Atividades cognitivas reduzem risco de doença
No âmbito do Dia Mundial do Alzheimer, que todos os anos se assinala a 21 de Setembro, o neurologist

A Doença de Alzheimer (DA) é assim designada em homenagem ao neuropsiquiatra alemão Alois Alzheimer que em 1907 identificou as alterações celulares que caracterizam a doença. No essencial, a DA é uma doença neurodegenerativa, irreversível, que cursa com uma perda progressiva dos neurónios e consequentemente determina o aparecimento de demência - perda progressiva das funções cognitivas (memória, raciocínio, orientação, atenção, linguagem). Com o evoluir da doença podem ocorrer alterações de comportamento (agitação, agressividade) e do humor (depressão). Nos estádios mais avançados ocorrem também alterações motoras e incontinência de esfincteres.

Dados epidemiológicos

A DA é a causa mais comum de demência. Manifesta-se habitualmente depois dos 65 anos e sua prevalência aumenta exponencialmente com a idade (duplica a cada 5 anos) afetando aos 90 anos, mais de 50% das pessoas.

De acordo com dados da OMS estima-se que o número total de doentes a nível mundial ultrapasse os 25 milhões, prevendo-se que, com o envelhecimento demográfico, este número triplique até 2050. Em Portugal, o número de pessoas com demência rondará os 160-180 000 e destes, 50 a70% têm DA.  

Após o aparecimento dos primeiros sinais, os doentes com DA sobrevivem em média 8 a 10 anos.

O que causa a doença de Alzheimer?

As causas da DA são ainda mal conhecidas. Numa pequeno número de doentes (<5%), a DA pode resultar de mutações genéticas. Nestas formas hereditárias, a doença inicia-se numa idade precoce (antes dos 65 anos) e habitualmente é possível identificar outros casos na família com as mesmas características.

Na grande maioria dos casos, não é possível apurar a causa da doença. Acredita-se que esta resulte de uma combinação de vários fatores. Através de estudos populacionais que compararam as características das pessoas com e sem doença, foram identificados alguns fatores que se associam a um maior risco de desenvolver a doença.

Estes fatores de risco são classificados pela sua natureza em ‘não-modificáveis’ e ‘modificáveis’. Os fatores ‘não-modificáveis’ são: idade superior a 65 anos, género feminino, ter um parente em 1º grau com DA e ser portador de um fator genético (genótipo Apo E4). Os ‘modificáveis’, mais importantes pois a sua correção pode minimizar o risco da doença, incluem: alteração do sono (apneia obstrutiva do sono), depressão, baixo nível de escolaridade e condições ou doenças que causam doença vascular: hipertensão arterial, o tabagismo, a diabetes, a obesidade e o sedentarismo.

É possível prevenir a DA?

A forma mais imediata de minimizar o risco de desenvolver a doença é controlar os fatores de risco modificáveis. Por outro lado, algumas medidas simples podem melhorar a saúde cerebral. O desenvolvimento de atividades cognitivas e sociais (ex. leitura, dança, jogos de mesa) e a prática regular de exercício físico reduzem o risco de declínio cognitivo. Alguns estudos mostram que a ingestão de uma dieta do tipo mediterrânico, com consumo de peixe, também diminui o risco de DA.

Tratamento

Dos medicamentos atualmente disponíveis, alguns (donepezilo, galantamina, rivastigmina) promovem o aumento de acetilcolina, um neurotransmissor importante nos processos cognitivos. Um outro fármaco, a memantina, aprovado para o tratamento das fases moderada e grave da doença, atua por redução da toxicidade neuronal. Deve salientar-se que o benefício destes fármacos é limitado e não previne nem evita a progressão da doença. Para além do tratamento farmacológico, o recurso a técnicas de reabilitação cognitiva permite estimular as capacidades cognitivas e pode ser de grande utilidade nos estádios ligeiros da doença.

Atualmente, estão em investigação vários fármacos que poderão revolucionar o tratamento da doença de Alzheimer. Esses fármacos ainda em fase experimental atuam direta e específica nos mecanismos envolvidos na neurodegeneração. Se o princípio for cumprido, teremos pela primeira vez a possibilidade de intervir na história natural da doença. Apesar de ser necessário a realização de estudos de maiores dimensões (alguns já em curso) para comprovar a eficácia desses fármacos, os resultados dos primeiros ensaios clínicos são promissores e deixam-nos confiantes relativamente ao tratamento da DA.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Tumores
Cientistas do Instituto de Medicina Molecular (iMM) criaram um vírus de ratinho com material genético de um vírus herpes humano...

O vírus quimera gerado quando infeta ratinhos é viável e provoca infeção persistente nas células que, em humanos, leva ao aparecimento de alguns tipos de cancro, como linfomas (cancros do sangue) e sarcoma de Kaposi (cancro dos tecidos vasculares que se manifesta na pele e surge nas pessoas infetadas pelo vírus da sida).

Para este trabalho de engenharia genética, a equipa usou o vírus Kaposi, um vírus do tipo herpes humano que tem um equivalente nos ratinhos. Ambos têm uma proteína, a LANA, que desempenha a mesma função, embora adaptável ao seu hospedeiro.

Segundo o coordenador do grupo de investigação do iMM, Pedro Simas, esta proteína tem uma "função crucial, permite ao vírus persistir no organismo, estabelecer uma infeção persistente", que, nos humanos, degenera em determinados cancros.

Sendo o vírus humano e o vírus dos ratinhos "muito parecidos", com a mesma proteína funcional, "o modelo de vírus" nos roedores "serve para extrapolar para o que acontece na infeção humana", sustentou à Lusa o investigador.

Pedro Simas explicou que se a função da proteína for inibida, o vírus não sobrevive e o tumor morre.

"Por isso, é um alvo terapêutico muito bom", frisou.

Partindo deste pressuposto, os investigadores criaram o modelo de vírus animal para testar moléculas inibidoras da proteína e ver como esta se comporta.

Os resultados do trabalho, realizado pelo Instituto de Medicina Molecular em colaboração com a Harvard Medical School, nos Estados Unidos, foram publicados na revista científica PLOS Pathogens.

Estudo conduzido em ratos
Uma equipa de investigadores da Universidade de Washington, Estados Unidos, descobriu como converter a gordura corporal “má” em...

Estes resultados abrem caminho para a possibilidade de desenvolver tratamentos mais eficazes para a obesidade e para a diabetes associada ao aumento de peso em pessoas, segundo os autores.

A gordura má, designada por gordura branca, é responsável pelo armazenamento de calorias e aloja-se na barriga, anca e coxas, enquanto a gordura castanha, ou gordura boa, encontrada na zona do pescoço e ombros, ajuda a queimar calorias através de um processo que gera calor.

No estudo, cujos resultados foram publicados hoje na revista Cell Reports, a equipa liderada por Irfan J. Lodhi bloqueou a atividade de uma proteína presente na gordura branca, transformando-a em “gordura bege”. Esta alteração causou um aquecimento das células que acelerou a queima de calorias.

Lodhi explica que a gordura castanha dos ratos tem níveis reduzidos de uma proteína chamada 'PexRAP' e, quando os animais são colocados num ambiente frio, esses níveis diminuem também na gordura branca, aproximando o seu comportamento ao da gordura boa.

“O frio induz a gordura castanha e bege a queimar energia armazenada e produzir calor”, clarifica o investigador.

Nas mesmas experimentações, a equipa descobriu que os ratos modificados tinham mais gordura bege, queimavam mais calorias e eram mais magros em comparação com os outros, mesmo quando comiam a mesma quantidade de comida.

Este tipo de gordura foi descoberto em humanos adultos em 2015 e, apesar de constituir uma espécie de nível intermédio, o seu funcionamento assemelha-se mais ao funcionamento da gordura castanha, constituindo, na opinião de Lodhi, uma potencial forma de combater a obesidade.

“A nossa investigação sugere que ao atacar uma proteína na gordura branca, conseguimos converter gordura má num tipo de gordura que combate a obesidade”, explica o investigador, acrescentado que se o mesmo puder ser feito de forma segura em humanos, será mais fácil perder peso.

Nos Estados Unidos, mais de dois terços dos adultos têm excesso de peso ou são obesos, e cerca de 30 milhões de pessoas têm diabete, números que poderão diminuir, segundo os autores, com a descoberta de terapias que tenham o mesmo efeito de conversão.

“O desafio será encontrar formas seguras de fazer isso sem causar sobreaquecimento ou febres nas pessoas, mas os farmacêuticos têm agora um bom alvo”, conclui Lodhi.

Associação alerta
A Associação Nacional dos Cuidados Continuados alertou que muitas unidades estão em risco de fechar por causa de problemas...

Num documento de 17 páginas, a Associação Nacional dos Cuidados Continuados (ANCC) faz um diagnóstico sobre o funcionamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e apresenta propostas para solucionar os respetivos problemas.

Entre os vários problemas, a ANCC dá particular ênfase aos constrangimentos financeiros, apontando que “estão a levar muitas UCCI a problemas financeiros gravíssimos, correndo o risco de encerrar em breve, pelo simples facto de os seus custos serem superiores às receitas”.

De acordo com a associação, muitas das Unidades de Cuidados Continuados Integrados (UCCI) endividaram-se “em muitos milhões de euros” na construção e reabilitação de edifícios para que fossem ao encontro das exigências da RNCCI, obras para as quais precisaram de pedir empréstimos bancários.

“As organizações sentem-se defraudadas nas expectativas criadas e ignoradas sistematicamente, o que não deixa de ser um paradoxo pois o Governo (disse) que pretende aumentar a oferta de camas, nomeadamente na tipologia de Longa Duração, sendo esta precisamente a tipologia onde o Estado paga o valor mais baixo”, defendeu a organização.

Nesse sentido, a ANCC quer que o Estado pague um “valor justo” para que as unidades possam funcionar de forma adequada e sem constrangimentos financeiros.

Lembrou que as comparticipações pagas pelo Estado estão congeladas desde 2011, que as sucessivas alterações legislativas têm obrigado as unidades a contratar mais recursos humanos, além de outros problemas como o aumento da taxa social única ou do salário mínimo nacional, ou as dívidas e atrasos de pagamentos por parte do Estado.

Ainda em matéria financeira, a ANCC adiantou que as unidades “são afetadas por um volume cada vez maior de dívidas, que atingem dezenas de milhares de euros por ano, referentes ao montante que compete a cada utente”.

Além disso, apontou que há um aumento generalizado dos custos “por força do envio de doentes cada vez mais complexos do ponto de vista clínico e social”.

No que diz respeito ao funcionamento das unidades, a ANCC criticou que não haja meios legais que permitam a libertação de vagas na RNCCI, apontando, por outro lado, que o contrato celebrado entre a UCCI e o utente é ineficaz, já que não permite ultrapassar constrangimentos como os incumprimentos por parte do utente.

Para a associação, a RNCCI “tem evoluído num sentido tendencialmente oposto ao princípio para o qual foi criada”, avisando que se a atualização contratual com o Estado não for feita “com urgência”, restam apenas dois caminhos à rede: prestação de serviços de má qualidade ou insolvência das organizações que contratualizam com o Estado, no caso as Administrações Regionais de Saúde (ARS) e o Instituto de Segurança Social (ISS).

O documento, com todas as críticas e propostas, foi enviado na segunda-feira ao ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, com o pedido de uma audiência com caráter de urgência.

A ANCC, criada a 26 de julho, é uma associação que junta mais de 20 organizações com UCCI, localizadas de norte a sul do país, desde Instituições Particulares de Solidariedade Social, Cooperativas, Mutualidades, Fundações e Entidades Privadas com fins lucrativos, representando “mais de 20% do total dos prestadores”.

Doenças neurodegenerativas
O comissário europeu para a investigação, ciência e inovação, Carlos Moedas, salientou hoje que sem ciência não há soluções...

“Isso é mau, a Europa tem de investir mais”, disse o comissário europeu hoje em Lisboa, onde participou numa mesa redonda sobre “Doença de Alzheimer: Estratégias Abrangentes de Aproximação”, no âmbito da conferência sobre a doença a decorrer esta semana na Fundação Champalimaud.

O responsável lamentou a “dualidade da Europa”, que por um lado tem um discurso de apoio à ciência e investigação, mas que por outro se propõe cortar 500 milhões de euros no orçamento para 2018 que está em debate.

O investimento na investigação na área da saúde foi superior a cinco mil milhões de euros nos últimos 10 anos, havendo mais de três mil projetos em curso, ainda que os objetivos de muitos deles não sejam à partida explícitos para o cidadão comum, disse o comissário a propósito da aposta europeia na investigação das doenças.

E porque as doenças não têm fronteiras, Carlos Moedas salientou a importância da cooperação afirmando: “nenhum país pode descobrir a cura para o Alzheimer sozinho”.

A cooperação foi considerada também importante para os outros dois participantes na mesa redonda, o ministro da Saúde de Portugal, Adalberto Campos Fernandes, e o diretor de saúde mental e abuso de substâncias da Organização Mundial de Saúde (OMS), Shekkar Saxena, este a afirmar que a doença de Alzheimer é uma prioridade para a organização e que cada país deve ter uma estratégia.

Salientando as consequências sociais e económicas das demências, Shekkar Saxena lamentou que em muitos casos não são diagnosticadas atempadamente e pediu um envolvimento não só dos especialistas mas de todo o sistema de saúde.

“O papel da sociedade civil é muito importante e um deles é criar comunidades amigas das pessoas com demência. Cada país deve fazer isso”, desafiou. Uma participante no debate, cuja mãe tem Alzheimer, deu exemplos de como falta essa comunidade amiga e acabou por ser a autora da única intervenção bastante aplaudida.

E de cooperação falou também o ministro da Saúde, exemplificando com o recente protocolo com Espanha para a compra de medicamentos em conjunto, mas também das novas realidades às quais se têm de adaptar as políticas de saúde, incluindo na área das doenças mentais.

Adalberto Campos Fernandes disse também que o Governo terá em breve uma estratégia para as doenças mentais, que são “um problema central para as próximas décadas” e que têm de ser vistas não apenas na perspetiva do doente mas também da família em que se insere.

Da plateia, Caldas de Almeida, professor de psiquiatria e especialista em saúde mental, disse ser necessário dessacralizar as doenças mentais, porque hoje as pessoas têm medo dos portadores de demências e não se relacionam com elas.

E Maria de Belém Roseira, antiga ministra da saúde, lamentou que nas conferências como a que agora decorre em Lisboa, e que junta 80 especialistas mundiais, todos concordem com estratégias e abordagens, embora muitas vezes se esqueçam mal saem do local dessas conferências. Também recebeu alguns aplausos.

O encontro sobre a doença de Alzheimer, até sexta-feira, junta mais de 80 especialistas e é organizado pela Fundação Champalimaud com o apoio da Fundação Rainha Sofia, de Espanha.

Pretende debater a investigação sobre saúde social e normalização da vida das pessoas com demência e suas famílias e os avanços científicos na investigação de doenças neurodegenerativas, especialmente as doenças de Alzheimer, Parkinson e Huntington.

Estudo
Vários comportamentos na adolescência condicionam a perceção do estado de saúde no adulto, conclui um estudo de um investigador...

Segundo o investigador João Paulo Figueiredo, citado num comunicado da ESTeSC hoje enviado à agência Lusa, "o tipo de frequência e o abandono escolar, o ingresso no mercado de trabalho e as suas circunstâncias, a participação em atividades de lazer ou sociorrecreativas e determinados estilos de vida, tais como a alimentação, os hábitos de consumo de álcool e tabaco, entre outros", estão relacionados com a perceção do estado de saúde na idade adulta.

Apesar de revelar que a maioria da população do concelho de Coimbra perceciona ter um bom estado de saúde (47,1%), o estudo conclui que as pessoas que deixaram de estudar na adolescência "revelaram um agravamento da sua perceção de saúde subjetiva no momento presente, quer ao nível físico quer ao nível mental, comparativamente às pessoas que prosseguiram com os seus estudos".

"Foi também muito interessante constatar que as pessoas que tinham abandonado os estudos no período da adolescência, mas que voltaram a estudar já na vida adulta, revelaram melhor perceção de saúde no momento atual comparativamente às pessoas que indicaram que o regresso ao ensino ainda se dera no período da adolescência", explica João Paulo Figueiredo.

Segundo o comunicado da ESTeSC, os resultados mostram que alguns fatores de risco presentes na adolescência revelaram ter continuidade na vida adulta, o que "desperta a motivação da necessidade de ir mais além do que controlar a doença ou sintomas e promover estilos de vida saudáveis".

Para João Paulo Figueiredo, é necessário que vários parceiros sociais com responsabilidade nestas áreas se envolvam em "estratégias multidisciplinares - económicas, políticas e de desenvolvimento social - que possam atuar no combate aos vários determinantes sociais".

O investigador considera que deve ser efetuado um forte investimento na promoção da saúde junto das populações, através da educação e sensibilização nas escolas e da introdução de medidas dissuasoras de estilos de vida prejudiciais à saúde.

Isso é crucial "para que o indivíduo seja cada vez mais agente e promotor de saúde, contribuindo para reduzir os efeitos de fatores responsáveis pela morbilidade e mortalidade na vida adulta".

"A classe média baixa foi aquela onde as pessoas revelaram maior défice de saúde na maioria dos indicadores estudados", afirma o docente da ESTeSC.

De acordo com o estudo, os fatores externos com maior impacto negativo no perfil de saúde observaram-se em pessoas com idades mais avançadas, do sexo feminino, na condição de viuvez, religiosas, com baixas habilitações literárias, proprietárias da sua habitação, desempregadas, reformadas ou empregadas com vínculos precários.

A investigação acrescenta ainda que "a pior condição de saúde percebida foi predita por pessoas que consultaram o médico nos últimos três meses, com múltiplas consultas e com acesso a uma só entidade de saúde, que controlavam a tensão arterial e colesterol, e portadores de doença crónica".

O estudo envolveu 1.214 habitantes, adultos (igual ou superior a 35 anos), de ambos os sexos, residentes no concelho de Coimbra, distribuídos de forma proporcional em todas as freguesias, durante um período de dois anos (2011-2013).

Ciência e Tecnologia
Portugal pretende ter, em 2022, uma unidade de saúde capaz de tratar anualmente 700 doentes com cancro recorrendo à física de...

A informação foi avançada à Lusa pelo ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, que ontem participou em Viena, Áustria, na abertura da 61.ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atómica.

Manuel Heitor aproveitou a deslocação a Viena para recolher apoio técnico para o projeto por parte da agência, cujo diretor-geral, Yukiya Amano, disse, virá a Portugal em abril.

Portugal espera congregar ainda o apoio do CERN - Organização Europeia para a Investigação Nuclear, da qual faz parte, e da universidade norte-americana do Texas, com a qual reforçou a cooperação científica e tecnológica para as terapias oncológicas, adiantou, precisando que a cidade texana de Houston dispõe de uma unidade de tratamento de cancro com tecnologia nuclear de protões de alta energia.

Segundo o ministro, esta tecnologia, baseada em feixes de protões de "alta intensidade", é também utilizada com aplicações na oncologia na Alemanha, no Reino Unido e na Suíça, estando a ser estudada em Espanha.

"É uma tecnologia que está a emergir no mundo (...), que permite o tratamento eficaz de cancros que não conseguem ser tratados com as tecnologias mais convencionais e reduz os efeitos secundários de tratamentos baseados na quimioterapia ou radioterapia", assinalou.

A nova unidade de tratamento de doentes com cancro, do Serviço Nacional de Saúde, que o ministro espera possa estar instalada nos próximos cinco anos, poderá vir a funcionar no 'campus' tecnológico e nuclear do Instituto Superior Técnico, em Bobadela, Loures, aproveitando a "maior concentração de técnicos em ciências e tecnologias nucleares".

No fundo, é "reorientar muita dessa capacidade para as terapias oncológicas", acentuou, lembrando que a "possibilidade de formar mais técnicos" surgiu este ano letivo com a abertura de mais vagas no ensino superior em física, a pensar na aplicação médica.

O projeto, para o qual foi criado um grupo de trabalho, formado nomeadamente por representantes do ministério, do Instituto Superior Técnico e do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, implica um investimento de 100 milhões de euros, que Manuel Heitor pensa poder ser suportado por fundos comunitários e por fundos reembolsáveis do Banco Europeu de Investimento.

Ontem, na abertura da 61.ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atómica, o diretor-geral, Yukiya Amano, recordou que o uso das tecnologias nucleares na saúde humana "ajuda a salvar anualmente milhões de vidas", realçando que a agência "trabalha com os governos para aumentar a experiência dos países em radioterapia e medicina nuclear".

Alzheimer's Global Summit
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que a doença de Alzheimer se tornará "um dos maiores...

"Alzheimer afeta a saúde, a felicidade e a dignidade de pessoas por todo o mundo. E somos nós, como sociedade global, que temos de levar esta luta por diante, agora, antes de enfrentarmos um problema muito maior daqui a 30 ou 40 anos. Agora é o momento de agir", declarou o chefe de Estado, num discurso em inglês.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou este apelo na abertura oficial da cimeira internacional "Alzheimer's Global Summit", na Fundação Champalimaud, em Lisboa, que é organizada por esta instituição em conjunto com a Fundação Rainha Sofia, de Espanha.

Depois de pedir urgência na luta contra esta doença, acrescentou: "É por isso que não posso estar mais orgulhoso de me juntar a vocês nesta cimeira. Aqui, na Fundação Champalimaud, estamos prestes a embarcar numa viagem para a qual futuras gerações poderão vir a olhar como histórica, como o momento em que um movimento global se juntou para derrotar uma das doenças mais temidas do planeta".

O Presidente da República referiu-se ao Alzheimer como "uma doença cruel, capaz de roubar a personalidade e a saúde dos indivíduos" e cujo impacto se estende à família, às comunidades e sociedades.

"Portanto, é muito mais do que uma doença e vai tornar-se um dos maiores problemas sociais nas próximas décadas", considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que "a cada ano a prevalência da doença aumenta" e apontou como "uma das questões fundamentais" atuais saber "como se pode ajudar doentes, famílias e comunidades nesta luta".

No início da sua intervenção, o chefe de Estado expressou "gratidão e admiração" pelo papel da rainha Sofia - que esteve presente nesta sessão de abertura - na luta contra a doença de Alzheimer.

O Presidente da República elogiou também Leonor Beleza, pelo seu "trabalho inspirador como presidente da Fundação Champalimaud", e os cientistas presentes nesta cimeira, entre os quais António e Hanna Damásio.

"Têm todos a minha gratidão", disse.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde reconheceu hoje que Portugal tem muito pouco trabalho feito na área das demências, afirmando que este é um...

Adalberto Campos Fernandes falava à margem da cerimónia oficial de abertura da cimeira global sobre a doença de Alzheimer, que decorre na Fundação Champalimaud, em Lisboa, até sexta-feira.

“Portugal está confrontado, tal como a Europa, com esta epidemia silenciosa que é o envelhecimento”, disse o ministro.

Para Adalberto Campos Fernandes, este é um problema europeu, e em Portugal têm-se registado nos últimos tempos um alargamento significativo da rede de cuidados.

“O Estado tem de fazer mais, mas não apenas o Estado”, disse, sublinhando a importância das parcerias que existem nesta área com as associações e famílias de doentes.

SICAD
O aumento do consumo de álcool por mulheres e de cannabis são dados de um estudo que merecem uma interpretação mais profunda,...

Um estudo do SICAD hoje apresentado revela que os consumos de álcool e tabaco e de substâncias psicoativas ilícitas, principalmente ‘cannabis’, aumentaram nos últimos cinco anos em Portugal.

“Verificamos uma subida das prevalências dos consumos de álcool e tabaco e de uma qualquer substância psicoativa ilícita (marcada, essencialmente, pelo peso do consumo da cannabis na população entre os 15 e os 74 anos, entre 2012 e 2016/17, revela o “IV Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral, Portugal 2016/17”.

O estudo visou estimar as prevalências dos consumos de substâncias psicoativas lícitas (álcool, tabaco, medicamentos – sedativos, tranquilizantes e/ou hipnóticos, e esteroides anabolizantes), e ilícitas (cannabis, ecstasy, anfetaminas, cocaína, heroína, LSD, cogumelos mágicos e de novas substâncias psicoativas), bem como das práticas de jogo a dinheiro.

Segundo o estudo, o consumo de álcool apresenta subidas das prevalências ao longo da vida, quer entre a população total (15-74 anos) quer entre a população jovem adulta (15-34 anos), e entre homens e mulheres.

Para o diretor-geral do SICAD, João Goulão, estes dados vão no sentido daquilo que os profissionais já iam assistindo no terreno.

O especialista defendeu uma análise mais profunda destes dados, a qual terá de ser feita em conjunto com os parceiros deste organismo, até porque decorreram num período “com várias ocorrências”, nomeadamente a crise económica que afetou Portugal.

João Goulão reconhece a dificuldade em “estabelecer relações de causa e efeito”, avançando que a crise e a própria retoma poderão ter contribuído para estes indicadores.

O diretor-geral do SICAD sublinha, ainda assim, o aumento do consumo do álcool nas mulheres e o consumo problemático da cannabis como dois indicadores que merecem uma interpretação mais desenvolvida.

Em termos gerais, João Goulão sublinha que, “apesar de tudo, estes consumos situam Portugal na metade inferior da tabela ao nível europeu”.

E entre as boas notícias que o diretor-geral do SICAD encontra no relatório está o decréscimo no consumo de medicamentos. “Ficamos animados, mas temos de perceber porquê”, disse.

Nos medicamentos, terceira substância mais consumida na população total, as prevalências descem, refere o inquérito, que foi iniciado em 2001, tendo sido replicado em 2007, 2012, e em 2016/2017, que envolveu uma amostra de 12 mil inquiridos, representativa da população geral entre os 15 e os 74 anos.

Desenvolvido no Porto
Um dispositivo móvel de baixo custo que verifica a acumulação de fluidos nos pulmões em doentes com insuficiência cardíaca,...

Este dispositivo, criado no âmbito do projeto Medicare, vai possibilitar a verificação dos fluidos através da medição da bioimpedância torácica, indicou à Lusa o investigador da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) José Alves, responsável pelo trabalho.

A medição da bioimpedância torácica, segundo explicou, é efetuada aplicando uma corrente elétrica de baixa intensidade no corpo do doente - para não danificar os seus tecidos -, medindo-se, de seguida, a resposta elétrica resultante, isto é, a tensão elétrica originada.

"A partir da medição desta resposta é possível estimar a resistência oferecida pelo organismo, ou seja, a sua bioimpedância", disse o investigador.

Quando ocorre uma acumulação de fluidos, como estes têm uma menor bioimpedância, os valores medidos sofrem um decréscimo, continuou.

O dispositivo de medição utilizará quatro elétrodos, colocados em posições específicas no corpo do doente, que realizarão a recolha dos dados de bioimpedância.

Esses dados serão enviados para uma aplicação móvel, já parcialmente desenvolvida, que os irá processar, informando sobre o histórico das estimativas do volume acumulado de fluidos e sobre as alterações que possam ter surgido nos últimos dias.

A insuficiência cardíaca "é uma das maiores causas de hospitalização na União Europeia e nos Estados Unidos em pessoas com idades superiores a 65 anos, estando associada a elevados custos hospitalares", contou o investigador.

Sendo a acumulação de fluidos nos pulmões um dos principais sinais de deterioração grave de saúde nesses doentes, a sua deteção precoce permitirá reajustar a medicação e auxiliar num diagnóstico inicial da doença, evitando potenciais hospitalizações, acrescentou.

José Alves indicou que existem tecnologias semelhantes no mercado, no entanto, são restritas ao ambiente hospitalar. As móveis são caras, havendo ainda algumas mais acessíveis mas pouco precisas nas medições que efetuam.

De acordo com o investigador, o que diferenciará este sistema dos restantes é o seu baixo custo, a portabilidade e a precisão das medições, permitindo ao doente, aos seus cuidadores informais e cardiologistas receber informação adicional acerca do seu estado de saúde.

Este dispositivo será depois integrado no projeto europeu SmartBEAT, que tem como principal objetivo a deteção precoce de sinais e sintomas associados à insuficiência cardíaca.

O Medicare é um dos 14 projetos criados por alunos de diferentes faculdades com o apoio do centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS, sediado no Porto, no âmbito de uma iniciativa anual que lhes permite desenvolver o seu trabalho, orientado para a criação de soluções práticas que contribuem para a qualidade de vida da população.

Este trabalho, agora da responsabilidade de José Alves, é supervisionado por Filipe Sousa, da Fraunhofer Portugal AICOS, e pelo professor Miguel Velhote Correia, da FEUP, tendo sido iniciado pelo investigador Ricardo Silva, da mesma faculdade.

Relatório
As doenças respiratórias crónicas são responsáveis por 12,4% dos óbitos e constituem a terceira causa de morte em Portugal,...

Cristina Bárbara, que apresentou o relatório do Programa Nacional para as Doenças Respiratória de 2017, disse à agência Lusa que “anualmente 12% dos óbitos em Portugal são provocados por doenças respiratórias”, mas tem-se registado uma tendência de diminuição do número de “mortes prematuras” por doenças respiratórias, ou seja, as registadas em pessoas abaixo dos 70 anos.

Mas as “não prematuras, que afetam pessoas acima dos 70 anos, têm aumentado", contrapôs, frisando que é esta faixa etária a que tem contribuído mais para colocar as doenças respiratórias como a terceira principal causa de morte em Portugal.

“Outro aspeto que tem vindo a evidenciar-se ao longo dos anos é que, enquanto no passado havia maior mortalidade no sexo masculino, presentemente, em números absolutos de óbitos, são iguais em homens e mulheres. E em 2015, que são os últimos dados fechados e oficiais do INE, até houve um ligeiro aumento por parte das mulheres”, disse Cristina Bárbara, justificando a “equalização no género” com o aumento de hábitos tabágicos entre o sexo feminino.

A especialista considerou que a existência de “melhores cuidados de saúde, diagnósticos precoces e melhores tratamentos” têm permitido colocar Portugal “num lugar privilegiado no panorama dos países da OCDE [Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico na Europa] no que diz respeito à asma e à Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC)”, com o segundo lugar entre os países com menor número de internamentos, atrás da Itália.

”No último relatório da OCDE, de 2016, Portugal e Itália são os países com menores internamentos por ano em DPOCI. Isto é muito importante porque é um bom indicador da qualidade dos cuidados de saúde, porque os internamento por asma e DPOC são considerados internamentos evitáveis”, explicou.

Por isso, Cristina Bárbara colocou o foco na adoção de “medidas a nível de cuidados de saúde primários, quer de caráter preventivo, como uma vacina para a gripe, quer de caráter terapêutico”, para se “conseguir evitar exacerbações das doenças e os internamentos”.

Por isso, salientou, é necessário implementar em todos os agrupamentos de centros de saúde do país “uma rede nacional de espirometria”, exame que permite detetar a DPOC e que foi realizado a mais de 3.000 pessoas no âmbito de um projeto-piloto realizado no Algarve e no Alentejo.

“Foi detetada alteração, no sentido de obstrução brônquica, em 26%. E a deteção permite que as pessoas deixem de fumar, façam vacinação da gripe e medicação preventiva, permitindo reduzir as idas às urgências e os internamentos, melhorar a qualidade e a esperança de vida”, sublinhou.

A mesma fonte destacou ainda a comparticipação que o Estado dá de 80% na aquisição de câmaras expansoras, “uma forma de administração por inaladores que aumenta a eficácia dos fármacos”.

Administração Regional de Saúde
A Administração Regional de Saúde do Norte anunciou hoje que vai colocar mais 36 especialistas em Medicina Geral e Familiar,...

Em comunicado, refere que os especialistas a colocar “brevemente” destinam-se em especial a zonas mais carenciadas e do interior, nomeadamente no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Tâmega (concelhos de Celorico de Basto, Cinfães e Resende); Douro Sul (concelhos de Lamego, Sernancelhe, Tarouca e Moimenta) e Alto Tâmega e Barroso (concelhos de Chaves e Valpaços), entre outros.

“Esta e outras medidas que continuam a ser levadas a efeito, enquadram-se na estratégia e objetivos assumidos pela atual tutela do Ministério da Saúde que, junto dos portugueses, se comprometeu a alargar o âmbito da prestação, atribuindo Equipa de Saúde Familiar a todos os cidadãos, independentemente da área geográfica onde residam”, acrescenta a Administração Regional de Saúde, sublinhando que a cobertura assistencial na região, em termos de Medicina Geral e Familiar, está “muito próxima 100%”.

Estudo
Quase metade da população residente em Portugal aposta em jogos da fortuna ou azar, sendo a prevalência mais elevada entre os...

“A prevalência de jogos de fortuna ou azar é de 48% na população residente em Portugal”, sendo mais alta entre os homens (51%) do que entre as mulheres (45,2%), adianta o “ IV Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral, Portugal 2016/17”, apresentado em Lisboa.

Na população mais jovem (15-34 anos) a prevalência de jogadores é “um pouco inferior”, situando-se nos 42,8%, refere o estudo, que observou uma descida de quase 20 pontos percentuais para o total da população face a 2012.

O estudo, iniciado em 2001 e que foi replicado em 2007, 2012, e em 2016/2017, envolvendo uma amostra de 12 mil inquiridos, representativa da população geral entre os 15 e os 74 anos, estimou a prevalência das práticas de jogo a dinheiro e a prevalência dos consumos do álcool, tabaco, medicamentos e de substâncias psicoativas ilícitas em Portugal.

Segundo o teste ‘South Oaks Gambling Screen’, baseado em 20 indicadores que visam identificar jogadores patológicos, 46,2% da população “não apresenta quaisquer problemas de dependência” destes jogos.

Comparativamente a 2012, as prevalências de jogadores com alguns problemas e com probabilidade de serem jogadores patológicos subiu de 0,3% para 1,2% e de 0,3% para 0,6%, respetivamente.

Os resultados provisórios do IV Inquérito Nacional à População Geral 2016/2017 mostram também as “taxas de continuidade do consumo de substâncias psicoativas”.

Estas taxas são mais altas nas substâncias lícitas, principalmente no álcool (cerca de 70%), e mais baixas nas ilícitas, sobretudo nas anfetaminas e nos cogumelos alucinogénios (entre 0% e 1%)”.

“São mais elevadas entre os homens”, exceto no consumo de cocaína e heroína, e nos jovens adultos, com exceção do álcool e medicamentos.

Face a 2012, subiram as taxas de continuidade do consumo de tabaco, medicamentos, ‘cannabis’, heroína e das novas substâncias psicoativas.

Outra das conclusões do estudo aponta que a grande maioria da população geral “é abstinente do consumo de substâncias psicoativas ilícitas” (90% no que respeita a qualquer substância ilícita, chegando aos 99,8% relativamente aos cogumelos alucinogénios e novas substâncias psicoativas).

No caso dos medicamentos, esta percentagem cai para os 87,5%. Cerca de metade da população é abstinente de álcool.

Segundo o estudo, é de 1% a prevalência da população que consome abusivamente álcool, sendo “bastante mais elevada” nos homens (1,7%) do que nas mulheres (0,4%) e na população entre os 35 e os 64 anos.

De todas as substâncias, o tabaco é a que têm o consumo diário mais frequente (mais de 90% dos consumidores), seguindo-se os medicamentos e o álcool.

Entre as substâncias ilícitas, a ‘cannabis’ é a que apresenta um maior número de declarações de consumo com uma frequência mais regular.

Já 0,6% da população apresenta um risco moderado ou elevado associado ao consumo de ‘cannabis’.

Estudo
Os consumos de álcool e tabaco e de substâncias psicoativas ilícitas, principalmente ‘cannabis’, aumentaram nos últimos cinco...

“Verificamos uma subida das prevalências dos consumos de álcool e tabaco e de uma qualquer substância psicoativa ilícita (marcada, essencialmente, pelo peso do consumo da cannabis na população entre os 15 e os 74 anos, entre 2012 e 2016/17, revela o “IV Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral, Portugal 2016/17”.

O estudo visou estimar as prevalências dos consumos de substâncias psicoativas lícitas (álcool, tabaco, medicamentos – sedativos, tranquilizantes e/ou hipnóticos, e esteroides anabolizantes), e ilícitas (cannabis, ecstasy, anfetaminas, cocaína, heroína, LSD, cogumelos mágicos e de novas substâncias psicoativas), bem como das práticas de jogo a dinheiro.

Segundo o estudo, o consumo de álcool apresenta subidas das prevalências ao longo da vida, quer entre a população total (15-74 anos) quer entre a população jovem adulta (15-34 anos), e entre homens e mulheres.

O consumo do tabaco apresenta uma ligeira subida da prevalência ao longo da vida, que, segundo o relatório, “se deve sobretudo ao aumento do consumo entre as mulheres”.

Nos medicamentos, terceira substância mais consumida na população total, as prevalências descem, refere o inquérito, que foi iniciado em 2001, tendo sido replicado em 2007, 2012, e em 2016/2017, que envolveu uma amostra de 12 mil inquiridos, representativa da população geral entre os 15 e os 74 anos.

O estudo verificou também uma subida de 8,3% em 2012, para 10,2% em 2016/17, nas prevalências do consumo de substâncias psicoativas ilícita

Registaram-se subidas em ambos os géneros quando considerada a população total, uma descida entre os homens e uma subida entre as mulheres jovens adultas.

“Estas são as tendências que se verificam na ‘cannabis’”, a substância ilícita com maior peso, observam os resultados provisórios do estudo.

Os dados apontam também uma subida ligeira do consumo de cocaína na população total, embora desça entre a população jovem adulta.

As anfetaminas apresentam uma prevalência de consumo ao longo da vida igual à registada em 2012 na população total, tendo descido nos homens e aumentado nas mulheres.

Este consumo desce na população jovem adulta, embora tenha subido de 0,2% para 0,4% entre as mulheres.

O consumo de heroína também se manteve face a 2012, enquanto nas restantes substâncias consideradas há uma descida das prevalências de consumo ao longo da vida.

Sobre a idade média de início do consumo, verificou-se que o consumo do primeiro cigarro e da primeira bebida alcoólica é o que apresenta uma média de idades mais baixa (17 anos).

O consumo regular de tabaco e de ‘cannabis’ surge, em média, aos 18 anos, enquanto o dos medicamentos e dos esteroides anabolizantes aos 40 e 33 anos, respetivamente.

Comparativamente a 2012, verifica-se uma idade média de início de consumo mais tardia para o álcool, tabaco, medicamentos, anfetaminas, heroína, LSD e cogumelos alucinogénios.

Relativamente às durações dos consumos, observa-se que o álcool é a que apresenta uma maior duração média (25/26 anos), seguindo-se o tabaco, acima dos 20 anos.

Entre as substâncias ilícitas, a duração média dos consumos atuais é superior na ‘cannabis’ e na cocaína, em torno dos 15 anos.

Cuidados de saúde para jovens
Apesar de não ser a faixa etária mais fustigada por problemas de saúde, cada vez mais os jovens se p

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a maioria das mortes entre os 15 e os 24 anos de idade advém de causas externas de lesão e envenenamento. A obesidade e problemas de saúde mental (tais como a depressão) também são problemas comuns entre jovens adultos.

Que deve então esta faixa da população procurar ao nível dos cuidados de saúde e que tipo de garantias lhe são disponibilizadas no âmbito dos seguros de saúde? “A verdade é que, normalmente, os jovens até têm vantagens no que toca ao seguro de saúde, uma vez que, como tendem a ter menos problemas de saúde, o risco de virem a necessitar de cuidados hospitalares é menor e, consequentemente, o prémio a pagar é mais reduzido”, assevera Sérgio Pereira, diretor-geral do ComparaJá.pt.

A verdade é que não há seguros de saúde especialmente direcionados para jovens, pelo que estes devem optar pela oferta mainstream existente no mercado, mas sobretudo conhecer a informação que subjaz. Especialmente no universo dos seguros de saúde, existe uma série de termos e denominações específicos que devem ser do conhecimento de quem os adquire.

Portanto, quando um “millennial” contrata um seguro de saúde, há que atentar nalguns conceitos. Em primeiro lugar, no prémio do mesmo, que se trata da prestação paga pelo segurado à entidade aquando da emissão da apólice. Este centra-se no custo mensal, trimestral, semestral ou anual que terá de ser desembolsado.  

De seguida, é necessário ter-se atenção à questão do copagamento. Este varia de seguro para seguro e é basicamente o valor definido concretamente para cada despesa de saúde, ficando esse montante sempre a cargo da pessoa segurada.

Depois, e este é provavelmente o termo mais importante, é necessário verificar qual é a cobertura em termos de atos médicos, ou seja, que doenças ou procedimentos são assegurados pelo seguro que se vai adquirir. Outro conceito importante prende-se com a rede de cobertura hospitalar: é preciso ver, e questionar a seguradora se tal for necessário, em que hospitais é que é aceite o respetivo seguro, porque se não houver estabelecimentos de saúde perto da área de residência do segurado, então provavelmente não valerá a pena a sua contratação.

Depois de avaliadas as componentes técnicas inerentes aos seguros, importa questionar: existe alguma necessidade específica que os jovens devam procurar neste tipo de seguro? Como já foi referido anteriormente, os principais problemas do foro médico que afetam os jovens adultos são lesões externas. Neste sentido, é importante verificar cada uma das coberturas do seguro e se as mesmas abarcam este tipo de questões médicas.

Contudo, há um tipo de doença que – cada vez mais – se tem manifestado entre os mais jovens. A depressão afeta cerca de 8% dos jovens portugueses, conclui um estudo conjunto de investigadores da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Emory University (EUA), Max Planck Institute (Alemanha) e University of Iceland (Islândia).

Sendo um problema que cada vez mais afeta esta faixa etária da população nacional, a verdade é que há muitas seguradoras que não contemplam serviços de Psiquiatria e/ou Psicologia na sua oferta. Sendo poucos, no entanto, já vai havendo alguns seguros cuja apólice inclui este tipo de coberturas. Na altura de comparar os diferentes seguros de saúde, esta é uma das principais questões a considerar.

Ademais, cabe ainda referir que alguns seguros de saúde oferecem descontos a quem apresentar a fatura do ginásio, premiando assim os segurados que fazem desporto. Este pode ser um benefício muito bem explorado pelos jovens, que são quem tipicamente pratica mais exercício físico.

“Contudo, na altura de adquirir um seguro de saúde é importante que se faça também um levantamento da capacidade para pagar o prémio mensal e das reais necessidades em termos de saúde. Numa lógica de gestão de finanças pessoais, é importante não esquecer que o prémio do seguro de saúde é dedutível no IRS em 15% dos gastos até um limite de 1.000€”, conclui o responsável da plataforma de comparação de produtos financeiros. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
29 de setembro - Dia Mundial do Coração
Sociedade Portuguesa de Cardiologia lança KIT do CORAÇÃO e relembra a importância de controlar três dos maiores fatores de...

O que sabe sobre o seu coração?
No Dia Mundial do Coração, que se comemora do dia 29 de setembro, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) lança o Kit do Coração*, uma ferramenta disponível na página www.spc.pt com informação útil sobre as doenças cardiovasculares, fatores de risco e recomendações para uma vida mais saudável e livre de doença cardiovascular. Dando seguimento à campanha promovida pela World Heart Federation, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a Fundação Portuguesa de Cardiologia aliam-se à comunidade internacional na divulgação da mensagem “pequenas mudanças podem originar grandes ganhos na saúde cardiovascular dos Portugueses.”

De notar que 55% da população portuguesa, entre os 18 e os 79 anos, apresenta pelo menos dois dos principais fatores de risco relacionados com as Doenças Cardiovasculares, e estas continuam a ocupar o primeiro lugar no ranking das principais causas de morte, em Portugal e no mundo. A Sociedade Portuguesa de Cardiologia vê no lançamento do Kit do Coração, uma oportunidade de promover a educação sobre o risco cardiovascular e assim combater este flagelo!

O Risco Cardiovascular em Portugal:
Metade da população portuguesa adulta tem excesso de peso ou obesidade, 40% tem hipertensão arterial, 30% tem colesterol muito elevado, 25% são fumadores e 13% tem diabetes. A obesidade e o sedentarismo são dois dos principais fatores de risco responsáveis pelo desenvolvimento das doenças cardiovasculares, e o tabagismo, por sua vez, diminui em 10 anos a esperança média de vida e é responsável por 30% da mortalidade por doenças cardiovasculares, em Portugal.

Recomendações da SPC:

- Pratique uma Alimentação Saudável – Uma alimentação saudável revitaliza o seu coração dando-lhe todos os nutrientes que precisa;
- Mantenha-se Ativo – Exercitando o seu coração poderá reduzir o risco de doenças cardiovasculares;
- Preste atenção ao seu Coração – Não fume.

Fundação e Sociedade Portuguesa de Cardiologia juntas no combate às Doenças Cardiovasculares
O Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Prof. Manuel Carrageta, salienta que "o estilo de vida é fundamental para a prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares. É para os aspetos da prevenção e tratamento que o Kit do Coração chama a atenção. Apela a todos os Portugueses para que adotem, pelo menos alguns dos conselhos referidos no Kit, pois mesmo pequenas mudanças, no estilo de vida, asseguram uma vida mais saudável, feliz e mais longa".

Segundo o Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Prof. João Morais, "ao celebrar o Dia Mundial do Coração a Sociedade Portuguesa de Cardiologia aproveita para deixar uma mensagem de confiança junto dos Portugueses. Nos últimos anos tem sido possível reduzir o número de mortes por doenças cardiovasculares graças à elevada qualidade da Medicina Portuguesa, que acompanha o que de melhor se pratica no mundo moderno e desenvolvido. Está na hora dos cidadãos cumprirem também o seu papel adaptando os seus hábitos e estilos de vida a uma vida mais saudável e, desse modo, contribuírem para uma prevenção mais eficaz."

Pequenas mudanças podem transformar a sua vida e dar mais e melhor tempo ao seu coração!

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Estudo
28,5% das crianças em Portugal entre os 2 e os 10 anos têm excesso de peso, entre as quais 12,7% são obesas, de acordo com os...

Os resultados regionais do novo estudo da APCOI são ainda mais alarmantes: as crianças dos Açores foram as que apresentaram a maior percentagem de excesso de peso com 36,6%, comparativamente às restantes regiões portuguesas, sendo desde logo seguida pela Região da Madeira com 36,4%. No ranking regional dos alunos com excesso de peso segue-se a Região Norte com 31,4%, a Região Centro com 28,8%, a Região de Lisboa e Vale do Tejo com 25,8% e finalmente a Região do Alentejo e do Algarve, ambas com uma prevalência de 23,4%.

De notar ainda que a região da Madeira registou a maior prevalência de crianças obesas com 18,4% e foi a única região a registar maior percentagem de alunos com obesidade comparativamente aos alunos com pré-obesidade.

Impacto do projeto “Heróis da Fruta” no Estado Nutricional dos alunos
A equipa de investigadores da APCOI, analisou os efeitos da implementação da 6ª edição do projeto «Heróis da Fruta – Lanche Escolar Saudável» nas alterações de hábitos alimentares e no estado nutricional dos alunos participantes e as conclusões são animadoras: comparando os dados iniciais, com os recolhidos após as 12 semanas de participação no projeto observou-se que a percentagem de crianças com obesidade reduziu de 12,7% para 11,3%, correspondendo a uma descida média de 1,4%.

Todas as regiões verificaram uma redução da prevalência de obesidade com a participação no projeto “Heróis da Fruta”, tendo a Região da Madeira registado a maior descida com uma percentagem de 2,9%.

Foi também a Região da Madeira que registou as maiores e mais positivas diferenças no momento pós intervenção do projeto «Heróis da Fruta», em todas as categoriais do Estado Nutricional, nomeadamente: redução de Pré-Obesidade (1,5%), redução de Baixo Peso (1,9%) e aumento de Peso Normal (6,2%).

Destaca-se ainda a Região do Algarve que conseguiu alcançar a maior redução do baixo peso com uma percentagem de 2,8%.

Metodologia do Estudo
Esta investigação da APCOI foi realizada junto dos alunos participantes na 6ª edição do projeto “Heróis da Fruta – Lanche Escolar Saudável” no ano letivo 2016-2017. A recolha de dados, através da aplicação de um questionário antes e depois das 12 semanas de intervenção do projeto, foi reportada à APCOI pelos professores e decorreu entre os dias 16 de outubro de 2016 e 20 de janeiro de 2017. A amostra global deste estudo é composta por 17.698 crianças com idades compreendidas entre os 2 e os 10 anos de 388 estabelecimentos de ensino pertencentes a 139 concelhos dos 18 distritos continentais e das duas regiões autónomas: Açores e Madeira.

O relatório final deste estudo apresentará mais resultados sobre hábitos alimentares e estilos de vida das crianças portuguesas que serão divulgados publicamente pela APCOI nas próximas semanas.

Inscrições abertas para a 7ª edição do projeto “Heróis da Fruta”
Depois do sucesso obtido no último ano letivo, arrancam esta semana as inscrições para a 7ª edição do projeto “Heróis da Fruta – Lanche Escolar Saudável” que pretende continuar a prevenir a obesidade infantil nas escolas.

Segundo Mário Silva, presidente e fundador da APCOI: “O projeto Heróis da Fruta é atualmente a maior iniciativa gratuita de educação para a saúde em Portugal com as maiores taxas de sucesso comprovado junto das crianças que nele participam”, sublinhando ainda que “no último ano letivo o projeto contou com a participação de 10% do universo total de estabelecimentos de ensino públicos e privados que existem em todos os distritos e regiões autónomas, mas a nossa meta é chegar a 100% das escolas do país”.

A adesão à 7ª edição do projeto “Heróis da Fruta” é gratuita e está disponível para jardins de infância, escolas de 1º ciclo do ensino básico, bibliotecas escolares e ATL's, públicos ou privados, sendo apenas necessária uma inscrição através do endereço www.heroisdafruta.com ou do telefone 210 961 868 até ao dia 13 de outubro de 2017.

Diagnóstico e tratamento
Estima-se que, em Portugal, sejam diagnosticados cerca de 2 mil casos de linfoma por ano.

O linfoma é uma doença maligna que afeta os linfócitos, que são um subtipo de glóbulos brancos.

Os linfócitos têm como função a montagem e regulação da resposta imunitária contra microrganismos tais como vírus, estando ainda implicados na produção de anticorpos que nos protegem das infeções. Outras funções destas células do sistema imunitário incluem a vigilância contra os diversos tipos de cancro, sendo esse o motivo que explica o aumento das taxas de cancro dos diversos subtipos nos doentes com imunodepressão grave, como infeção HIV não controlada ou submetidos a transplante. A desregulação destas células é ainda responsável por fenómenos de autoimunidade/ doenças autoimunes.

Os linfócitos são glóbulos brancos muito versáteis que adquirem um grande leque de funções, dependendo da sua localização e da forma como se desenvolveram, ou seja, a “formação” que obtiveram durante o seu desenvolvimento. Uns são essenciais para a produção de anticorpos (linfocitos B), enquanto que outros destroem as células que são infetadas por vírus, por exemplo (linfócitos T). Assim, podemos começar por diferenciar os subtipos de linfoma tendo em consideração se a célula de origem é o linfócito T ou B. De uma forma geral, os linfomas B respondem melhor aos tratamentos que os linfomas T.

Os linfócitos habitualmente encontram-se nos gânglios linfáticos, no sangue e no baço. Podem ainda ser encontrados em menor número noutros órgãos, tais como o estômago, intestino, amígdalas, entre outros. Assim os linfomas habitualmente afetam os compartimentos onde habitualmente se encontram os linfócitos. Sendo este um “tumor líquido”, este tipo de doença pode-se encontrar em vários sítios ao mesmo tempo, sem que isso significa a presença de metástases. Dependendo do subtipo de linfócitos e da sua localização assim se classificam de forma diferencial os linfomas.

Os sintomas associados a esta patologia dependem do subtipo específico de linfoma e da sua localização, existem depois sintomas que podem surgir de forma transversal a todos os tipos de linfoma: o cansaço, a falta de apetite, a perda de peso, os suores nocturnos e a febre esporádica que, frequentemente, surge durante a tarde/noite, assim como a presença de sinais crónicos de desregulação da resposta imune, muito frequente nos linfomas ditos “crónicos”, com infeções recorrentes, como a pneumonia. Dependendo da localização, os doentes podem notar o aparecimento de gânglios aumentados ou podem vir a desenvolver anemia.

Como anteriormente referido, existe uma associação entre o aparecimento de linfoma e situações clínicas que cursam com imunossupressão. Assim os indivíduos que por qualquer motivo estejam sob medicação que suprima o sistema imunitário estão sob maior risco de desenvolver este tipo de patologia oncológica (doentes transplantados, doentes com patologia auto-imune). Da mesma forma algumas doenças congénitas/hereditárias que se definem por alguma deficiência imunitária têm um risco acrescido de desenvolver linfoma.

Classicamente os linfomas são inicialmente divididos em Linfomas de Hodgkin e Linfomas Não Hodgkin.

O linfoma de Hodgkin é caracterizado pela presença de linfócitos malignos (chamados de células de Reed-Sternberg), que provocam uma reação inflamatória desmesurada em seu redor ao desregular a resposta imunitária das células normais. Assim, o tratamento do Linfoma de Hodgkin é muito específico e diferente dos outros tipos de linfoma. Salvo algumas excepções, o linfoma de Hodgkin tem melhor prognóstico, sendo muito sensível à quimioterapia e à radioterapia. Este tipo de linfoma é mais comum no adulto jovem, tendo posteriormente outro pico de incidência no idoso, sendo que nesta faixa etária é mais difícil de obter remissão.

O Linfoma Não Hodgkin (LNH) é constituído por um grupo muito grande e heterogéneo de doenças. A classificação dos LNH tem vindo a ser otimizada ao longo dos anos, baseando-se em descobertas do ponto de vista molecular, que diferenciam os linfomas não só do ponto de vista da morfologia das células, mas também de prognóstico, levando a uma tentativa de realizar um tratamento diferencial.

Os vários subtipos de Linfoma Não Hodgkin estão relacionados com o tipo de linfócito envolvido. Existem dezenas de Linfomas Não Hodgkin diferentes mas, de uma forma mais generalista, podemos classificar os LNH em linfomas indolentes (considerados de evolução mais lenta e crónicos) e os linfomas agressivos (de evolução mais aguda, mas que são curáveis).

Os linfomas indolentes são doenças que se desenvolvem de forma mais lenta e cujas células são mais lentas a dividirem-se. Por esse motivo, quando tratados com esquemas de quimioterapia, embora se consiga atingir boas respostas com desaparecimento dos gânglios aumentados ou outras massas, não se consegue erradicar a doença na totalidade, que eventualmente, ao longo do tempo (meses a anos depois) se volta a manifestar.

Assim, o objetivo do tratamento deste tipo de linfomas passa por só tratar quando a doença preenche critérios para tal, ou seja,  quando esta começa a provocar sintomas (gânglios muito aumentados, anemia, suores, febre, infeções de repetição). Assim, tenta-se só tratar quando realmente necessário, de forma a evitar efeitos adversos e toxicidade desnecessária.

Durante a vida do doente, tenta-se sempre fazer a melhor gestão do linfoma, de forma a tratar o mais eficazmente quando necessário, tentando que a resposta seja suficientemente eficaz para permitir um longo período sem ser necessário «re-tratar». Quando a doença voltar a necessitar, é novamente tratada.

Este tipo de linfomas tem então uma evolução por paroxismos, alternando entre períodos em que são sintomáticos e que têm que ser tratados e períodos em que estão senescentes (adormecidos). Durante os períodos em que não necessitam de tratamento, os doentes mantêm vigilância regular, sendo importante evitar possíveis complicações atribuíveis à cronicidade do linfoma, como as infeções graves, motivo pelo qual recomendamos a vacinação para a gripe e para pneumonia.

Os linfomas agressivos, sendo linfomas mais sensíveis à quimioterapia, surgem de uma forma mais explosiva, necessitando rapidamente de iniciar tratamento. A resposta ao tratamento é mais rápida, sendo o objetivo deste a erradicação total da doença e consequente cura.

Assim sendo, a recaída de um linfoma agressivo tem um significado prognóstico muito mais desfavorável que a recaída de um linfoma indolente (que é expectável). Se um linfoma agressivo recidiva, significa que não foi atingida a cura e os tratamentos subsequentes têm que incluir tratamentos de quimioterapia de alta dose e eventual transplante (nos doentes jovens).

Os tratamentos de quimioterapia, com associação ou não de radioterapia, são frequentemente semelhantes e transversais entre linfomas agressivos e indolentes, tirando algumas exceções. De referir que, frequentemente, se usam esquemas de quimioterapia combinados com imunoterapia (medicamentos que são anticorpos que actuam especificamente contra moléculas presentes nas células de linfoma). A grande maioria das pessoas com linfoma conseguem manter-se sob tratamento em ambulatório e não necessitam de internamento.

Atualmente, havendo um maior conhecimento dos mecanismos de desenvolvimento dos linfomas a nível genético e molecular, vão também sendo desenvolvidos novos fármacos mais específicos, o que abre uma janela a tratamentos inovadores, e que trazem uma esperança aos doentes que tenham linfomas resistentes à quimioterapia.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Disfunção erétil
No passado dia 8 de setembro, realizou-se pela primeira vez no Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB), uma cirurgia para...

O doente submetido a este procedimento, trata-se de um indivíduo com 48 anos de idade, vítima de um acidente de viação grave, do qual resultaram várias fraturas da bacia, lesão do plexo lombossagrado (região lombar) e outras sequelas, das quais se destaca disfunção erétil de causa neurológica, que apesar de todas as terapêuticas tentadas para reverter o quadro não apresentou melhorias. Perante a idade e a motivação do doente foi-lhe implantada a referida prótese.

Dado o sucesso do implante, o doente teve alta ao 3º dia após a cirurgia e dentro de 6 semanas poderá usufruir em pleno de todas as potencialidades da prótese, recuperando assim, grande parte da normalidade que subitamente havia perdido, e melhorando significativamente a sua qualidade de vida e o seu bem-estar pessoal.

À frente deste procedimento cirúrgico esteve uma equipa constituída pelo Prof. Doutor Pedro Vendeira, urologista e Presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia, Medicina Sexual e Reprodução (SPA) e o também urologista do Centro Hospitalar Cova da Beira e Secretário-Geral da SPA, Dr. Bruno Jorge Pereira.

A prótese em causa, consiste numa das mais complexas e inovadoras existentes na atualidade, possuí garantia vitalícia e pelo facto de ser insuflável, simula uma ereção natural, confortavelmente promovida pelo próprio utilizador.

Desta forma, permite ao implantado a ativação da prótese, acionando a bomba colocada no escroto, acessível à manipulação e que transfere o soro do reservatório para os cilindros colocados no interior do pénis (corpos cavernosos) que ficam preenchidos e adquirem rigidez. Após a relação sexual, o doente desativa a prótese, mediante a compressão de um pequeno botão, o soro que se encontra nos cilindros faz o trajeto inverso para o reservatório e, desta forma, o pénis regressa ao estado de flacidez.

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