Venezuela
Mais de uma centena de venezuelanos pediram, na segunda-feira, ao Governo do Presidente Nicolás Maduro que abra um canal...

"É necessário que se tomem medidas. Devem ativar-se mecanismos de ajudas internacionais (...) existe 90% de escassez de medicamentos de medicamentos para muitas patologias, pessoas com hemofilia, com cancro, com alzheimer, para transplantados que estão recusando o órgão (transplantado", disse o presidente da Federação Farmacêutica Venezuelana (Fefarven).

Freddy Ceballos acompanhou mais de uma centena de venezuelanos, entre eles profissionais da área, familiares e pacientes com falta de medicamentos, que marcharam até à sede do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e as embaixadas do Canadá, Costa Rica, Peru e Alemanha, onde entregaram um documento sobre a crise no setor e a necessidade de abrir um canal humanitário.

Segundo aquele responsável, "300 mil pessoas estão em estado crítico" e à espera de conseguir medicamentos do Instituto Venezuelano da Segurança Social. "Há mais de quatro milhões de pacientes com sérias dificuldades para adquirir medicamentos", sendo necessárias "medidas urgentes" para evitar mortes, acrescentou.

Na marcha participaram ainda representantes das organizações não-governamentais (ONG) Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos (Provea) e da Coligação de Organizações pelo Direito à Saúde e à Vida (Codevida).

Francisco Valência, da Codevida, afirmou que "chegou o momento dos setores políticos do país darem atenção a esta situação humanitária, que devem estar acima de qualquer negociação".

Os venezuelanos denunciaram que há pessoas a morrer por falta de tratamento e acusaram o Governo de impedir a entrada de medicamentos e não divulgar estatísticas da Saúde, incluindo o relatório de 2016.

"Há países amigos que têm oferecido medicamentos que o Governo não quer aceitar, por razões ideológicas", denunciou Francisco Valência, aos jornalistas.

As ONG estão ainda preocupadas com a possibilidade de a Venezuela não pagar a dívida à Organização Panamericana da Saúde, o que agravará a situação no próximo ano.

Investigação
Os Prémios Pfizer distinguiram este ano investigações sobre cataratas, malária e doença de Parkinson, anunciou a organização.

Andreia Rosa, da Universidade de Coimbra, Maria Manuel Mota, do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, e Rui Costa, do Centro Champalimaud, lideram as equipas que desenvolveram os trabalhos premiados, cada um deles com o montante de 20 mil euros.

Os galardões, que distinguem projetos de investigação básica e clínica na área biomédica, são atribuídos anualmente pela farmacêutica Pfizer, que os financia, e pela Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, encarregue do processo de avaliação das candidaturas.

Segundo a organização, as investigações premiadas "prosseguem avanços científicos na otimização dos processos de cirurgia no caso das cataratas, na revelação de um mecanismo de autocontrolo do parasita da malária e no controlo da ativação dos neurónios que libertam dopamina [neurotransmissor] no âmbito da doença de Parkinson".

A equipa liderada por Andreia Rosa, distinguida na investigação clínica, socorreu-se da ressonância magnética para esclarecer a ligação entre disfotópsias, como encadeamento e brilhos oculares, e as características do cérebro em doentes com cataratas que usam lentes multifocais.

As conclusões a que chegaram os investigadores vão permitir, de futuro, selecionar melhor a lente a implantar num doente com cataratas, avaliar diferentes desenhos de lentes e "estratégias terapêuticas que favoreçam a adaptação" e "demonstrem a capacidade do cérebro não jovem para a aprendizagem visual e plasticidade", refere a organização dos prémios em comunicado.

O grupo de Maria Manuel Mota, premiado em investigação básica, demonstrou num estudo com ratos que a carga do parasita da malária e a severidade da doença diminuem com uma dieta alimentar menos rica em calorias.

Distinguido na mesma categoria, o trabalho do laboratório de Joaquim Alves da Silva explica que a principal alteração nos doentes de Parkinson é a perda de um tipo de neurónios (células cerebrais) que libertam dopamina. A atividade destes neurónios é necessária para o início do movimento.

OE2018
A bastonária da Ordem dos Nutricionistas disse esperar que a taxa sobre produtos com elevado teor de sal seja aprovada no...

Segundo a proposta de OE2018, o Governo quer criar um novo imposto de 0,80 euros por quilo sobre as bolachas, biscoitos, batatas fritas e desidratadas e flocos de cereais, quando estes alimentos tiverem mais de um grama de sal por cada 100 gramas de produto, mas o PCP já disse que ia votar contra, ao lado de PSD e do CDS-PP.

Em declarações, a propósito do primeiro congresso da Ordem dos Nutricionistas, onde este tema “vai ser imensamente debatido”, a bastonária disse ser “uma pena não se aproveitar este momento para taxar alimentos que são prejudiciais à saúde”.

“Lamento que esta medida porventura não venha a ser aprovada na Assembleia da República”, mas no caso de ser homologada “a verba arrecadada” com a nova taxa deve ser aplicada em “medidas de promoção de hábitos alimentares saudáveis”, defendeu Alexandra Bento.

O Governo espera arrecadar com a taxa do sal 30 milhões de euros, uma verba que, segundo Alexandra Bento, teria “uma grande importância para um grande programa de promoção da saúde, para uma grande campanha de educação alimentar”, que envolvesse nutricionistas.

“Não nos podemos esquecer que temos escassez de nutricionistas no Serviço Nacional de Saúde e que temos ausência de nutricionistas num palco importantíssimo que são as escolas”, vincou.

Neste sentido – defendeu – não se deve perder “esta oportunidade de taxar alimentos” prejudiciais à saúde, que além de fazer decrescer o seu consumo, a verba angariada pode ser utilizada na promoção da saúde da população.

“Se de facto nós estamos a morrer dos maus hábitos alimentares é necessário criar medidas que sejam bem fundamentadas, que sejam estruturadas e que se saiba qual é o seu verdadeiro impacto”, sublinhou.

Alexandra Bento espera que os partidos políticos estejam presentes no congresso, com o tema “Um Compromisso para a Saúde, que decorre na terça e na quarta-feira no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, onde são esperados mais de 500 nutricionistas.

“Problema será se os responsáveis do nosso país, os deputados da nossa nação, não quiserem estar neste congresso, não só na abertura, que é um momento simbólico”, mas também nos painéis.

Para Alexandra Bento, é importante que os deputados ouçam o que é dito por “quem estuda, porque a evidência científica é importantíssima para a atuação dos profissionais de saúde”, mas também para desenhar estratégias políticas.

No congresso irão ser debatidas questões como a moderna saúde pública, os conflitos entre a nutrição, a saúde e o setor alimentar, as atualidades em nutrição clínica, as reformas no Serviço Nacional de Saúde ou os caminhos da empregabilidade e a valorização da profissão de nutricionista.

Organização das Nações Unidas
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um comunicado para expressar preocupação com um projeto de lei que ameaça o...

Segundo um comunicado, assinado pelo Fundo para a População das Nações Unidas (UNFPA), a ONU Mulheres, o Escritório da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde no Brasil (OPAS/OMS) e o Escritório Regional para a América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) a aprovação desta lei nos seus termos atuais acarretará "maior risco para a saúde de mulheres e raparigas".

O projeto de lei, aprovado há duas semanas por uma comissão parlamentar no Congresso do Brasil foi considerado um "cavalo de Troia" por ativistas pró-aborto.

O objetivo inicial da lei, discutida numa comissão especial, era ampliar a licença de maternidade de mães de bebés prematuros, mas um grupo de deputados ultraconservadores ligados a igrejas evangélicas inseriram um artigo afirmando que o direito à vida é "inviolável desde a conceção", o que poderia excluir todos os casos autorizados de aborto.

No Brasil, o aborto é permitido somente em caso de violação, risco de vida para a mãe, ou se o feto tem anencefalia, uma má formação congénita do sistema nervoso.

No entender das agências da ONU, ao determinar que a vida é "inviolável desde a conceção" o projeto desviou-se de seu propósito inicial e também distanciou o Brasil dos compromissos internacionais firmados no campo dos direitos humanos, incluindo os direitos das mulheres e a igualdade de género.

As agências da ONU afirmaram que a nova redação da lei "coloca as mulheres numa situação que comprometeria o exercício de seus direitos humanos e que limitaria a capacidade do Estado, como garante desses direitos, no cumprimento das suas obrigações em matéria de direitos reprodutivos."

Hoje os abortos ilegais são uma das principais causas de morte materna no Brasil e no mundo.

O projeto que pode proibir todas as formas de aborto no Brasil será analisado numa outra comissão antes de ser submetido a votação em plenário da Câmara dos Deputados (câmara baixa parlamentar), onde serão necessários 308 votos para a sua adoção, o que significa a aprovação de dois terços dos votos dos parlamentares desta casa legislativa.

Na semana passada manifestações contra o projeto de lei ocorreram nas principais cidades do Brasil, mobilizando várias centenas de pessoas no Rio de Janeiro.

Agência do Medicamento
A cidade holandesa de Amesterdão vai acolher a futura sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA), ao bater Milão (Itália)...

Numa “corrida” na qual participava a cidade do Porto – que foi afastada na primeira volta, ao ser a sétima cidade mais votada -, Milão foi a cidade a reunir mais votos nas duas primeiras voltas, mas na terceira e última ficou empatada com Amesterdão (13 votos cada, já que um dos 27 Estados-membros teve voto nulo), havendo então necessidade de recorrer a um sorteio, tal como previam as regras, e a sorte sorriu à cidade holandesa, indicaram fontes europeias.

Na primeira volta da votação para a sede da EMA, o Porto recolheu 10 votos, tendo sido a sétima cidade mais votada, a par de Atenas, e atrás de Milão (25 votos), Amesterdão e Copenhaga (ambas com 20) – tendo estas três passado à segunda volta -, Bratislava (15), Barcelona (13) e Estocolmo (12).

Os outros candidatos que hoje se apresentaram a votos eram Bona (Alemanha), Lille (França), Sófia (tiveram todas 3 votos na primeira volta); Viena (4), Bruxelas e Helsínquia (ambas com 5 votos), Bucareste e Varsóvia (7).

A EMA, cuja localização em Londres terá de mudar devido à saída do Reino Unido da UE, conta atualmente com 890 trabalhadores e recebe cerca de 35 mil representantes da indústria por ano.

Ainda hoje, os 27 Estados-membros reunidos num Conselho de Assuntos Gerais – numa reunião na qual Portugal está representado pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias -, irão eleger a nova sede da Autoridade Bancária Europeia, também de saída do Reino Unido devido ao ‘Brexit’

Nutricionistas
A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, afirmou hoje que o cenário alimentar em Portugal “é catastrófico” e...

Para a bastonária, “Portugal não tem sabido utilizar” os seus recursos “a bem da alimentação dos portugueses”.

“Nós temos uma prodigiosa tradição alimentar, a alimentação mediterrânica, temos profissionais de saúde de excelência”, nomeadamente os nutricionistas, “mas temos um cenário alimentar que é catastrófico e que está a perigar a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde”, afirmou Alexandra Bento, que falava à agência Lusa a propósito do primeiro congresso da Ordem dos Nutricionistas, que decorre na terça e na quarta-feira, em Lisboa.

A bastonária explicou que os portugueses estão a morrer devido aos erros na alimentação: “as doenças crónicas não transmissíveis são o cenário das doenças na atualidade, morremos de doenças cardiovasculares, morremos de diabetes, de cancro e todas elas muito relacionadas com os maus hábitos alimentares”.

Alexandra Bento observou ainda que, apesar de nunca se ter ouvido tanto falar da importância da alimentação para a saúde, “crescem os mitos e os falsos conceitos à volta da alimentação saudável e equilibrada”.

Por outro lado, apontou, estão acentuar-se as desigualdades sociais nesta matéria. “Quem tem mais escolaridade tem mais literacia alimentar e nutricional, alimenta-se melhor, logo tem melhor saúde”.

E, pelo contrário, quem tem “menor escolaridade, menor nível sociocultural e económico, tem mais dificuldade de organizar a sua alimentação, logo vai ter uma saúde mais penosa”, disse Alexandra Bento.

Sobre o congresso, com o tema “Um Compromisso para a Saúde”, a bastonária considerou que “é um grande momento” para os nutricionistas e para os profissionais de saúde.

“A alimentação é uma temática incontornável se queremos mais saúde no nosso país e por isso formatámos este congresso com temas que consideramos que são fortíssimos”, abrindo com um “grande painel” sobre “políticas públicas de saúde na área da alimentação”.

O palco do evento é o Centro Cultural de Belém, onde são esperados mais de 500 participantes, entre especialistas nacionais e internacionais que irão debater questões como a moderna saúde pública, os conflitos entre a nutrição, a saúde e o setor alimentar, as atualidades em nutrição clínica, as reformas no SNS ou os caminhos da empregabilidade e a valorização da profissão de nutricionista.

O congresso não terá patrocínios, segundo a Ordem dos Nutricionistas, que pretende assim manter “a imparcialidade junto dos decisores políticos, dos organismos públicos e privados e da população em geral, dada a sua intervenção na definição de políticas na área da alimentação e nutrição”.

“É óbvio que a colaboração entre nutricionistas e indústria leva a grandes progressos, tanto ao nível da inovação alimentar, como na promoção de uma melhor saúde. Mas é fundamental que esta relação esteja sempre patente e sujeita a total independência e isenção”, sublinhou Alexandra Bento.

Pesquisa
Temperaturas acima dos 28 graus centígrados nas salas de aula podem dificultar o raciocínio, a lógica e a aprendizagem dos...

"A temperatura mais elevada do ar pode provocar o aumento da frequência cardíaca dos estudantes acima de 100 batimentos por minuto", passando estes a consumir "mais calorias" e a diminuir o ser "desempenho cognitivo", explicou à Lusa o investigador Paulo Oliveira, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), do Politécnico do Porto, uma das entidades portuguesas que participam no projeto.

Esta situação, contou o professor, verificou-se em algumas regiões do nordeste do Brasil, como Manaus e Terezina.

Estes são alguns dos resultados preliminares do estudo "Condições Térmicas e Desempenho em Ambientes de Ensino - Norte de Portugal e Nordeste do Brasil", no qual investigadores da ESTG e da Universidade Federal da Paraíba, no Brasil analisam a influência das mudanças de temperatura no desempenho cognitivo dos alunos.

Relativamente a temperaturas temperadas, que se encontram entre os 22 e 24 graus centígrados, a interferência encontrada não era significativa, indicou o investigador.

Segundo Paulo Oliveira, a temperatura ideal para as salas de aula depende da estação do ano, sendo que no inverno a mesma deve estar entre os 22 e os 24 graus centígrados, enquanto no verão deve ficar à volta dos 18 graus.

Embora no Norte de Portugal não se tenham verificado diferenças no desempenho cognitivo dos estudantes quando os fatores ambientais foram alterados, espera-se que até ao término do projeto (previsto para início de 2018) seja possível obter resultados mais substanciais.

De acordo com Paulo Oliveira, é fundamental que as salas de aula reúnam as condições para os alunos aprenderem de forma confortável, passando, a este nível, pela regulação da temperatura e pelo conforto térmico.

"É necessário que as mesmas tenham um bom isolamento térmico e, caso este não funcione de forma adequada, devem ter também sistemas de climatização", indicou.

Nestes casos, continuou, é igualmente importante que os filtros dos equipamentos sejam verificados com regularidade, para impedir a entrada de poeira e de partículas de ar.

"Estas são zonas com uma permanência significativa de humidade e que têm as condições ideias para a proliferação de diversos microrganismos", esclareceu, reforçando a importância da revisão dos equipamentos.

Para o trabalho luso-brasileiro foram recolhidos dados ao nível de parâmetros cardiovasculares, consumo de energia e de conforto ambiental, em contexto de sala de aula.

O estudo abrangeu uma amostra de estudantes de várias turmas das licenciaturas em Engenharia Informática e em Ciências Empresariais, tendo sido efetuadas medições aquando da utilização de equipamentos tecnológicos, como computadores portáteis.

No decorrer das medições em contexto de aula, os estudantes tinham que responder, em simultâneo, a testes de sequência lógica para avaliação do seu desempenho cognitivo, com registo do tempo e das calorias consumidas pelo organismo, enquanto eram expostos aos parâmetros de conforto ambiental do meio envolvente.

A amostra incluiu estudantes da ESTG do Politécnico do Porto, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, da Escola de Engenharia da Universidade do Minho e de outras instituições de ensino superior do Brasil.

O trabalho de cooperação arrancou em 2016, com o projeto "Mudanças Climáticas e Elevação da Temperatura do Ar: Implicações na Saúde e no Desempenho de Alunos em Ambientes Climatizados", cofinanciado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Brasil.

Novas regras
Utentes infetados com VIH/sida vão custar menos um terço ao Estado que este ano, de acordo com as novas regras da Administração...

As novas regras dos hospitais públicos vão tornar os tratamentos de doenças como VIH/sida e hepatite C mais acessíveis, o que tratará uma poupança ao Estado no próximo ano, segundo noticia o jornal Público. Em 2018, o financiamento para os hospitais vai subir para 3.875 milhões de euros, em comparação com os 117 milhões alocados este ano.

Utentes infetados com VIH/sida vão custar menos um terço ao Estado que este ano. O valor anual recebido pelos hospitais vai diminuir para 5.997 euros por doente no próximo ano, face aos 9.166 euros anuais de 2017. No caso de doentes com hepatite C não havia valor estipulado e os hospitais vão começar a receber 6.922 euros por doente.

As revisões foram feitas “considerando o hiato de tempo de cerca de dez anos volvido entre a criação da modalidade de pagamento e o momento atual”, segundo refere o documento da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) que define as novas regras para os hospitais, em 2018, a que o jornal Público teve acesso.

Colocação
Na região de Lisboa, onde mais faltam médicos de família, havia 218 lugares à disposição mas só foram ocupados 154.

Ficaram por ocupar 52 postos de trabalho no último concurso do Serviço Nacional de Saúde para os médicos que concluíram este ano a especialidade em Medicina Geral e Familiar. Em abril tinham concluído esta especialidade 291 médicos e o governo abriu o concurso em setembro, pronto para fazer um contrato de trabalho com 290 médicos. Segundo dados avançados ao i pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), apenas foram contratados 238 médicos.

O concurso para colocação dos recém-especialistas tem algumas particularidades: os jovens médicos só podem concorrer às vagas identificadas pela tutela nos centros de saúde onde há maior necessidade de fixar médicos. Ainda assim, no início no processo são colocados mais lugares à disposição do que o número de candidatos e postos de trabalho a ocupar, para os médicos poderem optar.

Neste último concurso foram disponibilizadas 317 vagas para os 290 lugares a preencher, que abrangiam assim a quase totalidade dos médicos que concluíram o internato, como tem sido regra nos últimos anos, dado que continuam a faltar médicos de família no SNS.

O balanço fornecido ao i revela que as assimetrias vão manter-se. Na região Norte, onde praticamente todos os cidadãos têm médico de família (a taxa de cobertura é de 97,8%), foram ocupadas as 36 vagas disponibilizadas pela tutela. O mesmo aconteceu relativamente às 20 vagas na região Centro, onde hoje também é residual a fatia da população sem médico.

Já na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde tinha sido disponibilizado o maior número de vagas – 218 das 317 –, foram ocupadas 154. Atualmente, em Lisboa há 646 480 utentes sem médico de família – 17,4% do total de inscritos. Em setembro, o vice--presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco, tinha estimado ao jornal “SOL” que, se todas as vagas fossem ocupadas, bastaria dois anos para resolver a falta de médicos de família em Lisboa. Este ano, a ARS desafiou mesmo os agrupamentos de centros de saúde a organizarem visitas guiadas aos jovens médicos, falando também das obras em curso em muitos centros de saúde – 50 das 79 obras projetadas pela tutela estão nesta zona do país, o que, mesmo assim, não terá sido suficiente. No ano passado, dos dois concursos para colocação de jovens médicos em Lisboa, com um total de 225 vagas, tinham ficado por ocupar 86 lugares.

Por último, dificuldades também no Alentejo, onde ainda assim falta médico a menos pessoas:_só foram ocupadas três das dez vagas disponibilizadas. No Algarve foram ocupadas 25 das 33 vagas existentes.

A ACSS informou ainda que dos 238 médicos recrutados, 85 ficaram colocados em estabelecimentos de saúde identificados em zonas carenciadas, pelo que terão direito aos incentivos revistos este ano pelo governo e que garantem aos médicos um acréscimo salarial na ordem dos 40% e mais tempo de férias.

 “A culpa é do governo”

Para o Sindicato Independente dos Médicos, não há mais vagas ocupadas “por culpa do governo”, a quem atribui responsabilidades pelos atrasos nos concursos. No ano passado, os médicos de família estavam colocados em agosto e, este ano, o concurso só abriu em setembro, com os médicos a iniciar funções entre outubro e novembro. No caso dos especialistas hospitalares, que também concluíram a formação em abril, o concurso ainda não abriu. Na semana passada, o ministro da Saúde garantiu no parlamento que abriria em breve. Ao i, a ACSS disse não ser possível adiantar uma data concreta. “A cada dia que passa há uma pressão cada vez maior para os médicos irem para o privado ou para o estrangeiro”, diz Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM. “O Estado sabe quantos internos tem em cada ano. No dia em que acabam a especialidade, devia abrir o concurso. Tinham contrato, tinham tudo para orientar as suas vidas”, salienta o dirigente sindical, lembrando que, há dois anos, os sindicatos acordaram simplificar o processo de recrutamento dispensando entrevista, o que a tutela “não tem aproveitado”.

 Relativamente aos especialistas hospitalares, Roque da Cunha fala de 540 médicos à espera e de serviços envelhecidos onde os médicos mais novos têm mais de 50 anos. “Não sei quantos jovens o governo espera recrutar”, diz o médico, que atribui o atraso às Finanças. “Como continuam a trabalhar e recebem menos mil euros do que se estivessem contratados como especialistas, sai mais barato. Mas isso faz com que as pessoas saiam e, depois, o Estado vá recorrer a tarefeiros com um preço/hora mais elevado.” Também a ordem já mostrou preocupação com o atraso, revelando que já houve pedidos de documentação para emigrar por alguns jovens médicos.

Estudo
Os videojogos têm potencial para poderem vir a ser utilizados como meio auxiliar de diagnóstico em doenças associadas ao...

Desenvolvido por uma equipa de investigadores das faculdades de Ciências e Tecnologia e de Medicina da UC, o estudo centrou-se na avaliação de ‘serious games’ (“jogos aplicados a situações sérias”) como “um instrumento útil para ser usado na avaliação cognitiva e estimulação da população idosa”, refere uma nota da UC enviada hoje à agência Lusa.

Para isso, a equipa, constituída por Hélio Neto, Joaquim Cerejeira e Licínio Roque, “instrumentou três jogos com ferramentas de recolha de dados que permitissem estudar o desempenho das funções cognitivas do público-alvo”.

Os jogos foram depois testados com dois grupos de pessoas idosas. Um grupo seguido na Unidade de Gerontopsiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), sob a supervisão do especialista Joaquim Cerejeira, e outro constituído por idosos saudáveis, acrescenta a UC.

Durante as experiências, os especialistas recolheram e analisaram cerca de uma centena de indicadores, que permitiram estudar os níveis de desempenho ao longo do jogo, e, com a mesma amostra, aplicaram também um teste padrão – o Montreal Cognitive Assessement (MoCA) –, usado em contexto clínico para rastreio de défice cognitivo.

Os resultados revelaram “uma correlação direta entre o desempenho obtido nos jogos e o resultado alcançado no teste MoCa”, isto é, “os jogadores que obtiveram melhor performance no teste padrão foram os que conseguiram concluir mais níveis nos jogos”, explica Licínio Roque, docente e investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Coimbra.

Embora sejam necessários estudos mais aprofundados, esta correlação indica que os ‘serious games’ poderão, no futuro, “ser utilizados como instrumento auxiliar de diagnóstico em patologias que envolvam avaliações neuropsicológicas”, adianta o investigador, citado pela UC.

“Os jogos podem, de uma forma menos stressante e mais atrativa, ser usados como indicadores de substituição para testes cognitivos. Por exemplo, a pessoa pode estar no conforto da sua casa e ser acompanhada remotamente pelo médico enquanto joga”, salienta ainda Licínio Roque.

O psiquiatra do CHUC e docente da Faculdade de Medicina de Coimbra Joaquim Cerejeira realça, por seu lado, que esta nova abordagem “poderá vir a ser útil para caracterizar e monitorizar a função cognitiva dos doentes de uma forma rotineira e cómoda”.

O médico ou neuropsicólogo poderá, dessa forma, “verificar se o desempenho do doente está de alguma forma prejudicado e verificar em que medida o tratamento instituído está a ser eficaz”, sublinha Joaquim Cerejeira.

A investigação, que foi distinguida recentemente com o prémio de ‘Melhor artigo científico’ 2017 na ICEC (International Conference on Entertainment Computing), foi desenvolvida ao longo de quatro anos, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), do Brasil.

Na sequência do Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), assinalado no passado dia 15 de novembro, a Sociedade...

 “Todo o indivíduo com 40 ou mais anos de idade, fumador, com tosse, expetoração e/ou falta de ar com as atividades do dia-a-dia, deve consultar o seu médico para avaliar se tem DPOC. A presença destes sintomas num fumador implica a realização de uma espirometria”, explicam as coordenadoras da Comissão, Dras. Inês Gonçalves e Ana Sofia Oliveira. A precocidade diagnóstica permite, de acordo com dados internacionais, uma diminuição das exacerbações e hospitalizações e redução de custos com ganhos no sistema de saúde.

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é comum em Portugal, afetando cerca de 14,2% da população com 40 ou mais anos de idade, de acordo com estimativas do estudo BOLD (Burden of Obstructive Lung Disease).

A taxa de subdiagnóstico é ainda extremamente elevada, o que significa que muitos doentes ainda não sabem que têm DPOC.

É, pois, com o objetivo de alertar para a importância do diagnóstico precoce que a SPP lança este vídeo de sensibilização, que tem como mensagem Não Vire as Costas à DPOC. O vídeo será transmitido na RTP na próxima segunda-feira e será partilhado nas redes sociais durante as próximas semanas. 

Tosse, cansaço e falta de ar são sintomas que os doentes tendem a desvalorizar e a atribuir a outras causas, nomeadamente ao tabaco e ao envelhecimento. “Se têm falta de ar, preferem andar de carro mesmo que seja uma distância muito curta, preferem andar de elevador mesmo que seja um único andar, evitam brincar com os filhos ou os netos para evitar fazer esforços para não se cansarem. Evitam atividades familiares e sociais com perda gradual de qualidade de vida. Infelizmente muitos só tomam consciência do problema quando são internados”, alertam as Dras. Inês Gonçalves e Ana Sofia Oliveira.

Abandonar os hábitos tabágicos, fazer a medicação diariamente conforme indicação médica, manter atividade física diária e evitar infeções respiratórias, fazendo as vacinas para evitar as gripes e pneumonias, fazendo as vacinas vacina antigripal e antipneumocócica são as recomendações da Comissão de Trabalho de Fisiopatologia Respiratória e DPOC para um controlo dos sintomas e para uma melhor qualidade de vida.

“Fazendo o tratamento diariamente, de forma regular e correta, o doente consegue ter os seus sintomas controlados, ou seja, menos tosse, expetoração, cansaço e falta de ar. Por consequência existirá melhoria na qualidade de vida e menor número de descompensações, o que implica menor número de idas aos Serviços de Urgência e internamentos. Infelizmente os internamentos por DPOC estão associados a elevada mortalidade”, descrevem as especialistas.

Antibióticos
De acordo com a Organização Mundial de Saúde mais de metade dos antibióticos são prescritos de forma

O antibiótico é qualquer medicamento capaz de combater uma infeção causada por microrganismos que causam infeções a outro organismo. Não destroem vírus!

O termo antibiótico tem sido utilizado de modo mais restrito para indicar substâncias que atingem bactérias, embora possa ser utilizado em sentido mais amplo contra outros parasitas (protozoários, fungos ou helmintos). Ele pode ser bactericida, quando tem efeito letal sobre a bactéria ou bacteriostático, se interrompe a sua reprodução ou inibe seu metabolismo mas também causa efeitos significativos em doenças causadas por vírus como a gripe.

As primeiras substâncias descobertas eram produzidas por fungos, como a penicilina. Atualmente existem também antibióticos sintetizados ou alterados em laboratórios farmacêuticos para evitar resistências e diminuir efeitos colaterais.

Quando usados corretamente, os antibióticos são medicamentos extremamente úteis. Para além dos efeitos adversos, o uso indiscriminado de antibióticos pode levar ao surgimento de bactérias resistentes.

 Os dados estatísticos recentemente publicados sobre o consumo de antibióticos tanto nos Estados Unidos com na União Europeia reportam uma diminuição discreta desse consumo. Como nota positiva para Portugal destaca-se a diminuição no consumo hospitalar de carbapenemos , última linha na terapêutica para estirpes bacterianas multirresistentes. A resistência bacteriana aos antibióticos é atualmente um dos problemas de saúde pública mais relevantes a nível global, dado que apresenta consequências clínicas e económicas preocupantes, estando associada ao uso inadequado de antibióticos.

A resistência bacteriana tem crescido acentuadamente, sendo que as bactérias Gram-positivas mais resistentes aos antibióticos são da espécie Staphylococcus aureus e do género Enterococcus, ao passo que as bactérias Gram-negativas mais resistentes aos antibióticos são das espécies Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa e da família Enterobacteriaceae.

No mundo inteiro, doenças infeciosas graves estão a ficar resistentes aos antibióticos – principalmente porque estes são usados em excesso para tratar infeções ligeiras. A produção de novos antibióticos está a ocorrer a um ritmo mais lento do que o do surgimento de resistências, deixando poucas alternativas. O seu uso cauteloso por parte dos trabalhadores de saúde e dos doentes será a principal estratégia no combate a essas resistências.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 50% dos antibióticos são prescritos de forma inadequada  o que vem causando resistência à ação dos medicamentos.

Regras gerais para o uso de antibióticos

1. Nunca usar um antibiótico, a não ser que o doente tenha uma infeção bacteriana

2. Usar somente o antibiótico que é recomendado para a infeção que se quer tratar

3. Saber quais são os riscos de utilização do antibiótico

4. Usar o antibiótico somente na dose recomendada

5. Administrar o antibiótico durante o período recomendado

6. Privilegiar a via oral em detrimento da fórmula injectável

Porque se devem usar apenas nas situações recomendadas ?

1. Intoxicações e reações. Os antibióticos não matam apenas as bactérias, mas podem também prejudicar o organismo, por intoxicação ou causando reações adversas;

2. Alterações do equilíbrio natural. Nem todas as bactérias que estão no corpo são prejudiciais. Pelo contrário, algumas são necessárias para o corpo funcionar normalmente. Os antibióticos muitas vezes matam também as bactérias que ajudam o corpo.  As pessoas que tomam amoxicilina ou outros antibióticos de largo espectro, durante vários dias, podem ficar com diarreia. Os antibióticos podem matar alguns tipos de bactérias necessárias para a digestão e desta forma prejudicam o equilíbrio natural do intestino;

3. Resistência ao tratamento. A razão mais importante para limitar o uso dos antibióticos é que quando os antibióticos são usados em excesso acaba por ter menos efeito. As bactérias tornam-se resistentes ao antibiótico.

É, assim, necessário adotar estratégias que minimizem a resistência nas espécies em que esta apresenta um nível elevado, ou em que houve um aumento da resistência em anos recentes, tais como o uso adequado de antibióticos no tratamento de infeções causadas por essas espécies e um melhor controlo de infeções hospitalares

Os dados publicados sobre resistências bacterianas são dados recolhidos exclusivamente em meio hospitalar, não tendo sido encontrados dados de resistências recolhidos em cuidados primários. Apesar de considerarmos que as infeções causadas por estirpes resistentes em meio ambulatório são, não raras vezes, tratadas em meio hospitalar, parece-nos ser fundamental a recolha de dados de resistência bacteriana nos cuidados primários.

A  promoção da comunicação e do fluxo de informação entre os cuidados primários e os cuidados diferenciados poderá melhorar as medidas de combate ao problema de saúde pública que as resistências bacterianas representam.

Uma outra medida a tomar, com vista a prevenir a emergência e disseminação das resistências bacterianas, é restringir o consumo de antibióticos na prática veterinária e na produção animal, atividades responsáveis pelo consumo inadequado de muitos antibióticos e pela seleção de estirpes resistentes que depois se transmitem para outros animais e para os humanos.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
O Conselho da União Europeia (UE) decide hoje a 27 para onde será deslocada a Agência Europeia do Medicamento (EMA), à qual se...

A votação decorre na reunião do Conselho de Assuntos Gerais, em que participa a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, e os 27 – o Reino Unido não participa – terão que escolher entre 19 cidades candidatas, incluindo o Porto.

Na primeira volta, cada Estado-membro pode atribuir três, dois e um ponto entre as candidaturas, havendo uma vencedora se recolher o apoio máximo de pelo menos 14 votantes, será de imediato a vencedora.

Caso contrário, a escolha será entre as três cidades mais votadas – com um ponto por Estado-membro – e, se necessário, haverá nova volta entre duas, podendo a escolha ser, em último caso, por sorteio.

Além do Porto, são candidatas a sediar a EMA as cidades de Amesterdão (Holanda), Atenas (Grécia), Barcelona (Espanha), Bona (Alemanha) Bratislava (Eslováquia), Bruxelas (Bélgica), Bucareste (Roménia), Copenhaga (Dinamarca), Dublin (Irlanda), Helsínquia (Finlândia), Lille (França), Milão (Itália), Sófia (Bulgária), Estocolmo (Suécia), Varsóvia (Polónia), Viena (Áustria), Zagreb (Croácia) e ainda Malta, que não especificou a cidade.

O Palácio dos Correios, nos Aliados, o Palácio Atlântico, na praça D. João I, ou instalações novas na avenida Camilo Castelo Branco são as três localizações propostas para a EMA no Porto, caso a cidade vença esta candidatura, tendo o autarca Rui Moreira já garantido que a sua instalação na cidade não vai ter custos para Portugal.

A comissão da candidatura, com o apoio do Governo, tem vindo a afirmar que "o Porto está em jogo para ganhar", reunindo condições para tal, e tem feito uma intensa campanha da sua promoção na Europa.

Na sexta-feira, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse que "o Porto está claramente no conjunto das candidaturas mais fortes".

"Independentemente do resultado, Portugal e o Porto ganharam. Ganharam com uma candidatura que prestigiou o país, uma candidatura nacional. O Porto está claramente no conjunto das candidaturas mais fortes", disse Adalberto Campos Fernandes.

O ministro da Saúde frisou que "o Porto mostrou a sua vitalidade, a sua capacidade de acolher entidades de elevada diferenciação", apontando que "de certeza que a cidade abriu portas", uma convicção partilhada pelo autarca Rui Moreira.

"Nada será como antes porque o Porto passou por todas as etapas necessárias. Nos critérios fundamentais, o Porto preenche todos os parâmetros fundamentais. Doravante em situações desta natureza, o Porto passa a estar no mapa de cidades que podem acolher este tipo de investimentos e instituições", disse o presidente da Câmara.

De acordo com a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, "foi feito um intenso trabalho diplomático e muitas diligências diplomáticas junto dos 26 países envolvidos".

A nova sede da Autoridade Bancária Europeia – com oito candidaturas - também é decidida na reunião de hoje.

Serviços de urgência
O pagamento dos serviços de urgência aos hospitais do SNS que os prestem irá levar em conta a percentagem de episódios...

Segundo o documento que define a contratualização dos cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2018, a que a agência Lusa teve acesso, no próximo ano o pagamento dos Serviços de Urgência Polivalente (SUP), dos Serviços de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC) e dos Serviços de Urgência Básica (SUB) será efetuado de acordo com um valor fixo, um montante em função do desempenho e um valor variável.

O valor fixo será atribuído “em função da disponibilidade de serviço nas três tipologias de urgência”, o definido para o desempenho deverá ser “aferido através de indicadores de acesso e qualidade” e o valor variável “em função da atividade marginal e inesperada que seja necessária”.

“A componente variável corresponde à atividade que vier a ser necessária para além dos valores contratados, e será paga a um preço marginal” e o seu pagamento “fica associado ao grau de cumprimento do indicador que compõe os incentivos, ou seja, ao grau de cumprimento da meta definida para o indicador ‘Percentagem de episódios de urgência atendidos dentro do tempo de espera previsto no protocolo de triagem’”.

De acordo com os “Termos de referência para contratualização de cuidados de saúde no SNS para 2018”, são expectáveis para o próximo ano 35 mil episódios de SUB, 100 mil episódios de SUMC e 170 mil episódios de SUP.

O documento da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) determina ainda que em 2018 “serão desenvolvidas experiências-piloto de implementação de Centros de Responsabilidade Integrados (CRI) nos serviços de urgência, em instituições que venham a ser identificados pelas Administrações Regionais de Saúde (ARS) respetivas, visando o aumento da autonomia de gestão, a maximização dos recursos, a otimização dos processos assistenciais e de decisão e o cumprimento integral dos tempos de resposta nos serviços de urgência”.

Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde quer que os hospitais aumentem as suas receitas através da captura de utentes em lista de espera de...

De acordo com os “Termos de referência para contratualização de cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2018”, a que a agência Lusa teve acesso, os hospitais devem “aumentar as suas receitas extra contrato-programa, efetuando protocolos com outras entidades do SNS (…) captando utentes em lista de espera de outros hospitais”.

Outras medidas que constam do documento sugerem que os hospitais identifiquem, “de forma rigorosa, os utentes beneficiários de sistemas estrangeiros de proteção, cobrando a atividade realizada a utentes cuja responsabilidade financeira, seja de seguradoras ou de outras entidades terceiras responsáveis, desenvolvendo ensaios clínicos e projetos de turismo de saúde, entre outras”.

No mesmo âmbito, o documento elaborado pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) determina que os hospitais públicos devem “proceder à gestão dos recursos humanos, de forma a alcançar níveis de produtividade idênticos aos do melhor do grupo de ´benchmarking` [comparação de produtos, serviços e práticas empresariais] em que a instituição se insere”.

“Promover a mobilidade dos profissionais de saúde entre as instituições do SNS e implementar medidas de reorganização de serviços e/ou de reafetação de profissionais”, bem como “manter os custos globais com suplementos remuneratórios e prestações de serviços”, são outras das medidas que constam do documento.

Segundo a ACSS, em 2018 os hospitais e centros hospitalares vão receber 3.875.331.879 euros, mediante a contratualização de cuidados de saúde no SNS. Destes, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte irá receber 1.337.568.528 euros, a do Centro 767.948.297 euros, a de Lisboa e Vale do Tejo 1.503.329.664 euros, a do Alentejo 71.608.636 euros e a do Algarve 194.876.754 euros.

Em relação às consultas hospitalares, a tutela pretende que em 2018 sejam implementadas “medidas que vinculam as instituições na gestão do acesso à consulta hospitalar, com enfoque em medidas a nível nacional, como a implementação do tele-rastreio dermatológico, na dermatologia, ou do rastreio da retinopatia diabética, na oftalmologia”.

É incentivada, pela via do financiamento, “a adoção de soluções locais que contribuam para a melhoria dos tempos de resposta, pelo que as primeiras consultas referenciadas pelos cuidados primários (…) terão o seu preço majorado em dez por cento”.

Adicionalmente, prossegue o documento, “as consultas médicas realizadas em tempo real, programadas ou urgentes, são majoradas em 10%, independentemente de serem primeiras consultas ou subsequentes”.

“Com particular relevância para esta linha reforça-se que não são aplicáveis critérios de acesso com base na área de residência do utente, ou seja, o pagamento das teleconsultas não se encontra associado à residência”.

Também as consultas de psiquiatria, “realizadas na comunidade, são majoradas em 10%, sejam primeiras consultas ou consultas subsequentes. A mesma majoração se aplica à atividade realizada nos estabelecimentos prisionais”, lê-se no documento.

Outra aposta refere-se às consultas hospitalares descentralizadas nos cuidados de saúde primários, tendo em conta que contribuem para “aumentar a acessibilidade dos utentes aos cuidados de saúde e incentiva a articulação entre as instituições do SNS, promovendo a proximidade aos utentes e a continuidade dos cuidados”.

Nesse sentido, as primeiras consultas e subsequentes terão uma majoração de 10% no preço por grupo em algumas “especialidades (como a saúde mental, a oftalmologia, a obstetrícia, a pediatria e a medicina física e de reabilitação, por exemplo) e em áreas geográficas concretas, obedecendo sempre a protocolos clínicos bem definidos”.

No documento, está expressa a intenção da tutela de reduzir “a utilização de cuidados hospitalares que seriam evitáveis, com destaque para os internamentos médicos evitáveis, por se encontrarem associados a patologias ou condições de saúde que podem e devem ser prevenidas e/ou tratadas ao nível dos cuidados programados de primeira linha”.

Pretende-se ainda “melhorar a eficácia e a eficiência da resposta às situações de urgência e emergência, introduzindo iniciativas que permitam redirecionar os utentes para os cuidados programados e de proximidade, reforçando a respetiva capacidade resolutiva e reduzindo a atividade dos serviços de urgência”.

Outra medida passa pelo “alargamento do Livre Acesso e Circulação (LAC) do utente no SNS, diversificando as alternativas e aumentando a sua capacidade de intervir de forma pró-ativa e responsável na gestão do seu estado de saúde e bem-estar”.

O documento refere ainda o propósito de “incentivar a transferência de consultas subsequentes para os cuidados de saúde primários (nomeadamente na área das doenças crónicas), reorientando a procura para respostas de proximidade e estimulando o recurso à referenciação dos cuidados de saúde primários e à resposta via TeleSaúde”.

Outro objetivo passa por “aumentar a atividade das instituições do SNS na área da diálise, promovendo o aumento dos programas hospitalares de tratamento da insuficiência renal crónica em ambulatório (diálise peritoneal e hemodiálise)”.

Taxas de cesarianas
Os hospitais com taxas de cesariana superiores a 29,5% ou 31,5%, consoante o grau de diferenciação, não vão receber do Estado o...

Segundo os “Termos de referência para contratualização de cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2018”, a que a agência Lusa teve acesso, “a Comissão Nacional para a Redução da Taxa de Cesarianas (CNRTC) propôs a definição de metas para a taxa de cesarianas nos hospitais do SNS que tivessem repercussão no financiamento hospitalar”.

A medida não deve, contudo, acarretar “riscos acrescidos de saúde para os utentes, aspeto que deverá ser sempre a primeira prioridade na tomada de decisões clínicas”, tendo em conta que “a realização de uma cesariana pode trazer benefícios de saúde inequívocos para a grávida e para o seu filho, mas a sua utilização abusiva sem motivos clínicos acarreta riscos acrescidos para ambos”.

O documento da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) indexa o pagamento dos episódios de internamento com cesariana à taxa de cesarianas, sendo que no caso dos hospitais de apoio perinatal o financiamento deixa de existir quando a taxa for superior a 29,5 por cento.

Em relação aos hospitais de apoio perinatal diferenciado, o financiamento termina quando a taxa ultrapassar os 31,5 por cento.

Para os hospitais com taxas superiores a 29,5% e 31,5%, a contratualização para 2018 define que o financiamento só ocorre quando a redução destas percentagens for superior a cinco por cento.

Ainda na área da saúde reprodutiva, o documento determina que o pagamento dos episódios de parto passará a estar dependente da confirmação de existência de registo na plataforma “Notícia de Nascimento”, salvo nos casos de exceção previstos.

O programa para a Procriação Medicamente Assistida (PMA) continua a ser assumido pelo Ministério da Saúde como uma prioridade, mantendo-se no próximo ano um programa de saúde específico que envolve os hospitais do SNS para melhoria do acesso ao diagnóstico e tratamento da infertilidade.

Este programa engloba “o financiamento compreensivo de todos os tratamentos associados a problemas de infertilidade, assim como todos os atos médicos associados”.

Em 2018, a atividade de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) até às dez semanas de gestação será paga por 283 euros, quando o procedimento for por medicamento, e por 369 euros, no caso das cirúrgicas.

SNS
As unidades de saúde consideradas centros de referência vão receber mais pelas consultas e tratamentos nas áreas em que foram...

Os centros de referência vão receber mais pelas consultas e tratamentos nas áreas em que foram reconhecidos e os hospitais sem esta classificação vão receber metade pelos procedimentos que realizarem nessas áreas, segundo a contratualização para 2018.

Os “Termos de referência para contratualização de cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2018”, a que a agência Lusa teve acesso, apontam como um dos princípios genéricos de incentivo aos centros de referência – considerados os melhores em determinadas áreas – “a majoração em 10% do preço das consultas (primeiras e subsequentes) realizadas em centros de referência no âmbito das áreas de referência”.

Por outro lado, o preço das consultas (primeiras e subsequentes) realizadas nas áreas de atividade, em outros centros tratamento, será reduzido em 50 por cento.

No âmbito dos incentivos institucionais de desempenho assistencial e de eficiência, a contratualização para 2018 determina incentivos para os hospitais e centros de referência que representam 5% do valor do contrato-programa e estão associados ao “cumprimento de objetivos de desempenho assistencial e de eficiência em determinadas áreas de atividade consideradas prioritárias, sendo que 60% está associado a objetivos institucionais comuns a nível nacional e 40% a objetivos institucionais de cada região de saúde”.

Um dos itens a levar em conta para a atribuição de incentivos é o índice de qualidade PPCIRA (Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência Antimicrobiana), com uma ponderação de oito por cento.

Este índice é composto por um conjunto de variáveis, como o consumo hospitalar global de antibióticos, a taxa de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), conhecida como a “super bactéria”, no total de Staphylococcus aureus isolados em amostras invasivas (sangue e liquor) e cujo objetivo é a sua redução em cinco por cento ao ano.

No entanto, e “procurando contribuir para o acréscimo de justiça e de equidade e para a minimização de eventuais discrepâncias de avaliação entre instituições”, está definido no documento que “as metas para cada instituição serão negociadas entre as Administrações Regionais de Saúde (ARS) e as instituições hospitalares, de acordo com uma metodologia nacional”.

O documento da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) refere ainda que em 2018, no âmbito do Programa de Promoção de Investigação e Desenvolvimento, as instituições “concorrem entre si pela dotação anual de dois milhões de euros, distribuída pelo peso relativo da pontuação alcançada para o conjunto das patentes registadas e artigos científicos publicados em 2017”.

Através deste programa, Governo pretende “premiar e estimular a produção científica realizada pelos hospitais e centros hospitalares e Unidades Locais de Saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Versão atualizada
O novo Juramento de Hipócrates foi hoje lido pela primeira vez em Portugal, apresentando uma versão sem " paternalismo...

Em Coimbra, mais de 300 jovens médicos prestaram pela primeira vez em Portugal o Juramento de Hipócrates, segundo a versão atualizada em outubro pela Associação Médica Mundial

Para o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Carlos Cortes, com o novo texto, o juramento "perde definitivamente o seu paternalismo beneficente", com a abordagem dos procedimentos médicos a deixar de ser "um atributo exclusivo do médico, passando a decisão informada a ser tomada pela equipa médico-doente".

O novo texto, sublinhou, "coloca o doente no centro de todas as preocupações e coloca-o num patamar de intervenção e decisão na estratégia terapêutica da sua própria doença".

"Esta nova versão é uma resposta à desumanização galopante imposta por dirigentes da saúde acéfalos e desprovidos de qualquer sentido de compaixão", vincou Carlos Cortes, que falava durante a cerimónia do juramento, que decorreu hoje à tarde no Convento São Francisco, em Coimbra.

De acordo com Carlos Cortes, o texto mostra que "mais importante do que a doença e a sua erradicação é o ser humano e a sua dignidade".

"Este juramento - e esta é uma novidade importante - não centra a sua preocupação exclusivamente no doente. O médico, e sobretudo o seu bem-estar, a sua própria saúde passam a ser uma determinante incontornável para a prática de cuidados de saúde adequados", acrescentou.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, a essência do Juramento de Hipócrates "é a mesma", mudando "pequenas coisas que são importantes para acompanhar aquilo que é a evolução" da medicina e das relações éticas e deontológicas.

Em declarações aos jornalistas, Miguel Guimarães também chamou a atenção para a centralidade que o doente ganha nesta nova versão.

"Este novo juramento vem corresponder àquilo que são as práticas atuais", constatou.

"Respeitarei a autonomia e a dignidade do meu doente" e "Guardarei o máximo de respeito pela vida humana" são algumas das novidades introduzidas pela Associação Médica Mundial no Juramento de Hipócrates.

Na anterior versão, o Juramento contemplava a seguinte frase: "Guardarei respeito absoluto pela vida humana desde o início", tendo sido substituído o "respeito absoluto" por "máximo respeito".

O respeito pela "autonomia e dignidade" do doente são novidades em relação ao texto anterior.

A orientação sexual passa a figurar entre as considerações que não se podem interpor entre o dever do médico e o seu doente, a par da idade, deficiência, crença religiosa, origem étnica, nacionalidade, filiação política ou estatuto social.

Na anterior versão do Juramento constava apenas a religião, raça, nacionalidade, política e condição social.

Outra questão introduzida no novo texto diz respeito ao cuidado que os médicos têm de ter com a sua própria saúde: "Cuidarei da minha saúde, bem-estar e capacidade para prestar cuidados de maior qualidade".

O Juramento de Hipócrates não é obrigatório, mas possui forte carga simbólica por marcar o início da atividade dos médicos, sendo no fundo um passo em que os novos clínicos juram praticar a medicina honestamente.

OMS
Cerca de 60% da população mundial não dispõe de instalações sanitárias adequadas, situação que é causadora de contaminação...

No comunicado, por ocasião da celebração do Dia Mundial da Retrete, a OMS aponta sobretudo para a questão das crianças que, sem sanitas, ficam privadas da oportunidade de crescer de forma saudável, preservando a sua própria dignidade.

Estas carências obrigam 892 milhões de pessoas em todo o mundo a defecar ao ar livre, com as fezes a permanecerem nos campos e, no caso em que se são deixadas junto a correntes de aguam, rios e lagos constituem uma grande ameaça à saúde das pessoas e do próprio planeta, alerta a OMS.

“A ameaça é dupla: de um lado estão os 700 milhões de crianças menores de cinco anos que morrem anualmente na sequência de diarreias provocadas pela má qualidade da água, falta de casas de banho, serviços de saneamento e higiene. Por outro, a degradação que provoca o facto de 80% das águas residuais acabarem na natureza sem tratamento prévio”, avisa-se no comunicado.

Segundo a OMS, tornou-se também evidente que a degradação do meio ambiente contribui “bastante” para o atraso no desenvolvimento das crianças nos países mais pobres.

A OMS justifica que o Dia Mundial da Retrete foi instituído para sensibilizar para a crise mundial de saneamento básico e fomentar medidas para a solucionar, tal como ficou acordado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), que têm 2030 como horizonte.

Segundo o compromisso assumido pelos Estados membros das Nações Unidas, todos os habitantes do mundo deverão ter acesso ao saneamento básico, terá de se reduzir para metade a quantidade de águas residuais não tratadas e aumentar a reutilização como combustível ou fertilizante.

Os excrementos humanos devem ser depositados, transportados, tratados e eliminados de forma segura e sustentada.

De qualquer forma, as Nações Unidas recordam que a água e um saneamento deficientes custam anualmente aos países em desenvolvimento 260.000 milhões de dólares (201 mil milhões de euros), o que equivale a 1,5% do seu próprio Produto Interno Bruto (PIB).

No sentido contrário, prossegue, cada dólar investido neste setor gerará cinco, graças à melhoria da saúde e da produtividade das empresas.

Legalização
O Bloco de Esquerda vai promover na segunda semana de dezembro uma audição pública no Parlamento sobre a legalização do consumo...

Em declarações à agência Lusa à margem da CannaDouro - I Feira Internacional de Cânhamo do Porto, que decorreu até domingo na Alfândega do Porto, o deputado bloquista reiterou o empenho do BE para que ainda nesta legislatura seja conseguida a legalização do consumo das drogas leves em Portugal.

"Neste momento, o BE não tem modelos fechados e para discutir os modelos a seguir vamos promover uma audição pública, na Assembleia da República, na segunda semana de dezembro para, com quem quiser estar presente e com especialistas na área, debater qual o melhor caminho", revelou Moisés Ferreira.

Os bloquistas pretendem que dois objetivos sejam cumpridos: a permissão do auto-cultivo, seja como “clube social” ou não, e a possibilidade de aquisição, de forma controlada, em locais licenciados para o consumo da canábis.

O seminário incluído na feira abordou os temas: Canábis: Paradoxos da (des)criminalização; Clubes sociais de canábis, o caso espanhol; O futuro da canábis na União Europeia; A opinião dos utilizadores recreativos em Portugal.

Lembrando que Portugal "tem autorizadas plantações de canábis que depois são exportadas", o deputado critica que se continue "sem legalizar a sua prescrição médica".

"O que nós queremos é uma coisa diferente e melhor. Que os médicos possam prescrever a planta em si ou os seus derivados e que possam depois essas receitas ser aviadas na farmácia e comparticipadas após avaliação de quem tutela a área da saúde no Governo", descreveu o deputado, para quem Portugal deve também dar passos na área da investigação.

"Queremos que Portugal aposte na investigação da canábis para fins medicinais. Já são conhecidos os efeitos terapêuticos do Tetra-hidrocanabinol (THC) e começam a ser cada vez mais conhecidos e descritos os efeitos do cannabidiol (CBD), mas existem muitos outros canabinoides que continuam relativamente desconhecidos e que têm, certamente, efeitos medicinais", acrescentou.

Distinguindo esta matéria da "legalização para uso pessoal e individual para fins recreativos", invocando o combate ao tráfico e às máfias em contraponto com as situações de saúde pública, os bloquistas querem garantir "qualidade no consumo", evitando a existência de "produtos adulterados quimicamente ou geneticamente".

"Se trouxermos o consumo da canábis para a legalidade, necessariamente esse consumo terá de ser mais informado, logo menos perigoso para o individuo e para a sociedade", alegou o deputado.

Em matéria de limites, o BE só o prevê no que se refere ao auto-cultivo, limitando o "número de pés por pessoa", assim evitando "a criação de um mercado negro ou paralelo que mais não seria do que o recrear das atuais redes", disse.

O BE, acrescentou, já apresentou vários modelos para consumo, sempre seguindo as "novas experiências de vanguarda na Europa", e que recreavam as lógicas dos 'coffee shops' e, mais recentemente, os "clubes sociais" na Catalunha.

Negando terem já havido conversas com os demais partidos sobre esta matéria, Moisés Ferreira aprazou-as para o momento a seguir à audição pública, quando houver uma "proposta de projeto", ainda que assuma haver uma expectativa positiva.

"Sentimos que há cada vez mais deputados a reverem-se nos nossos projetos e vemos que há cada vez mais a votar a favor ou a abster-se, pelo que estamos otimistas quanto ao aprovar de um novo regime jurídico", concluiu Moisés Ferreira.

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