Crianças com diabetes vão ter bomba de insulina
O programa está repartido por três anos para que até 2019 todos os doentes até aos 18 anos tenham resposta. No próximo ano todas as crianças até 10 anos terão uma bomba de insulina: serão pelo menos 230. A medida, publicada em Diário da República uma semana antes do Dia Mundial da Diabetes - que se assinala a 14 - cumpre uma resolução do Parlamento de 2015.
A diabetes tipo 1 é a mais comum entre as crianças e jovens. É uma doença autoimune, em que o pâncreas não consegue produzir a insulina necessária, obrigando a tomas de insulina obrigatórias. Em 2014 estavam contabilizados 3365 casos de diabetes tipo 1 em jovens até aos 19 anos. Atualmente já se prevê o acesso das crianças até aos cinco anos à bomba de insulina, tal como a disponibilização de 100 bombas para adultos com diabetes tipo 1 por ano e mais 30 para grávidas na mesma situação a pretender engravidar.
No despacho, o Ministério da Saúde reconhece que "o número de dispositivos atribuídos anualmente encontra-se aquém das necessidades detetadas", razão pela qual criaram este plano a três anos. Em 2017 irá de abranger todos os doentes até 10 anos, em 2018 os doentes até 14 anos e em 2019 os doentes até aos 18 anos. Todos eles considerados prioritários. "Têm a vida toda pela frente e o que pretendemos é que tenham menos complicações, mais qualidade de vida. Os doentes inscritos no programa de atribuição de bombas de insulina como elegíveis até aos 10 anos rondam os 230, entre os 11 e os 14 anos são cerca de 350 e entre os 15 e os 18 anos são 390. A que se somam os novos casos a cada ano", diz ao Diário de Notícias Cristina Valadas, coordenadora do Programa Nacional para a Diabetes.
"A bomba de insulina é sem dúvida o melhor tratamento. O que queremos é levar ao maior número de pessoas este tipo de tratamentos. Infelizmente os recursos são limitados", explica a responsável , referindo que podem acontecer casos de doentes com diabetes tipo 1 não elegíveis por não conseguirem ligar com o dispositivo: "As bombas têm de ser programas pela própria pessoa ou pelo cuidador diariamente".
João Filipe Raposo, diretor clínico da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, explica que a bomba vai libertando pequenas doses de insulina ao longo do dia permitindo o melhor controlo do açúcar no sangue e substituir as cinco ou mais doses diárias de insulina do mecanismo tradicional. "Até agora estávamos limitados pelo número de bombas disponíveis. A partir de agora o objetivo é traçado pela população alvo. É a resposta a uma necessidade há muito sentida. Na Europa existem experiências diferentes, alguns países têm distribuição a quase 100%, outros a 25% nestas idades. Nós estamos entre os 35 e os 5% de cobertura dessa população", aponta.
Não se conhece a estimativa de custos, mas o despacho refere que a compra dos dispositivos e do material necessário será feita de forma centralizada pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e serão os centros de tratamento já identificados (cerca de 14) a dar as bombas aos doentes.