18 de Novembro - Dia Europeu do Antibiótico
O Dia Europeu do Antibiótico assinala-se hoje e apesar do consumo em Portugal ter descido quatro por cento no último ano, ainda...

De acordo com dados da QuintilesIMS, empresa que resultou da fusão da consultora IMS Health e do produtor mundial de serviços de saúde integrados Quintiles, entre outubro de 2015 e setembro de 2016 foram vendidos em Portugal 8,5 milhões embalagens de antibióticos em farmácias.

A mesma fonte revela que a venda destes medicamentos ascendeu aos 61 milhões de euros, abaixo dos 65 milhões de euros registados no ano anterior.

Segundo a QuintilesIMS, estes dados indicam uma descida de quatro por cento, face ao ano anterior.

A empresa refere que a subclasse de penicilinas de largo espectro continua a liderar o consumo de antibióticos, representando no último ano 41 por cento das vendas em valor deste medicamento.

O Dia Europeu dos Antibióticos visa promover uma utilização adequada dos antibióticos e informar os doentes acerca dos riscos da automedicação com estes medicamentos.

Com este propósito, o Infarmed e a Direção-Geral da Saúde (DGS) associaram-se para promover uma campanha através da internet e das redes sociais, no âmbito de uma iniciativa do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) para chamar a atenção para o alarmante aumento da resistência aos antibióticos que é observado em toda a Europa.

Um relatório conduzido pelo economista Jim O’Neill, apresentado em maio, indica que a resistência aos antibióticos poderá vir a matar em 2050 mais dez milhões de pessoas por ano face ao que acontece atualmente, ou seja, uma pessoa em cada três segundos.

“É preciso que isso se torne uma prioridade para todos os chefes de Estado”, afirmou na altura O’Neill, citado pela agência France Presse, ao propor uma bateria de medidas a implementar.

O relatório apela à mudança drástica na maneira de utilizar os antibióticos, cujo consumo excessivo e má utilização favorece a resistência das “super-bactérias”.

A primeira investigação sobre a resistência aos antibióticos, publicada há um ano em Genebra, revelou que todas as pessoas podem um dia ser afetadas por uma infeção resistente a estes medicamentos.

Na apresentação deste estudo, a diretora geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, referiu que o aumento da resistência aos antibióticos representa “um imenso perigo para a saúde mundial”.

Esta resistência, acrescentou Margaret Chan, “atinge níveis perigosamente elevados em todas as partes do mundo”.

A resistência ocorre quando as bactérias evoluem e se tornam resistentes aos antibióticos utilizados para tratar as infeções.

Este flagelo mundial é sobretudo devido ao consumo excessivo de antibióticos e à sua má utilização.

Cemitério de Agramonte
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto anunciou que vai realizar uma cerimónia, na próxima quarta-feira, para...

A cerimónia vai ter lugar às 15:00 no Serenarium do Cemitério de Agramonte, no Porto, local onde se encontram as cinzas dos dadores, no que a responsável pelo Departamento de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Dulce Madeira, espera que seja um momento simbólico que passe a ter lugar uma vez por ano.

Para a professora catedrática da FMUP, a cerimónia vai ter duas finalidades: “A primeira é obrigar as pessoas, os meus colaboradores e os meus estudantes a parar meia hora que seja para pensar neste assunto. Penso que para muitos dos meus alunos é a primeira vez que vão entrar num cemitério e, portanto, só isso vale mais do que muitas horas que a gente gasta a explicar a importância da doação cadavérica e o respeito que tem que se ter pelos cadáveres”.

Por outro lado, Dulce Madeira destaca que o objetivo é também dirigir-se aos dadores que estão vivos e seus familiares para lhes mostrar que são lembrados, num ato “da mais elementar justiça”.

A também investigadora do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde realçou que este ano tem assistido a um aumento significativo do número de cadáveres recebidos pela FMUP, salientando que recebem, em média, um formulário de doação por dia.

Ao contrário dos órgãos - em que qualquer pessoa, em caso de morte, é dadora desde que não se tenha manifestado contra em vida - para doar o cadáver é preciso que uma pessoa “em vida e no seu estado de consciência normal [tenha decidido] voluntariamente entregar o seu corpo para fins de ensino e de investigação”, havendo também conhecimento e consentimento por parte da família.

“Até há pouco tempo diria que recebia menos de 5% das doações”, constatou Dulce Madeira, que frisou que o aumento registado recentemente pode significar que “as pessoas agora estão mais sensibilizadas, não só para dar como para compreender que os seus familiares deram e respeitar a sua vontade”.

Os cadáveres ficam na posse da FMUP durante diferentes períodos e, quando terminado o processo de estudo e investigação, são, em geral, cremados e depositados no Cemitério de Agramonte.

“A doação de cadáveres para estudo e investigação é um ato de generosidade e filantropismo. Contribui para formar melhores médicos, com conhecimentos mais sólidos e de maior humanismo e, portanto, mais aptos a tratar dos vivos. Com esta homenagem, singela no seu recorte mas de profundo significado social, pretende-se manifestar um universal reconhecimento por este exercício de grada solidariedade humana”, sublinhou a FMUP.

Cuidados a ter
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o aumento da resistência aos antibióticos representa u
Antibióticos e bactérias

O termo “antibiótico” significa literalmente “substância que mata organismos vivos”, mas na linguagem médica apenas se aplica às substâncias que afectam bactérias e não às que são usadas para combater outros tipos de micro-organismos, como os vírus, os fungos e os parasitas (chama-se antimicrobianos ao conjunto dos antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasitários).

Os antibióticos são substâncias químicas, de origem natural ou produzidas sinteticamente, capazes de destruir bactérias (antibióticos bactericidas) ou de impedir a sua multiplicação (antibióticos bacteriostáticos) sem afectar as células das pessoas, animais ou plantas aos quais são administrados.

Os antibióticos bacteriostáticos não matam directamente as bactérias, mas suspendem o seu crescimento ou a sua reprodução, dando tempo a que o organismo infectado tenha tempo para as destruir com os seus próprios sistemas de defesa, o que significa que só devem ser usados em doentes cujo sistema imunitário funcione correctamente .

Os antibióticos bactericidas matam directamente as bactérias, independentemente do funcionamento dos sistemas de defesa dos doentes, o que garante melhores resultados quando estes têm o sistema imunitário debilitado.

Existem centenas de antibióticos diferentes, que se dividem, conforme a sua estrutura química, em oito grandes grupos ou famílias e alguns grupos isolados. Os antibióticos actuam por diversos mecanismos, modificando a estrutura da parede das bactérias (o que promove a sua destruição) ou interfindo no seu metabolismo energético, na produção de proteínas ou na síntese do ADN bacteriano (o que condiciona a reprodução, o crescimento ou o funcionamento das bactérias, que se reproduzem muito depressa, quando estão activas).

Apesar da grande diversidade dos antibióticos e dos seus diferentes modos de acção, nem todos são eficazes contra todas as bactérias: os que são capazes de combater muitos tipos de bactérias designam-se por antibióticos de largo espectro, por oposição aos antibióticos de espectro reduzido, que atacam poucos tipos de bactérias.

Mesmo quando uma bactéria é naturalmente sensível a um dado antibiótico, ela pode desenvolver mecanismos de defesa contra a sua acção, tornando-se resistente. O problema da resistência das bactérias aos antibióticos é que estes mecanismos podem ser transmitidos à sua descendência e até a outras bactérias com as quais convivem, amplificando o processo e levando à criação de estirpes bacterianas multirresistentes, conhecidas como superbactérias o que constitui um grave problema de saúde pública e pode originar milhões de mortes.

Por outro lado, admite-se que as bactérias actualmente resistentes aos antibióticos conhecidos possam ser mortas ou inactivadas por outras substâncias (antibióticos naturais) que ainda desconhecemos ou que havemos de criar em laboratório, havendo um longo caminho a percorrer para se compreender melhor as bactérias e a forma de as combater, no pressuposto que a grande maioria das espécies bacterianas não provoca doenças. Sabe-se hoje que o nosso corpo aloja triliões de bactérias (ao todo pesam entre 2 e 3 Kg), que vivem em simbiose connosco, sobretudo na pele, no tubo digestivo e nas vias aéreas e são fundamentais para a nossa saúde. Em geral, apenas provocam doenças quando o nosso sistema imunitário falha e deixa de as controlar e/ou quando as bactérias acedem a órgãos sensíveis, como sucede nas queimaduras, nas feridas, nas cirurgias ou no uso de algálias, sondas, cateteres e tantos outros dispositivos médicos invasivos.

O primeiro antibiótico - a penicilina - foi descoberto em 1929 e usado pela primeira vez em 1942. Desde então, os antibióticos são largamente utilizados para tratar ou prevenir infecções bacterianas, tendo servido para salvar milhões de pessoas da morte provocada por pneumonias, tuberculose, difteria, meningites, septicémias, infecções de feridas e queimaduras e tantas outras infecções graves.

Tal como na medicina humana, os antibióticos são usados em veterinária para tratar ou prevenir infecções bacterianas em animais. Em ambos os casos, é importante que se faça um uso criterioso e rigoroso destas importantes armas terapêuticas, o que passa pela correcta identificação das doenças a tratar (não usar em infecções provocadas por vírus, fungos ou parasitas), pela escolha do antibiótico mais adequado a cada infecção (o de espectro de acção mais reduzido possível, que não ataque as bactérias que não provocam essas doenças), e pelo rigor na escolha e no cumprimento do esquema terapêutico (menor duração possível, tomas em horários certos, interacção com alimentos, álcool e outros medicamentos, etc.), de modo a reduzir o aparecimento de resistências.

O uso mais controverso dos antibióticos, e que muito tem contribuído para o aparecimento e desenvolvimento de estirpes bacterianas resistentes, é na agricultura (como pesticidas, para controlar infecções bacterianas de algumas plantas cultivadas) e sobretudo na produção animal (para prevenção indiscriminada de infecções, nomeadamente em aquacultura, e como promotores de crescimento na pecuária, ao adicionar antibióticos à ração de vacas, porcos ou galinhas). A dimensão deste fenómeno é tão grande que, apesar de estas práticas não serem permitidas na Europa, se calcula que cerca de 80% de todos os antibióticos produzidos mundialmente sejam destinados a estes fins e não para uso em medicina humana e veterinária.

Se queremos continuar a beneficiar dos antibióticos temos de reduzir ao mínimo o seu uso, promovendo a nossa saúde, prevenindo as doenças infeciosas, construindo um sistema imunitário robusto e, em caso de doença bacteriana, cumprir escrupulosamente os esquemas de tratamento que a ciência médica tenha como mais convenientes. Será necessário abolir o uso indevido dos antibióticos na agricultura e na produção animal e será preciso desenvolver novos antibióticos e talvez outras armas terapêuticas não químicas, como os vírus bacteriófagos, especialmente desenhados para atacar determinadas bactérias. O futuro é incerto, mas com certeza não queremos perder esta guerra!

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OMS alerta
A Organização Mundial de Saúde alertou hoje que a ameaça de uma pandemia continua real, apesar de terem sido alcançados muitos...

“Estamos atualmente melhor preparados para uma pandemia [surto de uma doença com distribuição geográfica muito alargada] de gripe do que há 10 anos, mas não devemos perder o impulso e ainda enfrentamos a ameaça de uma pandemia em 2016”, disse a subdiretora-geral de Sistemas de Saúde e Inovação da Organização Mundial de Saúde (OMS), Marie-Paule Kieny, numa conferência de imprensa.

“Ninguém pode prever” como será a próxima época de gripe, referiu a agência das Nações Unidas.

A OMS lançou em 2006 o Plano Global de Ação para aumentar o uso de vacinas sazonais com base em dados, no aumento da capacidade de produção e na promoção da investigação e do desenvolvimento.

Na altura, a capacidade de produção de vacinas estava centrada sobretudo em países de alto rendimento.

Atualmente, essa capacidade abrange 14 países, a maioria de alto-médio rendimento, mas também existem nações de baixo rendimento que “fazem esforços para fabricar as próprias vacinas”, assinalou Marie-Paule Kieny.

Em 2006, só 74 países tinham uma política nacional de imunização contra a gripe. Dez anos depois, o número cresceu para 115, incluindo nações de médio-baixo rendimento e uma de baixo rendimento.

Também foi registado um aumento na distribuição de vacinas sazonais em algumas regiões do mundo, em particular na América.

A representante da OMS destacou, no entanto, que estes avanços contrastam com os recuos ou com as diminuições registados em outras regiões do globo, “como a Europa, onde a resistência às vacinas é muito alta”.

Dados divulgados também hoje mostraram que a capacidade de produção global de vacinas contra a gripe pandémica registou melhorias: passaram de cerca de 1.500 milhões de doses em 2006 para cerca de 6.200 milhões de doses em 2015.

Mesmo assim, estes valores são insuficientes para cumprir o objetivo do Plano de Ação, que previa imunizar 70% da população com duas doses (10.000 milhões de doses).

Um dos reptos para o futuro é manter a capacidade de produção, uma vez que tem sido verificado um declínio.

Outro dos desafios identificados pelos especialistas da OMS é a necessidade de apresentar mais dados para projetar estratégias sazonais de vacinação, especialmente em grupos como as crianças e as grávidas e em países de médio-baixo rendimento.

Também será necessário intensificar a investigação sobre a resistência às vacinas para "entender porque as pessoas não estão a ser vacinadas e porque (alguns) médicos não recomendam as vacinas sazonais" contra a gripe, assinalou Marie-Paule Kieny.

Em média, são registados entre três a cinco milhões de casos de gripe e entre 150.000 a 500.000 mortes por ano, dependendo das metodologias.

“Como o vírus está em constante evolução, a ameaça de uma pandemia é real, pode ser amanhã ou daqui a cinco anos, e pode ser suave como em 2009, com a gripe A H1N1, ou muito grave, como a ‘gripe espanhola’ em 1918”, afirmou Wenqing Zhang, do Departamento de Doenças Pandémicas e Epidémicas da OMS.

Em Portugal, e desde outubro último, cerca de 1,2 milhões de doses de vacina contra a gripe estão disponíveis de forma gratuita no Serviço Nacional de Saúde.

A vacinação contra a gripe é gratuita para pessoas a partir dos 65 anos e para internados em instituições. Este ano, e segundo informou a Direção-Geral de Saúde (entidade coordenadora da campanha de vacinação contra a gripe), as vacinas são igualmente gratuitas para os doentes a aguardar transplante, sob quimioterapia, com trissomia 21, fibrose quística, doença neuromuscular e com défice de alfa-1 antitripsina.

De acordo com informações divulgadas esta semana por vários ‘media’, os casos de gripe deste ano podem vir a ser mais graves do que os registados no ano passado. A estirpe considerada mais perigosa (H3N2), associada a vários óbitos, está entre os vírus identificados nos primeiros casos e poderá tornar-se predominante neste inverno.

Dia do Não Fumador 2016
Considerado, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma doença aditiva crónica, o tabagismo é

O tabaco é um aerossol constituído por uma fase gasosa e uma fase de partículas. Para além da nicotina, já foram descritas mais de 4000 substâncias nocivas. Muitas existem na folha do tabaco, outras resultam da absorção pela planta de substâncias existentes no solo ou no ar, como pesticidas e fungicidas, outras são produzidas durante o processo de cura e de armazenamento da folha. Outras substâncias, como o mentol e o cacau, são adicionadas para tornar menos irritante ou aumentar a aceitabilidade, e podem potenciar o efeito aditivo da nicotina.

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma doença crónica aditiva com recaídas. Ao fumar, qualquer pessoa pode rapidamente se tornar dependente da nicotina, que funciona como uma poderosa droga psicoativa, com um ação cerebral apenas comparável à da heroína e da cocaína. Induz uma dependência psicológica que atua por mecanismos de reforços positivos: dá uma sensação de prazer, reduz o stress e a ansiedade, e diminui o apetite e regula o peso, um fator extremamente valorizado sobretudo pelas mulheres.

O tabagismo é uma toxicodependência que se define pelo forte desejo ou compulsão para consumir, a dificuldade em controlar o consumo, a síndrome de abstinência quando a substância não é consumida, o desenvolvimento de tolerância (é necessário doses cada vez maiores para produzir o mesmo efeito) e a persistência do consumo, mesmo com sintomas de doença.

Globalmente, o tabagismo é a principal causa evitável de morte e o mais grave problema de saúde pública a nível mundial, sendo que Portugal não é uma exceção. Se, por um lado, cerca de 2 milhões de portugueses são fumadores, o que corresponde a 20% da população portuguesa, por outro,  o número estimado de mortes associadas ao tabaco em 2013 foi de 12.350 pessoas. Isto significa que, nesse ano, 11% do total de mortes foi devido ao tabaco.

A potente dependência à nicotina torna extremamente difícil deixar de fumar pois a ausência desta substância induz um intenso síndrome de privação relacionado com a elevada dependência física que a ela está associada. Uma vez que o tabagismo está intimamente relacionado com morte prematura e perda de anos de vida saudáveis, a realidade em Portugal está aquém das necessidades relativamente ao número de consultas de cessação tabágica e comparticipação nos fármacos que são utilizados para deixar de fumar. De facto, o agravamento geral das condições socioeconómicas dos portugueses fez-se acompanhar nos últimos anos por uma diminuição na utilização de fármacos para a cessação tabágica.

A nível mundial, o consumo de tabaco ainda está a aumentar, de tal forma que, em apenas 2014, estimaram-se um total de quase 6 mil milhões de fumadores em todo o mundo. Em contraste, em alguns países como o Reino Unido, a Austrália e o Brasil, onde foi implementado um robusto pacote de medidas legislativas contra o tabagismo, verificou-se uma redução significativa no consumo do tabaco. Contudo, esta redução foi largamente compensada pelo aumento desmesurado do número de fumadores na China, que devido à sua grande massa populacional tem um forte impacto na prevalência do tabagismo. Também na Região Mediterrânia Oriental se tem vindo a assistir a um grande aumento no consumo de tabaco.

No que diz respeito a perspectivas e riscos futuros, há uma noção de que em África, onde o desenvolvimento económico e o crescimento populacional poderá vir a  surgir um aumento excecional do número global de fumadores, contribuindo para uma maior prevalência mundial do tabagismo.

Está bem documentada a relação entre o consumo de tabaco e um número considerável de doenças, com particular destaque para o cancro em diversas localizações, as doenças respiratórias, as doenças cardiovasculares, infertilidade e nascimento prematuro.

Na mulher os efeitos são ainda mais nefastos, uma vez que a mulher tem uma maior susceptibilidade ao tabaco e infelizmente, em Portugal, tem-se assistido a um aumento do número de mulheres que fumam. Na saúde reprodutiva da mulher, fumar tem inúmeros efeitos nefastos: aumenta o risco de infertilidade, torna mais difícil conseguir engravidar e reduz o efeito da fertilização assistida.

Cada vez se torna mais necessário intervir sobretudo na prevenção e reduzir o número de pessoas que experimentar fumar.

A maioria dos fumadores começa a fumar cedo, o que justifica atuar nos grupos de adolescentes e jovens através de medidas de informação e de educação como medida preventiva do tabagismo.

Pensando nos jovens que já iniciaram o hábito de fumar, fumar, uma das medidas que reconhecidamente tem mais impacto na redução do consumo neste grupo etário é o aumento anual do preço do tabaco.

É igualmente importante incentivar uma política livre do fumo do tabaco, reduzindo a exposição e aceitação do tabaco, e apostar em medidas publicitárias desmistificando uma eventual associação entre o tabaco e uma maior aceitação social.

Apesar de todos os malefícios do tabaco, ao deixar de fumar, é possível reverter alguns dos dados provocados e obter benefícios indiscutíveis.

Nos primeiros 20 minutos o ritmo cardíaco desce e normaliza, passadas 12 horas o monóxido de carbono no sangue diminui e 1 mês depois de deixar de fumar o risco de enfarte do miocárdio reduz-se.

Os benefícios continuam-se a sentir todos os anos que se está sem fumar e 15 anos após deixar de fumar o risco de doença coronária é quase igual ao de uma pessoa que não fumou.

Embora em qualquer idade seja benéfico deixar de fumar, quanto mais cedo, mais ganhos se obtém para a saúde, mais anos de vida se adquire e mais anos de vida saudável se consegue conquistar.

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Simpósio da Sociedade Portuguesa de Oncologia
Uma especialista em oncologia defendeu hoje, na Figueira da Foz, a criação em Portugal de um grupo cooperativo de investigação...

Intervindo no primeiro dia de um simpósio promovido pela Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), Fátima Cardoso, que pertence à direção da Sociedade Europeia de Oncologia Médica e é especialista em cancro da mama do Centro Clínico Champalimaud, defendeu a criação de uma instituição que funcione como "chapéu" dos grupos de investigação de diversos tipos de cancro, argumentando que "num país pequeno como Portugal, não faz sentido não ter um [grupo] para tudo".

Fátima Cardoso adiantou que este organismo, a que chamou Grupo Português de Investigação Oncológica, poderia funcionar sob a égide da SPO, admitindo, no entanto, que países de dimensão aproximada a Portugal, como a Bélgica - onde também exerce funções diretivas na Organização Europeia de Investigação e Tratamento do Cancro (EORTC) - não possuem um grupo nacional de investigação.

"Mas tem uma rede de instituições com muita experiência, públicas e privadas", esclareceu.

O primeiro dia da reunião da Sociedade Portuguesa de Oncologia, que decorre até sábado, foi dedicado ao 1º Encontro de Internos e Jovens Especialistas, desafiados por Fátima Cardoso a contribuírem para a criação do grupo nacional: "isto deve ser feito pela nova geração", argumentou.

Antes, em resposta a uma questão suscitada na plateia, que defendia a existência de "tempo protegido" para investigação dissociado da prática clínica, Fátima Cardoso frisou que isso "não existe", nem em Portugal nem noutros países.

"Se estão à espera de ter tempo protegido para a investigação, então não vão fazer nada. [Esse tempo] será à noite, será aos fins de semana, será tempo tirado à família, não será tempo retirado à clínica. Eu nunca tive, nem aqui, nem na Bélgica, nem nos EUA. O que é preciso é simplificar a investigação, de forma a poder ser incorporada na prática clínica", disse a especialista.

O simpósio nacional da SPO é subordinado ao tema "Reflexões para o Futuro" e a comunidade oncológica nacional reúne-se para debater as inovações ao nível do diagnóstico e do tratamento do cancro.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde admitiu hoje recorrer aos setores privado e social para responder a um previsível aumento da procura dos...

“Temos que criar as respostas públicas”, disse o ministro na apresentação do projeto de decreto regulamentar que regula a lei, admitindo que, se for necessário, pode recorrer à “colaboração privada e social, desde que a qualidade e segurança estejam asseguradas”.

“É um dia importante”, afirmou o ministro da Saúde na apresentação do projeto de regulamentação da lei aprovada a 13 de maio pela Assembleia da República e que alargou o acesso de todas as mulheres à Procriação Medicamente Assistida (PMA), quando até então era limitada aos casais com problemas de infertilidade.

A aprovação desta regulamentação surge um dia após o Bloco de Esquerda questionar o Ministério da Saúde sobre o atraso na sua publicação, tendo o ministro da Saúde afirmado hoje aos jornalistas, no final do Conselho de Ministros, de que o mesmo se prendeu com a “sensibilidade” desta matéria.

“Procurámos ser prudentes e cumprir o prazo, mas fazer uma lei tecnicamente validada”, afirmou Adalberto Campos Fernandes.

O projeto de decreto regulamentar hoje aprovado aborda o acesso às técnicas de PMA, as próprias técnicas de procriação, o princípio da não discriminação e o recurso a técnicas de Procriação Medicamente Assistida no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Pretende-se assim concretizar esse acesso sem exclusão, assegurando uma prestação de serviços adequada, segura e não discriminatória, conforme plasmado” na lei aprovada em maio.

Para Adalberto Campos Fernandes, esta regulamentação é “um passo obrigatório” para o SNS começar a construir respostas, as quais “têm de ser intensificadas”.

A principal preocupação do Governo foi, segundo o ministro, garantir e concretizar o direito ao acesso.

O ministro estima que, no início de 2017, a criação e instalação dos centros deve estar regularizada.

Foi ainda aprovada uma alteração à lei que regula a utilização de técnicas de PMA, definindo o destino dos tecidos recolhidos e não utilizados.

Adalberto Campos Fernandes explicou que, nesta matéria, foi aprovada uma proposta de decreto lei que visa regulamentar os tecidos recolhidos e não utilizados, como óvulos e espermatozóides, dado que “é previsível” o aumento da procura das técnicas e do material recolhido.

Segundo o ministro, este material será destruído se ao fim de cinco anos não for utilizado nem reclamado.

Saúde 24
Mais de 1.600 pessoas pediram ajuda para deixar de fumar nos primeiros cinco meses de funcionamento deste serviço da linha...

Segundo os dados divulgados pela Saúde 24, desde o início de funcionamento deste serviço de atendimento “por cessação tabágica” - 20 de maio deste ano - até ao dia 31 de outubro, foram atendidos 1.630 utentes que queriam ajuda para deixar de fumar.

Em maio, registaram-se 79 chamadas especificamente para este fim, que representaram 9% do total de chamadas efetuadas para a equipa de enfermeiros que faz atendimento para “cessação tabágica” na linha saúde 24 (923).

No mês de junho foram atendidas 299 chamadas para deixar de fumar e no mês de julho 434, representando, respetivamente 19% e 28% do total de chamadas atendidas pela equipa.

Julho foi o mês com maior número de pedidos e encaminhamentos, tendo depois começado a descer gradualmente, com agosto a registar um total de 305 chamadas (25% do total).

Em setembro e outubro a queda no número de chamadas continuou, embora de forma ligeira, com tendência a estabilizar: 267 e 246 pedidos para cessação tabágica, representando 22% e 15% do total.

Por género verifica-se que houve muito mais homens a pedir ajuda para deixar de fumar – quase o dobro - do que mulheres.

Nestes pouco mais de cinco meses 1.063 homens solicitaram ajuda para cessação tabágica, contra apenas 567 a fazer o mesmo pedido.

Em ambos os casos se verifica a mesma tendência de o maior número de pedidos de ajuda se ter registado em julho, 124 de mulheres e 310 de homens.

Por idades, a faixa etária que mais recorreu ao serviço da linha saúde 24 para deixar o tabaco foi a dos 35 aos 69 anos (409 mulheres e 733 homens), logo seguida pela dos 18 aos 34 anos (120 mulheres e 254 homens).

Ainda assim houve jovens muito novos a pedir ajuda para deixar de fumar.

Segundo a Linha saúde 24, houve 27 pedidos de ajuda de jovens com idades entre os 14 e os 17 anos (7 raparigas e 20 rapazes).

Também os mais idosos recorreram a este serviço, já que 31 mulheres e 53 homens com mais de 70 anos pediram ajuda telefónica para deixar de fumar.

O serviço telefónico de auxílio à cessação tabágica arrancou em maio deste ano, cumprindo uma diretiva comunitária transposta para a legislação portuguesa e que “obrigou à implementação deste apoio telefónico”, explicou o enfermeiro Sérgio Gomes, coordenador da linha Saúde 24.

Contudo, este serviço irá contar com uma linha telefónica especifica de apoio à cessação tabágica, que vai fazer todo o acompanhamento e orientação do utente durante o processo e que está previsto arrancar em junho de 2017, após concurso público.

Atualmente, o que este serviço faz é atender o utente, fazer uma triagem para perceber se está mesmo interessado em deixar de fumar, se está motivado para isso e se cumpre os requisitos necessários para iniciar o tratamento.

Nesses casos, a equipa da linha reencaminha o utente para o respetivo ACES (Agrupamento de Centros de Saúde) para uma consulta de cessação tabágica.

Hoje assinala-se o Dia do Não Fumador.

Opinião
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo de tabaco na Europa é responsável por 1 milh

Já no nosso país e segundo os dados do Relatório Anual  “Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo em Números 2015”, da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, as estimativas atribuem à exposição activa e passiva ao tabaco a responsabilidade por 12.369 mortes (no ano de 2013).

O referido Relatório indica-nos ainda que uma em cada cinco mortes observadas em pessoas, de ambos os sexos, entre os 45 e os 64 anos, são atribuíveis ao consumo do tabaco.

Devido ao aumento da esperança média de vida e aos efeitos do tabagismo a nível respiratório, Portugal tem vindo a confrontar-se com um incremento de doenças respiratórias crónicas, que impõem uma elevada carga no sistema de saúde, quer no que diz respeito a mortalidade, quer no que se refere à morbilidade.

Pela sua proximidade à população; pelo acesso que pode ter a equipamentos e serviços que permitem fazer um rastreio precoce e sensibilizar para os malefícios do consumo de tabaco, o farmacêutico comunitário é um elemento fundamental na identificação de doenças crónicas, controlo das patologias e, acima de tudo, na prevenção das doenças.

Através da realização de Espirometrias e de Programas de Cessação Tabágica consegue educar, sensibilizar e ajudar o utente a ultrapassar o desafio de deixar de fumar.

É de extrema importância que, durante todo o ano, os profissionais de saúde não se demitam do seu papel de educadores para a saúde.

Durante estas efemérides, como é o Dia Nacional do Não Fumador, os utentes estão mais alerta para as nossas mensagens-chave e percebem que o consumo de tabaco provoca uma perda gradual de qualidade de vida e provoca o desenvolvimento de doenças respiratórias crónicas, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, cancro do pulmão, podendo mesmo levar à morte.

Mais de 90% dos fumadores portugueses iniciaram o consumo antes dos 25 anos, sendo que, cerca de metade nunca fizeram qualquer tentativa para parar de fumar.

O tabagismo constitui um fator de risco, não apenas para o fumador, mas para todos aqueles que se encontram expostos ao fumo do tabaco.

Neste sentido, a propósito do Dia Nacional Sem Tabaco, que se assinala a 17 de novembro, desafiamos os nossos utentes a fazerem uma avaliação respiratória no nosso serviço Respirar Melhor e a deixarem já hoje de fumar, através da realização de uma consulta de Cessação Tabágica.

Lembre-se: um fumador tem, em média, menos dez anos de vida!

Venha ter connosco, nós sabemos como ajudá-lo.  

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Fundação Portuguesa de Cardiologia
A importância do futebol para a saúde, enquanto promotor de saúde e prevenção cardiovascular, será o tema principal do 18.º...

Durante o evento será também apresentada a 1.ª Edição dos Prémios de Investigação Eusébio da Silva Ferreira, uma iniciativa pioneira em Portugal, da Fundação Portuguesa de Cardiologia em parceria com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a associação artEUSEBIOheart. Estes prémios, abertos a todos investigadores portugueses pretendem promover mais e melhor investigação nacional nas áreas da insuficiência cardíaca e morte súbita.

“Estamos muito orgulhosos com mais um Simpósio Anual e com os projetos que serão apresentados. Já que Portugal ganhou o Campeonato Europeu este ano, achámos bastante apropriado abordar o desporto e o futebol em específico, como método para a saúde e prevenção cardiovascular. Atualmente as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal, sendo que a educação para a prevenção se torna cada vez mais urgente” refere o Prof. Doutor Manuel Oliveira Carrageta, Presidente da Fundação. “Neste contexto, o lançamento dos Prémios de Investigação Eusébio da Silva Ferreira ganha particular importância”, conclui.

De acordo com o Dr. Miguel Mendes, Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, “os prémios Eusébio da Silva Ferreira, são uma mais valia para estimular a investigação no campo da Cardiologia do Desporto e para chamar a atenção para a necessidade da avaliação prévia e acompanhamento médico dos desportistas mesmo após terminarem a fase competitiva da sua carreira”.

A artEUSÉBIOheart trata-se de uma associação sem fins lucrativos, criada por familiares e amigos de Eusébio da Silva Ferreira com o objetivo de perpetuar a sua memória. A instituição tem como objeto a promoção de atividades sociais, culturais, recreativas, desportivas, ambientais e científicas. "É precisamente neste último contexto que surge esta parceria com a Fundação e a Sociedade Portuguesa de Cardiologia", sublinhou Carla da Silva Ferreira, diretora do projeto.

A primeira sessão abordará a ligação entre o futebol e a saúde e terá como principais oradores Paulo Beckert, especialista ligado ao desporto e atual médico-coordenador da Unidade de Saúde e Performance da Federação Portuguesa de Futebol e João Brito, especialista em fisiologia e reintegração de atletas, tendo em 2014 trabalhado no Qatar, ligado ao Hospital de Medicina Desportiva e Ortopédica.

Durante o Simpósio será também apresentado o programa EuroFIT (http://eurofitfp7.eu/), um projeto  financiado pela Comissão Europeia, que resulta da colaboração entre centros de investigação de nove universidades europeias, quatro entidades públicas e privadas, e 15 clubes de futebol profissional de primeira liga. Em Portugal o projeto está a ser coordenado pela Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa, e está a decorrer no FC Porto, Sporting CP, SL Benfica, através de um programa de atividade física e alimentação saudável dirigido a grupos de adeptos, sedentários, com excesso de peso, do sexo masculino. Será testado o seu impacto nos adeptos e clubes e potencial disseminação futura.

A segunda sessão terá como tema a prevenção cardiovascular, aliás o motivo destes simpósios. A vitamina D parece ter um papel importante na prevenção cardiovascular e o Prof. Doutor Manuel Carrageta é a figura no âmbito da prevenção cardiovascular que melhores conselhos nos poderá dar.

A paragem cardíaca é sempre um tema com alguma importância em prevenção cardiovascular uma vez que a ressuscitação cardiovascular é um gesto simples que pode salvar uma vida, mas não basta fazê-lo, é necessário fazê-lo bem feito, e a Dr.ª Almudena Moneo irá abordar esse assunto.

Reabilitação é sempre um tema importante quando se fala em prevenção terciária. Permitir uma rápida e melhor integração do indivíduo na sociedade quando já se padece de insuficiência cardíaca é o tema que a Prof.ª Doutora Ana Abreu irá aflorar antes do encerramento dos trabalhos do 18.º Simpósio Anual da Fundação Portuguesa de Cardiologia.

Inquérito
A maioria dos jovens inquiridos para um estudo sobre o cancro desconhece a existência de alguns rastreios a esta doença, o que...

O inquérito, promovido pela Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) no âmbito do simpósio nacional desta organização, que está a decorrer na Figueira da Foz, com o tema “Reflexões para o Futuro”, revelou que apenas o rastreio para o cancro da mama é suficientemente conhecido dos jovens, já que 77 por cento indica que dele tem conhecimento.

No entanto, outros tipos de rastreios ao cancro são pouco conhecidos desta faixa etária (15 e 30 anos), como o do colo do útero, com apenas 34 por cento dos inquiridos a reconhecerem a existência de rastreio para o cancro do colo do útero (papanicolau) e 32 por cento o cancro da próstata (toque retal).

“No caso da colonoscopia, usada no rastreio do cancro colorretal, a percentagem desce para os 12 por cento”, lê-se nas conclusões do inquérito.

O levantamento indica ainda que “a maioria dos jovens portugueses define corretamente o Cancro (75 por cento)” e que “93 por cento não consideram que o diagnóstico de cancro seja sempre uma sentença de morte, enquanto 69 por cento acreditam que o cancro pode ser prevenido”.

“A grande maioria dos jovens portugueses (81 por cento) considera que o cancro tem cura”, lê-se nas conclusões.

Para a presidente da SPO, Gabriela Sousa, “a falta de conhecimento sobre rastreios é preocupante, uma vez que estes são fundamentais para detetar precocemente o cancro, ainda antes do aparecimento dos primeiros sintomas”.

“Sabemos que quanto mais cedo a doença for diagnosticada, maiores são as probabilidades de cura. Os programas de rastreio organizado não têm ainda uma cobertura nacional de 100 por cento, mas é importante que os jovens de hoje, adultos de amanhã, reconheçam aqueles que existem, para potenciar a adesão”, adiantou.

O tema do inquérito vai ao encontro do simpósio (“Reflexões sobre o Futuro”), através do qual a SPO considerou “pertinente” interrogar os mais jovens para compreender quais as suas perceções sobre oncologia.

O inquérito foi aplicado a 254 indivíduos, com idades compreendidas entre os 15 e os 30 anos, residentes em Portugal continental.

Rastreio APDP
Em Portugal, quase metade das pessoas que têm diabetes (400 mil) desconhecem que a têm, pelo que prevenção e rastreios são...

No Dia Mundial da Diabetes, cerca de 300 pessoas passaram pela tenda em que a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) aplicou fichas de avaliação de risco de diabetes tipo 2 e avaliou os olhos das pessoas com diabetes. Resultado: 20% apresentaram grau moderado, elevado ou muito elevado de desenvolver diabetes tipo 2.

Mais vale prevenir que remediar. Assim se intitula o questionário de risco que a APDP tem vindo a aplicar em ações de rastreio por todo o país, ao longo do ano, e no Dia Mundial da Diabetes, em particular. Na Praça Luís de Camões, técnicos da APDP, em conjunto com estudantes de medicina da Universidade de Lisboa, ajudaram as pessoas que se juntaram à ação a responder a questões que permitem perceber o grau de risco de vir a ter diabetes.

Além da indicação da idade, do índice de massa corporal (IMC) e da medida da cintura, colocaram-se questões como: Pratica diariamente atividade física? Com que regularidade come vegetais e/ou fruta? Toma regularmente ou já tomou alguns medicamentos para a hipertensão arterial? Alguma vez teve açúcar elevado no sangue? Tem algum membro de família próximo ou outros familiares a quem foi diagnosticado diabetes (tipo 1 ou tipo 2)? De entre as várias respostas, muitas pessoas referiram ter familiares com diabetes, IMC e perímetro abdominal elevado (pior parâmetro).

“É muito mais eficaz trabalhar na prevenção da diabetes e alertar as pessoas de todas as formas possíveis. O rastreio é a forma mais direta, mas o importante é criar momentos de sensibilização para a doença e para as suas graves consequências, como a retinopatia diabética, à qual também fizemos rastreio na ação do Dia Mundial”, alerta Luis Gardete Correia, presidente da APDP.

Recorde-se que qualquer pessoa pode desenvolver diabetes tipo 2, apesar de haver pessoas com maior risco: pessoas com familiares com diabetes; pessoas com excesso de peso ou sedentárias; mulheres que tenham tido diabetes durante a gravidez ou que tenham tido filhos com mais de 4kg à nascença; pessoas com síndrome metabólico (conjunto de problemas que incluem aumento da cintura, colesterol elevado e hipertensão).

A solução está ao alcance de todos: manter hábitos de vida saudável e levar uma vida ativa, nomeadamente fazendo uma alimentação equilibrada, mantendo o peso normal e andando a pé todos os dias.

Psicóloga revela
Apesar da motivação não ser o segredo para o sucesso escolar, mas sim a estratégia de aprendizagem - que é diferente para cada...

“Um jovem desmotivado terá certamente atitudes pouco ambiciosas, sentir-se-á sem rumo, com baixa auto-estima e humor depressivo e pode mesmo procurar isolar-se. Em última instância, esta falta de motivação pode conduzir ao abandono e desinteresse escolar e mesmo a uma desestruturação familiar provocada pela sensação de fracasso dos pais, mas também dos filhos.”, acrescenta a especialista em coaching para crianças e jovens.

Irritação, tristeza, choro fácil, apatia, doenças regulares e constantes, pensamentos negativos, isolamento e sono exagerado são algumas das alterações comportamentais às quais os pais devem estar especialmente atentos, de forma a procurarem ajuda atempadamente.

A psicóloga Bárbara Ramos Dias revela seis estratégias que os pais devem adotar para motivar os filhos:

1. Os temas mais interessantes ficam mais tempo na memória, logo os pais devem criar estratégias e ângulos de abordagem que tornem as matérias mais próximas dos gostos dos filhos;

2. O estudo deve começar sempre por uma tarefa mais fácil ou mais interessante e se o seu filho estiver 'bloqueado', mais vale ir fazer algo diferente e agradável, como dançar ou correr, para depois regressar com outra vontade;

3. Ajude o seu filho a encontrar o melhor mecanismo de aprendizagem: auditivo, visual ou cinestésico;

4. Ensine-o a estabelecer objetivos reais e a fazer um cronograma com os tópicos da matéria e o tempo necessário de estudo e nunca se esqueça das pausas de 5 ou 10 minutos a cada hora de estudo;

5. Nunca o deixe estudar de barriga vazia e reforce a ingestão de certos alimentos em fases críticas, como brócolos, banana, laranja, maracujá, amêndoas, entre outros.

6. Incentive a prática de desporto para reduzir os níveis de stress e de ansiedade.

21 de novembro - Dia Europeu da Fibrose Quística
Com o objetivo de assinalar e comemorar o Dia Europeu da Fibrose Quística, 21 de novembro, a Associação Portuguesa de Fibrose...

A Fibrose Quística (FQ) é uma doença crónica, hereditária e rara que atualmente afeta cerca de 370 pessoas em Portugal, sendo a maioria crianças.

É causada pela ausência ou defeito de uma proteína denominada regulador de condutância transmembranar da fibrose quística (CFTR) resultado de mutações no gene CFTR, existindo mais de 2000 mutações conhecidas. As crianças têm que herdar dois genes CFTR defeituosos - um de cada progenitor - para desenvolverem a FQ. A deficiente função ou a ausência de proteínas CFTR em pessoas com FQ resulta numa alteração do movimento das trocas de água e sal das células epiteliais de alguns órgãos. No caso dos pulmões, este facto leva à acumulação de um muco anormalmente espesso e viscoso que pode provocar infeções crónicas com danos progressivos que comprometem a função pulmonar.

É uma doença crónica de evolução progressiva, que atinge crianças, adolescentes e adultos jovens. Estima-se que a nível mundial existam 7 milhões de pessoas portadoras da anomalia genética da fibrose quística e cerca de 60.000 com a doença.

Na última década, tem-se assistido a uma evolução gradual dos tratamentos disponíveis, assim como ao aparecimento de novos medicamentos. O avanço que representa esta nova geração de medicamentos vai atenuar a evolução da patologia, contribuindo de forma importante para uma melhor qualidade de vida. Não sendo ainda a cura, permite controlar uma parte importante dos efeitos da doença. A aprovação da sua utilização em Portugal com a comparticipação adequada é urgente.

Outro dos grandes temas em destaque é a fisioterapia e o exercício físico. São considerados uma parte fundamental no tratamento, devendo praticar-se de forma permanente desde o diagnóstico, mesmo nos períodos assintomáticos e ser integrados na rotina diária de cada paciente. O programa de fisioterapia e exercício físico ao domicílio promovida pela APFQ, tem vindo a crescer, trazendo benefícios diretos no bem-estar e na qualidade de vida.

Nesta reunião pretende-se ainda fazer um balanço do trabalho desenvolvido ao longo dos anos pela Associação Portuguesa de Fibrose Quística (APFQ) e uma análise dos benefícios deste tipo de apoio. Os cuidados a ter com a alimentação, a prática de um estilo de vida saudável e a prevenção das infeções estarão também em discussão, evidenciando a importância no tratamento. Para finalizar haverá um espaço dedicado à partilha de testemunhos, histórias e experiências de vida, de pessoas com FQ e familiares que esperamos venham enriquecer esta reunião.

O encontro vai ser transmitido em LIvestreaming através do link para o canal do youtube: https://www.youtube.com/watch?v=c4_5ShXJJgA

Testar. Tratar. Prevenir.
A Semana Europeia do Teste VIH-Hepatites terá este ano lugar de 18 a 25 de novembro. O seu objetivo é sensibilizar a população...

Criada em 2013 pelo HIV in Europe, esta iniciativa faz um apelo à comunidade europeia para reunir esforços durante esta semana de forma a sensibilizar as pessoas sobre as vantagens de conhecer o estatuto serológico para a infeção pelo VIH. Posteriormente, em 2015, a Semana Europeia do Teste alargou o seu âmbito de intervenção em 2015, juntando ao rastreio de VIH, o rastreio às hepatites B e C, prevalentes em alguns dos grupos mais vulneráveis à infeção pelo VIH.

Em Portugal, a iniciativa é organizada pelo GAT – Grupo de Ativistas em Tratamentos e pela Rede de Rastreio Comunitária, em parceria com 21 organizações da sociedade civil.

Na passada edição da Semana Europeia do Teste VIH-Hepatites, foram feitos aproximadamente 2.000 testes de VIH, dos quais 27 tiveram resultado reativo; 400 testes à hepatite B, dos quais 5 tiveram resultado reativo; e 500 testes à hepatite C, com 12 resultados reativos.

Ao longo desta semana, será possível fazer o teste de VIH e hepatites virais em 26 locais em Portugal continental, geridos pelas 21 organizações da sociedade civil (ver mapeamento em anexo). Os testes são gratuitos, rápidos e anónimos.

Só fazendo o teste é possível conhecer o estatuto serológico para estas infeções. Atualmente, com um tratamento adequado é possível curar a infeção pela hepatite C. De igual modo, através de um tratamento precoce e eficaz para a infeção pelo VIH, é possível atingir carga viral indetetável, tornando assim o vírus intransmissível.

Quem deve fazer o teste
A semana do teste é direcionada a populações em maior vulnerabilidade para o VIH e hepatites virais B e C. Esses grupos incluem, mas não estão limitados a: homens que fazem sexo com homens (HSH), migrantes (incluindo pessoas originárias de países com maior prevalência), trabalhadores do sexo, reclusos e utilizadores de drogas injetáveis.

A situação na Europa
A realidade inaceitável é que 30% a 50% dos 2,2 milhões de pessoas que vivem com VIH na Europa não sabem que são estão infetados pelo VIH; e 50% daqueles estão infetados são diagnosticados tardiamente, atrasando o acesso ao tratamento. A Hepatite B e C afeta cerca de 28 milhões de pessoas que são amplamente subestimadas e subnotificadas. Devido à falta de sintomas estas doenças infeciosas são muitas vezes referidas como a epidemia silenciosa.

Isto significa que muitas pessoas não estão a fazer o teste antes de terem sintomas, o que pode acontecer porque existem barreiras a teste, apesar de os benefícios do diagnóstico precoce estarem bem documentados.

O diagnóstico tardio do VIH e/ou hepatite B e C aumenta a propensão para complicações de saúde e a transmissão do vírus para outras pessoas, em ausência do tratamento. Pelo contrário, a maioria das pessoas que são diagnosticadas precocemente (logo após a infeção), e a quem são prescritos tratamentos antirretrovirais em tempo útil, podem viver uma vida saudável e ficarem também completamente livres do vírus se infetados com hepatite C.

Pode consultar aqui informação e listagem dos locais onde se irão realizar ações no âmbito da Semana Europeia do Teste VIH-Hepatites 2016.

17 Novembro – Dia Mundial do Cancro do Pâncreas
A World Pancreatic Cancer Coalition junta entidades de todo o mundo na sensibilização e aumento de conhecimento sobre o cancro...

A investigação no carcinoma do pâncreas recebe menos de 2% de todos os financiamentos para a investigação do cancro na Europa. É urgente inverter esta tendência e potenciar o investimento de forma a melhorar e aumentar a investigação.

Vitor Neves, presidente da Europacolon Portugal, membro fundador da Coligação, lança o repto aos Portugueses: “De acordo com um estudo global, 60% das pessoas desconhecem sintomatologia e áreas de risco sobre o cancro do pâncreas, dado que vem evidenciar a importância do trabalho desenvolvido pela Coligação. A informação e participação dos cidadãos é fundamental para a promoção e a disseminação do conhecimento de forma a podermos potenciar a sua deteção precoce. É importante que os Portugueses se envolvam nesta causa, tratando-se de uma doença que afeta, por ano, no nosso país, cerca de 1300 pessoas e que tem a taxa de mortalidade mais elevada”.

Para 2016, a Coligação preparou a campanha “In It Together” que disponibiliza informação e desafia toda a população a unir-se na luta contra a doença que tem uma taxa de sobrevivência muito reduzida. Apesar de o número de novos casos anuais ser inferior a outros tipos de cancro, se nada for feito, será a quarta causa de morte por cancro no mundo em 2020. Apela-se ao apoio à causa através da partilha de posts, fotografias e a utilização de roupa roxa, cor que representa o cancro do pâncreas, no Facebook, Instagram e Twitter, com a utilização dos tags @worldpancreaticcancerday, @worldpancreatic e hashtag #WPCD. Está, ainda, disponível no Youtube, um vídeo de apoio à campanha para ser partilhado.

Em Portugal, a iniciativa será apresentada numa sessão, inserida no Simpósio Nacional SPO 2016 , promovido pela Sociedade Portuguesa de Oncologia, na Figueira da Foz a 17 de Novembro, pelas 17h30. Neste evento será debatido o impacto do cancro do pâncreas nos doentes, a importância de um diagnóstico atempado e o que se faz na Europa e em Portugal para dar respostas às principais dificuldades dos doentes, cuidadores, especialistas e associações.

O cancro do pâncreas surge quando células malignas no pâncreas, um órgão glandular localizado atrás do estômago, se começam a multiplicar e formam uma massa. Meramente 2 a 10% de pessoas diagnosticadas sobrevivem cinco anos. “O carcinoma pancreático é o único cancro cuja mortalidade tem aumentado em ambos os sexos, comparativamente a outros tipos de cancro, pelo que é essencial promover-se a importância da investigação e desenvolvimento por parte do sector privado e do sector público”, acrescenta o presidente da Europacolon.

Federação Portuguesa de Autismo
As pessoas com autismo consideram-se pontuais, organizadas, competentes e responsáveis, mas também muitas vezes discriminadas...

“Nós queremos sensibilizar os empresários e os empregadores para terem pessoas com autismo a trabalhar com eles”, explicou a presidente da Federação Portuguesa de Autismo (FPDA), destacando que este foi um documento feito por pessoas com autismo que estão ou já estiveram empregadas.

A FPDA avançou então com um projeto de investigação, juntamente com 13 jovens com perturbações do espetro do autismo, dez rapazes e três raparigas, que responderam a um questionário e depois a uma entrevista semi-estruturada, em que apontaram o que deveria ser dito aos empregadores.

As entrevistas tinham vários temas, como a inclusão, os elogios, a discriminação, e, dentro desses temas, há conselhos que as pessoas com autismo dão aos empresários.

“Os chefes têm de aprender a não discriminar. Não somos diferentes, não somos deficientes. Queremos ser tratados de igual para igual, sem tratamento especial”, diz P.P., um dos entrevistados.

Já I.P. pede que o chefe seja simpático com os seus trabalhadores e que não os maltrate, enquanto P.P. refere que um chefe deve ser acessível e democrático.

“Um chefe deve ajudar a estabelecer a comunicação entre os empregados e a entidade empregadora, o que causa um bom ambiente de trabalho”, refere A.A., outro dos participantes no projeto.

“São os conselhos que eles dão aos empresários e cada página tem um conselho, ou seja, como é que devem fazer os elogios, para eles irem trabalhar bem num sítio têm que ser primeiro apresentados às pessoas, etc. Dito por todos”, adiantou Isabel Cottinelli Telmo, presidente da Federação Portuguesa de Autismo.

A.A., por exemplo, achou “importante” ter tido “formação pelo funcionário anterior”, enquanto P.P. gostava que houvesse um “dia de apresentação como há as apresentações na escola, o colega X, o fulano tal, o beltrano, o cicrano”.

R.N., por outro lado, pede que os chefes expliquem “de forma calma” o que querem que ele faça, enquanto M.C. gostava que o avisassem antes de lhe mudarem as funções, porque em cima da hora pode tornar-se “uma grande pressão”.

A.A. também prefere que lhe peçam uma coisa de cada vez, sublinhando que não se sente muito confortável quando tem de fazer duas tarefas ou mais ao mesmo tempo, porque fica sem saber qual delas é prioritária.

Além dos conselhos, o guião tem também ilustrações que foram feitas por uma pessoa com autismo, no caso um funcionário da FPDA, que “tem um dom especial para o desenho” e que já fez vários cursos na área.

O guião é hoje apresentado no decorrer do seminário “Sei Trabalhar”, na União das Associações de Comércio e Serviços, em Lisboa, para mostrar que as pessoas com autismo são pontuais, organizadas no trabalho, persistentes na tarefa, competentes, responsáveis e respeitadores das hierarquias.

A presidente da FPDA espera que, com este guião, possa haver mais empresários e empregadores a contratarem pessoas com autismo, pois só “uma percentagem baixíssima” é que está inserida no mercado de trabalho.

Uma das psicólogas ligadas ao projeto frisou que as pessoas com autismo “são capazes de uma maior adaptação do que aquela que por norma é pensada”.

“Por norma, as pessoas pensam que seria melhor um sítio mais calmo [para as pessoas com autismo trabalharem], por exemplo, mas eles têm-nos surpreendido imenso com as respostas que deram, já que foi possível verificar que muitos deles gostavam de trabalhar ao ar livre”, revelou Rita Santos, mestre em psicologia clínica.

Para a responsável, esta pode ser uma ferramenta para que mais empregadores contratem pessoas com autismo, salientando que há ainda muita discriminação, quando alguém assume que tem esta síndrome.

Estudo
O risco de carcinoma cerebral ou leucemia na criança pode ser diminuído em 24% através da redução de radiação nos exames...

O estudo "Otimização dos níveis de dose em Tomografia Computorizada (TC) pediátrica", que vai ser apresentado em livro, na quinta-feira, estabelece os níveis de referência de diagnóstico e a otimização dos valores de dose de radiação nos exames pediátricos em Portugal.

"A investigação permitiu alertar os profissionais, implementar novas práticas nos exames de radiologia e diminuir o risco associado à radiação a que as crianças estão expostas quando necessitam de realizar exames de TC", refere um comunicado da Escola Superior de Tecnologia e Saúde de Coimbra (ESTeSC).

Citada no documento, a autora, Joana Santos, professora de imagem médica e radioterapia, refere que, "na última década, o uso da TC pediátrica aumentou consideravelmente", expondo as crianças a "parâmetros de exposição semelhantes aos de adulto".

A docente alerta que "na pediatria o efeito da exposição à radiação é maior" e acrescenta que existem estudos que "apontam no sentido de uma Tomografia Computorizada crânio-encefálica aumentar três a quatro vezes a probabilidade da criança vir a desenvolver um carcinoma cerebral ou uma leucemia".

Segundo o comunicado da ESTeSC, à data do início do estudo, em 2011, Portugal não possuía valores de dose de referência para exames de TC, "pelo que o ponto de partida foi uma análise nacional que permitiu a definição da frequência de exames de TC, a caracterização do parque tecnológico e a determinação de Níveis de Referência de Diagnóstico".

"Posteriormente, foram analisados os valores de dose em TC pediátrica nos três centros de referência pediátrica do país: Hospital Dona Estefânia, do Centro Hospitalar Lisboa Central, Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (dois hospitais exclusivamente pediátricos) e o Centro Hospitalar São João", explica a nota.

De acordo com o estudo, o trabalho experimental identificou parâmetros que permitem a "redução da dose média de 13% a 65% sem uma redução na qualidade da imagem, permitindo estabelecer os níveis de referência em Portugal para exames de tomografia de adultos e pediátricos".

"Os resultados foram comunicados aos departamentos clínicos das instituições analisadas, que passaram a implementar estes valores", acrescenta o comunicado.

A autora realizou testes de otimização com simuladores que representam recém-nascidos, crianças de cinco e 10 anos de idade, permitindo assim adequar os protocolos utilizados aos diferentes grupos etários.

A especialista Joana Santos explica que, no caso das TC, tem de existir uma adequação do procedimento ao paciente por parte do técnico, de acordo com características físicas, como, por exemplo, se são magros ou obesos.

No caso de crianças, a variabilidade oscila entre a criança de colo até ao adolescente.

A otimização das várias etapas do procedimento também envolveu a melhoria dos protocolos e de um dos ‘softwares’ utilizado.

Comparando os Níveis de Referência de Diagnóstico de TC pediátrica nacionais obtidos no início e no fim do estudo, a ESTeSC adianta que se obteve uma redução de 24% dos valores de dose de radiação.

Esses valores foram já utilizados como referência nacional para o cálculo dos Níveis de Referência de Diagnóstico Europeu de TC pediátrica, no âmbito da campanha de promoção de proteção radiológica no espaço europeu.

Estudo
As pessoas de classe social mais baixa, com menos escolaridade e com profissões manuais fumam mais e vivem em média menos dez...

O sociólogo e enfermeiro estudou ao longo de um ano dois mil óbitos e o percurso da vida inteira dessas pessoas e percebeu que as desigualdades sociais, mais do que as diferenças de género ou geográficas, são determinantes na saúde e no tempo de vida.

Em média, as pessoas de classes sociais mais elevadas, com maior escolaridade e com profissões técnico-científicas vivem em média mais dez anos do que os trabalhadores de profissões manuais, com menos estudos e de classes sociais mais desfavorecidas.

Para estes resultados de saúde contribui em grande parte o tabaco, uma vez que as pessoas com mais escolaridade deixaram maioritariamente de fumar antes dos 65 anos, ao passo que os mais pobres fumam mais e durante mais tempo, muitas vezes até ao fim da vida, sendo que morreram mais cedo do que os que deixaram de fumar.

De acordo com Ricardo Antunes, os comportamentos tabagistas estão frequentemente associados ao álcool e a profissões ligadas à indústria, à agricultura e à construção civil.

A baixa escolaridade destas pessoas leva a que acreditem que fumar e beber só faz mal aos outros, não a quem é forte, não a pessoas que têm profissões de risco e de força, explica.

Mais do que isso, é mesmo um comportamento de grupo, de aceitação, e até os jovens nessas profissões começam a fumar e a beber cedo, porque há todo um contexto que os conduz a esses comportamentos.

“Nas profissões relacionadas com o risco físico – como o trabalho em andaimes ou com tratores – o fumar e beber é quase um prolongamento do risco. É uma representação de força, é só para os fortes. Os consumos de risco têm esse paralelismo por isso: são pessoas que podem arriscar”, explicou o sociólogo.

Já as pessoas com maior escolaridade e pertencentes a classes sociais mais altas, que têm profissões técnico-científicas e mais ligadas a serviços - como médicos, advogados, professores, arquitetos -, tendem a deixar de fumar em determinada altura da vida, normalmente ainda antes dos 65 anos.

Excluindo o surgimento de doença, que é um fator que também se revelou determinante para a cessação tabágica, estas pessoas deixam de fumar porque “têm uma perceção mais profunda das coisas” e têm consciência do risco real desse tipo de consumo.

“A escolarização ajuda a destruir mitos”, explica o sociólogo, acrescentando que as pessoas mais informadas acabam por querer adotar, em determinada altura, um estilo de vida mais saudável.

São pessoas que deixam de fumar e esta cessação do tabaco vem associada a uma mudança mais vasta de comportamentos.

“As pessoas adotam outras representações. Mudam tudo. Deixam de fumar e reduzem o consumo de álcool, nos casos em que bebiam em excesso (este foi um padrão claro encontrado nos óbitos] e procuram fazer uma alimentação mais saudável”, disse o investigador.

Há a opção por uma “saúde mais preventiva, mais estratégica”, em que as pessoas tentam “antecipar-se ao surgimento da doença”.

Outro fator diferenciador entre as duas classes é a “autonomia”, pois são os mais escolarizados que têm vidas e profissões com mais liberdade e este revelou-se um aspeto associado também à escolha de deixar de fumar.

Os profissionais de trabalhos mais duros, não só os referidos, mas também outros de componente industrial – como caixas de supermercado ou trabalhadores de call-centers -, muito rotinizado, com as mesmas vestes, com níveis de liberdade reduzidos e autonomia quase nula, encontram-se igualmente entre os grandes fumadores, acrescentou.

Pulmonale
O consumo de tabaco diminuiu 5% desde a alteração da lei, e apesar de haver menos rapazes fumadores, continua a aumentar o...

Os dados foram revelados por António Araújo, presidente da Pulmonale (Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão), que se mostrou preocupado com este novo fenómeno, que terá consequências na próxima década.

“O consumo do tabaco, com a mudança da lei, diminuiu cerca de 5% e verifica-se neste momento que, em termos de juventude, os rapazes fumam menos e as raparigas mais e isto poderá ter impacto nos próximos anos em termos de incidência de cancro de pulmão”, afirmou.

Segundo o responsável, que falava na véspera do Dia Mundial do Não Fumador, atualmente os números de cancros de pulmão “continuam a aumentar, ligeiramente, mas a aumentar”, nesta fase “à custa do cancro do pulmão na mulher”, que começou a fumar mais tarde e, portanto, os cancros começam a aparecer mais tarde.

Além disso, os novos fumadores são menos rapazes e mais raparigas, o que vai ter impacto na próxima década em termos de incidência de cancro de pulmão: “no homem estaremos para atingir o platô nos próximos anos, mas vai continuar a subir na mulher”.

De acordo com os dados atuais, surgem todos os anos cerca de quatro mil novos casos de cancro do pulmão e morrem à volta de 3.700 pessoas por ano com a doença.

“Em termos globais, o cancro do pulmão é o quarto mais incidente (a seguir ao da mama, da próstata e do colo-rectal), mas é o que mais mata”, disse.

No entanto, salvaguardou que as terapêuticas hoje disponíveis e os avanços da medicina têm contribuído para uma ligeira diminuição da sua mortalidade, embora o prognóstico continue a ser “sombrio”.

António Araújo lembrou que a principal causa de cancro do pulmão ainda é o tabaco, em cerca de 85% dos casos, e lamentou que a Assembleia da República (AR) não tenha aprovado recentemente a proposta de lei de alteração à lei do tabaco, que incluía mais medidas de proteção aos não fumadores, nomeadamente face às novas formas de fumar, o cigarro eletrónico e o cigarro por aquecimento.

“Não aprovou mas, pior, ainda houve deputados na AR que consumiram cigarros eletrónicos dentro do hemiciclo durante a discussão do projeto de lei, mostrando não só falta de educação como iliteracia em saúde”, acusou.

Quanto à argumentação de que não está provado que os cigarros eletrónicos sem nicotina sejam prejudiciais, o presidente da Pulmonale considera que “só demonstra ignorância”, pois nem as tabaqueiras “têm sequer a veleidade de afirmar isso”.

Quanto aos cigarros por aquecimento, que só se vendem através da internet, o responsável sublinhou que a própria marca fabricante “assume que provoca ação deletéria no organismo, como os próprios cigarros eletrónicos têm compostos prejudiciais ao organismo”.

O responsável lembrou que o cigarro eletrónico mesmo sem nicotina continua a ter outros compostos químicos cancerígenos, enquanto o cigarro por aquecimento tem, em vez de recarga líquida, uma recarga de tabaco sólido que é aquecida a 300º.

“Estamos a brincar com a saúde das pessoas, são deputados que têm obstruído a passagem da lei do tabaco. Não se pretende proibir de fumar, mas sim proteger saúde de não fumadores e que se promova a educação das pessoas”, desabafou.

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