Simpósio Nacional SPO 2016
Mais de 450 profissionais de saúde reuniram-se na Figueira da Foz este fim-de-semana para debater o futuro da oncologia em...

O Registo Oncológico Nacional (RON), o acesso a cuidados de qualidade e a equidade no acesso à inovação são os três compromissos defendidos pela SPO.

«Esta proposta materializa-se em três objetivos que definimos como ´Compromissos’, porque é urgente que aqueles que têm responsabilidades políticas, governativas e de regulamentação se comprometam a desenhar, em conjunto com a SPO, um novo mapa do cancro em Portugal. Só com uma discussão alargada e com envolvimento da sociedade civil, conseguiremos mudar a realidade da Oncologia no nosso país», afirma Gabriela Sousa, presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia.

«A Oncologia é uma área prioritária e o que temos vindo a assistir é à definição e implementação de medidas avulsas para essa prioridade. É importante começar a operacionalizar de forma objetiva algumas medidas e isso levou a direção da SPO a tomar algumas decisões e traçar um plano operacional para melhorar a qualidade da Oncologia em Portugal», conclui.

O primeiro compromisso passa pela sensibilização das instituições para a implementação do registo de âmbito nacional, devendo cada instituição ser responsável pela introdução dos dados com uma equipa para o efeito, e pela inclusão de ferramentas clínicas para avaliação de outcomes. De acordo com o documento, «cada instituição deve conhecer os seus dados relativamente à caracterização da população dos doentes que trata e respetivos outcomes». Medidas cuja implementação deve ocorrer já em 2017 e a responsabilidade é atribuída à Coordenação do Plano Nacional para as Doenças Oncológicas e à própria SPO.

No segundo compromisso apresenta-se como objetivo o estabelecimento de critérios de qualidade assistencial até ao final do 1º trimestre de 2017 para as cinco patologias major - mama, próstata, colón e reto, estomago e pulmão -, com possibilidade de monitorização, avaliação e auditoria. Uma medida que será da responsabilidade dos Colégios das Especialidades da Ordem dos Médicos (Cirurgia Geral, Radioncologia, Oncologia, Anatomia Patológica e Imagiologia), DGS e SPO.

No terceiro e último compromisso defende que o financiamento de tecnologias de saúde (fármacos, meios de diagnóstico, ou novas técnicas terapêuticas) devem acompanhar o caráter prioritário dado à Oncologia em Portugal. Este deve também ser revisto periodicamente de acordo com as indicações terapêuticas e o volume de doentes a tratar. Estabelece como meta a «agilização da avaliação fármaco-económica num período máximo de seis meses, com possibilidade de tratamento de todos os doentes que cumprem os critérios pré-definidos, já a partir de 2017. Após a AIM o acesso deve ser possível, devendo a empresa detentora de autorização de comercialização devolver a diferença de preço após acordo de comparticipação». Uma medida a ser discutida com o INFARMED e com responsabilidade da SPO.

O documento de Compromissos foi apresentada na sessão “Cobertura e organização dos cuidados oncológicos em Portugal” que reuniu no Simpósio Nacional da SPO, os Colégios da Especialidade da Ordem dos Médicos - Cirurgia Geral, Anatomia Patológica, Oncologia Médica e Radioncologia, o Coordenador do Plano Nacional para as Doenças Oncológicas, a presidente da Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa (AEOP) e deputados do PS, PSD e PCP.

«Foi um momento de encontro de diversas vozes com a comunidade oncológica nacional, dando espaço à riqueza multidisciplinaridade e da pluralidade», conclui a presidente da SPO.

 

Hospital Gaia/Espinho
O Serviço de Cirurgia Plástica e Unidade de Microcirurgia do Hospital Gaia/Espinho realizou hoje uma cirurgia pioneira no país...

“É uma cirurgia que permite a reconstrução do sistema linfático que é lesionado durante a cirurgia de mastectomia (remoção completa da mama), em doentes com cancro da mama”, explicou o cirurgião Gustavo Coelho, que introduziu esta técnica em Portugal.

O tratamento, segundo o especialista, consiste no transplante de gânglios linfáticos do pescoço/cervical para o punho, recorrendo a técnicas microcirúrgicas.

O linfedema do membro superior é a complicação mais frequente pós mastectomia, com uma prevalência elevada, podendo atingir cerca de 50% das doentes submetidas a mastectomia.

Frequentemente, os doentes submetidos a mastectomia são também submetidos à excisão dos gânglios linfáticos. Este procedimento torna-se necessário porque existe a possibilidade de algumas células cancerígenas poderem ficar alojadas nesses gânglios. Essa remoção vai tornar o processo de retorno da linfa (fluído linfático) ao sistema circulatório mais lento, o que pode conduzir a um inchaço/edema no braço.

A segunda cirurgia com esta nova técnica, a que a Lusa assistiu, foi hoje realizada, mas a primeira doente operada, no passado mês de outubro, Rosa Carvalho, de 52 anos, que se deslocou ao hospital para o curativo, explicou que “as melhoras já são muitas, o braço desinchou e o peso e as dores são muito menores”.

Rosa Carvalho apresentava um linfedema grave do braço esquerdo após a realização de uma mastectomia por cancro da mama, realizada há cinco anos.

“O médico explicou-me que ia ficar com o braço mais leve, mais magrinho, mas que a recuperação será gradual. Eu já sinto melhoras”, afirmou Rosa Carvalho.

A doente contou que “o peso era de tal forma que já não conseguia comer de faca e garfo, tinha de pousar o braço na mesa. Hoje já o consigo fazer, embora ainda sinta a tendência de pousar o braço”.

O cirurgião Gustavo Coelho esclareceu que, “do ponto de vista estético, temos um membro com um volume duas a quatro vezes maior, mas também do ponto de vista funcional as doentes têm uma limitação muito grande”.

O linfedema é muitas vezes associado ao cancro da mama, mas ele pode acontecer por outro tipo de patologias, nos membros superiores e inferiores.

“Associado ao cancro da mama a prevalência é muito alta. Pensa-se que cerca de 50% das cerca de seis mil mulheres que são mastectomizadas e submetidas à excisão dos gânglios linfáticos vão desenvolver linfedema do braço, isto faz com que existam cerca de três mil novos casos de linfedema por ano em Portugal”, frisou.

Segundo o especialista, “os benefícios desta técnica são óbvios, com uma franca melhoria dos sintomas como dor, melhoria significativa e duradoura da deformidade do membro afetado, mobilidade, e um retorno da qualidade de vida que, infelizmente, estes doentes perdem com a progressão desta doença”.

A maioria dos linfedemas do membros superiores desenvolve-se entre o primeiro e o segundo ano após a cirurgia oncológica, havendo no entanto observações clínicas de aparecimento tardio, mais de 10 anos após a terapêutica inicial.

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho afirma ser pioneiro em Portugal no tratamento do linfedema dos membros superiores com a técnica de transferência de gânglios linfáticos vascularizados submentoneanos (cervicais).

Refere ainda que, até agora, o tratamento para o linfedema tem sido, maioritariamente, paliativo, com o objetivo de prevenir a progressão da doença e alívio dos sintomas. As opções cirúrgicas disponíveis são muito limitadas e com resultados muitas vezes não satisfatórios”.

Com a realização desta técnica, o Serviço de Cirurgia Plástica pretende tornar-se num futuro centro de referenciação no tratamento desta patologia.

7º Encontro de Formação da Ordem dos Médicos Veterinários
Promover uma formação alargada dos Médicos Veterinários, debater o estado da arte da profissão e dar a conhecer os mais...

Este evento contará com mais de 100 palestras versando temas transversais a todas as áreas relacionadas com a medicina veterinária, sendo que a sessão de abertura decorrerá no dia 26 de novembro às 18h30, com a presença do Diretor Geral de Alimentação e Veterinária, Fernando Manuel d’Almeida Bernardo.

São muitos os assuntos que vão ser abordados no 7º Encontro de Formação da Ordem dos Médicos Veterinários (EFOMV), desde animais de companhia, a animais de produção e equinos passando pela saúde pública e segurança alimentar. Estas palestras terão a assinatura de conceituados Médicos Veterinários nacionais e internacionais.

A Ordem dos Médicos Veterinários espera receber de mais de mil profissionais e estudantes da área da medicina veterinária, num encontro que anualmente reúne a Classe num momento único de formação.

Para o Bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, “é fundamental que a Ordem impulsione este tipo de formação. O EFOMV não só o promove a partilha de conhecimento e experiências, como fomenta o encontro e o convívio entre pares. Esta formação de dois dias é transversal a todas as áreas de atuação e especialidade do Médico Veterinário, permitindo assim a inclusão de todos os profissionais”.

No Luxemburgo
Os portugueses no Luxemburgo foram no ano passado a segunda nacionalidade que mais recorreu aos Médicos do Mundo, segundo a...

Segundo o relatório europeu da ONG, em 2015 os Médicos do Mundo atenderam 177 doentes no Luxemburgo, dos quais 18 portugueses, que representam 10% do total.

Em primeiro lugar figuram os imigrantes romenos (26%), seguidos dos portugueses (10%) e marroquinos (8%), representando os luxemburgueses cerca de 7%.

A maioria é sem-abrigo, mas há também casos de imigrantes recém-chegados ao país, escreve o Sapo.

Arminda tem 56 anos e chegou ao Luxemburgo há sete meses, à procura de trabalho, mas não fala francês e continua sem encontrar emprego.

Sem contrato de trabalho, a imigrante portuguesa, que vive em casa de um filho, não tem autorização de residência no país, e sem ela, não tem direito a assistência médica.

Por essa razão, de 15 em 15 dias vai ao consultório dos Médicos do Mundo em Esch-sur-Alzette, a segunda maior cidade do país, para obter medicamentos gratuitos para a hipertensão.

"Lá dão-me os medicamentos para 15 dias, ou, se tiverem de sobra, para um mês", disse.

Sem os enfermeiros e médicos voluntários da ONG, a imigrante portuguesa também não teria recebido tratamento para outros problemas de saúde detetados pela organização.

"Uma vez estava constipada e o doutor mandou-me abrir a boca e viu que eu tinha os dentes estragados", contou.

Arminda esperou dois meses para ser atendida por um dentista, que lhe arrancou quatro dentes.

Foi também graças aos Médicos do Mundo que conseguiu óculos novos, quando se queixou de "dores de cabeça e problemas na vista".

Em 2015, a maioria dos doentes que recorreram à associação no Luxemburgo eram sem-abrigo (56%), mas há também casos de imigrantes sem autorização de residência, disse à Lusa a responsável dos Médicos do Mundo no Luxemburgo, Sylvie Martin.

Os cidadãos europeus não são obrigados a registar-se durante os três primeiros meses de estadia noutro país da União Europeia, mas passado esse período, "têm de fazer prova de que têm rendimentos para ter autorização de residência", explicou a responsável.

Sem ela, "ficam na mesma situação dos imigrantes indocumentados" e não têm acesso a cuidados de saúde.

O relatório anual dos Médicos do Mundo foi realizado em 11 países europeus - Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Grécia, Holanda, Luxemburgo, Noruega, Reino Unido, Suécia e Suíça - e na Turquia.

Globalmente, 94% dos cerca de dez mil doentes atendidos pela organização eram estrangeiros, representando os cidadãos europeus 24%.

Cerca de 68% dos imigrantes que passaram pelos consultórios dos Médicos do Mundo na Europa não tinham cobertura médica.

No relatório, a ONG considera que a situação dos cuidados de saúde dos migrantes e refugiados na Europa "é alarmante".

Quarenta por cento dos doentes atendidos em 2015 "necessitavam de tratamentos urgentes ou bastante urgentes" e 51% "tinham uma doença crónica que nunca tinha sido tratada".

De acordo com o relatório europeu, 94% das pessoas atendidas em 2015 viviam abaixo do limiar de pobreza.

No documento, a ONG insta os países da UE a "oferecer sistemas de saúde pública universal, fundados na solidariedade e equidade", abertos a todos os residentes, "independentemente do seu estatuto de imigrante".

Em Coimbra
O Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra conquistou três projetos europeus, que conseguem para...

De acordo com uma nota da Universidade de Coimbra (UC) hoje divulgada, o investigador Paulo Oliveira vai liderar um consórcio internacional mtFOIEGRAS, para investigar a síndrome do fígado gordo não alcoólico (SFGNA), numa “perspetiva de desenvolvimento de ferramentas não invasivas e rápidas para um diagnóstico mais preciso”.

Essas ferramentas são “baseadas em alterações metabólicas, nomeadamente ao nível da produção de energia da célula hepática”, acrescenta a UC.

A doença é atualmente diagnosticada através da biopsia do fígado, um “procedimento invasivo, arriscado e caro”.

A SFGNA afeta 06 a 37% da população mundial e “poderá ser uma ‘assassina silenciosa’, porque os sintomas evidenciam-se em fases tardias, quando se apresenta incurável, contribuindo para o aumento do risco de diabetes, cirrose hepática e cancro”.

O investigador João Nuno Moreira, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC)  e da Faculdade de Farmácia da UC, coordena o consórcio NanoDoxer, que visa testar em modelos animais uma estratégia terapêutica de combate ao cancro da mama triplo negativo e o neuroblastoma, que não possuem atualmente terapias específicas.

Esta estratégia terapêutica, “com sucesso já demonstrado” ‘in vitro’, tem como alvo “uma proteína (nucleolina) que se encontra presente nas células estaminais cancerígenas e que permite avaliar a sua ‘agressividade tumoral’”.

A proteína será “abordada através de uma combinação de fármacos transportados por uma nanopartícula para reduzir o impacto do tumor e a sua recorrência”, refere ainda a UC.

A investigadora Olga Borges participa no projeto GoNanoBioMat, coordenado pelo Empa Swiss Laboratory of Materials Science and Technology, da Suíça, que irá desenvolver nanomateriais, com “função transportadora de fármacos (por exemplo, vacinas), através da implementação do conceito ‘safe-by-design’, garantindo a sua segurança na utilização clínica e a avaliação do risco toxicológico”.

O projeto mtFOIEGRAS conta com a participação da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, universidades de Lisboa e do Porto e de instituições académicas, clínicas e empresariais de Itália, Alemanha, Espanha, Polónia, Reino Unido e Áustria.

O estudo é apoiado através do quadro de financiamento do programa Horizonte 2020 na tipologia Marie Skłodowska-Curie Research and Innovation Staff Exchange.

O consórcio NanoDoxer é composto pela empresa portuguesa Treat-U, os institutos de oncologia do Porto e de Vall d’ Hebron (Espanha) e o Hospital Pediátrico Gaslini (Itália), tendo sido um dos 11 projetos financiados pela Euronanomed II Joint Transnational Call-2015, de um total de 66 candidaturas.

O projeto “GoNanoBioMat”, financiado no quadro europeu da ProSafe, que visa promover a nanosegurança, conta com a participação, designadamente, das universidades de Applied Science and Arts Western Switzerland, de Genebra (Suíça), e West University of Timisoara, da Roménia.

Global Drug Survey
O maior inquérito “online” do mundo sobre consumo de álcool e drogas, o Global Drug Survey, é lançado hoje em Portugal e aborda...

O inquérito estará disponível durante dois meses e segundo os organizadores pretende chegar este ano a 200 mil pessoas, depois de sempre ter ultrapassado as 100 mil nas anteriores cinco edições.

Helena Valente, da Faculdade de Psicologia do Porto, investigadora na área das substâncias psicoativas e uma das representantes em Portugal do Global Drug Survey (GDS), explicou que o inquérito é lançado em 23 países e que é “o maior inquérito sobre padrões de consumo de drogas no mundo”.

A responsável reconheceu que por ser “online” não chega a todo o tipo de pessoas, mas que, por outro lado, o facto de ser respondido pela internet concede-lhe um grau de confidencialidade que permite respostas “que de outra forma eram complicadas”, dado que em alguns países “os consumidores de drogas têm a vida dificultada”.

De qualquer forma, explicou, consegue-se o objetivo, que é ter um conhecimento sobre padrões de consumo, sendo que ao mesmo tempo se “dá um retorno aos que respondem”, criando informação sobre formas de gerir consumos, e dando conselhos práticos para ajudar os consumidores.

O inquérito (disponível a partir de hoje em www.globaldrugsurvey.com/GDS2017 ) não está pensado para “padrões de consumo problemático” nem para pessoas que não têm qualquer consumo, nem de bebidas alcoólicas, sendo mais para “consumidores ocasionais”, quer de drogas mais comuns quer de novas substâncias.

Este ano, explicou Helena Valente, vai incidir nas drogas vaporizadas, na compra de drogas na chamada “darknet” (rede fechada, não acessível pelos meios convencionais) e no uso crescente de ayahuasca, uma bebida feita de várias plantas que altera a consciência e permite sensações de psicadelismo e visionismo, usada por exemplo por algumas tribos no Brasil.

Outros temas do inquérito são o uso medicinal de cannabis, o consumo de ecstasy ser mais perigoso nas mulheres, os cogumelos mágicos e as “bad trip”, a ajuda aos consumidores de álcool que querem beber menos, ou as substâncias, além da cannabis, que estão a ser consumidas por vaporização e quais os riscos.

Helena Valente disse que o consumo de drogas por vaporização é uma nova moda, nomeadamente o haxixe.

Um vaporizador permite a extração e inalação dos compostos ativos do produto e substitui o método tradicional de misturar com tabaco.

O GDS, com sede em Londres, é constituído por 40 académicos e clínicos dos países participantes e está traduzido para 13 línguas. Os responsáveis pretendem chegar a 2020 com tradução para 20 línguas e com meio milhão de respostas por ano.

Cientistas japoneses
Investigadores japoneses desenvolveram um dispositivo capaz de reduzir a dor dos pacientes com membros amputados ou paralisados...

O dispositivo torna possível “modular as atividades cerebrais relacionadas com os movimentos dos membros fantasma, que eram difíceis de alterar com a terapia existente”, explicou o professor adjunto da Universidade de Osaka Takufumi Yanagisawa, que lidera o projeto de investigação, à agência Efe.

Melhorar este novo aparelho “fará com que a dor do ‘membro fantasma’ seja tratável no futuro”, sublinhou.

A dor do membro fantasma é uma síndrome de que padecem pessoas que perderam membros – por amputação ou paralisia – e que continuam a experimentar as sensações desse membro ou dor, a qual geralmente não pode ser aliviada com analgésicos convencionais.

“Uma teoria popular mas cada vez mais controversa diz que [a dor] resulta de uma inadaptação à reorganização do córtex senso-motriz, o que sugere que a indução experimental de uma maior reorganização deveria afetar a dor, especialmente se resulta em restauração funcional”, refere o estudo, publicado na revista especializada Nature Communications.

As descobertas da investigação, de cientistas do Instituto Internacional japonês de Investigação de Telecomunicações Avançadas e da Universidade de Cambridge, “opõem-se à hipótese original”, explicou Yanagisawa, já que a restauração funcional não melhorou, mas antes intensificou a dor.

A equipa desenvolveu um programa de treino para mover uma mão artificial com uma interface cérebro-máquina que testou em dez pacientes que perderam o antebraço direito e comprovou que foi a dissociação entre a mão protésica e a ‘fantasma’ que reduziu a dor.

Isto demonstra “uma relevância funcional entre a plasticidade cerebral [faculdade do cérebro para se recuperar e reestruturar] e a dor”, o que pode abrir caminho a um tratamento.

Linha de apoio para todos
A linha de apoio SOS Estudante foi pensada para os alunos, mas atende chamadas de pessoas de todas as faixas etárias e agora...

Em vésperas de completar 20 anos, a SOS Estudante criou em outubro uma conta no ‘skype' (software que permite comunicação através da internet por voz, texto ou vídeo), à procura de chegar aos mais jovens, disse a direção da única linha de apoio emocional do país composta apenas por estudantes.

A opção de criar a conta no ‘skype' não está relacionada com a gratuitidade das chamadas, mas por a direção constatar que "os jovens preferem falar por mensagens" do que através de uma conversa telefónica, explica a tesoureira da SOS Estudante, Diana Callebaut.

Apesar de no ‘skype' não ser possível identificar tão facilmente o estado emocional das pessoas, os jovens têm hoje uma maior preferência pelas mensagens de texto, com as conversas por voz a poderem ser consideradas por estes "mais intrusivas", explica a estudante de medicina.

A iniciativa, lançada a título experimental, ainda não tem tido "grande procura", mas a publicidade deste novo meio para falar com os voluntários da SOS Estudante também não é muita, sublinha o presidente, Diego Prado.

A linha de apoio, que vai fazer 20 anos em abril de 2017, conta com mais de 600 chamadas por ano, numa média de duração de 20 a 30 minutos cada, atendidas por um dos 24 voluntários que garantem o funcionamento da SOS Estudante entre as 20:00 e a 01:00, todos os dias.

Nas chamadas, os principais problemas relatados estão relacionados com a solidão (24%), relacionamentos (20%), mas também a sexualidade ou a ideação suicidária (08%).

Apesar de a linha ter sido pensada para os estudantes, atualmente a maioria (44%) das pessoas que liga para a SOS Estudante tem mais de 50 anos e a quase totalidade são homens (90%), estima a linha de apoio, que funciona como secção cultural da Associação Académica de Coimbra.

Para participar na linha, os estudantes têm de passar por uma seleção e uma formação de 30 horas, onde aprendem "a escutar" e a aproximarem-se "do problema da pessoa", afirma Diego Prado.

"Chamamos-lhe uma escuta ativa ou empática", acrescenta Diana Callebaut.

Durante a chamada, não há espaço para conselhos ou julgamentos. "Em vez de orientarmos a pessoa para um caminho, tentamos que a pessoa perceba por ela própria o que quer fazer", explica.

"Uma boa chamada é quando compreendemos a pessoa e sentimos que a pessoa se sente compreendida", sublinha Diego Prado.

No entanto, escutar os problemas das pessoas "não é fácil" e a própria linha garante apoio aos voluntários que precisem "de desabafar", refere.

Ana Luís Garcia, antiga presidente da SOS Estudante, realça que na formação os voluntários aprendem "a escutar e a empatizar com a pessoa que liga. Despimos ao máximo as nossas opiniões e julgamentos para ouvir sem dar qualquer juízo de valor".

"Somos, acima de tudo, um ouvido. Muito mais um ouvido do que uma voz", realça a estudante de direito.

A SOS Estudante já está a assinalar os 20 anos de vida, com sessões de cinema e de debate.

Na quarta-feira, é exibido o filme "Três Cores: Azul", no Aqui Base Tango, e a 07 de dezembro é dinamizado um debate intitulado "A (des)construção da identidade", na Casa das Artes Bissaya Barreto.

Em 2017, a linha de apoio realiza mais duas sessões de cinema e duas sessões de debate em março e, em abril, acolhe o Encontro Nacional das Linhas de Apoio Emocional.

A linha está acessível através dos números 915246060, 969554545 e 239484020 e através do skype (nome de utilizador: sos.estudante).

Hospital de Santa Marta
Uma bebé com pouco mais de dois meses, que nasceu com um problema cardíaco grave, foi recentemente transplantado ao coração no...

A cirurgia realizou-se há cerca de dois meses no Hospital de Santa Marta, que pertence ao Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), e foi a solução para uma cardiomiopatia (doença dos músculos de coração) que tinha sido detetada na bebé, ainda durante a gravidez.

A bebé, oriunda do Porto, nasceu prematura e esteve hospitalizada desde que nasceu. Foi transplantada com 70 dias de vida, quando tinha 2,3 quilos.

O médico José Fragata, responsável da cirurgia cardiotorácica do Hospital de Santa Marta, disse à agência Lusa que a criança foi transferida para esta unidade de saúde, após o pedido de um hospital do Porto para lhe ser colocado um coração artificial.

O Hospital de Santa Marta foi pioneiro na colocação deste aparelho que permite ao doente estar vivo enquanto aguarda por um coração transplantado, tendo, em 2013, sido implantado este dispositivo num bebé de três meses e meio, a mais pequena criança a submeter-se a tal intervenção.

Porém, há cerca de dois meses, quando a bebé chegou ao Hospital de Santa Marta, chegou também um coração de dador, pelo que já não foi necessário o implante do coração artificial.

Sobre o transplante, o médico José Fragata referiu as dificuldades inerentes ao tamanho da criança: “Tudo é mais delicado, do trabalho anestésico ao cirúrgico, bem como o seguimento da criança após a cirurgia”.

Após a operação, que durou cerca de três horas, a bebé recebeu de todo o corpo clínico do hospital a atenção necessária a alguém tão pequeno e que, devido aos procedimentos relacionados com o transplante, está numa situação mais frágil.

José Fragata sublinha que é sinal de sucesso uma bebé tão pequena estar viva e com um coração a bater.

Nestes casos, recordou, as crianças beneficiam de uma janela imunológica que conta a seu favor e que se deve ao facto de estarem “virgens, apenas com a informação de base”, e sem o impacto da exposição aos vários elementos.

Sobre o pioneirismo de um transplante numa criança tão pequena, José Fragata considerou-o “mais um passo na ousadia do desenvolvimento”.

OMS diz
A Organização Mundial de Saúde anunciou que o vírus Zika, associado a graves anomalias cerebrais em recém-nascidos, deixou de...

“O vírus Zika continua a ser um problema extremamente importante a longo prazo (…), mas já não é uma emergência de saúde pública de alcance mundial”, declarou o presidente do comité de urgência da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o Zika, durante uma conferência de imprensa virtual.

A declaração de emergência sobre o vírus estava em vigor há nove meses e a organização vai agora apontar para uma abordagem a longo-prazo no combate ao Zika.

Só no Brasil, foram registadas mais de 2.100 malformações do sistema nervoso.

O Zika é disseminado principalmente por picada de mosquito, mas o contágio também pode ocorrer através de relações sexuais. Para a maioria dos infetados, os sintomas são febre, urticárias e dores nas articulações.

A decisão de retirar o estatuto de emergência, decretado a 01 de fevereiro, foi tomada durante a quinta reunião do Comité de Urgência, realizado em Bruxelas.

“Como a pesquisa demonstrou um vínculo entre o vírus e a microcefalia, o Comité de Urgência considerou que um mecanismo técnico sólido de longo prazo será necessário para organizar uma resposta global”, indicou, em comunicado, a OMS.

O Comité de Urgência considerou que o vírus Zika e as suas consequências são um desafio persistente e importante para a saúde pública, que exige uma intensa ação, mas já não é uma “emergência de saúde pública” como definida pelos regulamentos internacionais, explicou a OMS.

Desde 2015, 73 países foram afetados pelo vírus Zika, a maior parte dos quais na América Latina e Caraíbas, e cerca de 23 países anunciaram ter constatado casos de microcefalia ligados ao vírus.

“A infeção com Zika e as consequências a ele associadas vai continuar a ser acompanhada pela OMS, governos e outros parceiros da mesma forma que outras ameaças e doenças infeciosas”, refere, em comunicado, a organização.

Segundo a OMS, muitos aspetos da doença e consequências a ela associadas continuam a ser estudadas.

Duas vacinas contra o Zika estão atualmente a ser avaliadas, refere a OMS, sublinhando que e os resultados da primeira fase de ensaios clínicos já estão a ser examinados.

No Porto
O provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, propôs o projeto-piloto de uma comissão de proteção de...

Durante a cerimónia de inauguração das novas instalações da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares chamou a atenção, dirigindo-se ao primeiro-ministro, António Costa, para a “necessidade de se criarem condições legislativas para a existência, a exemplo das comissões de proteção de menores, de comissões de proteção de idosos”, disponibilizando-se assim para trabalhar com a Câmara Municipal do Porto nesse sentido.

Por seu lado, o vereador da Câmara Municipal com o pelouro da Ação Social, Manuel Pizarro, mostrou a “completa disponibilidade” da autarquia para um projeto desse tipo, dizendo-se certo de que “num período relativamente breve, num contexto daquilo que é a afirmação do Porto como cidade amiga das pessoas idosas haverá o desenvolvimento de projetos, nomeadamente com a Santa Casa da Misericórdia, nesse sentido”.

“Uma das prioridades da rede social é o reconhecimento que o aumento da longevidade - que é em si mesmo uma coisa boa - transporta novos problemas. Vivemos numa cidade onde há dezenas de milhares de pessoas com mais de 65 anos que vivem sós e reconhecemos que é necessário desenvolver programas especiais para que essas pessoas se sintam mais seguras”, declarou o vereador socialista.

António Tavares realçou que a Santa Casa da Misericórdia do Porto está disponível “para ajudar no debate que é inverter o paradigma do envelhecimento em Portugal”, dando prioridade a um “modelo de envelhecimento ativo com um novo tipo de serviço de apoio domiciliário onde se possa introduzir tecnologia, acrescentar serviços de saúde, com enfermeiro e médico em casa e se aumente o apoio aos cuidadores informais e às famílias”.

Ainda em declarações dirigidas ao primeiro-ministro, o provedor da Misericórdia do Porto propôs-se a ajudar o Governo no sentido de “produzir o voto em braille ou de dupla leitura”.

21 de Novembro - Dia Europeu da Fibrose Quística
A Associação Nacional de Fibrose Quística alertou para a necessidade de criar centros de referência que façam o seguimento...

A propósito do Dia Europeu da Fibrose Quística, que se assinala hoje, a coordenadora científica da Associação Nacional de Fibrose Quística (ANFQ), Celeste Barreto, lembra a necessidade de definição de Centros de Referência para o tratamento e acompanhamento de doentes com esta patologia, “um passo importante para o seguimento dos doentes e também para o desenvolvimento da investigação multicêntrica em Portugal”.

Estes centros têm a capacidade de garantir um alto nível de cuidados médicos que permite aos doentes beneficiar de todas as opções diagnósticas e terapêuticas que lhes possibilitem uma maior esperança de vida, melhor qualidade de vida e redução dos custos da doença.

No entanto salientou que Portugal tem, em relação a esta matéria, uma “posição muito avançada em relação a outros países da Europa”.

A responsável referia-se a um despacho deste ano, no qual o Governo confirma a necessidade de reconhecimento destes centros ainda durante 2016.

Trata-se do despacho que define que fibrose quística é uma área em que deve ser prioritário o seguimento destes doentes, afirmou, acrescentado que se aguarda agora o aviso de abertura para as candidaturas a centro.

Nessa altura serão definidos os critérios exigíveis para os hospitais e unidades que se candidatem, tais como número de doentes em seguimento, constituição das equipas multidisciplinares, apoios de especialidades, meios complementares de diagnóstico e seguimento, investigação, ligações a redes europeias e até se haverá ou não parceria entre hospitais.

“A comissão nacional dos centros de referência é que vai definir isso com a Direção Geral da Saúde, que também faz parte da comissão. As coisas estão a ser discutidas para rapidamente ser criado”, afirmou.

As equipas multidisciplinares têm que ter pessoas com experiencia na área e especialidades de apoio na área de diagnóstico e tratamento para complicações que surjam, sublinhou, explicando que para “seguir estes doentes que têm uma doença complexa, a experiencia é fundamental”.

Além da vertente de seguimento dos doentes, é fundamental que estes centros tenham também uma componente formativa e de investigação.

Estes centros têm ainda que obedecer a critérios exigíveis a nível da comunidade europeia, para que os doentes que se deslocam entre países saibam onde se devem dirigir para ter os apoios necessários, à semelhança do que já acontece com as doenças metabólicas.

No que respeita à investigação na área clínica, o objetivo é estabelecer uma parceria com instituições de ciência básica, em que a equipa de investigadores está afiliada com estes centros para fazer investigação onde estão doentes.

“Concentra-se o polo de acompanhamento com investigação”, frisou a responsável.

A fibrose quística é uma doença hereditária de elevada mortalidade que se caracteriza por uma produção anormal de secreções e que resulta numa série de sintomas, entre os quais a afeção do tubo digestivo e dos pulmões, provocando muitas vezes a morte ainda na juventude.

Estima-se que em Portugal existam entre 380 a 400 pessoas com esta doença.

Universidade de Aveiro
Um jogo de realidade virtual, desenvolvido na Universidade de Aveiro, ajuda a combater a fobia a aranhas e minimizar os...

O “Veracity”, desenvolvido por Bernardo Marques, durante o Mestrado Integrado em Engenharia de Computadores e Telemática (MIECT) da Universidade de Aveiro (UA), permite, através da realidade virtual, colocar quem sofre de fobia a aranhas em contacto visual com esses insetos, enquanto monitoriza as reações fisiológicas e comportamentais dos utilizadores.

Com capacidade para ser utilizado em vários outros tipos de fobias, os registos podem ajudar os psicólogos a ajustarem o processo terapêutico.

O jogo foi projetado com a colaboração de uma equipa multidisciplinar da UA, que envolveu investigadores do Departamento de Engenharia Eletrónica, Telecomunicações e Informática, do Departamento de Educação e Psicologia, do Instituto de Engenharia Eletrónica e Informática de Aveiro e do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.

O Veracity permite monitorizar a resposta fisiológica das pessoas (como é o caso dos batimentos cardíacos) e comportamental (como os movimentos da cabeça e das mãos) quando expostas a estímulos gerados através do uso de Realidade Virtual.

Partindo da terapia de exposição, que consiste em ir expondo o indivíduo fóbico ao elemento que lhe causa transtorno até que este aprenda a lidar com o seu medo, o Veracity tira partido da realidade virtual para efetivar a exposição de forma menos agressiva do que seria o confronto com o animal vivo.

O jogo está subdividido em vários níveis, onde o indivíduo fóbico é exposto gradualmente, e à velocidade decidida pelo terapeuta, aos estímulos alvo, permitindo encontrar objetos fóbicos e não fóbicos, sobre a forma de objetos 3D, em que a interação é feita através de gestos.

Uma vez na posse dos dados que registam as reações dos participantes, terapeutas e psicólogos podem acompanhar, avaliar e ajustar o tratamento ao longo do processo terapêutico.

Testado já em pessoas com medo a aranhas, o Veracity pode ser adaptado também à fobia a baratas ou mesmo a cobras e a outros elementos de pequeno porte.

Consumo de antibióticos diminuiu
Bactérias resistentes a três ou mais antibióticos, conhecidas como “super bactérias”, têm sido identificadas em Portugal,...

A propósito do Dia Europeu do Antibiótico, que se assinala hoje, a Direção-Geral da Saúde e o Infarmed organizaram uma conferência de imprensa para revelar os últimos dados relacionados com estes medicamentos e as infeções que, em parte, estão relacionadas com o uso indevido destes fármacos.

Manuela Caniça, do Departamento das Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), revelou que desde 1999 houve “uma progressão bastante elevada da resistência da Staphylococcus aureus à meticilina” (MRSA).

Em 1999, a percentagem dessa resistência situava-se nos 36,9 por cento e em 2011 atingiu os 54,6 por cento. Em 2014 esse valor era de 47,4%, descendo para os 46,8 por cento em 2015, uma descida que agrada às autoridades de saúde.

Contudo, a diminuição da suscetibilidade da bactéria Klebsiella pneumoniae aos carbapenemes (antibiótico) aumentou, passando de 0,7 por cento em 2008 para os 3,7 por cento em 2015.

Manuela Caniça manifestou apreensão com este dado, tendo em conta que os carbapenemes são “uma das últimas terapias em certas infeções”.

Carlos Palos, da direção do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA), disse que, em relação à “Portugal tem vindo a fazer melhorias”, mas reconheceu que ainda são necessários mais avanços.

O presidente do PPCIRA, Paulo André Fernandes, reconheceu que existem várias bactérias como a MRSA identificadas, escusando-se a revelar o número de casos que costumam surgir anualmente.

O especialista adiantou que, embora resistentes a três ou mais antibióticos, estas bactérias acabam por sucumbir à intervenção que pode passar por maior quantidade de antibiótico ou o cruzamento de vários antimicrobianos. Há, “como em todas as bactérias”, casos em que o medicamento não funciona, disse.

Por esta razão, especificou, os antibióticos devem ser usados como as “joias terapêuticas” que são e assim evitar que infeções banais não consigam ser tratadas.

Ana Silva, do Infarmed, revelou que o consumo de antibióticos em Portugal diminuiu três por cento no primeiro semestre do ano, comparativamente a período homólogo de 2015.

Em meio hospitalar, o consumo de antibióticos aumentou 1,3% em 2015, tendo diminuído um por cento nos primeiros seis meses deste ano, face ao ano anterior.

Em ambulatório, em 2014 foi registado um aumento de 4,6%, mas no primeiro semestre de 2016 já ocorreu uma descida de 3,1 por cento, face a igual período de 2015.

O consumo de quinolonas – o “antibiótico que mais preocupa em meio hospitalar” – diminuiu 14,9% entre 2010 e 2015.

O presidente do PPCIRA, Paulo André Fernandes, enalteceu a descida das infeções que decorrem das intervenções cirúrgicas, exemplificando com o caso da operação ao cólon e reto que, em 2011, se situava nos 20,73 por cento e que no primeiro semestre do ano era de 18 por cento.

Dado menos positivo é o aumento da sépsis em unidades de cuidados intensivos neonatais: 11,4 por cento em 2015 e 12,6 por cento em outubro de 2016. A análise sobre este aumento ainda não está feita, mas Paulo André Fernandes recordou que hoje em dia a medicina consegue que sobrevivam bebés cada vez mais pequenos (pré-termo), os quais precisam de muito apoio técnico.

“Admitimos que esta cada vez maior sensibilidade e imunodepressão dos recém nascidos poderão justificar esta evolução”, adiantou.

Desequilíbrio da flora intestinal
Neste artigo, o gastroenterologista Jorge Fonseca fala-nos de um efeito secundário, bastante frequen
Diarreia e antibióticos

A diarreia é um efeito secundário frequentemente associado à toma de antibióticos e pode surgir durante a toma ou até 2 meses após o final do tratamento.

Num indivíduo saudável, o intestino está colonizado por diversas bactérias de diferentes espécies. Muitas destas bactérias são benéficas e contribuem para o equilíbrio da microbiota intestinal, antigamente chamada flora intestinal. A relevância do equilíbrio ecológico da microbiota intestinal para a saúde tem sido sobejamente demonstrada.

Os antibióticos são prescritos para combater infeções bacterianas, eliminando os microrganismos responsáveis pela infeção. No entanto, para além de eliminarem as bactérias nocivas, atuam num largo espectro de bactérias, levando a alterações do equilíbrio natural dos microrganismos intestinais. Como consequência pode ocorrer diarreia associada à toma do antibiótico. A incidência deste tipo de diarreia depende de inúmeros fatores tais como o antibiótico administrado, a duração do tratamento, o contacto com agentes infeciosos e a suscetibilidade do doente em questão.

Independentemente dos mecanismos envolvidos na etiologia da diarreia infeciosa, pode observar-se, habitualmente, um desequilíbrio da flora intestinal. O método principal de proteção do ecossistema intestinal contra a agressão microbiana é a ação sinérgica dos seus mecanismos de regulação e defesa (barreira microbiana, barreira imunitária, movimentos intestinais) que asseguram uma situação de equilíbrio. Estes são os principais meios de defesa do ecossistema intestinal contra as agressões de origem microbiana exógenas ou endógenas.

Como se trata a diarreia aguda?

Uma das principais consequências da diarreia é a desidratação, pelo que a primeira medida a implementar é a reposição de líquidos e sais para garantir a hidratação. Também se deve ter cuidado com a alimentação e ingerir alimentos que reduzam a diarreia. Se necessário, podem ser administrados medicamentos para alívio dos sintomas.

O tratamento com fármacos antidiarreicos com ação obstipante, apesar de ser muito comum, não traz benefícios práticos em casos de diarreia aguda. Estes medicamentos podem diminuir a frequência de dejeções, no entanto não aceleram a eliminação dos agentes patogénicos.

A utilização de antibióticos no tratamento da diarreia apenas é recomendada em casos muito específicos e requer sempre a avaliação médica.

Alguns microrganismos vivos (bactérias e leveduras), tais como Lactobacillus rhamnosus, Bifidobacterium bifidum e Saccharomyces boulardii, não patogénicos, são utilizados na prevenção e tratamento da diarreia provocada por diferentes agentes etiológicos. Para que estes microrganismos exerçam a sua ação benéfica no intestino, é necessário que os mesmos sejam resistentes à acidez do estômago, aos fluidos intestinais e à temperatura corporal (aproximadamente 37ᵒC). Estes microrganismos, ao modificarem a composição da microbiota intestinal, criam condições que limitam a multiplicação dos agentes patogénicos.

Saccharomyces boulardii – Tratamento da diarreia aguda e prevenção da diarreia associada à toma de antibióticos

A temperatura ideal para o Saccharomyces boulardii é entre os 22-30℃, no entanto esta levedura sobrevive aos 37℃, dando-lhe a vantagem de ser um dos microrganismos vivos utilizados que melhor resiste à temperatura do corpo humano.[1]

O efeito benéfico de S. boulardii é conseguido através de diversos mecanismos, entre os quais a adesão à superfície da mucosa intestinal, competindo com os agentes patogénicos; fortalecimento do efeito barreira da mucosa intestinal e estimulação das defesas imunitárias não específicas.

A associação de Saccharomyces boulardii à terapêutica com antibióticos, em crianças e adultos, reduz o risco de ocorrência de diarreia associada à toma de antibióticos.

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[1] World Journal of Gastroenterology, World Journal of Gastroenterology www.wjgnet.com Volume 16 Number 18 May 14 2010 

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
No Porto
Uma aplicação que auxilia diabéticos do tipo I (dependentes de insulina) na gestão da patologia foi desenvolvida por...

Para tal, a aplicação MyDiabetes possibilita ao utente a introdução diária de registos de glicemia, insulina, refeições, exercício físico e 'stress', entre outros, indicou o investigador Pedro Brandão.

De maneira a fornecer conselhos aos utentes, os envolvidos no projeto querem "embeber" na aplicação procedimentos para lidar com a doença que o médico endocronologista indica aos diabéticos nas consultas de modo a que, quando confrontado com a situação, o paciente possa recordar a ação a seguir.

Os dados que o utilizador insere diariamente na MyDiabetes são utilizados também para detetar padrões "mais subtis" nos registos efetuados, tendo em conta o que é o conhecimento médico inscrito na aplicação.

"Isto poderá refletir-se em avisos ao paciente sobre o padrão ou mesmo em novos conselhos que são criados baseados nas regras médicas", explicou.

Segundo o investigador, são estas funcionalidades que distinguem esta aplicação de outras existentes no mercado.

A tecnologia tem sido desenvolvida no âmbito de mestrados e de um projeto interno do Instituto de Telecomunicações, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Neste momento, estão envolvidos no projeto três professores do Instituto de Telecomunicações e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência - INESC TEC, um aluno de doutoramento da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, dois médicos endocronologistas e um enfermeiro do Hospital São João e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

26 de Novembro - Dia da Anemia
Foi ontem apresentada a campanha Uma saúde de Ferro é uma saúde sem Anemia no âmbito do Dia da Anemia, que se assinala no...

A deficiência de ferro, uma das principais causas de anemia, atinge cerca de um em cada três portugueses adultos, sendo essencial sensibilizar para a necessidade de prevenir a progressão para a condição mais grave - a anemia. Em Portugal 52.7% de todos os casos de anemia é devido a deficiência de ferro. No dia 26 de novembro (sábado) irá realizar-se um rastreio de Anemia e Deficiência de  ferro no Arrábida Shopping e no Centro Comercial Colombo.

O ferro é um nutriente essencial para o organismo, para a saúde física e mental e para manter os níveis de energia adequados à atividade. A deficiência de ferro pode provocar vários sintomas, como por exemplo a fadiga, tonturas, falta de ar, maior suscetibilidade para infeções, aftas, dores de cabeça, queda de cabelo, intolerância ao frio, etc. A anemia causada por deficiência de ferro tem um impacto significativo na saúde, aumentando o risco de morbilidade e mortalidade hospitalar. Os doentes com anemia apresentam sintomas de fadiga e têm uma qualidade de vida reduzida quando comparados com doentes não-anémicos, tendo um impacto negativo na sua produtividade.

Em Portugal, segundo o estudo EMPIRE, um em cada 5 portugueses são afetados por anemia em algum momento da sua vida e 84% dos afetados não tinha conhecimento de ter a patologia. Apenas 2% dos inquiridos estava a fazer tratamento no momento do inquérito.

Para Robalo Nunes, presidente do Anemia Working Group, “é essencial sensibilizar a população para este tema, pois normalmente subvalorizam um dos sintomas mais comuns - a fadiga - associando-o a outras situações. No entanto, a deficiência de ferro ou a anemia, quando não é tratada poderão ter implicações sérias na qualidade de vida do doente”.

Perante o diagnóstico o tratamento depende do que é mais adequado a cada situação e a cada doente.

Para mais informações sobre este tema consulte:

www.deficiênciadeferro.pt ou f/AWGP

Dia Europeu do Antibiótico
Apesar da utilização de antibióticos ter vindo a descer nos últimos anos, seis em cada dez portugueses ainda acreditam que...

“Os pais acreditam que se as crianças tomarem antibiótico vão melhorar mais rápido. Logo à partida vai destruir a flora intestinal que é essencial para o nosso sistema imunitário e provocar obstipação, prisão de ventre ou diarreia. Mas é a longo prazo que o impacto é mais grave. Estamos a criar uma geração mais resistente à ação dos antibióticos e a aumentar a proliferação de 'superbactérias', o que quer dizer que os antibióticos vão ser cada vez menos eficazes nos casos que são realmente necessários e os nossos filhos cada vez mais vulneráveis às bactérias”, explica o especialista no âmbito do Dia Europeu do Antibiótico que se assinala hoje.

A prescrição deste tipo de medicamento apenas para as doenças bacterianas é o primeiro passo para inverter esta tendência, mas também há uma parte preventiva do processo que se faz através do reforço do sistema imunitário. 

Sabia que há alimentos que destroem o sistema imunitário?
Há um ano, a OMS colocou as carnes processadas na lista de alimentos potencialmente cancerígenos, lado a lado com produtos como o tabaco ou o amianto. No entanto, este tipo de alimentos tem uma lista mais vasta de malefícios. “Obrigam o organismo a perder mais tempo a digeri-los, o que dificulta o processo digestivo e destroem o sistema imunitário devido aos químicos que têm na sua composição, 'entupindo' todos os órgãos que são 'filtros', como o rim, o fígado e até os intestinos”, ressalva Hélder Flor.

Segundo o técnico há também alguns alimentos e produtos que podem reforçar o sistema imunitário e que normalmente se encontram em forma de suplemento, como é o caso do cogumelo coriolus versicolor, com efeitos científicos comprovados no combate ao cancro, a angélica sinensis, a equinácia e até o ginseng, se a pessoa não for hipertensa. Além disso, na Medicina Tradicional Chinesa “há um ponto localizado na perna que ao ser estimulado pelo recurso à acupunctura melhora o sistema imunitário”, acrescenta Hélder Flor que recomenda vários alimentos que ajudam a fortalecer o sistema imunitário como o chá de gengibre e canela, a cenoura com o açúcar mascavado e o chá de limão com mel.

Resistência a antibióticos pode vir a matar milhões
Segundo a Organização Mundial de Saúde, se nada for feito mais efetivo do que até agora, em 2050 morrerão anualmente cerca de 390 mil pessoas na Europa e 10 milhões em todo o Mundo em consequência direta das resistências aos antimicrobianos. E apesar de Portugal estar a obter bons resultados na redução da ingestão de antibióticos, ainda tem um longo caminho pela frente no que respeita à informação, sendo que 60% dos portugueses ainda pensam que os antibióticos são eficazes no combate de vírus e 50% acreditam que são indicados para constipações e gripe.

Sea Quest Hero
Utilizadores estão a contribuir para a luta contra a doença de Alzheimer. Em seis meses, os investigadores conseguiram dados...

Mais de 2,4 milhões de pessoas descarregaram o jogo Sea Quest Hero desde maio, contribuindo para aquela que já é considerada a maior investigação sobre demência alguma vez feita. Ao ajudarem um idoso, ex-explorador dos oceanos, a recuperar as suas memórias entre mares e pântanos, os jogadores forneceram dados equivalentes a 9400 anos de pesquisa laboratorial.

Até agora foi possível saber que a capacidade de orientação espacial começa a perder-se após o início da idade adulta, que os homens têm um sentido de orientação ligeiramente melhor do que o das mulheres e que os países nórdicos superam todos os outros. É nos países costeiros que estão os melhores navegadores, escreve o Diário de Notícias.

Quem acede à aplicação para smartphones é convidado a viajar pelo mundo, perseguindo criaturas e recolhendo memórias. Durante o jogo, os dados de navegação espacial e sentido de orientação de cada jogador são recolhidos, de forma anónima, e depois combinados com os de outros jogadores, numa rede de dados. Seis meses depois de ter sido lançado, os resultados preliminares do Sea Quest Hero foram apresentados na conferência Neuroscience 2016, que terminou na quarta-feira, em San Diego. Segundo a BBC, os investigadores da University College London, que analisaram os dados, acreditam que os resultados podem vir a ajudar a desenvolver novas formas de diagnóstico da demência.

Os dados preliminares permitiram aos investigadores concluir que a capacidade de navegação espacial começa a entrar em declínio após a adolescência e vai sendo cada vez menor com o passar dos anos. Outro dado interessante é a forma como o processo de navegação varia nos cérebros das mulheres e dos homens. Diz a mesma publicação que o sexo masculino tem um sentido de orientação ligeiramente melhor do que o sexo feminino e que os países nórdicos superam todos os outros, embora ainda não existam explicações para isso.

As pessoas mais saudáveis, como aquelas que vivem nos países nórdicos, conservam as suas capacidades de navegação durante mais tempo e, no geral, as nações costeiras são aquelas onde existem melhores navegadores.

A diferença entre homens e mulheres não é propriamente uma novidade. "E refere-se à maioria dos homens e à maioria das mulheres", ressalva o neurologista Lopes Lima, lembrando que há exceções. "Os homens geralmente têm mais capacidade para ler mapas e se orientarem, enquanto as senhoras têm maior aptidão para fazer coisas minuciosas, para serem mais rigorosas", explica. Enquanto o hemisfério esquerdo do cérebro "tem mais a ver com a linguagem", o direito é "mais importante para a orientação espacial" e estes estão organizados de forma diferente entre homens e mulheres, o que explica as diferenças observadas no estudo.

Já no que diz respeito às capacidades dos nórdicos, o neurologista acredita que possam estar relacionadas "com a cultura viking, que é uma cultura de grande navegação e que naturalmente passou de pais para filhos", mas diz que não tem uma base científica.

Segundo o neurocientista Hugo Spiers, da University College London, este jogo poderá, no futuro, ajudar a desenvolver um diagnóstico precoce de demências como a doença de Alzheimer - que afeta a memória e a capacidade de orientação espacial - e poderá ser útil em ensaios clínicos de medicamentos relacionados com a demência.

Ainda não existe uma forma eficaz de diagnosticar precocemente a doença, mas Lopes Lima adverte que, embora "no futuro possa vir a ser útil, nesta altura não é". Isto porque, explica, "não há tratamento para evitar que a doença de Alzheimer apareça". Isso só iria piorar a vida de quem tivesse um diagnóstico positivo. "Quando houver tratamento, será importante que haja testes para detetar a doença o mais precocemente possível."

O jogo foi desenvolvido pela Deutsche Telekom e pela Alzheimer's Research UK, uma associação sem fins lucrativos que apoia a investigação nesta área.

Estudo
Crise no setor mantém-se: 69% das farmácias com contas no vermelho.

Cada farmácia regista em média um prejuízo anual de 10 mil euros por prestar o serviço de dispensa de medicamentos à população. Esta é a conclusão de um estudo económico da Universidade de Aveiro, que alerta para o facto da rede de farmácias correr riscos de desagregação, já que 69% destas micro e pequenas empresas registaram prejuízos.

A Universidade de Aveiro conclui que “a tendência de resultados negativos que se verifica no setor de farmácias, põe em causa o acesso da população ao medicamento e à assistência farmacêutica, um dos pilares fundamentais do nosso SNS e do direito à Saúde Consagrado na constituição da República Portuguesa”.

O estudo “Sustentabilidade Da Dispensa De Medicamentos Nas Farmácias Em Portugal” baseia-se nas demonstrações financeiras e volumes de faturação reais de 1.927 farmácias, nos anos 2014 e 2015.

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