Diretor-geral da Saúde
O diretor-geral da Saúde, que deixa o cargo em outubro, esteve para encerrar a Quinta do Lago por causa de um mosquito, passou...

Ao fim de uma dúzia de anos como diretor-geral da Saúde, Francisco George deixa a administração pública e termina uma carreira de 44 anos ao serviço de um Estado que, acredita, é hoje muito melhor.

Em entrevista, recordou que entrou na DGS em 2000, para “dar um impulso na saúde ambiental”. Hoje, é o mais antigo funcionário deste organismo onde, aliás, tinha começado a sua carreira, em 1975.

Desde 2000, viu passar oito ministros da Saúde, alguns dos quais seus amigos e companheiros dos primeiros tempos de escola e de exercício da Medicina. Não sabe indicar qual o melhor, mas acredita que um dia fará uma grelha que culminará nessa eleição.

Enquanto Autoridade de Saúde foi chamado a decidir em várias situações, mas Francisco George não tem dúvidas de que foi o surto de ‘legionella’, em Vila Franca de Xira, em 2014, responsável por 11 mortos, que lhe tirou o sono.

“Foram mais de 400 doentes, quase metade teve de ser assistida em cuidados intensivos. Percebemos, e demos uma lição a todos, que Portugal tem um Serviço Nacional de Saúde (SNS) fantástico”, disse.

Segundo Francisco George, os resultados foram também “muito positivos” na investigação da fonte do problema, que “era a principal preocupação”.

“Ao fim de poucas horas foi possível perceber o que se estava a passar, encerrar, do segundo para o terceiro dia, a fábrica que estava a emitir as partículas contaminadas com essa bactéria”, disse.

Para Francisco George, “foi uma situação muito grave que mobilizou todos os meios e teve um grande apoio político”: “Conseguimos, ao fim de 15 dias, declarar o fim da epidemia”.

Uma das primeiras preocupações enquanto DGS deu-se no “pico” do verão de 2004, no Algarve, com um alerta vindo da Irlanda de que dois cidadãos daquele país apresentavam encefalite após estadia em Portugal e que o agente suspeito era o vírus do Nilo.

A infeção por vírus do Nilo Ocidental é transmitida através da picada de um mosquito. Uma em cada cinco pessoas infetadas exibe doença febril e um em cada 150 desenvolve meningite, encefalite ou meningoencefalite.

“Tivemos de demonstrar que os mosquitos estavam infetados. Fizemos o cálculo do número de picadas de mosquito preciso para provocar um caso de doença e fomos ver quem podia ter 500 picadas. Concluímos que são os que observam a natureza, nos postos de observação de aves. Os irlandeses em causa tinham, de facto, estado num posto de observação de aves ao fim da tarde e tinham sido martirizados por mosquitos”.

O posto foi encerrado e, mais tarde, a Quinta do Lago era identificada como local da infeção, o que obrigou ao uso de inseticidas, mesmo contra a vontade do então organismo que tinha a tutela das culturas e proteção vegetal.

“Tomei a atitude de usarmos os inseticidas para proteção humana. A proteção vegetal é muito importante, mas neste caso estava em causa a proteção humana”, disse.

Numa ação que contou com “um grande apoio de Luís Filipe Pereira”, na altura ministro da Saúde, a situação foi resolvida sem o fecho da Quinta do Lago, o qual esteve eminente.

A ameaça do bioterrorismo e do “pó branco”, a pandemia de gripe A, o susto do dengue, os casos sempre alarmantes de meningite, a tosse convulsa, a hepatite A e o sarampo foram alvo da política de saúde pública nos últimos anos e contaram com decisões, nem sempre fáceis, de Francisco George.

Quando Portugal, à semelhança de outros países europeus, se confrontou este ano com um surto de hepatite A, o DGS não teve dúvidas: “Prejudicámos os viajantes, aqueles que iam fazer viagens e tinham indicação para ser protegidos”.

Isto porque a Direção-Geral de Saúde decidiu concentrar o ‘stock’ de 12 mil vacinas que estavam distribuídas nas farmácias “a favor do controlo da epidemia”.

“Era preciso parar com a atividade viral naquela comunidade, a fim de proteger os que não tinham ainda a doença, na comunidade em causa, mas também evitar que saltasse para outras comunidades”, disse.

A última intervenção de Francisco George vai acontecer no dia 20 de outubro, na reitoria da Universidade Nova de Lisboa, e terá como tema “44 anos de serviço público”.

Depois, vai gozar umas férias “curtas” e abraçar outros desafios, um dos quais já foi assumido, uma vez que se vai candidatar à presidência da Cruz Vermelha Portuguesa.

Consciente da “popularidade” que adquiriu nos últimos anos, Francisco George vê-se perfeitamente em outras funções, não na administração pública, onde não pode exercer por ter atingido o limite de idade (70 anos), mas para o bem público.

A esse propósito, soube-lhe bem ouvir o socialista Jorge Coelho referir, num programa televisivo, que Francisco George era o homem certo para lidar com questões como os donativos para ajudar as vítimas dos incêndios em Pedrogão Grande, em nome da transparência que tanto advoga.

“Se isso acontecesse, porque não? Missões dessa natureza, aceito, como aceitei participar numa campanha contra a discriminação de ciganos”, afirmou.

E sobre o Estado para o qual trabalhou mais de quatro décadas, Francisco George prescreve “justiça”.

“O Estado tem que ser justiça, tem que ser absolutamente transparente. Há aqui uma garantia de servir os cidadãos de uma forma absolutamente transparente. O Estado é o garante do Estado social”.

Francisco George
As normas de orientação clínica vão passar a ser feitas em conjunto com a Ordem dos Médicos, anunciou o diretor-geral da Saúde,...

“Tem sido um sucesso e vamos reforçar. Vamos trabalhar mais esta área com a Ordem dos Médicos e fazer com que as normas, em lugar de serem da inteira responsabilidade da Direção-geral da Saúde (DGS), passem também a ser da Ordem dos Médicos em termos paritários. E porque não a sua assinatura ser conjunta, do diretor-geral e do bastonário?”, questionou Francisco George.

As normas de orientação clínica são um conjunto de recomendações técnico-científicas sistematizadas e que visam apoiar o médico na tomada de decisões acerca dos cuidados de saúde dos seus doentes. No fundo, resumem os dados científicos acerca de uma patologia ou de um tratamento e disponibilizam-nos ao médico, para que atue da melhor maneira possível.

O diretor-geral da Saúde assume que as normas de orientação clínica (NOC) foram o trabalho que mais duvidou que fosse possível cumprir nos seus 12 anos a liderar a DGS, de onde sai dentro de um mês por ter atingido os 70 anos.

Quando se iniciou, com a Ordem dos Médicos, o trabalho de produzir as NOC “muitos pensavam que ia ser difícil”. Noutros países há agências com muita experiência e recursos e em Portugal não havia esse hábito, que acabou por ser uma imposição da ‘troika’.

“Pensei que se não fosse [um trabalho] bem feito poderia ser alvo, em congressos, de chacota, de discórdia e de revolta. Começámos depois a ver que as normas eram muito boas, muito bem feitas. Mobilizámos 500 consultores nas várias especialidades e agora estamos num processo de auditorias. Têm sido bem aceites. Nunca existiu um congresso em que tivessem sido postas em causa”, descreve.

Agora, as normas de orientação clínica devem ser reforçadas, sendo um trabalho conjunto com a Ordem dos Médicos, que poderá assinar os documentos em conjunto com a DGS, o que significará que resultam de um consenso e são corretas.

Para avançar com estas normas conjuntas vão ser inicialmente escolhidos 20 temas, que abarquem as doenças mais frequentes, como diabetes, patologias do foro cardiovascular e outras que possam ser causa de mortalidade precoce.

Aliás, Francisco George considera como “uma das marcas deste mandato” na DGS o combate à mortalidade precoce, antes dos 70 anos.

“Não tem o mesmo significado um enfarte do miocárdio fulminante aos 65 anos ou aos 85. Há aqui uma diferença e temos de olhar para ela. Temos de fazer com que as pessoas de 65 anos vivam mais 20”, declarou o responsável pela saúde pública em Portugal, que vai abandonar o cargo ao fim de 44 anos dedicados à administração pública.

Francisco George
Portugal é atualmente o país europeu com menos abortos por cada mil nascimentos vivos, o que vem demonstrar que a interrupção...

A cerca de um mês de acabar a sua carreira de 44 anos na administração pública, Francisco George fez uma retrospetiva de alguns dos casos de sucesso na saúde pública, nos quais inclui a interrupção voluntária da gravidez (IVG).

“A IVG foi um sucesso, um grande sucesso. Ao longo destes anos analisámos os registos e percebemos que, todos os anos, há menos interrupções do que no ano anterior. [O número] tem descido e essa descida é acentuada. Temos menos 15% de interrupções do que quando começámos e 15% é importante”, resumiu o diretor-geral da Saúde.

Em 2007, um referendo nacional veio permitir que as mulheres em Portugal passassem a poder interromper uma gravidez até às 10 semanas, num estabelecimento de saúde reconhecido e com capacidade para tal. Antes disso, o aborto era penalizado e criminalizado.

A DGS assegurou, na altura, a regulamentação e implementação da lei que permite a interrupção da gravidez, mas Francisco George admite que muito deste trabalho se ficou a dever a Albino Aroso, considerado o “pai” do planeamento familiar.

Segundo Francisco George, atualmente, Portugal está “no lugar mais cimeiro ao nível europeu” no que se refere às interrupções de gravidez, sendo o país com “menos interrupções por cada mil nascimentos vivos”.

“[O aborto] era um problema da sociedade portuguesa. Interrupções feitas sem condições de higiene, de dignidade para a mulher. O reconhecimento deste direito [à IVG] veio melhorar as condições de saúde da própria mulher”, considera o diretor-geral da Saúde.

O responsável pela saúde pública salienta que deixaram de chegar às urgências casos de mulheres com rutura de órgãos, como vagina e útero, decorrentes de manobras realizadas em abortos mal feitos.

“Temos aqui um programa de sucesso”, conclui, reforçando a redução anual de abortos a pedido da mulher.

No início da aplicação da lei, Francisco George ainda “recebia protestos de alguns grupos” de cidadãos, mas diz que, hoje em dia, “já não se fala no assunto”.

Aos que ainda possam ter dúvidas, deixa a questão: “Alguém se convence de que se a lei não existisse, as interrupções não existiam?”.

O relatório oficial das interrupções da gravidez mais recente refere-se a dados de 2015, ano em que se registou o número de abortos mais baixo desde 2008, primeiro ano completo desde que entrou em vigor a lei que despenalizou o aborto até às dez semanas de gravidez.

Este documento mostra que houve uma diminuição de 1,9% nos abortos por opção da mulher entre 2014 e 2015, tendo sido feitas 15.873 interrupções por decisão da grávida nesse ano.

Tão debatida como chegou a ser a despenalização do aborto promete ser a eutanásia, assunto sobre o qual Francisco George recusa tomar uma posição enquanto diretor-geral da Saúde.

“Não faço declarações públicas sobre a eutanásia. Tenho duas posições. Como diretor-geral da Saúde não tenho possibilidade de clarificar esse assunto, porque esse trabalho ainda não foi feito ao nível dos colégios que aqui se juntam para discutir este problema. O diretor-geral não se pronuncia sobre a eutanásia”, afirma, de modo categórico.

Quanto ao cidadão Francisco George, “no plano pessoal”, gostaria de, no fim da sua vida, evitar sofrimentos exacerbados e situações de grande dependência, optando antes por pedir que lhe fosse acelerado o final da vida.

Campanha
O município de Bilbau, no norte de Espanha, desencadeou uma grande polémica ao decidir distribuir folhetos para informar os...

“Esmaga bem a tua linha” (“Pica bien tu raya”) e “Não partilhes o teu rolo” (“Rula con tu rulo”) são algumas das mensagens que se podem ler nos cartões, idênticos aos cartões de crédito, que são distribuídos aos potenciais consumidores de cocaína nos postos de informação da autarquia sobre drogas e sexualidade.

O município referiu que pretendia explicar aos consumidores de cocaína que devem esmagar bem a droga antes de a ‘snifarem’ para evitar “danos nas fossas nasais” e cada um também deve usar o seu “rolo” (ou nota) para reduzir a ocorrência de contágios de qualquer enfermidade.

“O nosso objetivo não é a promoção do consumo, mas se isso for feito que seja um consumo seguro, responsável e minimizando os riscos e danos para a saúde”, disse a responsável da autarquia pela área da saúde, citada pela imprensa local.

A socialista Yolanda Díez insiste que se pretende “minimizar os malefícios” entre aqueles que estão decididos a consumir algum estupefaciente.

A campanha foi suspensa ontem depois da controvérsia lançada nas redes sociais e das críticas de várias associações e pelo menos um partido político.

“É uma verdadeira parvoíce dar uma espécie de ‘kit’ de consumo com um slogan tão leviano e frívolo ", indignava-se na terça-feira o Partido Popular (direita) numa declaração, onde sublinhava ainda que se estava a banalizar a utilização desta droga.

A autarquia deixou ontem de fornecer o material aos consumidores de droga, mas vai manter um ponto de informação móvel nos sábados à noite nas zonas de diversão dos mais jovens.

Segundo dados do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência referentes a 2015, 9,1 % dos espanhóis entre a idade de 15 e 64 anos declararam ter consumido cocaína pelo menos uma fez na vida, a segunda maior taxa na União Europeia.

Cruz Vermelha
A epidemia de cólera que alastra no Iémen poderá afetar cerca de 850.000 pessoas até ao final do ano, advertiu a Cruz Vermelha...

A epidemia “já atingiu proporções gigantescas”, declarou o responsável pelo Médio e Próximo Oriente da Comissão Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Robert Mardini.

A degradação das infraestruturas no Iémen após mais de dois anos de guerra civil entre o Governo apoiado pela Arábia Saudita e os rebeldes que controlam a capital, Sanaa, levou à maior epidemia de cólera no mundo.

A propagação da doença desacelerou nos últimos meses, mas ainda não está controlada.

“Em julho, dissemos que deveriam registar-se 600.000 casos até ao final do ano, mas agora já temos 647.000 casos suspeitos”, disse Mardini.

“Prevemos, neste momento, o pior dos cenários, ou seja, 850.000 casos até ao fim do ano”, acrescentou, sublinhando que a epidemia “não está sob controlo”.

No início desta semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indicou que 2.065 pessoas morreram devido a contaminação com cólera.

“O ritmo abrandou um pouco, mas na semana passada acelerou novamente”, afirmou Mardini, precisando que há 4.700 casos suspeitos declarados por dia.

“Trata-se da pior crise de saúde da história recente causada por uma doença evitável”, frisou o responsável da CICV, numa conferência à margem do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, que decorre em Genebra.

A OMS indicou que a doença se propagou rapidamente por causa da deterioração das condições de higiene e sanitárias, com milhões de pessoas que deixaram de ter acesso a água potável no país.

Menos de metade dos equipamentos de saúde estão em condições de funcionamento, muitas das equipas profissionais não são pagas há cerca de um ano, e menos de 30% dos medicamentos necessários são fornecidos, segundo Robert Mardini.

De acordo com estimativas da ONU, mais de 8.400 pessoas, incluindo civis, morreram na guerra civil do Iémen, que a organização considera ter provocado a pior crise humanitária do planeta, com várias regiões em que a população está à beira da fome.

O conflito que opõe rebeldes apoiados pelo Irão, que controlam a capital, Sanaa, e o norte do Iémen, às forças pró-governamentais concentradas no sul e apoiadas por uma coligação militar dirigida pela Arábia Saudita.

Em Amarante
A população de Amarante está a ser desaconselhada a contactar com o Tâmega devido à camada de algas que, há vários dias, se...

O presidente do município, José Luís Gaspar, disse que a recomendação é uma "medida preventiva" e estende-se às atividades balneares, de pesca e de embarcações de recreio utilizadas diariamente, nomeadamente por muitos turistas que visitam a cidade.

A decisão foi tomada na sequência de uma reunião convocada pela autarquia para análise da situação, em que participaram representantes da autoridade local de saúde, dos bombeiros e da GNR.

As análises mandadas realizar pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) vão esclarecer o tipo de alga que cobre, na zona de Amarante, a quase na totalidade o leito do rio. Pretende-se aferir, frisou o presidente, se a camada é formada por algas verdes, que não são tóxicas, ou pelas designadas algas azuis, também designadas por cianobactérias, cuja toxicidade pode ser prejudicial para a saúde humana.

Se for o segundo caso, insistiu José Luís Gaspar, há que redobrar os cuidados.

O presidente da autarquia disse não se lembrar de ver o rio que atravessa a cidade coberto por uma camada tão extensa e espessa de algas, um manto que, precisou, também se verifica em Mondim de Basto.

Além disso, sublinhou, é a primeira vez que se observa este fenómeno, de montante para jusante, recordando que, desde o início de setembro, se começou a observar uma camada de algas na zona de Chaves.

Em anos mais secos, ocorre com frequência o aparecimento de uma camada verde a cobrir o rio, mas que evolui a partir da barragem do Torrão, a jusante de Amarante, em direção à proximidade daquela cidade.

Questionado sobre o que provoca a situação atual no Tâmega, na sua cidade, José Luís Gaspar respondeu que se deve à presença excessiva na água de material orgânico, um problema que afirmou não ser novo e transversal a vários municípios, associada ao reduzido caudal do rio, que disse estar a um nível nunca visto na cidade devido à seca que assola a região.

Referiu, a propósito, que dois dos mais importantes afluentes do Tâmega, a jusante da barragem de Daivões, que está a ser construída na zona de Ribeira de Pena, estão praticamente secos, o que também é novo na região.

O presidente de Amarante disse não estabelecer relação entre as obras em curso na barragem e a situação que se observa no rio, mas admitiu estar preocupado com o nível do caudal e a aparente estagnação que se observa na água, o que já foi comunicado à APA.

Após experiência em Portugal, Brasil e Cabo Verde
Especialistas da saúde querem aproveitar a experiência do Brasil, Cabo Verde e Portugal para levar a telemedicina a toda a...

A intenção foi avançada ontem à imprensa pela responsável do serviço de telemedicina de Cabo Verde, Vanda Azevedo, e pelo coordenador da Rede Universitária de Telemedicina, Luiz Ary Messina, durante a abertura da primeira reunião do setor, que acontece na cidade da Praia.

"Aguardamos esta reunião com alguma ansiedade, porque se Cabo Verde, Brasil e Portugal já têm um programa estruturado de telemedicina, os outros países (da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) não têm. Então queremos ver se conseguimos unificar os processos", apontou Vanda Azevedo.

A responsável médica afirmou que Cabo Verde, Brasil e Portugal já partilham experiências e querem que esses conhecimentos sejam partilhados também com Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e os outros países que falam português.

"A experiência existente em Portugal, Brasil e Cabo Verde - e daí a realização da reunião em Cabo Verde, pela experiência com as nove ilhas habitadas - vai ser fundamental para os outros países que ainda não têm", completou Luíz Ary Messina.

O coordenador da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE) do Brasil, um dos organizadores da reunião, notou que todos os ministérios da Saúde da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) já estão conscientes da prática da saúde digital, mas referiu que serão precisos recursos para se poder avançar mais rápido.

"O mais importante, talvez, seja o facto de já termos alguns países com experiência e termos a participação massiva dos representantes dos Ministérios de Saúde da CPLP (na reunião)", prosseguiu.

Apenas a Guiné-Equatorial e Timor-Leste não marcam presença com nenhum representante na reunião, que terá a duração de três dias e em que serão debatidos vários temas sobre a saúde digital em língua portuguesa.

Luíz Ary Messina recordou que em março do ano passado foi elaborado e aprovado um roteiro estratégico de telemedicina para a CPLP e que a reunião vai servir para elaborar um plano de trabalho sobre as ações e o que será necessário para a aplicação.

O coordenador da RUTE destacou a importância do plano de trabalho que irá sair da reunião, considerando que vai servir para os países procurarem recursos em conjunto e integrar todos os outros e cada um individualmente no setor.

"Aos poucos, todos os ministérios de Saúde vêm-se dando conta da importância da saúde digital. A minha expetativa e esperança é que isso comece a servir e seja compreendido como uma vacina para todos os processos na área da saúde", manifestou Luiz Messina.

O coordenador sublinhou a importância da participação do setor privado, considerando que serão os produtos gerados pelas empresas que servirão para um maior avanço na medicina digital ao nível da comunidade de língua portuguesa.

15 de setembro - Dia Internacional do Linfoma
A Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas tem em curso até ao final de setembro uma campanha para explicar as...

Criada há 16 anos, e desde 2014 Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), a associação sediada no Porto apoiou nos últimos três anos "cerca de 500 doentes", pretendendo com a nova campanha "Quando as pequenas coisas fazem a grande diferença" chegar a muito mais portugueses.

A campanha, que decorre no âmbito do Dia Internacional do Linfoma assinalado na próxima sexta-feira, visa combater o facto de a "maior parte das pessoas não saber o que é um linfoma", contou a presidente da Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL), Isabel Barbosa.

“O linfoma é um cancro”, frisou a responsável, explicando que, em Portugal, “a maior parte das pessoas sabe o que é a leucemia, mas desconhece o que é o linfoma, que é só a doença de sangue mais frequente”.

Caracterizada pelo “surgimento de células anormais – linfócitos – que levam ao aparecimento de gânglios aumentados, principalmente nas axilas, pescoço e virilhas”, a doença continua, segundo Isabel Barbosa, “a ser motivo de confusão para as pessoas”.

Com o envelhecimento da população portuguesa, a especialista prevê mesmo o surgimento de “cada vez mais casos de linfomas e mielomas, doenças de sangue que atacam pessoas de idade mais avançada.

"No caso dos linfomas há, por ano, entre 1.700 e 2.000 novos casos em Portugal", revelou Isabel Barbosa, informando haver "mais de 60 subtipos de linfomas" e que esse é um detalhe "muito importante para poder determinar o tratamento".

Prestando apoio social, nas áreas da psicologia e apoio económico aos doentes mais carenciados e referenciados pelas assistentes sociais dos hospitais, a APLL "ajuda-os na aquisição, entre outros, de medicamentos, produtos de higiene, próteses dentárias e óculos", disse a presidente.

"Nos últimos três anos, ajudámos cerca de 500 doentes nos quatro meses após terem saído do hospital", relatou a responsável da associação que conta com 30 voluntários e mais de um milhar de associados.

No âmbito do "Mês das Doenças Malignas do Sangue", a APLL vai desenvolver até final de setembro outras atividades, entre elas a apresentação do livro "Somos todos heróis", com testemunhos de 50 pessoas que superaram doenças do sangue, e uma exposição fotográfica itinerante, denominada "Sempre em forma".

No dia 22 estarão representados quer no Mercado do Bom Sucesso quer na Fundação Manuel António da Mota, dando informação sobre o Dia Mundial da Leucemia Mielóide Crónica, alertando para a doença e fazendo angariação de fundos.

No âmbito da campanha "Quando as pequenas coisas fazem a grande diferença", a APLL está também a pedir na rede social Facebook uma fotografia com uma frase sobre "que pequena coisa fez alterar a sua vida".

Com um trabalho assente no voluntariado, a APLL conta com o apoio de pessoas entre os 30 e 50 anos "temporariamente desempregadas", mas também da colaboração de reformados, congratulando-se Isabel Barbosa também pelo apoio prestado "por grupos de jovens" durante as férias de verão.

Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
Desde setembro de 2016 foram realizadas 19.505 consultas de saúde oral em 11 centros de saúde que integram um projeto-piloto...

Em comunicado, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) adianta que o projeto-piloto dos cuidados de saúde oral nos cuidados de saúde primários vai ser alargado a mais 12 centros de saúde durante o segundo ano de implementação.

Para a presidente do conselho diretivo da ARSLVT, Rosa Valente de Matos, os resultados alcançados no primeiro ano são "muito positivos", sublinhando que este projeto é "um excelente exemplo dos cuidados de proximidade" que se pretendem prestar aos utentes.

Integram o projeto, a Unidade de Saúde Familiar do Monte da Caparica e os centros de Saúde de Mafra-Ericeira, Lourinhã, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Rio Maior, Cartaxo, Salvaterra de Magos, Moita e Fátima.

“As consultas de saúde oral refletem o nosso investimento numa equipa de saúde composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, dentistas e outros profissionais. Com este projeto piloto apostámos na promoção da saúde, sobretudo dos utentes mais vulneráveis”, acrescenta Rosa Valente de Matos, citada no comunicado.

Nos primeiros três meses do projeto, até dezembro, foram abrangidos os doentes portadores de diabetes, neoplasias, patologia cardíaca ou respiratória crónica, insuficiência renal em hemodiálise ou diálise peritoneal e transplantados. Desde o início deste ano, todos os utentes daqueles locais passaram a poder ser referenciados para consultas de Medicina Dentária.

De acordo com a informação facultada pela assessoria da ARSLVT, a maioria das consultas foram concedidas a doentes isentos, sendo que uma minoria foi submetida ao pagamento da taxa moderadora equivalente a um total de sete euros.

Especialistas alertam
A coordenadora das I Jornadas do Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna alertou...

Elga Freire falava a propósito do encontro que se realiza sábado, no Porto, no qual se irá destacar os cuidados paliativos não oncológicos, já que “os cuidados paliativos continuam a ser muito associados às doenças oncológicas e introduzidos apenas numa fase terminal”.

De facto, “apesar de ser já consensual que deve haver uma introdução precoce dos cuidados paliativos no tratamento das doenças oncológicas e não oncológicas, a par de todos os outros cuidados, mesmo que o objetivo seja curar, estes continuam a ser associados às últimas semanas ou meses de vida dos doentes”, considerou.

Neste âmbito, sustenta a especialista em medicina interna e coordenadora do Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa, “aos médicos cabe fazer a avaliação de necessidades de doentes complexos e suas famílias, providenciar alívio de sintomas, saber comunicar eficazmente e trabalhar em equipa”.

Sobre o facto das jornadas se centrarem no debate dos cuidados paliativos não oncológicos, a especialista explicou que é “importante alertar que as doenças não oncológicas, nomeadamente as insuficiências de órgão como a insuficiência cardíaca, a doença renal crónica avançada, as doenças respiratórias crónicas, a doença hepática avançada ou a sida são áreas que carecem de uma atenção específica em cuidados paliativos. Esse é um dos objetivos destas jornadas”.

Salientou que “grande parte das ações de formações e reuniões científicas no âmbito de cuidados paliativos se dedicam sobretudo aos doentes oncológicos, quer a população em geral, quer a população médica ainda associa estes cuidados a esta área”.

Em seu entender, “um dos grandes desafios vem da parte das doenças neurológicas e degenerativas, nas quais se incluem as demências e a esclerose lateral amiotrófica, entre muitas outras”.

Quem sofre destas doenças é, de acordo com a especialista, “cada vez mais alvo dos cuidados dos internistas”, sendo por isso necessário que “estes estejam também preparados para lidar com estas situações. E cada vez mais cedo”.

Com estas jornadas, o Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna pretende dirigir-se “a todos os profissionais de saúde que lidam com pessoas com doenças graves e/ou avançadas e progressivas, sejam da medicina interna, dos cuidados paliativos, ou dos cuidados de saúde primários”.

No encontro, que decorrerá no auditório da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, no Porto, serão partilhadas as experiências de vários internistas e serão apresentados e discutidos exemplos de organização de resposta multidisciplinar às necessidades específicas das doenças neuromusculares em ambiente hospitalar e domiciliário.

Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde prepara-se para estabelecer novas metas relativamente aos teores de sal e açúcar, que serão sugeridas...

Há marcas de bolachas de água e sal e do tipo Maria que usam o dobro do sal e da gordura para produzir produtos similares. Este foi o resultado de um trabalho de análise a dois dos tipos de bolachas mais consumidas em Portugal, efetuado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e que permitiu aos investigadores concluir ser possível produzir os mesmos produtos com melhor qualidade nutricional. Por isso, os autores do estudo reforçam no documento a necessidade de serem "estabelecidas metas que permitam a reformulação gradual destes alimentos".

Atenta a esta realidade, a Direção-Geral da Saúde está a preparar-se para determinar algumas metas, que serão recomendadas à indústria alimentar com vista à reformulação das bolachas. Ao Diário de Notícias, Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS, destaca a importância do trabalho feito pelo Departamento de Alimentação e Nutrição do INSA, que ajuda "a tomar decisões".

"Temos de tentar criar ambientes nos supermercados, nos mercados e nas lojas para que a oferta alimentar tenha teores médios menores de açúcar e de sal. Estamos a ultimar aquilo que podem vir a ser metas ou objetivos", adiantou. Dentro de algumas semanas, a DGS deverá "reunir-se com a indústria alimentar no sentido de fazer sugestões de reformulação de produtos", não só de bolachas mas também de outros setores, entre os quais a charcutaria. "As decisões têm de ser tomadas pelo Estado e pela indústria, para que cheguemos a objetivos alcançáveis."

Quinze marcas analisadas
Em 2015, os investigadores adquiriram 15 tipos de bolachas (oito marcas de bolachas de água e sal e sete marcas de bolachas tipo Maria) em grandes superfícies na região de Lisboa, incluindo produtos de marca branca, de marca comercial, sem glúten e sem açúcar. "O objetivo era realizar uma análise comparativa dos teores de gordura, sal e perfil de ácidos gordos de bolachas Maria e de água e sal, para atualizar a informação nutricional relativa a estes produtos e também para estimar o potencial risco/benefício para a saúde tendo por base as recomendações de ingestão diária para os referidos nutrientes", explica Helena Soares, investigadora do Departamento de Alimentação e Nutrição e uma das autoras do estudo.

As bolachas de água e sal analisadas apresentam teores superiores de gordura total e de sal. Por isso, Helena Soares destaca a importância de "definir medidas de reformulação gradual por forma a melhorar o seu perfil nutricional, sobretudo relativamente aos teores de sal".

Contudo, para os investigadores, o mais importante foi terem verificado que nos dois tipos de bolachas existiam grandes variações, já que há marcas que chegam a usar o dobro do teor de sal e gordura para produzir produtos semelhantes.

Por exemplo, para o teor de sal nas amostras analisadas de bolachas de água e sal observou-se uma variação de 0,984 g a 1,82 g/100 g e para o teor de gordura total nas amostras analisadas de bolachas Maria verificou-se uma variação de 8,73 g a 19,5 g/100 g. "Este trabalho permite concluir que é possível produzir produtos similares com melhor qualidade nutricional", sublinha a investigadora.

A investigação revelou ainda que as bolachas analisadas apresentam teores elevados de gordura saturada, cujo consumo excessivo está associado a um aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Pão em primeiro lugar
Pedro Graça acredita que os dois tipos de bolachas estão entre os mais consumidos em Portugal, existindo a noção de que são as mais interessantes do ponto de vista nutricional. "O que este estudo demonstrou é que devemos ser cuidadosos com o consumo de qualquer tipo da bolachas. Há bolachas que são nutricionalmente mais equilibradas, mas o pão deveria ser sempre a primeira escolha como fornecedor de hidratos de carbono", frisa o responsável.

Substituído nos últimos anos por produtos de pastelaria e bolachas, o pão "tem sido denegrido, mas continua a ser um excelente alimento, uma boa fonte de energia e uma energia limpa, ou seja, com quantidades reduzidas de substâncias adicionadas".

Pedro Graça diz que "há uma ideia relativamente falsa que leva a que as bolachas sejam apenas associadas ao açúcar, mas não existe noção de que mesmo as bolachas doces têm quantidades muito elevadas de sal". Um dado importante, destaca o nutricionista, num país onde "40% da população sofre de hipertensão".

A importância do rótulo
O diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável lembra que "felizmente, hoje em dia, a rotulagem dá aos consumidores uma informação clara sobre o valor energético, teor de sal e de gordura", o que lhes permite escolher as que mais lhe convêm do ponto de vista nutricional. Embora, ressalva, o pão seja sempre a melhor escolha. Além do trabalho que tem feito e que vai continuar a fazer com a indústria alimentar, a Direção-Geral da Saúde mantém a preocupação em "motivar, capacitar os cidadãos para que leiam os rótulos e façam escolhas mais interessantes".

Nas conclusões do trabalho, os investigadores do Instituto Ricardo Jorge destacam que "algumas bolachas apresentam quantidades superiores de ácidos gordos insaturados, que podem contribuir para a prevenção de doenças crónicas e diminuir o impacto na saúde relacionado com o consumo deste tipo de alimentos". Já o teor de ácidos gordos decresceu em comparação com os dados anteriores existentes na literatura.

Estudo
Cientistas descobriram dois mecanismos que ajudam a “arrumar” o coração no lugar certo. Os estudos podem ser úteis para evitar...

Duas equipas de investigadores desvendaram dois mecanismos, em dois momentos diferentes do desenvolvimento embrionário, que fazem com que o coração seja “arrumado” do lado esquerdo do corpo. As descobertas podem ser úteis para resolver possíveis erros que acabam por “empurrar” o coração para o lado errado, um “defeito” que está associado a algumas doenças. Os cientistas usaram o peixe-zebra como modelo animal.

Susana Lopes, investigadora do Centro de Estudos de Doenças Crónicas (Cedoc) da Nova Medical School, coordenou o estudo publicado na revista internacional eLife onde é descrita a descoberta de uma proteína com um papel regulador no posicionamento correto dos órgãos nas etapas iniciais do desenvolvimento embrionário. O trabalho que coordenou foi desenvolvido durante dois anos por Bárbara Tavares e Raquel Jacinto, investigadoras do Cedoc, e focou-se nos embriões do peixe zebra que, tal como nós, tem órgãos organizados de forma assimétrica, escreve o jornal Público.

A equipa investigou o funcionamento de um órgão chamado “organizador do eixo esquerdo-direito” e percebeu que existe ali uma proteína que define o número de cílios (pequenas projeções das células que parecem pestanas) que se mexem e que estão imóveis. “O movimento de um número específico de cílios é necessário para iniciar o processo de assimetria que mais tarde leva à correta localização dos órgãos internos, como o coração à esquerda e o fígado à direita”, explica um comunicado sobre o estudo. Assim, é a proteína Her12 que determina quantos e quais os cílios móveis e imóveis, uma decisão que inicia o processo de arrumação. “É um dos primeiros eventos da assimetria e que inicia depois uma cascata de outros acontecimentos”, refere a investigadora ao PÚBLICO, que adianta ainda que, no corpo humano, este momento ocorre por volta das três semanas de gestação. Ou seja, o coração do embrião começa a ser levado para o lugar certo quando a maioria das mulheres ainda nem sabe que está grávida.

Porém, nem sempre tudo corre bem. “Quando existe um posicionamento errado destes órgãos, é sinal que podemos estar perante uma doença genética rara, designada por discinesia ciliar primária”, confirma Susana Lopes, explicando que esta doença está associada ao mau funcionamento destes cílios. Cerca de 50% das pessoas com esta doença têm o coração do lado direito e diversos problemas de saúde associados, sobretudo, respiratórios. Identificar a proteína reguladora que “decide” o número de cílios que se movem pode ajudar no desenvolvimento de terapias para corrigir este problema.

Antes disso, há muita coisa para esclarecer. “Vamos tentar perceber o que acontece depois da ação desta proteína. Esta proteína é inibidora de outras. Quais são as outras? Queremos tentar também perceber como é que esta informação se transmite para o passo seguinte e ainda esclarecer o que pode descoordenar este processo”. Porque, como se sabe, há pessoas que nascem como os órgãos todos do lado contrário (situs inversus) e outras ainda com tudo desarrumado como, por exemplo, o coração do lado certo mas o fígado do lado errado (heterotaxia). “O que descoordena isto?”, pergunta a investigadora.

Os primeiros dias, semanas e meses de desenvolvimento de um ser humano são feitos de uma sucessão de acontecimentos impressionantes (e muitos deles ainda desconhecidos) que nem sempre são um sucesso. Os erros podem acontecer em diferentes etapas. O que a equipa de Susana Lopes percebeu é que a quantidade de “pestanas” móveis das células é determinante para o sucesso de um dos primeiros passos do desenvolvimento embrionário. Uma outra equipa de investigadores espanhóis que publicou um artigo na revista Nature este mês estudou o momento seguinte que também está relacionado com a “arrumação” do coração no lugar certo. “É a mesma via que estudámos”, comenta Susana Lopes, adiantando que este outro trabalho também usou o mesmo modelo animal do peixe-zebra. “Enquanto o organizador do eixo esquerdo-direito existe no peixe zebra às 12-14 horas após a fertilização, o processo estudado pelos colegas espanhóis passa-se temporalmente a seguir incluindo os estadios que vão desde as 16-18 horas até às 48 horas pós fertilização”, explica, reconhecendo que os dois trabalhos se complementam.

Os investigadores do Instituto de Neurociências de Alicante descobriram um conjunto de genes que se ativam mais do lado direito (já era conhecida uma via de sinalização do lado esquerdo) e que fazem com que se crie um maior fluxo de células que “empurram” o coração para o lado esquerdo. A equipa fez experiências também noutros animais, galinhas e ratos, e confirmaram que se a função destes genes for anulada e, com isso, se eliminar o movimento das células até ao coração, este órgão permanece no centro do corpo nas três espécies estudadas.

“Enquanto o nosso trabalho se foca nos mecanismos mais iniciais e biofísicos da formação de assimetrias que começam com os fluxos gerados pelo correto número de cílios moveis, o deles é mais focado na formação do órgão propriamente dito”, esclarece Susana Lopes.

A misteriosa coreografia de sinais químicos, genes e pestanas de células que se movem, entre muitos outros participantes, neste espetáculo que é construir um organismo a partir de duas células, vai ficando mais clara. Estes dois estudos identificam dois importantes passos dessa dança.

Estudo
O risco de depressão é menor entre as pessoas com um nível mais alto de instrução, aponta um estudo da Organização para a...

Os dados recolhidos pelo organismo mostram que a educação pode contribuir para combater a depressão e a ansiedade. "Os indivíduos com mais instrução têm, em geral, melhores oportunidades de trabalho", o que diminui "a ansiedade e a depressão", destaca o relatório "Panorama da Educação 2017" da OCDE, publicado esta terça-feira.

Esta conclusão baseia-se num estudo realizado em 2014 em vários países europeus, cujos resultados foram publicados este ano, escreve o Sapo.

Nestes países, 8% das pessoas com idades entre 25 e 64 anos afirmam ter sofrido depressão nos últimos 12 meses. E "a incidência da depressão declarada pelos interessados varia sensivelmente em função do nível de formação".

Em média, a percentagem de pessoas com depressão é duas vezes maior entre os adultos sem diploma do ensino superior (12%).

"A percentagem de adultos que afirmam sofrer de depressão diminui sucessivamente em função do nível de formação", lê-se no estudo.

A educação "contribui para o desenvolvimento de uma série de habilidades", mas estas não têm o mesmo impacto sobre a depressão, diz o relatório. "A construção de habilidades sociais e emocionais, como a autoestima, tem mais impacto do que a aquisição" de competências matemáticas, ou literárias.

A investigação mostra que a percentagem de mulheres que declaram sofrer de depressão é superior à dos homens, mas "diminui de forma mais forte do que a dos homens em função do nível de formação".

Embora a depressão tenha múltiplas causas, o seu risco aumenta com o desemprego, ou a inatividade, duas situações que podem levar à solidão e a problemas financeiros. "Aumentar o nível de capacitação dá às pessoas melhores ferramentas para lidar com este fator de risco", conclui a OCDE.

Estudo
A maioria dos portugueses admite que gostaria de usufruir de um período sabático, embora não possa dar-se ao luxo de tirar uma...

A esmagadora maioria dos portugueses inquiridos gostaria de tirar uma licença sabática (76%), enquanto 21% declara que não tem interesse. Da população inquirida, 48% revela que só não o faz por motivos financeiros. Dos restantes países inquiridos, os alemães são os menos interessados num período sabático (31%).

Portugal diferencia-se dos restantes países relativamente aos motivos que levariam as pessoas a quererem tirar uma licença sabática, escreve o Sapo. Para 45% desses portugueses seria para melhorar a sua saúde mental, enquanto a maior percentagem registada nos outros países envolvidos no inquérito recaí sobre o ser uma forma de escapar ao stress da vida laboral.

Quanto a possíveis benefícios decorrentes de uma licença sabática, os portugueses estão alinhados com a maioria dos outros países, com 45% dos inquiridos a considerarem que não teria grande impacto em termos de empregabilidade. No entanto, os franceses, os alemães e os espanhóis consideram que tirar uma licença sabática lhes aumentaria as possibilidades de obter um emprego.

Por outro lado, 30% dos portugueses considera que usufruir de uma licença sabática poderia aumentar as perspetivas de ganhar mais no futuro. Os restantes países envolvidos neste estudo, não acompanham Portugal. Os viajantes do Reino Unido, da França e da Suécia consideram que tirar uma licença sabática faria com que fosse mais difícil voltar ao trabalho. Enquanto, na Alemanha, nos EUA, na Itália e na Espanha consideram que os tornaria mais confiantes no seu trabalho.

Finalmente, os portugueses destacam-se ainda com a maior percentagem (43%) de inquiridos que consideram ter um bom equilíbrio entre família e trabalho, seguidos pelos norte-americanos (41%) e pelos italianos (37%).

Sabáticos, pouco habituais em Portugal
Em Portugal, tirar uma licença sabática ou fazer um ano de pausa após a conclusão do ensino secundário e antes de ingressar no Ensino Superior não é uma prática muito recorrente, ao contrário do que se sucede no Reino Unido ou nos Estados Unidos, por exemplo, onde o ano de pausa – o gap year – é bastante frequente.

A classe profissional que mais recorre ao denominado ano sabático é a dos professores universitários. Os dados recolhidos, no estudo salientam que apenas 3% dos inquiridos afirma que tem a oportunidade de tirar uma licença sabática remunerada e 8,3% uma não remunerada.

Para quem está empregado, a licença sabática pressupõe um acordo entre a entidade empregadora e o trabalhador.

TOP 10 dos motivos que levariam os portugueses a tirar uma licença sabática

1.       Melhorar a saúde mental 45%

2.       Escapar ao stress laboral 35%

3.       Viajar com companheiro(a)/conjugue 31%

4.       Viajar com a família (crianças incluídas) 30%

5.       Tirar um curso/aprender uma nova competência 26%

6.       Melhorar a saúde física 25%

7.       Reavaliar a carreira 25%

8.       Ganhar experiência noutra área 24%

9.       Planear um novo negócio 22%

10.   Fazer voluntariado 21%

Os dados foram extraídos de um estudo realizado por OnePoll para a eDreams em Espanha, França, Itália, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Suécia e Portugal. As conclusões derivam de um inquérito realizado a mais de 12.000 consumidores.

Estudo conclui
Estudo da Nova School of Business & Economics identifica um conjunto de iniciativas para passar da visão à ação no que...

A Nova School of Business & Economics apresentou esta terça-feira as conclusões de um estudo que pretende, em primeiro lugar, contribuir para a implementação de um plano estratégico nacional propondo iniciativas concretas para Portugal atingir o objetivo da Organização Mundial de Saúde de eliminar a hepatite C até 2030.

João Marques Gomes, coordenador e um dos autores do estudo “Eliminar a hepatite C em Portugal: da visão à ação”, explica que “de acordo com as conclusões do estudo, a eliminação da hepatite C não é uma questão de financiamento ou de falta dele, é uma questão de organização, se o poder político quiser implementar as nossas propostas pode fazê-lo amanhã”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), na sua primeira estratégia global para as hepatites virais, de junho de 2016, estabelece o objetivo de reduzir a incidência do vírus da hepatite C em 90% e a mortalidade associada a esse vírus em 65%, até 2030. No mesmo ano, no âmbito do plano europeu de ação contra as hepatites virais da OMS, Portugal comprometeu-se a cumprir esse o objetivo, sendo que já tinha assumido o compromisso de eliminar a hepatite C como problema de saúde pública garantindo o acesso universal ao tratamento.

Este estudo identifica, em primeiro lugar, os principais problemas ao longo da cascata de cuidados do vírus da hepatite C em Portugal, isto é, as lacunas e barreiras existentes em matéria de awareness e prevenção, rastreio e diagnóstico, ligação aos cuidados de saúde, acesso aos cuidados de saúde especializados, acesso ao tratamento, e finalmente, avaliação e monitorização.

Em segundo lugar, o estudo conclui que a grande maioria dos problemas resulta da falta de coordenação entre os vários intervenientes da cascata de cuidados, o que leva a que uma proporção significativa dos doentes se perca ao longo desse percurso. De destacar que um doente “perdido” é não só um doente não curado mas também um foco potencial de transmissão da doença.

Identificados os principais problemas ao longo da cascata de cuidados do vírus da hepatite C em Portugal, este estudo apresenta um conjunto de recomendações. Proximidade, simplificação e integração são as palavras-chave, enquanto o rastreio universal, os cuidados de saúde primários e a prestação de cuidados de saúde na comunidade constituem a estrutura que permitirá eliminar a hepatite C como ameaça à saúde pública em Portugal num futuro próximo.

Recomendações-Chave:

1.       Diagnóstico e tratamento na comunidade, para uma proximidade efetiva entre o doente e o sistema de saúde.

2.       Gestor de caso, que permite dar resposta a um conjunto de problemas identificados no atual percurso do doente.

3.       Financiamento e incentivos alinhados, no que diz respeito ao rastreio, diagnóstico e tratamento.

4.       Navegador de saúde, cuja função é acompanhar o doente desde o rastreio até ao primeiro contacto com os cuidados de saúde e ao longo das várias consultas necessárias até ao fim do tratamento.

5.       Rastreio universal, num curto espaço de tempo é uma forma custo-efetiva de determinar a epidemiologia da infeção pelo vírus da hepatite C, de identificar todos os doentes e de consequentemente quebrar a cadeira de transmissão.

 

A hepatite C é uma doença global, física, mental e social. O papel da sociedade é aumentar as condições de vida das pessoas em situação de exclusão social. Ao deixar que o vírus da hepatite C continue a ser transmitido, que os doentes continuem a ser diagnosticados só em fases mais avançadas da doença, ou que os doentes diagnosticados não sejam tratados, estes custos económicos e sociais continuam a agravar-se.

No Porto
Manobrar veículos aéreos não tripulados ou drones em espaços fechados, como casas e armazéns, será mais “simples e intuitivo”...

Com o projeto CMosquitoII, pretende-se possibilitar e mostrar o benefício da utilização deste tipo de veículos, especialmente em situações onde a utilização de outros robôs, como os terrestres, não são viáveis, disse o investigador Eduardo Miguel Leitão Grifo, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Exemplos disso são o setor do retalho, onde podem detetar falhas no ‘stock', o mapeamento do interior de edifícios e as soluções no âmbito da vida em ambientes assistidos, direcionados para apoio a idosos e doentes, indicou.

No entanto, de acordo com o responsável pelo projeto, controlar este veículos aéreos não tripulados ou drones em espaços fechados apresenta vários desafios, entre os quais, o fraco sinal de GPS quando disponível, o requerimento de um alto nível de exatidão nos movimentos realizados e um planeamento complexo de trajetórias.

"Com este trabalho pretende-se oferecer, aos programadores de aplicações para drones, um conjunto de ferramentas de ‘software' que permitam interagir com o mesmo, de forma simples e intuitiva", com comandos “simples” como "andar para a frente x metros", "ir para a posição x, y ou z", ou mesmo "voltar à base", explicou.

Esta componente de ‘software’, desenvolvida no formato de uma biblioteca de funções, deverá ser integrada por programadores nas suas aplicações, sem que necessitem de conhecimentos prévios em relação ao ‘hardware’ que constitui a plataforma, às dinâmicas de voo ou aos métodos de localização, contou o investigador.

Para além do "controlo de alto nível dos drones", continuou, esta componente de ‘software' será preparada para que o programador não necessite de um conhecimento prévio do ambiente onde o veículo vai operar.

A modularidade do sistema, por sua vez, possibilitará ao utilizador a fácil adição, remoção ou alteração de módulos, tanto de ‘software' como ‘hardware', disse ainda o responsável.

Atualmente, existem no mercado diversas componentes dispersas que permitiriam manobrar um drone em ambientes fechados, como ‘hardware' apropriado, sistemas de posicionamento e algoritmos precisos de voo, entre outros.

Contudo, segundo o investigador, não existe uma solução integrada, "com uma visão abrangente de todas as componentes do sistema", que permita controlar um drone num "nível superior de abstração, de forma simples e intuitiva".

A etapa seguinte do CMosquitoII passa por trabalhar a robustez do sistema e dotá-lo de mais mecanismos de proteção contra falhas, para que seja seguro operá-lo em ambientes fora de laboratório.

A médio prazo, o objetivo é escalar o sistema para múltiplos drones, que cooperem entre si.

Este é um dos 14 projetos criados por alunos de diferentes faculdades com o apoio do centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS, sediado no Porto, no âmbito de uma iniciativa anual que lhes permite desenvolver o seu trabalho orientado para a criação de soluções práticas que contribuem para a qualidade de vida da população.

Para além de Eduardo Miguel Leitão Grifo, participam no projeto os investigadores Dirk Christian Elias, da FEUP, e Duarte Miguel dos Santos Nunes Folgado e Manuel Campos Monteiro, da Fraunhofer Portugal AICOS.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Todas as regiões de Portugal continental, Madeira e Açores apresentam hoje um risco ‘muito elevado’ e ‘elevado’ de exposição à...

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), todas as regiões estão com risco ‘muito elevado’ com exceção dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real, Bragança, Aveiro, Viseu, Coimbra, Castelo Branco e Leiria que estão com níveis ‘elevados’.

O Instituto colocou ainda Santa Cruz das Flores (ilha das Flores, Açores) em risco ‘moderado’.

Para as regiões com risco 'muito elevado' e ‘elevado’, o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro Ultravioleta (UV), chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

No caso de risco ‘moderado’ são aconselhados óculos de Sol e protetor solar.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o UV é 'baixo', 3 a 5 ('moderado'), 6 a 7 ('elevado'), 8 a 10 ('muito elevado') e superior a 11 ('extremo').

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se geralmente muito nublado no litoral entre o cabo Raso e o rio Douro até meio da manhã, nebulosidade que poderá persistir em alguns locais da faixa costeira.

A previsão aponta ainda para vento em geral fraco do quadrante norte, soprando moderado no litoral oeste e nas terras altas, em especial durante a tarde.

O Instituto prevê ainda neblina ou nevoeiro matinal no litoral a norte do cabo Raso, pequena subida da temperatura mínima nas regiões Centro e Sul e pequena subida da máxima mais significativa nas regiões do interior.

Na Madeira prevê-se céu com períodos de muita nebulosidade, apresentando-se geralmente pouco nublado nas vertentes sul da ilha e nas zonas montanhosas.

Está também previsto vento moderado de nordeste, soprando moderado a forte, por vezes com rajadas até 60/70 quilómetros por hora, em alguns locais montanhosos e no extremo leste.

A previsão aponta ainda para uma pequena subida de temperatura nas zonas montanhosas e nas vertentes sul da ilha.

Para os Açores prevê-se períodos de céu muito nublado com abertas, aguaceiros no grupo ocidental (ilhas das Flores e Corvo) e vento bonançoso a fresco.

No Funchal as temperaturas variam entre 22 e 29 graus celsius e em Ponta Delgada entre 20 e 25.

No que diz respeito ao continente, as temperaturas máximas vão oscilar entre os 22 graus (Viana do Castelo) e 35 (em Évora). As mínimas vão variar entre os 10 (Bragança) e os 21 graus (em Faro).

Dia 16 de Setembro
A Associação de Jovens Diabéticos de Portugal organiza no dia 16 de Setembro, sábado, entre as 9h30 e as 15h, uma caminhada na...

Esta iniciativa organizada pela Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP), com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, terá como ponto de encontro o Parque Urbano de Albarquel, em Setúbal, às 9h30. No total, são cerca de 12km a um nível de dificuldade média, estando sempre presente uma equipa de enfermeiros e voluntários para acompanhar o grupo.

De admissão gratuita, o percurso conta com a passagem pelo Forte de São Filipe e tudo o que precisa é de boa disposição e o equipamento adequado à prática desportiva, nomeadamente roupa confortável, botas de montanha ou ténis, água, um almoço volante e lanche para meio da manhã. Os participantes deverão também ir prevenidos com material de prevenção para hipoglicémias (sumo, açúcar, bolachas) e de autocontrolo.

“É importante esclarecer que a diabetes, bem gerida, não condiciona em nada a vida das pessoas e fazer exercício é exemplo disso. A prática de desportos e atividades em grupo trazem não só benefícios para a condição física, como também no controlo da glicose no sangue, na saúde cardiovascular e ainda ao nível do humor e da autoconfiança, tão cruciais para estes jovens que vivem diariamente com a diabetes”, refere Paula Klose, presidente da AJDP.

A mesma responsável acrescenta: “Estas iniciativas, além de potenciarem o convívio entre os jovens, levam à aprendizagem de novas experiências e, tendo como pano de fundo a Serra da Arrábida, uma das mais bonitas áreas do nosso país, tudo melhora”.

As inscrições e pedidos de informação adicional sobre a caminhada deverão ser submetidos para [email protected] ou através do número de telefone 966 228 860, indicando o número de participantes, um contacto de e-mail e telefone.

13 Setembro 2017 - Dia Mundial da Colangite Biliar Primária
Novo projeto da Raríssimas, Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras, é distinguido amanhã no âmbito do Dia Mundial...

Cidadania Rara é uma iniciativa que pretende informar e envolver os doentes, familiares, cuidadores e profissionais de saúde com esta doença rara do fígado, mas também ajudar os doentes a fazer uma melhor gestão da sua doença.

A Raríssimas apresenta amanhã, na Casa dos Marcos, o Cidadania Rara, o seu novo projeto dedicado à Colangite Biliar Primária (CBP). A iniciativa de informação, sensibilização e capacitação das pessoas que lidam com esta doença rara do fígado pretende dar continuidade ao projeto-pioneiro que teve início em 2016.

Cidadania Rara vai capacitar todas as pessoas que contactam com a CBP através da disponibilização do primeiro guião da doença para ser distribuído através dos hospitais, bem como da realização de sessões de informação dirigidas para médicos especialistas, doentes e familiares sobre a doença. “Pretendemos criar parcerias com instituições de saúde que possam apoiar a divulgação da informação junto dos doentes e profissionais de saúde”, acrescenta Joana Neves, Psicóloga Clínica e da Saúde e Coordenadora da Linha Rara.

O Cidadania Rara foi este ano distinguido com o prémio internacional Practice to Policy, que apoia a implementação de projetos inovadores na Europa, Canadá e Estados Unidos, para os doentes com CBP e todos os intervenientes que diretamente contactam com a doença. Entre 23 candidaturas internacionais de 10 países, a Raríssimas foi a única instituição distinguida em Portugal, pelo segundo ano consecutivo. A atribuição do prémio decorre no dia em que a Raríssimas assinala o Dia Mundial da CBP.

“O desenvolvimento de ferramentas e informação de referência sobre uma doença que é rara e poucas pessoas e doentes sabem, na altura em que são diagnosticadas, do que se trata e como melhor podem gerir, é fundamental. A Raríssimas conseguiu, através da iniciativa In(Forma) Rara lançada no ano passado, criar um primeiro envolvimento entre os principais stakeholders envolvidos nesta doença. Com o novo projeto, Cidadania Rara, pretendemos alimentar a relação de valor que conseguimos criar e continuar a apoiar esta comunidade a melhor conhecerem e gerirem a sua doença”, avança Joana Neves, Psicóloga Clínica e da Saúde e Coordenadora da Linha Rara.

O novo trabalho vem juntar-se ao compromisso internacional da Raríssimas na área da Colangite Biliar Primária que juntou a comunidade internacional composta por algumas instituições de vários países para levar a cabo uma campanha de informação denominada “A CBP e Eu” que pretende dar voz aos doentes para que partilhem a sua história pessoal de contacto com esta doença nas redes sociais, com a colocação do hashtag #PBCandMe em fotos ou vídeos partilhados pelo Facebook, Instagram ou Twitter. Através da partilha de histórias pretende dar-se destaque aos sintomas físicos e emocionais escondidos da doença autoimune rara do fígado e desmistificar o fato das doenças do fígado serem causadas pelo consumo excessivo de álcool, o que pode levar ao estigma relacionado à culpa daqueles que vivem com esta patologia.

Em Portugal calcula-se que possam existir entre 1000 e 2000 casos de Colangite Biliar Primária, sendo uma doença que afeta sobretudo mulheres. A CBP é uma doença que, em alguns casos, pode registar 10 anos até ao seu diagnóstico sendo que, dentro deste tempo, pode evoluir para cirrose, insuficiência hepática, transplante do fígado ou até mesmo a morte do doente.

Embora o CBP possa afetar homens e pessoas mais jovens, tem uma maior incidência nas mulheres com mais de 40 anos. Os sintomas mais comuns são cansaço extremo, dor abdominal e prurido.

Investigadores
Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto defenderam hoje que é necessário aproximar os espaços...

“Neste estudo, quisemos averiguar se os espaços verdes do município do Porto estavam distribuídos de forma equitativa pelo território, algo nunca estudado até à data no nosso país”, refere Ana Isabel Ribeiro, coordenadora da investigação, publicada na revista “International Journal of Environmental Research and Public Health”.

Desenvolvido na Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit), do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), o trabalho apresenta contributos para o ordenamento do território portuense.

Os autores fizeram um levantamento dos espaços verdes públicos e de acesso livre existentes na cidade e avaliaram a qualidade dessas áreas, usando um instrumento de auditoria validado internacionalmente. Aspetos como a presença de instalações para prática de atividade física, qualidade ambiental, presença de elementos de conforto e ainda questões relacionadas com a segurança, foram tidos em conta.

Os resultados, disponibilizados à Lusa, mostram que, “embora a maioria dos locais da cidade (80%) possua pelo menos um espaço verde a uma distância aceitável (o equivalente a 10 minutos a pé), as áreas mais desfavorecidas da cidade estão, por regra, a uma distância maior de espaços verdes”.

De acordo com os investigadores, este facto poderá ajudar a perceber o motivo pelo qual as populações mais desfavorecidas apresentam menores níveis de atividade física e piores indicadores de saúde.

“As pessoas mais pobres já fazem menos atividade física, porque têm menos recursos económicos. Se o ambiente onde elas se inserem também não favorecer a prática de atividade física, existirá menos motivação para adotarem comportamentos e estilos de vida saudáveis”, considera a investigadora Ana Isabel Ribeiro.

Além disso, acrescenta “a qualidade dos espaços verdes situados na vizinhança das zonas mais desfavorecidas é inferior. Existem maiores problemas de segurança, assim como menos equipamentos para a prática de atividade física e menor disponibilidade de elementos de conforto, como casas de banho públicas e locais de descanso, entre outros”.

Segundo a investigadora, uma das hipóteses para melhorar esta situação poderá passar pela “aproximação dos espaços verdes das áreas de residência das populações mais desfavorecidas, até porque, à partida, são estas as pessoas que beneficiariam mais com estes espaços”.

“Além disso, deveria apostar-se na melhoria da qualidade dos espaços em si, aumentando, por exemplo, o número de equipamentos disponíveis para a prática de atividade física nos parques e nos jardins da cidade, sobretudo, nas zonas mais pobres. A nível de estética e de conforto, seria útil introduzir equipamentos que levam as pessoas a usarem as áreas verdes e a permanecerem nelas, como cafés, quiosques, casas de banho públicas, bancos e caixotes do lixo”, defende Ana Isabel Ribeiro.

O estudo designado “Socioeconomic Inequalities in Green Space Quality and Accessibility – Evidence from a Southern European City” é também assinado pelos investigadores Elaine Hoffimann (primeira autora) e Henrique Barros.

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