mais exames complementares de diagnóstico, têm muito mais consultas hospitalares, têm de ter uma equipa multidisciplinar", o que, para um clínico, representa "uma complexidade e um consumo de tempo acrescidos", acrescentou.

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