Infarmed
Duas dezenas de países europeus, entre eles Portugal, estiveram envolvidos na publicação de um artigo que avalia a necessidade...

O artigo “Payers’views of the changes arising through the possible adoption of adaptative pathways”, publicado na revista Frontiers in Pharmacology, a 28 de Setembro de 2016, e em que participou Ricardo Ramos, da Direção de Avaliação de Tecnologias de Saúde, analisa um novo modelo de autorização de introdução no mercado a título condicional: Medicines Adaptive Pathways to patients (MAPPs).

Este mecanismo de aprovação, em estudo pela Agência Europeia do Medicamento, é o foco deste artigo, que envolve reguladores e financiadores do sector da saúde de vários países europeus. Entre as preocupações expressas estão a reduzida evidência e o risco acrescido de os doentes serem expostos a tratamentos para os quais existem menos dados de segurança e eficácia. O mesmo se passa em relação ao financiamento, porque se torna complexa a avaliação do seu valor e do seu custo, dada a limita evidência disponível.

Os autores alertam para a necessidade de garantir que os MAPPs sejam concedidos em casos excecionais, quando não há alternativa de tratamento e em que é expectável que o novo medicamento seja uma inequívoca mais-valia. No caso de o medicamento não cumprir as expectativas, deverá também haver um processo claro de saída ou uma eventual retirada do financiamento.

Este artigo pretendeu ser um ponto de partida para uma discussão mais pormenorizada sobre a aplicação dos MAPPs, não pretendendo criar barreiras de acesso, mas sim gerar equidade e segurança no acesso aos novos medicamentos por parte do doentes europeus.

Estudo
Quase metade das 5,9 milhões de mortes de crianças com menos de cinco anos registadas em 2015 ocorreram no primeiro mês de vida...

Publicado na revista científica The Lancet, o estudo, que apresenta os dados mais recentes sobre a mortalidade infantil em 194 países, conclui que 5,9 milhões de crianças morreram em 2015 antes dos cinco anos, 2,7 milhões das quais eram recém-nascidas.

Globalmente, em 2015 houve menos quatro milhões de mortes infantis do que em 2000, em grande parte devido à redução da mortalidade associada à pneumonia, à diarreia, à morte durante o parto, à malária e ao sarampo (todas caíram mais de 30% entre 2000 e 2015).

No entanto, embora o número de mortes de recém-nascidos tenha diminuído de 3,9 milhões em 2000 para 2,7 milhões em 2015, o progresso na redução da mortalidade neonatal (nos primeiros 28 dias de vida) foi mais lento do que nas crianças entre um mês e cinco anos.

Isto resultou num aumento da proporção de recém-nascidos entre a mortalidade infantil, de 39,3% em 2000 para 45,1% em 2015.

Se as mortes de recém-nascidos tivessem caído ao mesmo ritmo das mortes de crianças entre um mês e cinco anos, o mundo teria alcançado o Objetivo de Desenvolvimento do Milénio de reduzir a mortalidade infantil em dois terços entre 1990 e 2015, o que não aconteceu.

O estudo destaca também as desigualdades no progresso registado no mundo, com as taxas de mortalidade infantil a variarem entre 1,9 e 155,1 mortes por mil nascimentos, e 60,4% (3,6 milhões) de todas as mortes a ocorrerem em 10 países.

Apesar dos progressos, as principais causas de morte entre as crianças foram as complicações devido a parto prematuro, (17,8%, 1,1 milhões de mortes), pneumonia (15,5%, 0,9 milhões de mortes) e morte durante o parto (11,6%, 0,7 milhões de mortes).

Em 2015, os países com maiores taxas de mortalidade infantil (mais de cem mortes por cada mil nascimentos) foram Angola, a República Centro-Africana, o Chade, o Mali, a Nigéria, a Serra Leoa e a Somália.

Nestes países, as principais causas de morte foram a pneumonia, a malária e a diarreia, pelo que os investigadores recomendam investimentos para promover o aumento da amamentação, a disponibilização de vacinas e a melhoria da qualidade da água e saneamento.

Em comparação, nos países com menores taxas de mortalidade infantil (menos de dez mortes por cada mil nascimentos), incluindo a Rússia e os EUA, as principais causas de morte foram anomalias congénitas, complicações devido ao parto prematuro e lesões.

Os investigadores recomendam por isso a melhoria da deteção e tratamento das anomalias congénitas, dos cuidados de saúde durante a gravidez e o parto e mais investigação sobre a eficácia das intervenções em casos de lesão.

Citada num comunicado da The Lancet, a autora principal do estudo, Li Liu, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, nos EUA, reconheceu que a sobrevivência infantil "melhorou substancialmente desde que os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio foram definidos, embora a meta de reduzir em dois terços a mortalidade infantil não tenha sido alcançada".

"O problema é que este progresso foi desigual e a taxa de mortalidade infantil permanece elevada em muitos países. É necessário um progresso substancial nos países da África subsaariana e no sul da Ásia para se alcançar a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", disse.

Relatório revela
Quase 400 crianças morrem diariamente de sarampo no mundo, apesar de a vacinação ter permitido reduzir o número de mortes em 79...

"Fazer o sarampo passar à história não é missão impossível", disse Robin Nandy, responsável pela imunização na Unicef, citado num comunicado conjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Unicef, da Aliança para a Vacinação (Gavi) e dos centros de prevenção e controlo de doenças dos EUA (CDCP).

"Temos os instrumentos e o conhecimento para fazê-lo; o que nos falta é a vontade política para alcançar cada criança, esteja ela onde estiver. Sem este compromisso, as crianças vão continuar a morrer de uma doença que é fácil e barato prevenir".

A Unicef, a OMS, o Gavi e o CDCP estimam que as campanhas de vacinação do sarampo e um aumento da cobertura da vacinação de rotina tenham permitido salvar 20,3 milhões de jovens vidas entre 2000 e 2015, mas o progresso não é equilibrado.

Em 2015, cerca de 20 milhões de crianças não foram vacinadas e estima-se que 134 mil tenham morrido da doença.

A República Democrática do Congo, a Etiópia, a Índia, a Indonésia, a Nigéria e o Paquistão representam metade das crianças por vacinar e 75% das mortes por sarampo.

"Não é aceitável que milhões de crianças fiquem por vacinar todos os anos. Temos uma vacina segura e muito eficaz para parar a transmissão do sarampo e salvar vidas", disse Jean-Marie Okwo-Bele, diretor do departamento de imunização da OMS.

O responsável lembrou que a região das Américas foi este ano declarada livre de sarampo, "o que prova que a eliminação é possível".

"Agora temos de acabar com o sarampo no resto do mundo. Começa com a vacinação", afirmou.

O presidente do Gavi, Seth Berkley, lembrou que o sarampo é um bom indicador da robustez dos sistemas de imunização dos países e "muitas vezes funciona como o canário na mina de carvão, com os surtos a servirem de alerta para problemas mais graves".

"Para abordar as doenças evitáveis através da vacinação mais mortíferas precisamos de compromissos fortes por parte dos países e dos parceiros para aumentar a cobertura vacinal e os sistemas de vigilância", afirmou.

O sarampo, uma doença viral altamente contagiosa que se transmite por contacto direto e pelo ar, é uma das principais causas de morte entre as crianças pequenas a nível mundial, mas é evitável com duas doses de uma vacina segura e eficaz.

No entanto, surtos da doença em vários países, provocados por falhas na imunização de rotina e em campanhas de vacinação, continuam a ser um problema: só em 2015 registaram-se surtos no Egito, Etiópia, Alemanha, Quirguistão e na Mongólia.

Opinião
Estima-se que as doenças crónicas afetem cerca de 50% da população portuguesa.

Por este motivo, os farmacêuticos comunitários, enquanto profissionais de saúde que estão mais próximos da população, têm como principal missão promover e participar ativamente na promoção da saúde, na deteção precoce de fatores de risco, na prevenção e gestão da doença e no acompanhamento e monitorização das terapêuticas.

Através da nossa farmácia, a comunidade local usufrui de um atendimento personalizado, um aconselhamento diferenciado e da plena disponibilidade dos Serviços de Saúde, nomeadamente: Consulta farmacêutica; Preparação Individualizada da Medicação; Administração de vacinas; Check Saúde; Nutrição; Pé Diabético; Podologia; Dermofarmácia; Marcação de exames e Reabilitação auditiva.

A intervenção dos nossos profissionais vai muito além da dispensa do medicamento, pois promovemos o aumento da literacia em saúde e a educação para uma melhor qualidade de vida. Acima de tudo, acompanhamos as pessoas com doença crónica, ajudando a melhor gerir a sua condição.

Atualmente, a nossa intervenção tem uma função social muito marcada, somos parceiros e parte integrante nos níveis de saúde do utente e selamos o compromisso de contribuir para a diminuição dos indicadores de mortalidade e morbilidade das doenças na localidade.

Atuamos junto dos lares, organizando sessões sobre a diabetes e que contam com a participação dos nossos enfermeiros. As creches, escolas primárias e secundárias podem contar com o nosso apoio e formação sobre inúmeros temas como a nutrição, o tabagismo, a pediculose, a contraceção ou os cuidados a ter com o sol.

No dia 10 de novembro celebramos o nosso 8º aniversário.

É um orgulho fazer parte de um grupo de 400 farmácias que tem uma filosofia e um posicionamento centrado nas pessoas e no acompanhamento diário dos doentes crónicos, através da disponibilização de soluções integradas de saúde.

É com orgulho que dizemos que, na nossa Farmácia, “trocamos uma receita médica por mais qualidade de vida” e que juntos fazemos a diferença.

Venha celebrar connosco, temos um presente especial para si!

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Uma equipa de investigadores da Fundação IVI apresentou um estudo, durante o Congresso anual da Sociedade Americana de Medicina...

Substâncias como a daidzeína e a genisteína, denominados fitoestrógenos presentes em produtos derivados da soja, como o leite, os iogurtes, o tofu e o miso, assim como o metilparabeno, que se encontra em muitos produtos cosméticos, empobrecem a qualidade espermática, e, portanto, a capacidade reprodutora.

Este estudo piloto, em que participaram 25 voluntários masculinos, pretendia analisar o efeito de poluentes ambientais – disruptores endócrinos – e outras substâncias como os fitoestrógenos sobre a frequência de aneuploidias ou alterações numéricas nos cromossomas dos espermatozoides, e por tanto na sua qualidade.

A Dra. Susana Alves, diretora do Laboratório de Andrologia do IVI Lisboa, explica “os disruptores endócrinos são agentes externos com os quais qualquer pessoa tem contacto, pela simples razão de viver em sociedade, e que afetam o nosso equilíbrio hormonal. Investigações como esta contribuem para esclarecer em que medida estamos expostos e como afetam a capacidade reprodutiva do homem, permitindo tomar medidas para aumentar as possibilidades de êxito dos tratamentos de procriação medicamente assistida.”

O estudo consistiu em determinar, mediante um questionário completo, a que contaminantes estão expostos habitualmente os dadores de sémen, para posteriormente, medir a presença destas substâncias no sangue, urina e esperma. A equipa de investigadores descobriu que um alto nível destes disruptores endócrinos no sémen pode dar origem a espermatozoides com um número inadequado de cromossomas.

Estas anomalias são responsáveis, por exemplo, por uma má mobilidade dos espermatozoides e de outras malformações, algo que influi negativamente na capacidade reprodutora destes dadores.

Numa fase futura da investigação, o objetivo será reproduzir o estudo em mulheres e avaliar se estes agentes também influem na sua capacidade para a reprodução.

Administração Regional de Saúde do Centro
A população do concelho de Coimbra passou a estar totalmente coberta por Unidades de Cuidados na Comunidade, depois da abertura...

Segundo a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), a maior Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) do concelho de Coimbra começou a sua atividade na quarta-feira.

“A UCC Coimbra Saúde abrange 13 freguesias, cobrindo a totalidade da população inscrita nos centros de saúde de Eiras, Fernão de Magalhães e Santa Clara, estimada em 66.203 utentes”, refere.

A ARSC sublinha que, “a partir de agora, a população do concelho de Coimbra está totalmente coberta por estes cuidados”.

Integrada no Agrupamento de Centros de Saúde Baixo Mondego (ACES BM), a UCC Coimbra Saúde é coordenada pela enfermeira Maria de Fátima Guerra e tem uma equipa multidisciplinar (nove enfermeiros, médico, fisioterapeuta, psicólogos, técnica superior de serviço social e dietista), funcionando diariamente das 08:00 às 20:00.

“Destinada a prestar cuidados de saúde e intervir no âmbito da prevenção da doença e na promoção da saúde junto da população da sua área de influência”, a UCC vai desenvolver projetos no âmbito da saúde escolar, saúde mental, de prevenção e controlo da diabetes, de intervenção em pessoas, famílias e grupos vulneráveis e assistência em cuidados continuados integrados.

De acordo com ARSC, no concelho de Coimbra já funcionam as UCC Norton de Matos, S. Martinho e Celas.

“Com a abertura da UCC Coimbra Saúde, eleva-se para 11 as unidades de cuidados na comunidade integradas no ACES BM”, acrescenta.

No âmbito dos seis ACES da área de influência da ARSC, existem 56 UCC em atividade, que permitem uma cobertura estimada de 1.500.000 habitantes.

Saúde oral
A Câmara Municipal de Lisboa apresentou o programa "Sorrir não custa", iniciativa que pretende melhorar a saúde oral...

O programa junta o município e a Plataforma Global, e pretende ser posto em prática "ainda este ano, mas sem data para terminar", afirmou o vereador dos Direitos Sociais, João Afonso.

"O objetivo será identificar o problema, diagnosticar e começar a intervir passo a passo para melhorar as condições de vida destas pessoas", acrescentou.

João Afonso referiu, também, que "a Câmara vai ser um facilitador para implementar este programa", que "não terá custos para o município".

O autarca apontou, ainda, que "a Câmara vê com muito entusiasmo a implementação deste programa", uma vez que "existem dentistas que apoiam os sem-abrigo de forma pontual, mas não existia nada que permitisse fazê-lo de forma sistemática".

O projeto conta também com o apoio do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) de Lisboa, e será um trabalho articulado com as equipas técnicas de rua, mais próximas destas pessoas.

Segundo o diretor clínico, o projeto "Sorrir não custa" consistirá em "identificar as pessoas que precisam de ajuda, educá-las a nível da higiene oral e tratá-las através de implantes dentários, sempre que possível".

Paulo Varela observou que "muitas pessoas queixam-se que não vão a entrevistas de emprego por não terem os dentes em condições".

Por isso, "o processo é mais profundo" e passa também por "melhorar a autoestima" destas pessoas, observou o dentista.

Esta ideia foi partilhada por João Afonso, que acrescentou que "a degradação da imagem dificulta a integração" das mais de 800 pessoas que estão nestas condições, na cidade de Lisboa.

Estudo
A psicóloga forense Catarina Ribeiro realçou a necessidade de se reforçar a aproximação entre a magistratura e as ciências do...

Ao apresentar um estudo que realizou nesta área, a profissional do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) disse que se verifica, entre juízes e magistrados do Ministério Público, uma “forte adesão a práticas baseadas em crenças e não na evidência científica”.

Este é um dos fatores que “poderão favorecer a emergência de fenómenos de vitimação secundária das crianças envolvidas nestes processos”, segundo as conclusões da investigação de Catarina Ribeiro, que trabalha na Delegação do Norte do INMLCF.

A psicóloga forense intervinha no âmbito da III Conferência do INMLCF, que decorre no auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra até sexta-feira, tendo apresentado a comunicação “Valorização das perícias psicológicas na decisão judicial em casos de abuso sexual – Perspetivas, experiências e processos psicológicos de magistrados”.

Para desenvolver o trabalho, Catarina Ribeiro entrevistou 52 magistrados portugueses dos dois sexos, sendo 27 procuradores e 25 juízes, adstritos a comarcas do Continente e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

“Este é um estudo de natureza qualitativa”, esclareceu, escusando-se a “fazer generalizações para o contexto nacional ou internacional”.

O trabalho evidencia uma “elevada heterogeneidade entre as crenças dos magistrados sobre as capacidades de testemunhar da criança e sobre os elementos a valorizar nas perícias”.

Esta conclusão, segundo a profissional do INMLCF, implica uma “harmonização de procedimentos”, com “padrão ético de excelência, competência científica dos peritos e harmonização de práticas”.

“Analisar a forma como os magistrados perspetivam e experienciam a sua atividade profissional em casos de abuso sexual de crianças no contexto intrafamiliar” era um dos objetivos gerais do estudo.

Catarina Ribeiro pretendeu também “identificar fatores que influenciam a decisão judicial” e “compreender o processo de construção das decisões judiciais, identificando processos psicológicos” que os magistrados adotam nestes casos.

Como objetivo específico, quis igualmente “compreender como são valorizadas a colaboração dos psicólogos e as perícias psicológicas na decisão judicial”, com base nas perspetivas e experiências dos magistrados.

Considerada “a mais importante reunião científica do setor” em Portugal, a conferência anual do INMLCF foi realizada pela primeira vez em 2014 e “tem vindo sempre a crescer”, segundo a organização.

Na edição deste ano, pela primeira vez, o encontro decorre durante três dias, em vez de apenas dois, a que se junta, no sábado, a realização de três cursos pós-conferência, subordinados aos temas “Violência doméstica: aprender a reconhecer” (curso teórico), “Sínfise púbica e idade à morte em antropologia forense” (curso teórico-prático) e “Técnica avançada de dissecação do pescoço” (curso prático).

Ainda no sábado, durante a tarde, decorre a II Reunião de Coordenadores de Gabinetes Médico-Legais e Forenses.

Estudo
Em poucos dias, dois macacos com uma lesão parcial na espinal medula recuperaram o movimento da perna paralisada. É mais um...

Uma equipa de cientistas usou um interface neurológico, sem fios e em tempo real, para restabelecer a comunicação entre o cérebro e a medula lesionada de dois macacos rhesus e conseguiu, em poucos dias, que os primatas voltassem a andar. É a primeira vez que uma neurotecnologia restaura a locomoção e foi em primatas, mas ainda há um caminho até chegarmos a uma aplicação nos humanos. Os resultados da experiência são publicados esta quinta-feira na revista científica Nature.

Para que uma perna ou um braço se mexa, o cérebro tem de enviar uma ordem até à medula que, por sua vez, descodifica os sinais e envia a informação para os músculos que executam o movimento. Quando há uma lesão na medula, escreve o jornal Público, o cérebro pode enviar a mensagem, mas ela é travada no local da lesão. Sem comunicação, o resultado é a paralisia. Neste caso, os macacos que foram usados na experiência tinham “apenas” uma lesão parcial que lhes paralisou uma das pernas. Sem a intervenção a que foram sujeitos, a recuperação deste tipo de lesões é possível mas costuma demorar pelo menos um mês e muitas sessões de fisioterapia.

Na imagem que acompanha o artigo na Nature, Grégoire Courtine, neurocientista do Instituto Federal Suíço de Tecnologia e um dos autores do trabalho, segura um modelo em silicone de um pequeno cérebro de um macaco rhesus com o que parece ser um minúsculo chip colado à superfície gelatinosa. Este sensor foi desenvolvido no projeto internacional BrainGate.

O conjunto de elétrodos é uma das principais peças de um complexo sistema que restaurou a comunicação entre o cérebro e a medula espinal (onde também foi inserido um implante que faz a estimulação com impulsos elétricos) nos dois macacos que, assim, recuperaram o movimento da marcha numa perna paralisada. Em apenas seis dias, um dos macacos já andava numa esteira e no chão e o outro fê-lo uns dias depois.

“Desenvolvemos um interface cérebro-medula que descodifica a intenção motora expressa por sinais cerebrais, contorna a lesão, e envia a informação para a medula para reproduzir os movimentos de marcha pretendidos” explica Grégoire Courtine num vídeo. Mas, para restabelecer a comunicação entre o cérebro e a medula, foi preciso aprender a linguagem que o cérebro usa para dar a ordem de marcha.

“Inserimos uma centena de elétrodos numa pequena região do córtex [do tamanho de uma moeda] que controla o movimento da perna e enviámos a informação que registámos nos neurónios para um computador que decifrou [através de algoritmos] a intenção motora dos primatas baseando-se nos seus sinais. Ou seja, a extensão e flexão da perna”, explica.

Depois é simples: o computador envia esta informação para um estimulador implantado na medula (no local abaixo da lesão) que, por sua vez, transmite a mensagem para o sítio correto e no timing certo, conseguindo reproduzir o movimento de extensão e flexão da perna.

“Fazer a ligação entre a descodificação do cérebro e a estimulação da medula – fazer com que esta comunicação exista – é algo completamente novo”, refere Jocelyne Bloch, neurocirurgiã no Hospital Universitário de Lausanne e também uma das autoras do artigo. Sem esconder o entusiasmo, a cientista nota: “Pela primeira vez, posso imaginar um doente paralisado a ser capaz de obedecer às ordens do cérebro através deste interface.” Grégoire Courtine é mais cauteloso: “É a primeira vez que uma neurotecnologia restaura a locomoção em primatas, mas ainda há muitos desafios pela frente e, por isso, teremos de esperar vários anos até que esta intervenção se transforme numa terapia para humanos.”

Num comentário na Nature, Andrew Jackson, do Instituto de Neurociência da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, reconhece a importância do “passo em frente” dado por esta equipa. Porém, também admite que ainda há alguns desafios decisivos que é preciso superar até conseguirmos que estes interfaces neurológicos consigam registar os sinais do cérebro de uma forma robusta e estável. Depois, nota ainda, este trabalho não mostra se esta intervenção seria capaz de restaurar a marcha em casos de lesões mais graves que paralisam as duas pernas, e que são os mais comuns. Por fim, diz Andrew Jackson, falta perceber se os macacos conseguiram manter o controlo do equilíbrio, da direção e evitar obstáculos, que são essenciais para uma locomoção eficaz.

Apesar das limitações, este trabalho é mais um passo em frente numa área que recentemente tem revelado muitos e rápidos progressos. A ciência já mostrou bons resultados com sistemas que conseguiam traduzir a atividade cerebral em sinais motores para aparelhos, como braços robóticos, e até para membros superiores paralisados na sequência de uma lesão na medula.

Com todos estes avanços, e tendo em conta que os sensores usados nas experiências já estão aprovados para uso em humanos, Andrew Jackson conclui que não é insensato especular que as primeiras demonstrações clínicas de um interface entre o cérebro e a medula surjam antes do final desta década.

Cientistas alertam
Mais de um em cada seis casos de cancro de mama em mulheres (17%) começa com sintomas diferentes de um caroço, o indício mais...

O alerta foi feito numa conferência em Liverpool, em Inglaterra, esta semana.

Os investigadores informam que as mulheres devem estar atentas a outros sinais de alterações na área da mama, como nas axilas, braços e mamilos, para que em caso de alterações procurarem assistência médica de forma precoce.

A investigação, apresentada na conferência anual do National Cancer Research Institute, examinou os sintomas de 2.300 mulheres diagnosticadas com cancro de mama em Inglaterra entre 2009 e 2010.

Além de corresponderem a um sexto dos diagnósticos, as mulheres que apresentaram sintomas que não eram caroços demoraram mais de três meses para procurar um médico, o que diminui, segundo os especialistas, o sucesso ou hipótese de tratamento.

Existem vários sintomas do cancro de mama, como alterações e inflamações nas axilas e braços, infeções no tecido mamário, sangramento, prurido, dores, entre outros.

Monica Koo, uma das investigadoras e autoras do estudo, aponta o tempo como um fator determinante no tratamento e cura do cancro. "É crucial que as mulheres estejam cientes que o caroço não é o único sintoma do cancro de mama. Se elas estão preocupadas com qualquer sinal diferente na mama, a melhor coisa a fazer é procurar um médico. Diagnosticar o cancro cedo é realmente a chave para aumentar as hipóteses de sobrevivência", explicou a cientista.

Estudo
Investigadores do EpidStat Institut, nos EUA, garantem que as pessoas que o fazem têm 12% menos probabilidades de vir a sofrer...

Uma série de novos estudos divulgados nos últimos dias nos Estados Unidos da América (EUA) enaltece os benefícios nutricionais dos ovos. Além de, alegadamente, não contribuírem para o aumento da taxa de colesterol, também reduzem os riscos de acidente vascular cerebral (AVC). Um grupo de investigadores do EpidStat Institut acaba de afirmar que ingerir um ovo por dia pode fazer diminuir essa percentagem em 12%.

No âmbito deste estudo, uma meta-análise, os cientistas reagruparam uma série de trabalhos de investigação realizados nos últimos anos e chegaram à conclusão que este alimento tem ainda a vantagem de fazer diminuir o risco de doenças coronárias, escreve o Sapo. “Os ovos têm muitas propriedades nutricionais positivas, incluindo antioxidantes conhecidos por reduzir o stresse oxidativo e a inflamação”, assegura Dominik Alexander.

“São também uma excelente fonte de proteínas, tradicionalmente associadas a uma pressão arterial mais fraca”, sublinha o coordenador do novo estudo. Além da luteína, este ingrediente é rico em zéaxantina de origem natural e vitaminas E, D e A. “A vitamina E reduz o risco de crises cardíacas futuras nas pessoas que sofrem de doenças coronárias e a luteína evita a obstrução das artérias”, garantem ainda os especialistas.

Estudo
Um estudo da University of Alabama at Birmingham, nos EUA, que será apresentado amanhã, defende que concentrar as refeições num...

A indicação está longe de ser a politicamente correta mas, segundo um grupo de investigadores da University of Alabama at Birmingham (UAB), nos Estados Unidos da América (EUA), concentrar mais as refeições diárias, em vez de as espaçar, faz acelerar o metabolismo. De acordo com os especialistas, fazer um lanche reforçado e saltar o jantar, não ingerindo mais nada até ao dia seguinte, pode ter efeitos benéficos na redução de peso.

“As pessoas com quilos a mais que comem diariamente numa janela temporal menor têm menos variações de apetite e queimam mais gordura em certos períodos durante a noite”, afirma o site HealthDay News que, sublinha, no entanto, que “o estudo é pequeno e ainda não são conhecidas as consequências [que esse comportamento] pode ter no peso [de uma pessoa]”. Courtney Peterson, coordenadora da investigação, defende-se.

A professora assistente de ciências da nutrição da UAB diz, segundo o Sapo, que a hipótese que aventa não é a cura para a obesidade mas pode ser um ponto de partida para um estudo mais aprofundado. Os testes realizados em animais revelaram que, quando submetidos ao que chamaram “early time-restricted feeding”, uma restrição alimentar antecipada, perderam massa gorda e viram os riscos de doença crónica diminuir.

Como foi feito o estudo
O estudo preliminar dirigido por Courtney Peterson, que é apresentado amanhã no encontro anual da The Obesity Society, em Nova Orleães, acompanhou 11 pessoas, homens e mulheres obesos, com uma média de idade de 32 anos e um índice de massa gorda (IMC) de 30. Numa primeira fase da pesquisa, durante quatro dias, só podiam comer entre as 08h00 e as 14h00. Na segunda fase, que teve a mesma duração, podiam alimentar-se entre as 08h00 e as 20h00.

Sob a supervisão dos especialistas, os voluntários ingeriram sempre o mesmo número de calorias. Depois, os cientistas avaliaram a evolução e o impacto do número de calorias gastas, da gordura queimada e das alterações em termos de apetite e de aceleração do metabolismo. “O facto de concentrarem os alimentos num menor período horário não teve influência no número total de calorias consumidas”, refere a docente.

Estudo
Após uma meta-análise que envolveu 11 estudos, cientistas chegaram à conclusão que poucas horas de sono influenciam o apetite e...

Essa relação já tinha sido observada por especialistas, mas a análise publicada no "European Journal of Clinical Nutrition", do grupo Nature, confirma a hipótese. Os estudos incluem pessoas com privação parcial do sono que dormiam entre três horas e meia e cinco horas e meia por noite.

A meta-análise conclui que, segundo o Sapo, quem passa menos tempo na cama consome, em média, 385 calorias a mais por dia - o equivalente a um hambúrguer simples com queijo.

A explicação é que dormir pouco pode desregular as hormonas relacionados com o apetite, como a grelina e a leptina, aumentando a vontade de comer.

Por outro lado, os cientistas apontam outros motivos: o consumo extra de calorias pode ser provocado pelo organismo que ao querer recarregar energias envia sinais ao cérebro que podem ser interpretados como fome e não como necessidade de dormir.

Os cientistas explicam ainda que quem está em privação do sono tende a procurar prazer imediato, refugiando-se em comida. A procura por alimentos mais calóricos tem também a ver com a desregulação hormonal, diz Francisco Tostes, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, citado pelo jornal Extra.

Os especialistas da "National Sleep Foundation", uma organização não-governamental com sede em Washington, Estados Unidos, defendem que um adulto deve dormir em média entre sete a oito horas por noite, de maneira a evitar desregulações hormonais e outros problemas de saúde.

Web Summit
Um aparelho de poucos centímetros que pode analisar a atividade cerebral, agora só possível em instituições ligadas à saúde e...

“A ideia é ajudar a saúde mental, monitorizando e treinando a atividade cerebral”, explicou um dos seus criadores, Ricardo Gil da Costa, que hoje vai apresentar a invenção na conferência de tecnologia a decorrer em Lisboa, a Web Summit

Ricardo será o orador num painel chamado “Mobilising mental health: A brain interface for everyday life” (Mobilizar a saúde mental: um interface cerebral para todos os dias), onde vai explicar o conceito e os avanços da iniciativa, a ser desenvolvida pela empresa que criou nos Estados Unidos, onde trabalha, a Neuroverse. Mas já explicou à Lusa que o aparelho, que se conecta com um telemóvel ou um tablet, pode ajudar em doenças como Parkinson ou Alzheimer, entre outras.

Licenciado em biologia, Ricardo é doutorado em neurociências, trabalhou como investigador em institutos nacionais de saúde norte-americanos, dedica-se à investigação e criou a empresa com base no que já fazia, o estudo e monitorização de vários tipos de sinais cerebrais.

“Temos conhecimentos que não estão a ser utilizados e temos problemas de aumento exponencial de doenças como Alzheimer ou Parkinson. Há um aumento de longevidade e o cérebro não acompanha essa longevidade”, disse, lembrando que aliado ao sofrimento desses doentes há um custo de tratamento também muito elevado.

Faltava por isso, afirmou, um sistema de monitorização do cérebro do ponto de vista neurofisiológico , que se faz nos hospitais (muitas vezes quando a doença já está em fase muito avançada), que se faz através de encefalografias , sempre sistemas muito caros e que exigem muitas estruturas e pessoal especializado.

Por isso Ricardo propõe um pequeno aparelho, que se põe na testa, e que se faz tudo isso em casa, que é acessível a qualquer bolsa e que pode medir aspetos como a atenção ou a memória. E de uma forma lúdica, até com jogos, permitindo que os resultados sejam enviados ao médico.

“Percebemos que não podia ser só um aparelho e criámos todo um ecossistema. Tinha de haver uma base de dados que permitisse, ao recolher as ondas cerebrais, analisar e fazer uma avaliação”. Isso faz-se com uma ligação a um telefone e Ricardo diz que a variedade de componentes não tornam os testes aborrecidos, podendo-se construir os tais jogos.

E depois, porque ainda não há em quantidade, a ferramenta permite recolher dados “em larga escala” e com isso desenvolver mais os estudos sobre a atividade cerebral.

A Neuroverse, explicou também, tem em fase final um estudo sobre esquizofrenia e tem projetos de investigação em áreas como a depressão, desordens de stress, desordens pós-traumáticas e Alzheimer.

Mas é do aparelho, o Brain Station, ou Interface Cerebral, e da aplicação associada, a Brain Vitals, que se falará hoje. Não é um meio de diagnóstico nem serve para curar mas monitoriza o cérebro, como hoje monitorizam a tensão muitos aparelhos que as pessoas têm em casa (que também não curam).

Ricardo diz que um teste básico pode demorar entre três a cinco minutos, e que é sempre lúdico. O aparelho, esse, é em forma oval, com uma espessura que ronda um centímetro e um peso irrisório

“A Neuroverse traz-lhe a interface do cérebro de amanhã”, escreve a empresa na sua página na Internet. Nas palavas de Ricardo Gil da Costa o amanhã pode ser dentro de um ano.

Relatos na primeira pessoa
Assim que António recebeu a confirmação de que tinha um tumor maligno apressou-se a ver o mar e a encontrar outro horizonte que...

Em 1991, António Coelho, de Coimbra, recebeu a confirmação de que uma deformação no seu polegar esquerdo era um tumor maligno.

Nesse momento, o engenheiro eletrotécnico deparou-se de frente com "uma certa finitude da vida". O horizonte encolheu-se e sentiu que à sua frente havia apenas uma parede, "de onde não ia passar".

"Fui internado e, no caminho até à enfermaria, onde ia ser operado, tudo era escuro e estava a notar um fim à minha frente", conta o sobrevivente de 61 anos, que vai relatar a sua experiência e as dificuldades que encontra no 2.º Congresso Nacional do Sobrevivente de Cancro, que decorre na sexta-feira e sábado, em Coimbra.

Assim que saiu do internamento, com o braço ao peito, pediu apenas à sua mulher para que fossem almoçar à Figueira da Foz, em frente ao mar, "para que os meus horizontes fossem aqueles".

Desde então, procura que o horizonte que encontra seja "o grande e não o pequenino", ganhando com este caminho difícil um "apreciar diferente de todas as pequenas coisas".

"Olhamos para a vida não com a intensidade da pressa, mas com calma, apreciando cada coisa", explica aquele que é um dos 350 mil sobreviventes de cancro em Portugal (estimativa da Liga Portuguesa Contra o Cancro).

Vinte anos depois, António voltou a ter um tumor no mesmo polegar e optou pela amputação da falange. Três anos passados, foi-lhe diagnosticado cancro da próstata.

"Outra vez? Outra vez, comigo?", questionou-se na altura, sublinhando que é importante encarar a doença "com frieza e pragmatismo e não fugir nem esconder".

No entanto, no meio do processo, há sempre um "certo sofrimento em silêncio e uma certa revolta interior".

Pela deteção precoce, não teve de passar por tratamentos que envolvessem radioterapia ou quimioterapia. Porém, teve de optar pela remoção da próstata, devido ao seu historial clínico.

A remoção trouxe "consequências" para a vida em casal, mas procura-se outro equilíbrio "em coisas belas da vida", como por exemplo a sua neta, que lhe enche a casa "de bonecada".

"Vejo a vida como algo que devemos aproveitar, que devemos lutar ao máximo, não com bens materiais, mas com os amigos e com a família. Isso é o mais importante", sublinha Tiago Sales, que sobreviveu a um cancro com apenas 15 anos de idade.

Na altura, não entrou em pânico, nem nunca lhe passou pela cabeça "que fosse morrer". Em parte, essa postura deveu-se a não ter associado a palavra tumor a cancro - pensava que eram coisas distintas.

"Quando ouvimos falar em cancro, a reação é muito pior. Quando me apercebi que tinha um cancro, tive de mudar a minha postura", afirma o jovem de 23 anos, a viver em Penela, que enfrenta alguns problemas "a nível de memorização e concentração", que lhe complicam o dia-a-dia.

Todavia, "quem está nisto, tem de mostrar força e vontade", notou, sublinhando que os sobreviventes acabam por vestir "a pele de uma pessoa que é forte e capaz", mesmo quando atravessar um corredor pareça uma "maratona".

Olga Braz, da Guarda, pensou mais na sua mãe do que nela, quando soube que tinha um linfoma no pescoço depois de ter passado por um cancro da mama em 2000. Não queria preocupar a sua mãe, explica a professora aposentada.

"Nunca me questionei, porquê a mim. Punha-me diante do espelho e dizia ‘tu vais vencer’. Todos os dias de manhã: tu vais vencer, tu vais vencer, tu vais vencer".

No entanto, há também quebras, momentos em que "é preciso lavar a alma, em que é preciso chorar", explica.

Esses momentos são também uma forma de quebrar "a ansiedade, a angústia, o medo - porque há medo, há sempre medo", realça.

"A palavra cancro pesa. Ainda hoje, pesa bastante e a palavra morte está lado a lado", sublinha Olga, que, depois de sobreviver à doença por duas vezes, é hoje coordenadora regional do movimento Vencer e Viver, que apoia mulheres que passam por essa experiência.

A sobrevivente de cancro encontrou "horizontes diferentes" depois da doença: começou a escrever - algo que tinha sempre adiado -, passou a relativizar os seus problemas e aguçou a sua sensibilidade perante aquilo que a rodeia.

"Reparamos numa flor no jardim ou na pessoa que nos diz bom dia", conta Olga, que hoje, 16 anos depois do primeiro diagnóstico, encontra mais histórias de sucesso de luta contra uma doença que deverá afetar cada vez mais portugueses.

Câmara de Lisboa
As instituições de Lisboa sem fins lucrativos que confecionem comida para os utentes e tenham refeitório podem candidatar-se ao...

Em parceria com a Direção-Geral da Saúde, a Câmara Municipal de Lisboa vai preparar um "manual pedagógico sobre nutrição e preparação de refeições", que deverá ser seguido pelas instituições, cooperativas e associações que se candidatem entre 16 de novembro e 16 de dezembro.

Após uma candidatura através do ‘site' do município, informou a diretora do Departamento para os Direitos Sociais da Câmara Municipal, a instituição "receberá uma visita dos serviços para validar a sua inscrição" e receberá o manual que deve seguir.

De seguida, realizam-se "ações de sensibilização e capacitação das equipas", continuou Susana Ramos, pelo que as instituições dispõem de seis meses para implementar os requisitos.

Depois da adaptação, será entregue o Selo Saudável e a monitorização de cada refeitório prolonga-se durante um ano.

Segundo o município, "este projeto insere-se na promoção de boas práticas ao nível da oferta alimentar, higiene, saúde e segurança, no âmbito da intervenção em saúde e gestão da oferta alimentar".

"Queremos dar-vos ferramentas para que possam ajudar quem vos procura", frisou Susana Ramos, perante uma plateia repleta de representantes destas instituições.

Os objetivos deste projeto passam por "aumentar a literacia alimentar e nutricional da população de Lisboa", "desenvolver mais conhecimento", e conseguir oferecer uma "alimentação mais digna e rica possível".

"Estamos a falar de instituições que trabalham com populações habitualmente mais carenciadas", referiu a diretora.

Este projeto-piloto foi apresentado no Centro Social da Musgueira, numa apresentação à qual se seguiu um ‘workshop' centrado em formas saudáveis de cozinhar.

A ementa teve salmão, acompanhado por esmagada de grão-de-bico e salada de cenoura e courgette, e uma sobremesa de pera e iogurte. Alguns dos convidados presentes participaram na sua confeção, conduzidos por um chef.

"Já estamos ansiosos por saber mais e para aderir", afirmou Ana Barata, responsável do Centro Social da Musgueira.

Também presente, e em representação da Direção-Geral da Saúde, Sofia Sousa apontou que "para muitas famílias é mais fácil comer mal do que comer saudável", pelo que as "autarquias têm um papel fundamental na promoção da alimentação saudável".

Considerando que esta é uma "iniciativa excecional, que pode mudar a vida de muitos lisboetas", a responsável ofereceu apoio técnico à sua implementação e afirmou esperar que "possa ser replicada noutros pontos do país".

Fator de risco com mais peso no desenvolvimento de doença cardiovascular
Em Portugal a prevalência desta doença tem apresentado um crescimento marcado, tendo sido estimada em 11,7% em 2009 e em cerca...

Nas últimas décadas têm-se observado níveis crescentes de obesidade infantil e juvenil, verificando-se, também, o aumento da incidência de Diabetes Mellitus tipo II abaixo dos 18 anos. Esta realidade é decorrente do aumento global da prevalência de obesidade, sedentarismo e de um maior consumo de calorias, factos que predispõem ao desenvolvimento de Diabetes.

A Diabetes resulta do défice de produção de insulina (Diabetes tipo I) de causa autoimune ou da incapacidade do organismo utilizar corretamente esta hormona (Diabetes tipo II), habitualmente relacionada com a obesidade e o sedentarismo.

É a insulina que permite a passagem da glicose (o principal açúcar existente no sangue) do sangue para o interior das células, fornecendo-lhes assim a energia necessária ao seu funcionamento. A falta de insulina ou a resistência à sua ação aumenta os níveis de glicemia no sangue, com repercussão ao nível de todos os órgãos e sistemas do organismo devido a alterações nas paredes arteriais.

É considerado um problema grave de Saúde Pública devido à alta morbilidade e mortalidade relacionadas com as suas complicações, onde se salientam as doenças cardiovasculares que são a principal causa de morte nos indivíduos diabéticos, bem como as doenças da visão e renais.

Diversos fatores de risco para a saúde cardiovascular, como hipertensão arterial, dislipidemia e obesidade, estão habitualmente associadas à Diabetes que, por sua vez, potencia o aparecimento ou o agravamento destes mesmos fatores de risco. Daí o maior risco de ocorrência de eventos cardiovasculares como enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e obstrução de artérias, especialmente dos membros inferiores (Arteriopatia Periférica). O risco de sofrer um enfarte do miocárdio aumenta 40% nos homens diabéticos e 50% nas mulheres com esta alteração metabólica.

No Dia Mundial da Diabetes, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para a importância de manter um estilo de vida saudável, baseado em atividade física regular, alimentação saudável e controlo do peso corporal. Além destes cuidados, é também necessário o controlo de outros atores de risco associados às doenças cardiovasculares, como tabagismo, hipertensão e hipercolesterolemia. Tudo isto é necessário para diminuir a prevalência de Diabetes Mellitus na população em geral e para melhorar os níveis elevados de glicemia nos diabéticos, reduzindo desta forma a morbilidade e a mortalidade associada.

Nas palavras do Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Dr. Miguel Mendes, "A diminuição da prevalência da Diabetes Mellitus na população portuguesa, particularmente em jovens adolescentes, deve ser um desígnio nacional, para reduzir o previsível aumento dos encargos futuros do SNS e, para que a atual evolução positiva da mortalidade cardiovascular também se mantenha na próxima geração." 

Descriminalização de droga
O diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Ativos e nas Dependências admitiu hoje que gostaria de ter mais...

“Gostaríamos de ter condições para reforçar o pessoal disponível (…), mas [as Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT)] estão a funcionar, estão operativas, estão a melhorar a sua 'performance', em termos de encaminhamentos e de conclusões de processos. É um dispositivo importante”, declarou o diretor do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Ativos e nas Dependências (SICAD), João Goulão, à margem de um encontro intitulado “Descriminalização 15 anos depois”, que decorre hoje na cidade do Porto.

João Goulão diz que o modelo português para a descriminalização de droga se diferencia pelas CDT, mas também pelas instituições de reabilitação que recebem as pessoas direcionadas pelas CDT.

As CDT não funcionam se não tiverem para onde encaminhar, alerta o diretor-geral do SICAD.

Há atualmente 18 CDT a funcionar em cada capital de distrito de Portugal Continental, uma CDT na Região Autónoma da Madeira e três CDT nos Açores.

O modelo português de descriminalização assenta na criação das CDT, que são órgãos administrativos situados mais próximos do Ministério da Saúde do que do Ministério da Justiça, e que “servem um bocado como porta giratória ou como plataforma de envio dos utilizadores de drogas para as respostas de saúde ou da área social de que mais carecem”, explicou João Goulão.

“Este modelo é realmente original e penso que não é um modelo exportável diretamente, mas tem inspirado algumas medidas tomadas por outros países e esperamos que continue a inspirar”, conta João Goulão.

O diretor do SICAD diz que o modelo é um “laboratório vivo”, que é "muito estudado e muito acarinhado pelos estrangeiros que vêm cá ver como é que fizemos, como é que estamos a fazer", e inspirou algumas mudanças entretanto já ocorridas em alguns países europeus, como por exemplo a República Checa”.

Termina hoje o encontro "Descriminalização 15 anos depois", na Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, onde, durante dois dias, se discutiu temas como o "Contexto Social e Político da Descriminalização", "As CDT: da operacionalidade à afirmação" ou "A perspetiva Internacional da descriminalização".

Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência
A diferença do modelo português para a descriminalização da droga em relação a outros países é a reabilitação estar sob a...

Em entrevista, no âmbito de um debate que decorre hoje no Porto sobre “Descriminalização 15 anos depois”, Brendan Hughes, analista no Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, sintetiza que a grande diferença entre o modelo português, em relação a outros países, é o facto de em Portugal se pensar em primeira instância na “reabilitação” debaixo da alçada do Ministério da Saúde e só depois na punição.

“Em Portugal, é tudo feito debaixo do Ministério da Saúde, porque normalmente os outros países têm isso [diminuição de penas e encaminhamento para a reabilitação], mas estão dentro das competências do Ministério da Justiça ou de outros ministérios que apenas pensam nas penas, em primeiro lugar, e só depois na reabilitação", refere Brendan Hughes.

Para aquele analista do Observatório Europeu da Droga, a “diferença” é a existência das Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT), organismos que assentam no princípio “antes tratar que punir”.

Há 18 CDT a funcionar em cada capital de distrito de Portugal Continental e nas Regiões Autónomas da Madeira (1) e dos Açores (3) e o objetivo é reforçarem a perspetiva de priorizar a promoção da saúde.

“Em Portugal, o que faz a diferença e a torna única é a reabilitação e não a punição”, reiterou Brendan Hughes, na sua intervenção na palestra “A perspetiva internacional da descriminalização”, referindo que, na Grécia, por exemplo, quem for apanhado com droga para consumo próprio, tem de cumprir uma pena de prisão de cinco meses, mas fica com o cadastro limpo.

Também Nuno Pontes, da Universidade de Pittsburgh, reconheceu que a saúde pública vem em primeiro lugar em Portugal, ao contrário do Reino Unido, onde a dissuasão é feita pelos castigos e o tratamento é feito através do sistema de Justiça.

“O objetivo curativo tem de ser posto acima de qualquer ato punitivo", defendeu Nuno Pontes, referindo que a descriminalização tem de ter uma “abordagem humanista”.

Segundo Nuno Pontes, no Reino Unido a situação atual sobre a descriminalização de drogas é “complexa” e ainda mais ficou com o “Brexit”.

Num estudo realizado no Reino Unido, Nuno Pontes enumerou que foi recomendada a existência de algum consenso político, tal como se deve adotar uma visão de “longo prazo para que os programas não terminem com os sucessivos governos” britânicos.

“Incorporar desenvolvimento de políticas, submeter estratégias a avaliações e envolver profissionais na elaboração de políticas no processo” são outras das recomendações para o Reino Unido, acrescentou aquele especialista, classificando o modelo português como “uma luz”.

Em 2017
O Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses prevê a abertura, em 2017, de um concurso nacional para psicólogos...

“Perspetivamos para o próximo ano um concurso nacional para psicólogos forenses, que, pensamos, solucionará” definitivamente o problema da falta de especialistas desta área com que o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (IMLCF) se tem debatido, anunciou hoje o vice-presidente da instituição, João Pinheiro.

O responsável falava na sessão de abertura da III Conferência Anual do INMLCF, que decorre até sexta-feira, no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra.

O concurso ainda não foi aberto por “manifesta impossibilidade de recursos humanos”, explicou João Pinheiro, adiantando que os respetivos técnicos do instituto “estão atualmente a braços com o concurso anual de peritos para o triénio 2017-2020”, através do qual serão “recrutados psiquiatras forenses”.

A psiquiatria e a psicologia forenses são áreas que têm registado nos últimos anos, sobretudo desde “há quatro/cinco anos, um aumento exponencial [dos pedidos] de perícias”, circunstância que se explica, em grande medida, com o aumento da esperança de vida da população, disse o vice-presidente do Instituto, em declarações aos jornalistas, à margem da sessão.

Na delegação Centro do INMLCF, os exames estavam com um tempo de resposta de “mais de seis meses”, provocando “sucessivas e justas reclamações dos utentes e dos tribunais”, exemplificou João Pinheiro, sublinhando que o instituto teve de recorrer à contratação de profissionais de psicologia e de psiquiatria, em regime de “prestação de serviços”, para atenuar os problemas.

A situação “ainda não está totalmente resolvida”, mas “está hoje muito mais controlada”, acrescentou, referindo que as marcações de exames na Delegação Centro do INMLCF estão a ser feitas com “o prazo de um mês”.

Outra das dificuldades com que o instituto se debate, e que tem afetado “seriamente a gestão dos recursos médicos”, relaciona-se com “a estagnação das carreiras médicas, persistindo ainda há mais tempo do que a colocação dos jovens especialistas”, no âmbito do Ministério da Saúde, cujos concursos, mesmo “durante a austeridade” foram desbloqueados, salientou o vice-presidente do INMLCF.

“Não lográmos ainda, apesar dos nossos esforços, vencer esta batalha", essencialmente por “razões que são mais técnico-jurídicas do que por falta de vontade política”, disse aos jornalistas João Pinheiro, depois de, na sua intervenção, na sessão de abertura da conferência, ter afirmado que o instituto tem “contado com a inestimável colaboração” da secretária de Estado adjunta e da Justiça, Helena Mesquita Ribeiro, que já “assegurou estar o assunto muito bem encaminhado".

O presidente do INMLCF, Francisco Brízida Martins, deteve-se, na abertura da conferência, sobre esta iniciativa que o instituto quer que continue a ser “o maior fórum em Portugal, nas áreas da medicina legal e das ciências forenses”.

O encontro resulta do “compromisso assumindo em 2014, de realizar anualmente uma iniciativa que seja fundamentalmente pretexto à troca de saberes que confluem nas duas áreas fundamentais” da missão do INMLCF: assegurar “serviços periciais médico-legais e forenses” e a “coordenação científica da atividade no âmbito da medicina legal e das demais ciências forenses” e, por outro lado, “promover a formação, a investigação neste domínio”, referiu.

 

A edição deste ano da Conferência – cuja duração de três dias (dois nas reuniões anteriores) visa permitir designadamente a apresentação dos cerca de 160 trabalhos – conta com a participação de mais de quatro centenas de inscritos, sublinhou Francisco Brízida Martins, antes de destacar alguns momentos do programa do encontro que termina ao final da manhã de sexta-feira.

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