Administração Regional de Saúde
A Administração Regional de Saúde do Norte admitiu que existe “um problema” de tuberculose no Porto, revelando que, desde março...

“As autoridades de saúde local e regional estão atentas ao problema e desencadearão as medidas consideradas necessárias à gestão da situação, decorrentes da avaliação em curso”, afirma a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N).

A declaração surge numa nota informativa de resposta a perguntas sobre “um eventual surto de tuberculose no bairro do Aleixo”, depois de a edição de domingo do Jornal de Notícias (JN) revelar que a doença está a “assustar os moradores” e que “já matou, pelo menos, uma pessoa do bairro”.

A ARS-N reconhece que em março de 2017 foi “notificado um caso de tuberculose num indivíduo que frequentava o Bairro do Aleixo”, facto que levou à realização de um rastreio naquele conjunto habitacional, tendo sido avaliadas 32 pessoas sem que tivesse sido identificado qualquer outro caso da doença.

“Em março de 2017, tendo sido notificado um caso de tuberculose num indivíduo que frequentava o Bairro do Aleixo, e face à avaliação efetuada na altura, a Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Porto Ocidental, em conjunto com parceiros comunitários, planeou e realizou um rastreio de tuberculose no referido bairro. Nesse rastreio foram avaliadas 32 pessoas, não tendo sido identificado nenhum caso adicional de doença”, descreve.

De acordo com a ARS-N, “desde essa data, foram notificados mais cinco casos de tuberculose em toxicodependentes residentes na área do ACeS Porto Ocidental, incluindo um óbito”.

Em relação a estes casos, está “a decorrer a necessária investigação epidemiológica acompanhada pela Autoridade de Saúde local”, acrescenta a ARS-N.

Quanto à “abordagem do Bairro do Aleixo”, diz a ARS-N que “está a ser feita numa perspetiva de interdisciplinaridade e cooperação intersetorial, com envolvimento da autarquia e dos parceiros sociais que trabalham no terreno”.

“As autoridades de saúde local e regional estão atentas ao problema e desencadearão as medidas consideradas necessárias à gestão da situação, decorrentes da avaliação em curso”, conclui o comunicado.

A ARS-N destaca que “a toxicodependência está associada a um risco acrescido de doenças infecciosas, entre as quais a tuberculose, sendo que a magnitude desta associação depende do contexto social”.

“De uma forma global, na região de saúde do Norte, em cerca de 4% dos doentes com tuberculose há história de consumo de drogas por via endovenosa, proporção que atinge 9% no concelho do Porto”, assinala.

Segundo a ARS-N, “sempre que é notificado um caso de tuberculose, a Autoridade de Saúde local, na sequência do inquérito epidemiológico e da avaliação do risco, procede ao encaminhamento para rastreio dos contactos próximos do doente”.

De acordo com o JN, “os moradores do bairro do Aleixo”, onde foram demolidas duas das cinco torres durante o mandato do social-democrata Rui Rio, “estão assustados com o aumento de casos de tuberculose verificados naquela zona nos últimos meses”.

“Já com uma morte confirmada, os residentes têm insistido com a Domus Social [empresa municipal que gere o parque habitacional da Câmara do Porto] e com a Delegação de Saúde para tentar conter a doença, mas continuam sem respostas”, descreve a notícia do JN, referindo-se ainda ao “risco de uma grande contaminação por causa de uma subcave na torre 3”.

"Pátio dos Pensadores"
O "Pátio dos Pensadores", espaço de homenagem à memória do médico Daniel Serrão, vai ser inaugurado hoje na Faculdade...

Em comunicado, a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) refere que o tributo a Daniel Serrão, que morreu a 8 de janeiro de 2017, aos 88 anos, surgiu do desejo dos estudantes da Faculdade de Medicina do Porto honrarem o médico e investigador que ocupou o cargo de professor catedrático da instituição.

O Pátio dos Pensadores é um espaço ao ar livre onde estudantes, docentes e profissionais podem interagir. "É um espaço de comunhão, um local onde toda a gente pode partilhar convivências, experiências", disse o presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (AEFMUP), Francisco Sousa Vieira.

O dirigente associativo salientou a ligação "forte" que existia entre os alunos e o professor Daniel Serrão e adiantou que a ideia de criar o espaço "Pátio dos Pensadores" surgiu da AEFMUP em articulação com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Daniel Serrão destacou-se em particular pelos seus trabalhos nos campos da anatomia patológica e bioética, tendo sido especialista em ética da vida. Foi galardoado com a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos (2002), a Medalha Serviços Distintos do Ministério da Saúde grau Ouro e a Medalha de Mérito Militar do Ministério da Defesa.

Academia SPMS
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra vai passar a dispor de um centro de formação em cibersegurança na saúde, que...

Em declarações, Henrique Martins, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), cuja Academia assinou ontem um protocolo com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) para a criação do Centro de Desenvolvimento e Capacitação em Cibersegurança na Saúde, destacou a localização de Coimbra no centro do país "a meia distância" das universidades às quais se destina o polo de formação.

"Coimbra tem faculdade de Medicina, de Farmácia, tem Enfermagem e está no centro. É fácil reunir aqui estudantes de outras partes do país. E ter um polo tecnológico de saúde que se está a desenvolver e que beneficia muito de ser capacitado com um ‘know-how' de cibersegurança, pode ser um fator diferenciador", afirmou.

Por outro lado, a Academia SPMS pretende que o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra passe a desempenhar um papel "fundamental" na investigação da cibersegurança de dispositivos clínicos - quer em termos de ‘hardware’, quer no ‘software’ utilizado - os quais, embora sejam rotulados de seguros ao nível da cibersegurança aquando da sua produção, "têm de ser experimentados".

"E essa experimentação exige um centro hospitalar como este, o maior do país", defendeu Henrique Martins, que denominou o processo de teste de equipamentos e dispositivos como "ensaios clínicos de cibersegurança".

Na sessão de ontem, sobre os desafios da transformação digital em curso no CHUC, nomeadamente a harmonização de ‘software’ e a implementação de novas ferramentas digitais no atendimento a utentes e nos processos clínicos, o presidente do conselho de administração do CHUC, Fernando Regateiro, garantiu que a instituição quer "dar o salto, com segurança, cautela e de uma forma determinada" para possuir o mesmo sistema em todos os espaços do centro hospitalar.

Sobre a criação do centro de formação em cibersegurança, Fernando Regateiro disse à Lusa que o protocolo hoje assinado demonstra que o CHUC deseja "trabalhar com as instituições nacionais" e que não se trata só de ceder o espaço para o polo de formação, mas também de se constituir como um centro de inovação na área da segurança digital.

O Centro de Desenvolvimento e Capacitação em Cibersegurança na Saúde pretende, entre outros objetivos e no âmbito do protocolo hoje assinado, contribuir para a divulgação para todo o Serviço Nacional de Saúde das melhores práticas em cibersegurança, promover a formação e capacitação em tecnologias de informação e cibersegurança para profissionais de saúde e também integradas em currículos de universidades e politécnicos e apoiar o desenvolvimento de inovações tecnológicas em matéria de ciberdefesa relevante aos riscos próprios da saúde.

Doença atinge 10% das mulheres em idade reprodutiva
Dor menstrual intensa e incapacitante, desconforto na bexiga ou dor nas relações sexuais são os prin

De causa desconhecida, embora se admita que fatores genéticos, hormonais, imunológicos ou ambientais possam estar na sua origem, a Endometriose é uma condição clínica crónica que atinge cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. E, apesar de se estimar que em 80% dos casos o principal sintoma é a dor intensa, esta patologia pode ser assintomática.

“A endometriose é uma doença crónica, benigna, que se caracteriza pelo crescimento de tecido endometrial (glândulas e estroma) fora do seu local habitual que é a cavidade uterina. Este focos vão colonizar a cavidade abdominal e também os órgãos vizinhos”, começa por explicar Fátima Faustino, ginecologista, coordenadora da Unidade Integrada de Endometriose do Hospital Lusíadas Lisboa.

De acordo com a especialista, “sempre que ocorre a menstruação existe sagramento nestas zonas, o que vai provocar uma reação inflamatória crónica”, que pode produzir aderência nos órgãos e o crescimento de tumores que “apesar de benignos, trazem grande transtorno como dor”, conduzindo em muitos casos à infertilidade.

Patrícia Mesquita descobriu “por acaso” que sofria da patologia. Apesar de não apresentar qualquer sintoma que “necessitasse de pesquisa ou identificação”, a doença já se encontrava numa fase avançada, sendo caraterizada como uma endometriose profunda. Tinha 30 anos.

“Existem vários tipos de endometriose”, esclarece a especialista que a classifica enquanto “endometriose superficial ou peritoneal, caracterizada por lesões disseminadas na superfície (peritoneu) do interior do abdómen, podendo atingir o diafragma”, endometriose ovárica com implantes na face externa dos ovários que conduz à formação de quistos (também designados por endometriomas) e endometriose infiltrativa profunda. Sendo que nesta última,  “em que os implantes alcançam uma profundidade superior a 5 milímetros”, a doença pode envolver o septo recto-vaginal e espaço vesico-uterino, “atingindo órgãos pélvicos como o recto, vagina, cólon sigmoide, uréteres, bexiga e nervos superficiais e profundos”. Órgãos mais distantes como o apêndice, diafragma e pulmão, também podem vir a ser afetados.  

Na sua forma mais grave, quando apresenta “infiltração dos órgãos adjacentes, pode conduzir a obstrução/perfuração intestinal ou obstrução dos uréteres com consequente interferência no funcionamento dos rins”, prejudicando severamente a função renal.

Pneumotorax ou derrame pleural são as consequências mais graves da doença, quando esta envolve o pulmão. No entanto, tal como descreve Fátima Faustino, estes são casos muito raros. 

No caso de Patrícia Mesquita, a doença afeta apenas o sistema reprodutor - “paredes externas do útero, trompas e ovários”. No entanto, dada a sua localização envolve já todo o canal rectovaginal.

Cirurgia e medicação, as armas terapêuticas contra a endometriose

De acordo com a especialista, o tratamento da doença deve ser individualizado “tendo em conta a idade da doente, a extensão e gravidade da doença, o desejo de engravidar e a sintomatologia dolorosa”.

Não obstante, Fátima Faustino afirma que a maioria das mulheres beneficia do tratamento médico que proporciona um alívio da dor e controlo na progressão da doença.

“A variedade de fármacos usado no tratamento da endometriose divide-se em dois grupos: os específicos para o tratamento da doença e os que são usados off-label”, explica.

Na primeira categoria enquadra-se a hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH), o danazol. “Estes fármacos promovem a atrofia de lesões endometrióticas e induzem a amenorreia – ausência de menstruação – através de forte redução da produção de estrogéneo”, refere acrescentando que, no entanto, dado os seus efeitos adversos, estes não devem ser usados de forma prolongada.

“Outra classe terapêutica usada para tratar a endometriose são os progestativos e destes destaca-se o dienogest, o único progestativo investigado de forma sistematizada para o tratamento da endometriose”, explica admitindo que estes são a primeira escolha para o tratamento da doença, uma vez que apresentam uma grande eficácia na redução da dor e menos efeitos secundários.  

No âmbito da terapêutica, existem ainda outros fármacos não específicos para a patologia, como os anti-inflamatórios não esteróides ou contracetivos orais não combinados, que podem ter efeitos positivos no seu tratamento.  

Já a abordagem cirurgica está indicada para casos que associam dor pélvica intensa (apesar desta nem sempre ser proporcional à gravidade das lesões) e infertilidade.

“Os principais objetivos da cirurgia são a excisão das lesões e a reposição da anatomia pélvica, tendo em consideração que se tratam habitualmente de mulheres jovens que querem engravidar, pelo que teremos de optar por uma cirurgia que conserve a integridade do útero, ovários e trompas”, explica a ginecologista.

Deste modo, afirma que a abordadem deverá ser, sempre que possível, minimamente invasiva, ou seja, via laparoscópica.

“No meu caso, o alastramento da doença poderia induzir a uma cirurgia imediata, mas a ausência de sintomas faz com que seja, atualmente, mais prudente controlar a sua evolução com recurso a exames médicos. Quando isso deixar de ser possível, passaremos para a cirurgia”, revela Patrícia Mesquita.


"É importante dizer que embora a característica mais falada seja as fortes dores, muitas vezes a doença pode ser silenciosa, como foi no meu caso", realça Patrícia 

Complexidade da doença e falta de informação dificultam diagnóstico

“A endometriose sempre foi conhecida pelos ginecologistas como uma doença complexa”, afirma Fátima Faustino. No entanto, dado o seu impacto e o agravamento que tem vindo a registar nos últimos anos, considera que “só agora os médicos começam a estar mais sensibilizados para a gravidade e consequências da endometriose”.

Ouvir as doentes e observá-las com atenção é pois, na opinião desta especialista, fundamental uma vez que permite considerar a doença como hipótese de diagnóstico.

A ecografia pélvica com sonda vaginal e retal e a ressonância magnética nuclear são os exames complementares que permitem identificar a doença. “No entanto, um exame negativo não exclui a doença, porque o diagnóstico definitivo só é possível por laparoscopia, que nos permite a visualização e biópsia das lesões”, ressalva a médica.

Foi também uma explicação semelhante que Patrícia recebeu aquando o seu diagnóstico. “Foi-me explicado pelo técnico, e posteriormente pela minha ginecologista, que as ecografias ginecológicas com sonda poderiam não ser conclusivas e teria de fazer uma ressonância magnética”, recorda a jovem revelando que, nessa altura, teve esperança de não se tratar de endometriose. “Afinal, eu não tinha sintomas. Como poderia ter esta doença? Pensei que poderia ser outra coisa qualquer, mas confesso que nem sabia bem o quê”, acrescenta.

No entanto, o resultado do exame não deixaria margem para dúvidas. “Um conjunto de termos técnicos assustadores culminam na conclusão que se tratava de endometriose profunda, com um elevado processo de aderência das trompas e o comprometimento do canal rectovaginal, embora se mantenha a integridade dos intestinos”, revela.

Dado o estado avançado da doença, Patrícia pode apenas supor que já convive com a endometriose há vários anos. “O que significa que os médicos que me acompanharam até aos meus 30 anos não a conseguiram identificar”, afirma considerando que, para além de muitos especialistas não estarem sensibilizados para a gravidade desta doença, também falta informação aos técnicos que realizam os exames que “procuram outro tipo de lesão”.

“Infelizmente, é preciso sorte com os médicos que encontramos. E sorte é palavra que em saúde jamais deveria ser usada”, lamenta destacando a necessidade de entender que esta é uma doença muitas vezes silenciosa.

De acordo com Fátima Faustino, coordenadora da Unidade Integrada de Endometriose do Hospital Lusíadas de Lisboa, há ainda um longo caminho a percorrer quanto a esta matéria.

“Muito se tem feito, nos últimos anos, através de reuniões científicas nacionais e internacionais, e a Sociedade Portuguesa de Ginecologia tem tido um papel essencial na divulgação da doença à classe médica”, afiança destacando ainda o trabalho realizado pela MulherEndo, associação de apoio a doentes com esta patologia. Para além de ações de sensibilização e orientação das doentes, tem tentado chegar ao Governo na tentativa de “dar a esta doença o estatuto de doença crónica”. “Há um longo percurso a percorrer, mas penso que estamos no bom caminho”, afirma Fátima Faustino.

O diagnóstico de uma doença «é sempre assustador»

Perante o diagnóstico de uma doença crónica, seja ela progressiva ou não, muitos são os doentes que não são capazes de lidar sozinhos com a complexidade da sua situação.

A verdade é que, tal como explica a psicóloga Sílvia Botelho, “as doenças crónicas progressivas exigem uma adaptação psicológica e emocional significativa na vida das pessoas” e alguns doentes passam a ter uma visão muito negativa do seu futuro, antecipando que o “seu sofrimento ou dificuldades atuais, continuarão indefinidamente”.

“Quando recebemos um diagnóstico de uma doença é sempre assustador”, admite Patricía Mesquita que foi tomada de assalto por inúmeras dúvidas. “A questão da fertilidade, como a doença ia evoluir e condicionar a minha vida”, recorda assegurando, no entanto, que apesar de tudo nunca pensou em baixar os braços. “Eu quis saber logo tudo sobre a doença para a conseguir vencer”, afirma.

Stress e ansiedade são, na realidade, quadros bastante comuns a esta condição ginecológica crónica, que influencia e exerce um impacto direto na qualidade de vida conjugal, social, profissional “e até os planos futuros para a concepção”.

De acordo com a psicóloga, o diagnóstico e “todo o processo da doença “ podem ser vividos com grande sofrimento, não só físico (quando há sintomatologia associada) mas também psicológico.

No caso de endometriose, sabe-se que “muitas vezes o atraso no diagnóstico pode aumentar os riscos de transtornos depressivos ou outras alterações de humor que podem prejudicar a qualidade de vida da mulher”. É por isso que, na opinião desta especialista, a atenção dispensada às pacientes com endometriose deveria ser focada não apenas na doença “mas na mulher como um todo, tendo em vista os problemas emocionais, sexuais e sociais que causa nas pacientes”.

É, por isso, importante aprender novos comportamentos, novos hábitos e crenças. “Focar-se essencialmente na resolução de problemas e não tanto em alimentar o problema”, refere Sílvia Botelho.

Um diagnóstico de doença crónica pode ser avassalador sim! Mas é também, de acordo com a especialista, “o maior desafio da vida, que nos faz crescer, ganhar uma maior resistência”. Um desafio com “começo, meio e fim”, assegura.

E foi na resiliência que Patrícia Mesquita encontrou a sua maior aliada. Porque desistir nunca foi opção e talvez, por isso, deixe o apelo a outras mulheres: “não se habituem às dores considerando que se trata de algo normal. Quando algo dói no nosso corpo é sinal que ele não está bem. É a forma de ele nos pedir ajuda”.

A outras pacientes pede esperança. “Que os avanço na medicina nos tragam boas novas”.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Comité da UE
O Comité de Recurso da União Europeia deu “opinião positiva” à proposta de renovação por cinco anos do uso do glifosato, com...

Portugal absteve-se na votação, mantendo, segundo fonte do Ministério da Agricultura, a posição assumida desde o início face ao herbicida, tendo a renovação da licença merecido voto positivo da Alemanha, Bulgária, Dinamarca, Eslovénia, Eslováquia, Espanha, Estónia, Finlândia, Holanda, Hungria, Irlanda, Letónia, Lituânia, Polónia, Reino Unido, República Checa, Roménia e Suécia, que representam 65,71% da população dos 28.

Áustria, Bélgica, Chipre, Croácia, França, Grécia, Itália, Luxemburgo e Malta votaram contra, com o peso de 32,26% da população da Comité de Recurso da União Europeia (UE).

“O voto de hoje mostra que quando todos queremos, somos capazes de partilhar e de aceitar a nossa responsabilidade coletiva no processo de decisão, disse o comissário europeu para a Saúde, Vytenis Andriukaitis, segundo um comunicado.

A prorrogação por cinco anos da licença do herbicida - usado na agricultura - teve 18 votos a favor, nove contra e uma abstenção, tendo sido reunida uma maioria qualificada de 55% dos países da UE, que representem, pelo menos, 65% do total da sua população.

O executivo comunitário adiantou que adotará a decisão depois de 15 de dezembro, data em que caduca a atual licença do glifosato.

O Comité de Recurso é uma instância destinada a apoiar a tomada de decisões em casos sensíveis e problemáticos.

Organização "Save the Children"
Em cada minuto duas crianças menores de cinco anos morrem no mundo de pneumonia, uma enfermidade que mata quase um milhão de...

O alerta, citado pela agência espanhola EFE, consta do manifesto da organização não-governamental (ONG) "Save the Children" na sua informação "Lutando por Respirar", que explica que a pneumonia é a "doença da pobreza" e a principal causa de morte infantil por patologias infecciosas, que se concentram nos países economicamente mais atrasados e subdesenvolvidos.

Nesses países, são as crianças mais pobres que têm mais riscos de contrair aquela doença, que mata mais do que a malária, a diarreia e o sarampo juntos, segundo aquela ONG, que fixou como objetivo salvar um milhão de vidas nos próximos cinco anos.

A informação, cuja introdução foi escrita pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, mostra como umas políticas nacionais apoiadas pela cooperação internacional poderão salvar 5,3 milhões de vidas até 2010.

A organização sustenta que a administração de do antibiótico amoxicilina custa 34 cêntimos, "menos que um pacote de doces num supermercado ocidental", com o que se poderia salvar uma criança daquela doença.

Apesar do baixo preço daquele antibiótico, o fármaco não está disponível em muitos centros de saúde dos países mais afetados pela doença como sejam a Tanzânia e a República Democrática do Congo.

A "Save the Children" refere ainda que 170 milhões de crianças não estão vacinadas contra a doença e que as crianças do sexo feminino com pneumonia têm um risco de morrer 43% superior às do sexo masculino no sul da Ásia.

Para reduzir o número de vítimas, a ONG reclama vacinas mais baratas e que se possa vacinar mais de 166 milhões de crianças menores de dois anos para prevenir a enfermidade.

Além disso, pede aos governos planos de ação que assegurem a disponibilidade de antibióticos em todo o mundo, incluindo o acesso universal a centros de saúde com pessoal capacitado para diagnosticar a doença de forma "rápida e precisa".

A ONG propõe ainda o estabelecimento de alianças público-privadas para ampliar as provisões de oxigénio necessário para ajudar as crianças que "lutam por respirar" e a adoção de medidas para ajudar os mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo que não têm acesso a serviços médico-sanitários.

Em Macau
O presidente da Malo Clinic, Paulo Maló, afirmou hoje que a ordem de encerramento do Hospital Taivex/Malo, em Macau, não...

"O que se passou foi que as autoridades de Macau encerraram temporariamente o hospital Taivex/Malo e não a Malo Clinic em Macau", disse o empresário.

Em declarações por via telefónica, o empresário português esclarece que a Malo Clinic detém em Macau apenas a atividade ligada à medicina dentária e não à atividade relacionada com outras áreas médicas, que são responsabilidade de outras entidades.

"A Taivex/Malo não é a Malo Clinic", frisou Paulo Malo, notando que as duas entidades têm estruturas accionistas diferentes.

Na semana passada, os Serviços de Saúde de Macau informaram que "o Hospital Taivex/Malo está suspenso até 21 de maio de 2018 devido à prática de procriação medicamente assistida, tráfico e contrabando de medicamentos de oncologia, falta de condições de higiene e segurança para a prestação de cuidados de saúde".

As instalações do hospital foram, entretanto, encerradas, o que na prática afeta o funcionamento da Malo Clinic, explica o empresário.

"O que acontece é que como a Malo Clinic partilha o mesmo espaço e está sob a mesma licença, provavelmente não vamos conseguir ter acesso às nossas instalações", explicou.

"Mas estamos fechados não porque fizemos algo de errado, mas por que a Taivex/Malo fez algo contra a lei", acrescentou.

A Malo Clinic prestava cuidados de medicina dentária em Macau no hospital de Dia Taivex/Malo e ao abrigo da licença atribuída àquela unidade hospitalar.

Além do encerramento das instalações do Hospital Taivex/Malo, foram aplicadas duas multas: uma no valor de 103.000 patacas (10.745 euros), a quatro médicos e um enfermeiro, e outra de 76.000 patacas (7.929 euros), por técnicas ilegais de procriação medicamente assistida e prestação de serviços de oncologia, sem autorização dos Serviços de Saúde.

Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde declarou hoje o fim do surto de ‘legionella’ no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, que provocou...

Em comunicado, a Direção-Geral da Saúde (DGS) refere que se “considera que este surto está terminado”.

“O período de incubação é de 2 a 10 dias na maioria dos doentes, não estando descritos casos que ultrapassem os 20 dias. Assim, com a informação disponível, considera-se que este surto está terminado, uma vez que todos os casos diagnosticados, independentemente da data de início de sintomas ou de diagnóstico, tiveram contacto com o hospital e contraíram a infeção antes do encerramento da fonte de transmissão (4 de novembro). No entanto, as autoridades de saúde continuam atentas à situação”, indica a nota da autoridade de saúde hoje divulgada.

Até hoje foram confirmados 56 casos de doença dos legionários com ligação ao Hospital São Francisco Xavier e há outros cinco ainda em investigação epidemiológica e laboratorial. Cinco dos doentes infetados acabaram por morrer.

Na nota, a DGS recorda que no dia 3 de novembro o Hospital São Francisco Xavier informou a autoridade de saúde do diagnóstico de três casos de doença dos legionários, tendo sido "de imediato" iniciada a investigação para detetar as possíveis fontes de infeção.

No dia seguinte, 4 de novembro, foram encerradas e tratadas as potenciais fontes emissoras – as torres de refrigeração do hospital, tendo, entretanto, sido concluído através de análises que a fonte de transmissão estava em pelo menos uma dessas torres.

Dos 56 doentes infetados, 42 tiveram já alta clínica, sete ainda estão internados em enfermaria, dois estão internados ainda em cuidados intensivos e cinco acabaram por morrer.

Segundo a DGS, a maioria dos doentes tinha 70 ou mais anos de idade, doença crónica subjacente e fatores de risco.

Algarve
Um consórcio liderado por investigadores vai, até ao final de 2018, elaborar um plano de adaptação às alterações climáticas...

O plano visa projetar para a região algarvia um conjunto de medidas de adaptação que, a longo prazo, contribuam para minimizar os impactos das alterações climáticas em vários setores, desde o turismo, à saúde, agricultura, biodiversidade e recursos hídricos, explicou o coordenador do plano, Filipe Duarte Santos.

"É bom que as pessoas se consciencializem de que o clima está a mudar e a tendência é o clima do norte de África mover-se mais para norte, para Portugal e outros países do sul europeu", alertou o especialista em alterações climáticas que vai coordenar a elaboração de um plano com medidas concretas para o Algarve.

Segundo Filipe Duarte Santos, um dos problemas das alterações climáticas é a ocorrência de fenómenos extremos, mais frequentes e mais intensos, que aumentam, por exemplo, tanto o risco de haver cheias, como de períodos de seca, afetando as florestas, a agricultura e as zonas urbanas.

Outro dos trabalhos passará por identificar qual o impacto das alterações climáticas na saúde humana, no Algarve, nomeadamente no que respeita a doenças transmitidas, por exemplo, por mosquitos, que tendem a aumentar quando o clima muda e podem constituir um perigo para a saúde.

As zonas costeiras também estão em foco neste plano, já que a tendência é para que, até ao final do século, se registe uma subida superior a meio metro do nível da água do mar, o que no Algarve é mais preocupante na zona leste, entre a Ria Formosa e a fronteira com Espanha, exemplificou.

Por outro lado, o aumento da temperatura da água está a favorecer o aparecimento de novas espécies de peixes, o que pode constituir uma oportunidade e não uma ameaça, defendeu aquele especialista, acrescentando que o turismo também pode beneficiar da mudança de clima, permitindo concentrar a época turística noutras estações do ano e não apenas no verão.

"O horizonte temporal deste plano é até ao final do século, não nos podemos só preocupar com o que acontece agora, temos que pensar a médio e longo prazo", concluiu.

O Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas junta responsáveis universitários, autarcas e técnicos de instituições públicas, que vão reunir conhecimentos e elaborar propostas até ao final de 2018.

A decisão em avançar com este plano de combate às alterações climáticas foi aprovada na última reunião dos presidentes das 16 câmaras do Algarve, na Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), na sexta feira passada.

O coordenador do plano, Filipe Duarte Santos, é membro do centro de investigação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo sido um dos revisores do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).

Esta iniciativa envolve um investimento superior a 470 mil euros, verba financiada em 85% pelo Fundo de Coesão, através do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, e em 15% pelos municípios algarvios.

Publicado em Diário da República
O concurso internacional para construir o novo Hospital de Lisboa Oriental saiu hoje em Diário da República, mas falta ainda a...

O novo hospital, que deverá estar pronto em 2022, substituirá os hospitais de São José, Capuchos, Santa Marta, Curry Cabral, Dona Estefânia e a maternidade Alfredo da Costa.

"É possível, finalmente, acreditar em dias menos cinzentos", afirmou em comunicado a presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Ana Escoval, esperando que "o concurso internacional corra de forma célere, sem contratempos".

No despacho dos secretários de Estado Adjunto e das Finanças e da Saúde lê-se que "o lançamento do procedimento de concurso público (...) só poderá ocorrer depois de obtida a necessária autorização da despesa".

Quando o Conselho de Ministros aprovou o lançamento do concurso, o ministro da Saúde afirmou que “o Hospital de Lisboa Oriental irá servir uma população que ultrapassará um milhão de habitantes" e vai substituir quatro velhos edifícios, "alguns deles centenários que não têm hoje nenhuma condição de modernização possível": São José, Santa Marta, Dona Estefânia e Capuchos.

Adalberto Campos Fernandes avançou que "as propostas deverão ocorrer até ao primeiro semestre de 2018" e estimou que a construção "ocorra entre o final de 2019 e o início de 2022".

Questionado sobre qual o futuro dos edifícios antigos que vão ser desativados, o ministro da Saúde respondeu que existem "decisões que terão que ser tomadas pelo Governo", mas deixou uma garantia: "em nenhum desses espaços, à partida, será conferida nenhuma utilização especulativa de natureza imobiliária".

A nova unidade hospitalar, anteriormente denominada Hospital de Todos-os-Santos, já teve um concurso lançado em 2008, então pelo Governo de José Sócrates, mas a decisão de adjudicação ao consórcio vencedor foi anulada no final de 2013.

Simpósio
Os promotores do 12.º Simpósio da Associação Nacional de Esclerose Múltipla, marcado para 04 de dezembro, em Gondomar, apostam...

“É uma terapia recente, com dois anos de aplicação na doença e que deixa os doentes mais calmos, fá-los refletir, trabalhando não apenas a parte psíquica como a parte física”, descreveu a presidente da Associação Nacional de Esclerose Múltipla (ANEM), Lurdes Silva, explicando que o qicong vai ser um dos temas em análise no simpósio.

O terapeuta Luís Carvalho explicou que o qicong “trabalha fundamentalmente a parte da respiração e da energia”. Incide, “no caso da Esclerose Múltipla, nos meridianos do baço, estômago e do fígado”, ajudando o paciente a acalmar-se, relaxando a parte muscular.

“Permite-lhes também aumentar as capacidades de respiração dando-lhes uma sensação de liberdade de movimentos”, observou Luís Carvalho, que “uma vez por semana, em sessões de entre 45 minutos e uma hora", presta a terapia nas instalações da ANEM.

Organizado no âmbito do Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla, o 12.º Simpósio da ANEM centra-se nos “Desafios do cuidador nas doenças neurológicas”.

A iniciativa abre com o tema “os cuidadores no acompanhamento do doente com esclerose múltipla”, que pretende “elucidar para o tipo de perguntas que estes devem fazer para perceber as nuances da doença”, disse Lurdes Silva.

“É importante para eles perceber o evoluir da doença, por que tem o doente uma fadiga constante, o desânimo que se instala e o tipo de cuidados que devem ter”, explicou a responsável da ANEM de uma doença que “prejudica também ao nível cognitivo” daí que, “muitas vezes, o doente não perceba o que o médico lhe está a dizer”, valendo-lhe o cuidador “nessa necessidade de perceção”.

Em complemento ao tema, acrescentou Lurdes Silva, “três cuidadores irão falar sobre os seus exemplos particulares”, num momento do seminário em que se pretende “tornar o diálogo com os presentes mais interativo e útil na partilha de conhecimentos”.

A questão financeira será um dos assuntos fortes no tema “O cuidador e os seus desafios”, revelando a presidente da ANEM que “os rendimentos pesam nas ajudas técnicas e no equipamento de suporte de que podem diferenciar os doentes”, desde logo o acesso a uma “cadeira elétrica ou um tipo de andarilho mais sofisticado”.

“Isso afeta a maior parte deles, num problema que os atinge também psicologicamente, por não aceitarem a doença, deixando-os com um feitio terrível e tornando alguns até, agressivos, porque acham que o mundo lhes caiu em cima”, descreveu.

Opinião
Cerca de 13% da população ativa em Portugal já sofreu, pelo menos uma vez, de assédio sexual no trab
Homem a assediar mulher no trabalho

O assédio sexual consiste em comportamentos de sedução ou coação que criam na vítima uma sensação intimidante, humilhante ou ofensiva. Pode ser posto em prática através de convites inapropriados de cariz sexual, promessas de futuras recompensas em troca de favores sexuais, insinuações, ameaças veladas ou mesmo avanços sexuais explícitos.

Pode ocorrer em qualquer lugar, na rua, na escola, no trabalho ou até na própria casa e em todos os estratos sociais, desde uma pequena fábrica à indústria de Hollywood. Hoje em dia pode até ocorrer na ausência física do agressor, como acontece com as interações sociais online.

Frequentemente o agressor tem uma posição de poder ou autoridade sobre a vítima seja pela idade, relações sociais, educacionais ou profissionais. No entanto, pode ser qualquer pessoa, independentemente do sexo e ter com a vítima qualquer tipo de relação (desde patrão a cliente, familiar a desconhecido). A vítima fica muitas vezes constrangida e incapaz de se defender do agressor, o que perpetua a situação.

Cerca de 13% da população ativa em Portugal já sofreu, pelo menos uma vez, de assédio sexual no trabalho, tendo sido as mulheres as principais vítimas. O trabalho é um dos locais com maior frequência de assédio sexual, o que conduz a um ambiente hostil, à diminuição do funcionamento da vítima com ausências ou perda do emprego e destruturação das suas relações familiares.

A vítima de assédio experiencia stress, humilhação, vergonha e medo de retaliação, o que se manifesta com várias consequências emocionais. Desenvolve muitas vezes sintomas de ansiedade, depressão, isolamento social, perda de motivação, fadiga, cefaleias e dificuldades de sono e apetite. Quando suficientemente graves estes sintomas podem dar origem a perturbações do humor ou de ansiedade, ataques de pânico, perturbações do sono ou alimentares, alcoolismo, perturbação de stress pós-traumático e ideação suicida.

As vítimas podem ficar culpabilizadas por não conseguir manifestar claramente ao abusador o seu desagrado e recusa. É importante que tenham alguém da sua confiança que as possa ajudar a lidar com o problema incluindo recolher provas e identificar outras potenciais vítimas do mesmo agressor.

A ajuda profissional é muitas vezes necessária para controlar os sintomas emocionais e orientação na gestão dos problemas relacionados com assédio, que podem incluir conflitos familiares, laborais ou outros.

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“Bullying”

"Sexting"

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Universidade de Coimbra
Uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra desenvolveu um sistema...

O designado Sistema de Alojamento Modular de Aves, já com um pedido de patente internacional submetido, é um equipamento de alojamento de codornizes poedeiras em condições experimentais, personalizado para investigação e desenvolvimento de soluções biomédicas baseadas no potencial biotecnológico dos seus ovos.

O sistema, que respeita as diretivas europeias em vigor e está alinhado com a política dos três “Rs” (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), permite a investigação e desenvolvimento de novos biofármacos e produtos de diagnóstico biomolecular, nomeadamente vacinas e anticorpos. Estes são a base para o desenvolvimento de terapias de combate a infeções bacterianas, fúngicas ou virais, de alternativas aos antibióticos tradicionais e de métodos inovadores de diagnóstico de doenças.

A criação de compostos derivados do ovo e suplementos para soluções farmacêuticas também poderão ser explorados.

Ricardo Vieira-Pires, investigador e coordenador da unidade experimental de Aves do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), explica que este equipamento “é único em Portugal e, do que tenho conhecimento, no resto da Europa” e acentua que “estamos interessados na capacidade natural das aves em acumular anticorpos na gema dos seus ovos e na sua valorização. A codorniz é a ave de eleição para uma investigação que precisa de customizar e processar os anticorpos de forma versátil, algo que não é tão linear com ovos de outras aves”.

A tecnologia de base utilizada recolhe anticorpos da classe Imunoglobulina Y (IgY), equivalente à imunoglobulina da classe G humana com propriedades imunológicas de defesa do organismo, incorporados especificamente na gema de ovos. A abordagem é conhecida há mais de 100 anos como forma de produzir anticorpos terapêuticos com propriedades neutralizantes.

O investigador esclarece que “apenas temos de recolher ovos e eliminamos a necessidade de colher sangue do animal, como acontece para todos os outros casos que recorrem a ratinhos, coelhos ou cabras. Por exemplo, uma galinha produz até cinco vezes mais anticorpo que um coelho ao fim de um ano, e apenas se tem que recolher ovos diariamente, ao contrário de recolher 40-50ml de sangue a cada 15 dias. O nosso sistema permite a utilização de codorniz em ensaios preliminares que serão num segundo momento reproduzidos em galinha”.

O projeto foi financiado por fundos FEDER através do Programa Operacional Fatores de Competitividade - COMPETE, por fundos nacionais através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), e pelo QREN - Programa Operacional Regional do Centro 2007-2013 com o apoio do Mais Centro e da União Europeia através do Projeto “CNC Biotech - investigação em Biotecnologia e capacitação do sector empresarial”.

Presidente
A presidente do Infarmed confirma que o Governo já recuou na decisão de transferir aquela estrutura para o Porto, dizendo que é...

Maria do Céu Machado diz, numa entrevista publicada hoje pelo jornal Público, que foi com surpresa que recebeu, ao início da manhã do passado dia 21, um telefonema do ministro da Saúde a dizer que se tinha reunido com o primeiro-ministro e tinham decidido transferir o Infarmed para o Porto.

“Isto é como todas as notícias de surpresa: até cairmos em nós, há uma fase em que se fica com uma espécie de anestesia, de ‘isto não pode ser verdade’”, conta Maria do Céu Machado.

A presidente o Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde explica que no mesmo dia, à noite, depois de ter vindo a público a reação negativa dos trabalhadores ao anúncio da transferência, voltou a conversar ao telefone com o ministro da Saúde e, no dia seguinte, o governante afirmou que se tratava de uma intenção, e não de uma decisão.

“O senhor ministro disse que percebia, de certa forma, que isto era uma notícia surpresa e que não era uma decisão, era uma intenção. Várias vezes repetiu isso. (…) Confio que seja uma intenção e não uma decisão e que haja uma avaliação de impacto financeiro, social, relativo à atividade nacional e internacional e à saúde pública”, afirma na entrevista.

Garante que, até esta altura, apenas tinha ouvido dizer que o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, tinha perguntado num almoço: “E se o Infarmed fosse para o Porto?”, o que interpretou como uma brincadeira.

A responsável sublinha que se o Infarmed perder 70% dos seus trabalhadores não vai poder garantir a qualidade do trabalho que faz nas áreas dos medicamentos, dispositivos médicos e cosméticos e que, se a mudança se concretizar, o regulador vai perder milhões.

“Na semana passada estive na EMA [Agência Europeia do Medicamento], numa reunião em que estiveram presentes representantes de diversos países para negociar os processos centralizados de avaliação de medicamentos que estão no Reino Unido e que todos os países querem porque representam prestígio e milhões. Comprometi-me a assumir mais 20% de processos. Serão mais de 10 milhões de euros”, frisa.

Maria do Céu Machado diz inclusive que o Infarmed já teve o sinal da EMA de que, se o regulador português estiver numa fase de transição na mesma altura em que eles estão, não poderão dar-lhe os processos que foram combinados.

Sobre a possibilidade de haver uma transferência de apenas uma parte da Autoridade Nacional para o Medicamento, a responsável responde: “O Infarmed é coeso e temos uma enorme preocupação na articulação entre serviços. Se pode ir o conselho diretivo? Se for apenas para andar em almoços e jantares, então pode estar em qualquer lado”.

Recorda que o próprio plano estratégico para 2018 do Infarmed, aprovado pela tutela e assinado em setembro, “não faz referência a esta mudança” e que o dossier de candidatura que o Porto apresentou à sede da EMA não tem nada que refira mudança, “mas sim apoio e alocação de recursos”.

Maria do Céu Machado recorda um inquérito feito aos trabalhadores do Infarmed na semana passada em que 82,7% dos funcionários foram taxativos na decisão de não ir para o Porto, que 15,5% afirma que depende das condições oferecidas e que apenas 1,9% admite que mudaria.

Sublinha ainda que tal mudança traria ainda um problema de “perda de reação imediata para dar resposta a situações de urgência, como ruturas de medicamentos”.

A responsável lembra igualmente que, quando se muda uma instituição como o Infarmed, “o processo tem de ser liderado pela própria instituição e pelas pessoas que lá trabalham, de modo a não haver fraturas”, e manifesta-se admirada pelo facto de a Câmara de Lisboa nada ter dito sobre esta mudança.

“Até me espanta não haver outras câmaras que queiram entrar na corrida. Espanta-me também que a Câmara de Lisboa não tenha problema em perder o Infarmed. Se calhar o Infarmed não é importante para a Câmara de Lisboa”, afirma Maria do Céu Machado, para quem não há condições para mudar sem prejudicar gravemente a instituição.

“Acho que o Governo e o ministro, tendo consciência destas condições, tomarão a atitude mais correta”, conclui.

O anúncio da transferência da sede do Infarmed de Lisboa para o Porto foi feito na semana passada pelo ministro Adalberto Campos Fernandes, um dia depois de se saber que o Porto não conseguiu vencer a candidatura para receber a sede da Agência Europeia do Medicamento, que mudar de Londres para Amesterdão.

O Infarmed - Agência Nacional do Medicamento tem 350 trabalhadores e mais cerca de 100 colaboradores externos que incluem especialistas.

Victor Ramos
O vencedor do prémio de carreira médica da Ordem dos Médicos lamenta que haja cada vez menos tempo para os doentes e avisa que...

Com uma carreira de 40 anos dedicada à medicina geral e familiar, Victor Ramos é o vencedor da edição de 2017 do Prémio Miller Guerra de Carreira Médica.

“É preciso tempo suficiente para os doentes”, afirma o galardoado em declarações, entendendo que o aumento das listas de utentes dos médicos de família e os sistemas informáticos vieram “consumir tempo” às consultas.

“Menos tempo traduz-se em stress. O médico não perde a sua deontologia e isso angustia-o. Tem de ouvir as pessoas, observar, acordar com o doente o plano de cuidados. E sabe que há um conjunto de pessoas à espera”, relata Victor Ramos.

Também os sistemas informáticos, que deviam facilitar a vida aos profissionais, estão “a comer tempo e atenção”, por serem múltiplos e por muitas vezes terem problemas.

“Se não tivermos cuidado, às tantas nem se olha para as pessoas, mas para os ecrãs e teclados. É uma infernização e tira tempo”, afirma o clínico.

A população está também mais envelhecida, vai acumulando problemas de saúde, o que requer mais tempo para as consultas.

“Temos de ter o tempo minimamente necessário para cuidar com qualidade e rigor das pessoas. Isto não pode ser um modelo industrial de cadeia de montagem”, sublinha Victor Ramos.

O médico, que tem uma carreira dedicada à medicina geral e familiar, pede ainda que o discurso político sobre a importância dos cuidados de saúde primários se traduza em prioridades concretas, nomeadamente de investimento e de recursos humanos.

Contudo, apesar de um cenário com dificuldades, Victor Ramos assinala a evolução que a medicina geral e familiar teve em Portugal, nomeadamente com a constituição das unidades de saúde familiar (USF).

Além disso, estima que se avizinham “bons tempos”, com uma renovação e transição geracional de médicos de família.

“Neste momento, os cerca de seis mil médicos de família colocados há 35 anos estão quase todos em idade de ir saindo. Vai haver substituição de médicos. E os jovens médicos de família têm uma formação muito mais específica e qualificada”, considera.

Victor Ramos lê a atribuição do Prémio Miller Guerra como “um estímulo para continuar e dar mais algum contributo”, apesar de estar perto do fim da sua carreira, que já leva 40 anos.

Talvez mais do que a atribuição do Prémio, tocou-o “profundamente” a apresentação da sua candidatura, que foi da responsabilidade de um grupo de colegas.

Victor Ramos é o vencedor da terceira edição do prémio de carreira Miller Guerra, galardão instituído pela Ordem dos Médicos, pelo seu “trabalho impulsionador” na área dos cuidados primários de saúde.

A entrega do Prémio Miller Guerra de Carreira Médica 2017, no valor de 50 mil euros, vai decorrer na quarta-feira em Lisboa.

O Prémio Miller Guerra foi criado em 2012 e atribuído pela primeira vez em 2014 como uma homenagem à memória de Miller Guerra (1912-1993), médico responsável pelo Relatório das Carreiras Médicas e discípulo de Egas Moniz, único Nobel da Medicina português.

Impulsionador das USF
O médico Victor Ramos é o vencedor da terceira edição do prémio de carreira Miller Guerra, galardão instituído pela Ordem dos...

O anúncio do vencedor do Prémio Miller Guerra de Carreira Médica 2017 foi feito pela Ordem dos Médicos. A cerimónia de entrega do galardão, no valor de 50 mil euros, vai decorrer na quarta-feira em Lisboa.

Victor Ramos esteve envolvido no projeto piloto que inspirou a criação das atuais Unidades de Saúde Familiar (USF) e tem uma carreira de 40 anos, essencialmente dedicada à medicina geral e familiar.

O júri do prémio destaca “uma carreira exemplar dedicada aos doentes e à defesa de melhores condições da carreira de medicina geral e familiar e dos cuidados de saúde primários em Portugal”.

Atualmente, Victor Ramos trabalha no agrupamento de centros de saúde de Cascais, tendo participado na constituição da USF Marginal, em 2007, e São João do Estoril, em 2014.

Foi cofundador da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e teve responsabilidades em órgãos dirigentes e consultivos da Ordem dos Médicos, tendo recebido em 2006 a medalha de ouro por “serviços distintos” do Ministério da Saúde.

É também docente na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa e participou em várias missões internacionais da Organização Mundial da Saúde e da União Europeia.

Nascido em Évora há 64 anos, Victor Ramos licenciou-se em 1976 na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, tendo começado a carreira por prestar serviço médico à periferia em localidades rurais do concelho de Évora.

O Prémio Miller Guerra foi instituído em 2012 pela Ordem dos Médicos e ela Fundação Merck Sharp & Dohme e esta é a terceira edição do galardão, que se destinou a escolher um profissional da medicina geral e familiar, de um conjunto de 12 candidaturas apresentadas.

Em 2013, na primeira edição do prémio, o vencedor foi o médico Mário Moura e há dois anos, na segunda edição, foi o cirurgião Gentil Martins o distinguido com o prémio de carreira hospitalar.

O prémio Miller Guerra é bienal e distingue, de forma alternada, a carreira médica hospitalar ou a medicina geral e familiar.

Estudo
Dois em cada três inquiridos num estudo sabem que não é seguro entrar num espaço onde alguém tenha fumado, mesmo após...

O estudo “Carros sem fumo”, promovido pelo Automóvel Clube de Portugal (ACP), decorreu entre 29 de agosto e 07 de setembro e envolveu 625 famílias de todo o país com pelo menos um carro.

Segundo a investigação, são os fumadores, as mulheres e os cidadãos com idades entre os 25 e os 34 anos os que mais referem a quantidade de químicos que tem o fumo do tabaco.

Entre os que identificam o número de químicos cancerígenos no fumo destacam-se os fumadores com idades entre 25 e os 44 anos, residentes na região Sul, refere o estudo, que é divulgado hoje em Lisboa.

O estudo lembra que o nível médio de partículas tóxicas libertadas pelo tabaco e respiradas numa viagem de carro é cinco vezes superior à média das partículas tóxicas no ar, mesmo em cidades muito poluídas.

Refere ainda que o fumo do tabaco contém mais de 4.800 químicos e que 85% do fumo passivo é invisível e inodoro, permanecendo por muito tempo no interior das viaturas e das casas.

A investigação revelou que 80% dos entrevistados (80%) sabem que não é seguro circular num carro onde alguém tenha fumado, mesmo com as janelas abertas, e que 77% têm conhecimento de que as crianças são “as mais vulneráveis ao fumo passivo”.

Outra das conclusões do estudo aponta que os fumadores tendem mais a andar de carro com outros fumadores do que aqueles que não fumam.

Traçando o perfil dos entrevistados, o estudo indica que são maioritariamente homens, vivem em agregados familiares com duas ou três pessoas e têm carta de condução.

A maioria (78%) não fuma, 48% dos quais nunca fumaram e 30% deixaram de fumar.

O hábito de fumar dentro de casa (85%), no carro (80%) ou no trabalho (75%) é pouco comum entre os inquiridos.

Quando questionados sobre assuntos específicos sobre o tema malefícios do fumo do tabaco dentro de automóvel, verificou-se que há um “desconhecimento geral sobre o tema”, com nenhum entrevistado a responder corretamente às oito questões colocadas.

Relativamente ao uso de automóvel, o estudo indica que 75% o utilizaram diariamente no último mês, percorrendo mais de 500 quilómetros (58%).

No último mês a maioria dos condutores viajou sozinha. Em 32% dos casos transportaram crianças (com idades entre os 2 e os 12 anos) e 25% também transportaram idosos.

Os não condutores representam 5% da amostra. Três em cada quatro são homens, pertencem a agregados familiares constituídos por uma ou duas pessoas e são não fumadores.

Habitualmente deslocam-se a pé (62%) ou de transportes públicos (50% utilizam autocarro e 24% o metro).

São utilizadores pouco frequentes de carro: 70% fizeram-no entre um e dez dias no último mês, percorrendo menos de 50 quilómetros (71%).

O estudo levou à criação do projeto “Carros sem fumo”, que visa a sensibilização dos portugueses para um comportamento responsável relativamente ao consumo do tabaco em deslocações de automóvel, com especial preocupação sobre o seu impacto em crianças e idosos.

Estudo
Mais de metade dos condutores fumadores inquiridos num estudo admitiram fumar dentro do carro e apenas 10% afirma ter estado...

O estudo “Carros sem fumo”, promovido pelo Automóvel Clube de Portugal (ACP), decorreu entre 29 de agosto e 07 de setembro e envolveu 625 famílias de todo o país com pelo menos um carro.

As conclusões do estudo, referem que “ainda há um grande desconhecimento sobre os malefícios do tabaco” e que em cerca de um terço dos lares inquiridos há fumadores.

Segundo o estudo, 90% dos inquiridos desconhece que o nível médio de partículas tóxicas libertadas pelo tabaco e respiradas numa viagem de carro é cinco vezes superior à média das partículas tóxicas no ar, mesmo em cidades muito poluídas.

Apenas 20% dos inquiridos sabe que 85% do fumo passivo é invisível e sem odor e mais de metade dos fumadores admitem fumar no carro.

Mais de 10% do total dos inquiridos afirma ter-se deslocado pelo menos uma vez nos 30 dias anteriores numa viatura em que estivesse alguém a fumar na presença de uma criança, adolescente, jovem ou idoso.

O estudo levou à realização da campanha “Carros sem fumo”, que é lançada hoje pelo ACP e pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) na Escola Básica António Rebelo de Andrade, em Oeiras.

Após a realização do estudo, as duas organizações concluíram que ainda “há muito trabalho que pode e deve ser feito no que respeita à educação e sensibilização dos portugueses em torno dos hábitos de consumo de tabaco, em particular quando se deslocam de carro”.

Em declarações, o presidente da LPCC, Vítor Veloso, lembrou que todos os anos morrem no mundo 600 milhões de pessoas devido ao tabagismo, 600 mil dos quais por serem fumadores passivos.

Vítor Veloso explicou que cada cigarro contém mais de 4.800 substâncias químicas nocivas, sendo que destas, 60 são potencialmente causadoras de cancro.

“Se considerarmos que 85% do fumo passivo é invisível e inodoro, facilmente se percebe que fumar no interior do carro é um ato que se perpetua muito para lá dos breves minutos de consumo”, frisou.

Por esta razão, Vítor Veloso considerou que “fumar dentro do carro é quase mais perigoso do que falar ao telefone”, defendendo que esta prática devia “ser proibida” em Portugal, como já acontece em outros países, como o Reino Unido ou a Finlândia.

Esta posição não é partilhada pelo presidente do ACP, Carlos Barbosa, por considerar que se trata de uma decisão que cabe às pessoas.

“Sou muito liberal no que diz respeito à liberdade das pessoas. Acho que as pessoas têm de ser conscientes daquilo que devem ou não fazer. Obviamente se sabem que fazem mal aos seus próximos, aos seus filhos, aos seus netos não devem fumar”, disse Carlos Barbosa à Lusa.

Carlos Barbosa adiantou que a associação fez este estudo para “provar às pessoas que fumar dentro do carro provoca cancro” devido às partículas tóxicas que permanecem no interior do automóvel.

A campanha surge para “sensibilizar as pessoas que não devem fumar dentro dos carros, independentemente de estarem acompanhados ou estarem sozinhos”, adiantou Carlos Barbosa.

Esta ação será levada a todo o país através de ações de sensibilização nas escolas, com a distribuição de 100 mil folhetos e autocolantes para carros nas escolas do ensino básico e ainda através dos canais de comunicação do ACP e da LPCC, focando-se nas crianças como veículos influenciadores junto dos pais.

Vida saudável
Durante o fim de semana todos os caminhos para os apaixonados pelo fitness foram dar à 3.ª edição do Portugal Fit, em Lisboa,...

Ontem - o último dia que todos tinham para queimar as calorias que ainda faltavam, mas também para aprender mais sobre estilos de vidas saudáveis –, a aula de body attack que decorreu no palco do Altice Arena foi uma das que atraíram mais professores e visitantes.

“As pessoas adoram e vibram com a música”, contou Sandra, uma instrutora que tinha saído há minutos do palco, ainda num tom acelerado depois dos ritmos mexidos que a modalidade exige.

“Acaba por não ser só pela parte do treino físico que as pessoas vêm cá, mas também pelas emoções que envolve estar num pavilhão cheio de gente a fazer a mesma coisa e a curtir a música ao mesmo tempo”, comentou.

Professora há mais de 10 anos de modalidades como o body pump ou o body step, Sandra acredita que é neste tipo de eventos que existe a oportunidade de mostrar às pessoas que “o exercício é algo divertido, não tem que ser só para emagrecer ou para aqueles objetivos mais comuns”.

A fazer a aula de Sandra estiveram Rita e Bruno, um casal cuja rotina já não seria a mesma sem o desporto: “Eu normalmente já faço ginásio e o meu namorado também é instrutor, por isso acabamos por vir muitas vezes juntos para estes eventos”, contou Rita, a recuperar o fôlego.

Para si, o Portugal Fit é a união de dois mundos: “Dá para divertir, mas também dá para aprender outras atividades que ainda não tenha experimentado”.

“Esta é a grande formação que nós temos. É aqui onde juntamos todo este grupo de várias partes do país e serve um pouco para ver velhos conhecidos, amigos de outros zonas que não conseguimos ver ao longo do ano. É a nossa grande festa enquanto instrutores”, acrescentou Bruno.

Equipado a rigor estava António. O cabelo grisalho não lhe tira a energia para as aulas que ainda se avizinhavam e a companhia do filho – com quem vai sempre ao evento - é mais um motivo para se manter animado. “O ambiente acaba por trazer mais entusiasmo ao exercício e isso obriga a que a pessoa seja levada por esse entusiasmo e puxe mais por si própria”, referiu.

Fora das zonas das aulas e a apreciar o que o evento tem para oferecer, como os preços aliciantes nas roupas de desporto, ouvia-se Abdul, dono de um ginásio, a falar com o filho de quatro anos num dos corredores.

“O meu filho foi agora ver a prova de culturismo e achou interessante. Agora quer voltar”, disse, entusiasmado, ao mesmo tempo que o filho lhe pedia “para se despachar”, pois estava quase a começar mais uma prova da modalidade.

Apenas com uma parede do pavilhão a separá-los, Oleksandr Andronyak, de 23 anos e natural da Ucrânia, tinha acabado de sair do palco do Troféu Carlos Rebolo, onde conquistou o segundo lugar da prova Men’s Physique Júnior, uma das competições de culturismo. Confessou que “estar à frente de muitas pessoas” é uma das coisas que lhe dão mais alegria, mas os inúmeros músculos que ganha com os treinos também servem de motivo de felicidade.

O corpo “estava seco” e bronzeado depois das “camadas de tinta e de brilho” e os últimos “três meses”, dedicados exclusivamente a preparar esta prova, valeram o esforço. “Estou contente com a classificação”, rematou.

O Portugal Fit, no Altice Arena, fechou ontem portas às 21:00. Para já, a organização ainda não sabe se o evento de fitness continuará ou não por terras lisboetas.

Obstetrícia
Mais de 4.700 pessoas assinaram uma petição dirigida ao Parlamento a pedir o “fim da violência obstétrica” e a revisão da...

Os signatários pedem a “intervenção urgente num flagelo” que consideram ocorrer no país e no Serviço Nacional de Saúde, entendendo a “violência obstétrica” como uma “forma institucional de violência” no contexto da assistência à gravidez e pós-parto, que pode passar por abusos verbais, práticas invasivas, uso desnecessário de medicação, intervenções não consentidas ou humilhação.

“Portugal é um dos países com a mais baixa taxa de mortalidade neonatal do mundo, facto pelo qual todos nos congratulamos. Mas a visão de que basta sair do hospital uma mãe e um filho vivos é extremamente redutora e inaceitável”, refere o texto da petição.

Os signatários consideram que estes bons indicadores camuflam uma realidade: “a violência física e psicológica por parte de alguns profissionais de saúde, que abusam da sua posição e do seu poder num momento em que a mulher precisa de apoio e de se sentir acolhida e respeitada”.

A petição endereçada ao Parlamento, ao Presidente da República e ao ministro da Saúde pretende que seja revista “toda a formação dada aos profissionais da obstetrícia”, bem como a legislação que assiste os direitos da mulher na gravidez e no parto.

Os peticionários propõem a criação de um plano individual de parto, a instituir a nível nacional, que garante que “os desejos da mulher durante o trabalho de parto são cumpridos, salvo em situações de clara emergência”.

É ainda pedido que todas as unidades de obstetrícia do Serviço Nacional de Saúde (SNS) passem a ter afixada informação acessível a todos sobre o que é a violência obstétrica, “incentivando as mulheres e as famílias a denunciar situações de abuso”.

A Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e no Parto (APDMGP) realizou entre 2012 e 2015 um inquérito sobre experiência de parto em Portugal, ao qual responderam 3.800 mulheres e no qual mais de 43% das inquiridas dizem não ter tido o parto que queriam.

A associação considera que a violência obstétrica “pode afetar a recuperação física e psicológica da mulher durante o puerpério, a sua autoestima, vida sexual, saúde mental a sua ligação com o bebé”.

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