DGS quer partilhar com Ordem dos Médicos autoria das normas de orientação clínica
“Tem sido um sucesso e vamos reforçar. Vamos trabalhar mais esta área com a Ordem dos Médicos e fazer com que as normas, em lugar de serem da inteira responsabilidade da Direção-geral da Saúde (DGS), passem também a ser da Ordem dos Médicos em termos paritários. E porque não a sua assinatura ser conjunta, do diretor-geral e do bastonário?”, questionou Francisco George.
As normas de orientação clínica são um conjunto de recomendações técnico-científicas sistematizadas e que visam apoiar o médico na tomada de decisões acerca dos cuidados de saúde dos seus doentes. No fundo, resumem os dados científicos acerca de uma patologia ou de um tratamento e disponibilizam-nos ao médico, para que atue da melhor maneira possível.
O diretor-geral da Saúde assume que as normas de orientação clínica (NOC) foram o trabalho que mais duvidou que fosse possível cumprir nos seus 12 anos a liderar a DGS, de onde sai dentro de um mês por ter atingido os 70 anos.
Quando se iniciou, com a Ordem dos Médicos, o trabalho de produzir as NOC “muitos pensavam que ia ser difícil”. Noutros países há agências com muita experiência e recursos e em Portugal não havia esse hábito, que acabou por ser uma imposição da ‘troika’.
“Pensei que se não fosse [um trabalho] bem feito poderia ser alvo, em congressos, de chacota, de discórdia e de revolta. Começámos depois a ver que as normas eram muito boas, muito bem feitas. Mobilizámos 500 consultores nas várias especialidades e agora estamos num processo de auditorias. Têm sido bem aceites. Nunca existiu um congresso em que tivessem sido postas em causa”, descreve.
Agora, as normas de orientação clínica devem ser reforçadas, sendo um trabalho conjunto com a Ordem dos Médicos, que poderá assinar os documentos em conjunto com a DGS, o que significará que resultam de um consenso e são corretas.
Para avançar com estas normas conjuntas vão ser inicialmente escolhidos 20 temas, que abarquem as doenças mais frequentes, como diabetes, patologias do foro cardiovascular e outras que possam ser causa de mortalidade precoce.
Aliás, Francisco George considera como “uma das marcas deste mandato” na DGS o combate à mortalidade precoce, antes dos 70 anos.
“Não tem o mesmo significado um enfarte do miocárdio fulminante aos 65 anos ou aos 85. Há aqui uma diferença e temos de olhar para ela. Temos de fazer com que as pessoas de 65 anos vivam mais 20”, declarou o responsável pela saúde pública em Portugal, que vai abandonar o cargo ao fim de 44 anos dedicados à administração pública.