Quase metade das mortes infantis em 2015 ocorreram no primeiro mês de vida
Publicado na revista científica The Lancet, o estudo, que apresenta os dados mais recentes sobre a mortalidade infantil em 194 países, conclui que 5,9 milhões de crianças morreram em 2015 antes dos cinco anos, 2,7 milhões das quais eram recém-nascidas.
Globalmente, em 2015 houve menos quatro milhões de mortes infantis do que em 2000, em grande parte devido à redução da mortalidade associada à pneumonia, à diarreia, à morte durante o parto, à malária e ao sarampo (todas caíram mais de 30% entre 2000 e 2015).
No entanto, embora o número de mortes de recém-nascidos tenha diminuído de 3,9 milhões em 2000 para 2,7 milhões em 2015, o progresso na redução da mortalidade neonatal (nos primeiros 28 dias de vida) foi mais lento do que nas crianças entre um mês e cinco anos.
Isto resultou num aumento da proporção de recém-nascidos entre a mortalidade infantil, de 39,3% em 2000 para 45,1% em 2015.
Se as mortes de recém-nascidos tivessem caído ao mesmo ritmo das mortes de crianças entre um mês e cinco anos, o mundo teria alcançado o Objetivo de Desenvolvimento do Milénio de reduzir a mortalidade infantil em dois terços entre 1990 e 2015, o que não aconteceu.
O estudo destaca também as desigualdades no progresso registado no mundo, com as taxas de mortalidade infantil a variarem entre 1,9 e 155,1 mortes por mil nascimentos, e 60,4% (3,6 milhões) de todas as mortes a ocorrerem em 10 países.
Apesar dos progressos, as principais causas de morte entre as crianças foram as complicações devido a parto prematuro, (17,8%, 1,1 milhões de mortes), pneumonia (15,5%, 0,9 milhões de mortes) e morte durante o parto (11,6%, 0,7 milhões de mortes).
Em 2015, os países com maiores taxas de mortalidade infantil (mais de cem mortes por cada mil nascimentos) foram Angola, a República Centro-Africana, o Chade, o Mali, a Nigéria, a Serra Leoa e a Somália.
Nestes países, as principais causas de morte foram a pneumonia, a malária e a diarreia, pelo que os investigadores recomendam investimentos para promover o aumento da amamentação, a disponibilização de vacinas e a melhoria da qualidade da água e saneamento.
Em comparação, nos países com menores taxas de mortalidade infantil (menos de dez mortes por cada mil nascimentos), incluindo a Rússia e os EUA, as principais causas de morte foram anomalias congénitas, complicações devido ao parto prematuro e lesões.
Os investigadores recomendam por isso a melhoria da deteção e tratamento das anomalias congénitas, dos cuidados de saúde durante a gravidez e o parto e mais investigação sobre a eficácia das intervenções em casos de lesão.
Citada num comunicado da The Lancet, a autora principal do estudo, Li Liu, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, nos EUA, reconheceu que a sobrevivência infantil "melhorou substancialmente desde que os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio foram definidos, embora a meta de reduzir em dois terços a mortalidade infantil não tenha sido alcançada".
"O problema é que este progresso foi desigual e a taxa de mortalidade infantil permanece elevada em muitos países. É necessário um progresso substancial nos países da África subsaariana e no sul da Ásia para se alcançar a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", disse.