Associação Portuguesa de Fertilidade saúda medida anunciada pelo Governo
A Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade) congratula o anúncio pelo Governo da atualização para 90% da taxa de...

O anúncio foi feito durante a discussão sobre o Orçamento do Estado para 2025. A secretária de Estado da Saúde informou que está "praticamente finalizada” a portaria que vai aumentar a taxa de comparticipação destes medicamentos. Além disso, Ana Povo adiantou que haverá uma comparticipação de 69% nas terapêuticas destinadas a pessoas com endometriose. 

A taxa de comparticipação dos medicamentos destinados à fertilidade estava fixada em 69%, um valor que a associação considerava insuficiente face ao crescente número de casos e à importância do acesso a tratamentos eficazes e acessíveis para os casais afetados. 

A última atualização da taxa tinha ocorrido a 01 de junho de 2009, com o apoio do Estado a subir de 37% para 69%. “Foi um avanço importante. No entanto, o número de casos de infertilidade continua a aumentar e, apesar de chegar tarde, esta atualização em 90% é essencial para estas pessoas”, sublinha a presidente da associação, Cláudia Vieira. 

Com o aumento do custo de vida, a presidente da APFertilidade destaca que “as despesas com os medicamentos têm representado um fardo financeiro pesado para muitos casais, que precisam frequentemente de recorrer a várias tentativas de tratamento, muitas vezes sem sucesso imediato”. 

Cláudia Vieira relembra ainda que o acesso aos tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (PMA) continua a ser desigual no país: os cidadãos do Alentejo e Algarve continuam a percorrer centenas de quilómetros para procurar ajuda nos centros públicos localizados nas zonas de Lisboa, Centro e Norte do país. “O aumento da taxa de comparticipação dos medicamentos vai ser uma medida relevante para atenuar o esforço financeiro destas pessoas”, considera. 

A APFertilidade tem vindo a desenvolver esforços para sensibilizar o Governo sobre a necessidade de olhar para a infertilidade como uma área prioritária. Em junho, alertou para a necessidade de alterar a lei de forma a preservar os embriões e gâmetas doados anonimamente e que seriam destruídos ao abrigo da lei de 2018. Em maio, pediu ao Governo que concluísse a regulamentação da gestação de substituição, parada há vários meses. 

De 28 a 30 de novembro
A Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH) promove o XVII Congresso Nacional entre os dias 28 e 30 de...

Manuela Sousa, Presidente da Comissão Organizadora, a destaca a importância deste encontro, salientando que “serão três dias de troca de experiências e conhecimentos, apresentação dos melhores trabalhos científicos desenvolvidos, mas também de (re)encontros entre colegas”. 

Entre os temas centrais do Congresso, estará o debate sobre o impacto das alterações climáticas e das migrações nas doenças emergentes, a gestão de dados em saúde e as barreiras à inovação terapêutica. A humanização da Farmácia Hospitalar também será abordada, especialmente no contexto do crescente uso de tecnologias inovadoras, refletindo a adaptação do setor às novas realidades.

Outro tópico que vai estar em discussão é a especialização do Farmacêutico Hospitalar e o seu papel na transformação do Serviço Nacional de Saúde (SNS). "Vamos discutir os prós e contras da subespecialização do Farmacêutico Hospitalar e o impacto que isso pode ter na melhoria da prestação de cuidados de saúde", explica Manuela Sousa.

No último dia do Congresso, vão-se realizar três workshops, com o objetivo de promover o aperfeiçoamento técnico-científico dos Farmacêuticos Hospitalares e Residentes, oferecendo uma oportunidade prática para o desenvolvimento de competências essenciais na prática farmacêutica.

Para Patrícia Cavaco, Presidente da Direção da APFH, “a realização deste evento é fundamental para o desenvolvimento contínuo da carreira do Farmacêutico Hospitalar, pois oferece uma oportunidade única de atualização científica e de networking entre profissionais”. “Aqui, os Farmacêuticos Hospitalares podem partilhar experiências, adquirir novos conhecimentos e, sobretudo, refletir sobre os desafios e oportunidades que moldarão o futuro da Farmácia Hospitalar. Esta é uma oportunidade ímpar de crescimento e inovação", conclui.

 
Saúde Masculina
A próstata é um órgão importante para o homem.

No entanto, à medida que os homens envelhecem este órgão pode tornar-se fonte de problemas, sendo a Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) e o Cancro da Próstata (CAP) as condições mais comuns.

É essencial que os homens percam o medo ou o desconforto de falar sobre a próstata. Consultar um urologista regularmente a partir dos 40 anos e fazer os exames recomendados são passos simples, mas cruciais, para detetar problemas precocemente. Lembre-se: a prevenção é sempre o melhor remédio. Mas será que os homens estão devidamente informados? A literacia em saúde é fundamental e é muito importante que os homens cuidem cada vez mais da sua saúde. O cancro da próstata é o 4º cancro com maior incidência no mundo e 2º cancro com maior incidência no homem. Em Portugal, dados de 2022 estimam que: em média, por ano, cerca 7529 homens são diagnosticados com cancro da próstata, mas que a maioria não irá falecer devido à doença.

O que é relevante saber?

A Hiperplasia Benigna da Próstata: quando começamos a “molhar as botas”.

Esta é uma das condições mais frequentes em homens com mais de 50 anos. Trata-se de um processo obstrutivo progressivo (nem sempre associado a um aumento de volume) que condiciona queixas urinárias. Embora seja uma doença benigna, pode interferir de forma significativa na qualidade de vida. O tratamento é normalmente feito através de medicamentos que são bastante eficazes, reservando-se os tratamentos invasivos, como a cirurgia, para os casos que não cedem ao tratamento médico. Ao contrário do que se pensa, estes tipos de cirurgias não removem a próstata, mas apenas a sua parte interna, permitindo ao doente retomar o seu fluxo urinário. Ou seja, a próstata continua lá e outras doenças, como o cancro, podem na mesma aparecer.

No cancro da Próstata: o diagnóstico precoce salva vidas.

Este é o cancro mais comum entre os homens e a segunda causa de morte por cancro, pelo que a sua deteção precoce é fundamental. Na fase inicial, costuma ser assintomático, o que reforça a importância de rastreios regulares a partir dos 40-50 anos, dependendo da história familiar e de outros fatores de risco.

Quando diagnosticado em estádio inicial, o cancro da próstata pode ser tratado de forma curativa, seja com cirurgia, radioterapia externa ou braquiterapia. Tem-se verificado um interesse crescente nos tratamentos focais, muito menos invasivos e cada vez mais utilizados. Nos casos de doença metastizada, embora não haja cura, avanços recentes como novas terapias hormonais e novos medicamentos, têm transformado o cancro da próstata numa doença crónica. Estes tratamentos aumentam significativamente a sobrevivência e melhoram a qualidade de vida dos doentes.

Por isso, se é homem e já tem mais de 40 lembre-se: a saúde masculina começa na prevenção; não espere pelos sintomas!

Dr. Carlos Rabaça
Diretor do Serviço de Urologia do IPO de Coimbra
Presidente da Sociedade Portuguesa de Urologia Oncológica
Docente da Faculdade de Medicina de Coimbra

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Investigação da Universidade de Coimbra
Uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) identificou novos biomarcadores – indicadores presentes no corpo...

No artigo Gut-first Parkinson’s disease is encoded by gut dysbiome, publicado na revista científica Molecular Neurodegeneration, a equipa liderada pela docente da Faculdade de Medicina da UC (FMUC) e investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC) e do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CiBB), Sandra Morais Cardoso, e pelo investigador do CNC-UC e do CiBB, Nuno Empadinhas, demonstrou que o microbioma intestinal (conjunto de microrganismos que habitam o intestino) tipicamente alterado em pessoas com a doença de Parkinson, tem propriedades suficientes para desencadear alterações intestinais e sistémicas que levam ao surgimento de marcas neuropatológicas características desta doença.

Em estudos anteriores, os líderes desta investigação e as suas equipas já tinham demonstrado mecanismos pelos quais alguns casos da doença de Parkinson podem ter origem no intestino por disfunção crónica do seu microbioma. Nesta doença, alterações gastrointestinais como obstipação crónica são manifestações não motoras que frequentemente surgem anos antes dos sintomas motores. 

Neste novo estudo, além de confirmarem como a doença de Parkinson pode ser desencadeada no intestino, os investigadores identificaram “a presença de marcadores inflamatórios e de agregados da proteína alfa-sinucleína – o marcador cerebral clássico da doença –  no íleo (uma região do intestino delgado), que podem servir como biomarcadores da fase prodromal da doença, ou seja, da fase que indica etapas iniciais da doença no intestino, antes desta evoluir para o cérebro”, destaca Sandra Morais Cardoso.

Os investigadores analisaram as consequências da exposição crónica de ratinhos ao microbioma intestinal obtido de doentes com Parkinson. Esta transferência resultou em processos de inflamação exacerbada e na formação de agregados de alfa-sinucleína no intestino dos ratinhos, reações associadas à perda da integridade da barreira intestinal. Esta disfunção cumulativa levou a processos de inflamação sistémica crónica, e culminou em neuroinflamação. Tanto a neuroinflamação como a acumulação de alfa-sinucleína no cérebro contribuem para a perda de neurónios.

Ao conhecer este processo, os cientistas acreditam que, ao intervir nas alterações no intestino, será possível impedir que os seus efeitos avancem até ao cérebro, retardando assim a morte dos neurónios. “A deteção precoce de marcadores inflamatórios e agregados de alfa-sinucleína no intestino permitirá intervir antes que ocorram danos cerebrais significativos”, destacam os cientistas. “Esta antecipação não apenas facilita a realização de ensaios clínicos para testar intervenções capazes de impedir a progressão da doença, mas também oferece a esperança de atrasar ou até mesmo prevenir a manifestação dos sintomas neurológicos, melhorando, assim, a qualidade de vida de doentes e aliviando a carga social e económica associadas a esta condição de saúde”, acrescentam.

A equipa de investigação estudou, igualmente, amostras do íleo terminal retiradas por colonoscopia de doentes onde identificaram os mesmos biomarcadores. A análise destes dados revelou-se também promissora pois foi possível identificar marcas da manifestação da doença de Parkinson no intestino. Perante este resultado, Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas acreditam que “embora ainda não conheçamos em detalhe a combinação de micróbios e metabolitos que está na origem da disfunção do microbioma intestinal, a deteção de marcadores inflamatórios e agregados de alfa-sinucleína no íleo terminal através de colonoscopia com biópsia entre os 50 e 55 anos, permitirá identificar uma população de indivíduos com risco acrescido de desenvolver a doença”. “Esta abordagem permitir-nos-ia intervir precocemente e impedir a progressão até ao cérebro desta doença neurodegenerativa, atualmente incurável”, elucidam.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2024 mais de 10 milhões de pessoas vivem com a doença de Parkinson, enquanto em 2016 havia registo de 6,1 milhões de casos. “O número de novos casos da doença tem aumentado de forma alarmante, sendo já considerada uma pandemia. Estima-se que, até 2040, o número de novos casos anuais possa ultrapassar os 17 milhões”, contextualiza Sandra Morais Cardoso. Em Portugal, cerca de 20 mil pessoas vivem atualmente com a doença.

“Esta descoberta de novos biomarcadores pode desempenhar um papel vital na implementação de estratégias de prevenção, beneficiando doentes e a sociedade em geral”, partilham os cientistas. “Abre novos caminhos para futuras estratégias de diagnóstico que permitam a deteção da doença de Parkinson em fases precoces, uma meta tangível com o esforço e colaboração de diversas áreas da medicina, sinergia que foi aliás fundamental a este estudo interdisciplinar, que envolveu neurocientistas, microbiologistas, neurologistas e gastroenterologistas da Universidade de Coimbra e do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) da Unidade Local de Saúde de Coimbra (ULS Coimbra)”, sublinham Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas. 

A partir dos resultados revelados neste estudo, os cientistas estão já a explorar novas linhas de investigação “que visam neutralizar o processo inflamatório no intestino, antes da propagação da doença de Parkinson para o cérebro”, avançam os investigadores. Os resultados preliminares “são promissores, indicando que estratégias como esta, de neutralização numa fase precoce, podem ter impacto significativo na modulação da inflamação intestinal, na preservação da integridade da barreira intestinal e bloqueio da propagação da doença para o cérebro”, revelam.

A investigação foi financiada por fundos da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e da Cure Parkinson's. Participaram neste estudo vários investigadores do CNC-UC, da FMUC, do Centro de Ecologia Funcional da UC, e também dos Serviços de Neurologia e de Gastroenterologia do CHUC – ULS Coimbra.

 
Rastreio na comunidade revela prevalência de osteoporose de 15%
Um estudo inédito realizado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) indica que 15% da população portuguesa...

Como explica Daniela Santos Oliveira, investigadora da FMUP, a prevalência de osteoporose encontrada neste estudo é superior à de um trabalho anterior (15% contra 10%), que não incluiu dados de densitometria óssea. A diferença é ainda mais acentuada no sexo masculino (13% contra apenas 3%).

“A osteoporose é menos frequente no sexo masculino, mas os homens com história prévia de fraturas e fatores de risco para esta condição podem ter aderido de forma mais ativa ao rastreio, tendo este sido voluntário e realizado na comunidade”, interpreta.

A autora principal deste estudo, cujos resultados foram publicados na revista científica ARP Rheumatology, sublinha que “esta foi a primeira vez que um estudo avaliou a prevalência da osteoporose e dos seus fatores de risco em Portugal, através de um rastreio nacional na comunidade, promovido pela Associação Portuguesa de Osteoporose, que decorreu entre outubro de 2022 e maio de 2023.

Ao todo, este estudo avaliou dados de 767 indivíduos, na sua maioria mulheres (74%), com uma média de idades de 58 anos de idade. A maioria tinha osteoporose ou estava em risco de desenvolver a doença.

Todos foram submetidos a uma densitometria óssea, um exame comum que mede a densidade dos ossos, permitindo identificar situações de perda de massa óssea, designadamente situações de osteopenia, precursora da osteoporose.

Cerca de um quarto dos indivíduos estudados tinha “história prévia de pelo menos uma fratura associada a trauma de baixo impacto e a fragilidade óssea”. Além disso, “mais de 10% dos indivíduos reportaram perda da altura ao longo do tempo, o que pode ser sugestivo de fraturas vertebrais”.

Como salienta Daniela Santos Oliveira, “o diagnóstico precoce é fundamental para prevenir perda de massa óssea e, consequentemente, futuras fraturas de fragilidade óssea”.

“Embora a densitometria óssea seja fundamental para o rastreio e diagnóstico da osteoporose, esta não deve ser considerada de forma isolada, dado que, mesmo com valores normais, mais de 25% dos indivíduos têm história de fratura de fragilidade óssea”, adverte Daniela Santos Oliveira, com base neste resultado.

Quanto aos fatores de risco, foram encontradas diferenças significativas também em função da idade (igual ou superior a 60 anos) e da história familiar de fratura da anca, nas pessoas com osteoporose ou osteopenia.

De acordo com Daniela Santos Oliveira, a osteoporose é “uma doença crónica silenciosa que deve ser considerada ao longo de toda a vida, sendo o acompanhamento médico regular fundamental para avaliar o risco individual”.

Atualmente, “recomenda-se o rastreio da osteoporose em todas as mulheres com mais de 50 anos após a menopausa, homens após os 70 anos e em indivíduos mais jovens, se existirem fraturas de fragilidade óssea ou fatores de risco, como história familiar, doenças crónicas específicas ou uso prolongado de certos medicamentos”.

O tratamento da osteoporose deve ser precoce e varia de acordo com a sua gravidade, fatores de risco individuais e condições de saúde. As medidas não farmacológicas incluem a cessação do consumo de álcool e de tabaco, a ingestão adequada de cálcio, proteínas e vitamina D, juntamente com a prática regular de exercício físico e a exposição solar adequada.

“Um dos principais focos deve ser a prevenção de fraturas através da redução do risco de quedas. Existem várias medidas simples que podem ajudar a diminuir esse risco, incluindo ajustes na habitação (como a remoção de tapetes) e o uso de calçado apropriado. Dependendo do risco de fratura, podem ser prescritos suplementos de cálcio e vitamina D e fármacos específicos para a osteoporose, como os bifosfonatos”, conclui.

6º Congresso Nacional da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP)
Com o objetivo de oferecer uma perspetiva multidisciplinar sobre as doenças metabólicas, com foco na diabetes e obesidade, o 6º...

"Este congresso reuniu um painel diverso de especialistas, incluindo nomes internacionais, com diferentes perspetivas e experiências no tratamento da diabetes. A partilha de conhecimento e a colaboração entre profissionais, impulsionadas por este evento, são cruciais para aprimorar os cuidados de saúde prestados às pessoas com diabetes e para uma melhor gestão da doença, tanto no presente, como no futuro", afirmou José Manuel Boavida, presidente da APDP.

No primeiro dia do congresso, a sessão “Além Fronteiras” contou com contributos de especialistas internacionais relevantes. A importância da empatia e do combate ao estigma foram temas centrais nestas intervenções, realçando a importância de uma abordagem humanizada no cuidado às pessoas com doenças metabólicas.

Partha Kar, médico consultor do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) expôs a estratégia do Reino Unido para implementar o acesso a tecnologias inovadoras de tratamento e monitorização da diabetes tipo 1, destacando a importância da confiança na evidência clínica e da empatia no cuidado ao doente. Bryan Cleal, investigador no Steno Diabetes Center, em Copenhaga, abordou a problemática do estigma associado à diabetes e o seu impacto na saúde mental e no mercado de trabalho. Já o médico canadiano David Macklin, especialista em Obesidade, destacou a importância do reconhecimento da obesidade enquanto doença crónica, sublinhando a necessidade de um tratamento adequado e isento de culpabilização.

“É muito gratificante podermos contribuir para um evento tão frutífero no que diz respeito à partilha de experiências entre países, mas também dentro do nosso próprio país”, explica Carolina Neves, endocrinologista na APDP, rematando: “Foram abordados os mais diversos temas, como a atual realidade da farmácia comunitária e a necessidade de novas estratégias, tendo em conta os novos desafios de abastecimento, mas também a importância de criarmos cidades saudáveis, uma tarefa que deve ser de todos”. Dos diferentes temas abordados no evento confirma-se a importância do papel da farmácia comunitária face aos desafios no abastecimento de medicação.

Além de uma sessão totalmente dedicada aos fundamentos e especificidades da abordagem à diabetes tipo 1, foi ainda apresentada a participação da APDP no projeto europeu EDENT1FI, que consiste na realização de rastreios à diabetes tipo 1 em crianças e jovens entre os 3 e os 17 anos. Até ao momento, já foram realizados mais de mil testes para avaliar o risco de DT1, mas o objetivo para Portugal é rastrear 10 mil crianças.

Em discussão estiveram ainda outros temas, como a relação entre o sono e a diabetes, a epigenética das doenças metabólicas, tendo em conta o impacto transgeracional, e a doença hepática não alcoólica como comorbilidade frequente da diabetes e obesidade. Destacaram-se ainda os desafios específicos da diabetes na mulher, considerando as diferentes fases da vida reprodutiva que colocam a mulher em maior risco e dificuldade de controlo.

Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica | 20 de novembro
Assinala-se a 20 de novembro o Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, com o objetivo de

Trata-se de uma doença que se caracteriza por uma obstrução das vias aéreas que limita o fluxo de ar para os pulmões. O fumo do tabaco é a principal causa. Cerca de 40-50% dos fumadores irão desenvolver a doença ao longo da vida. A cessação tabágica é a medida de prevenção mais eficaz!

A tosse com expetoração branca matinal (bronquite crónica) é um dos primeiros sintomas. Sintomas como a pieira (“gatinhos”) ocorrem porque os brônquios (as “canalizações” que levam o ar aos pulmões) ficam inflamados e mais estreitos que o habitual. Ao acontecer esta broncoconstrição também se torna para o doente mais difícil remover o ar dos pulmões durante a expiração, levando a que o tórax do doente fique insuflado e causando sensação de aperto por todo o peito. Além do problema nas vias aéreas, é frequente os doentes terem enfisema, ou seja, a destruição dos alvéolos pulmonares (pequenos “sacos” existentes no final das vias aéreas), onde ocorrem as trocas de oxigénio e dióxido de carbono. À medida que a doença avança surge a falta de ar, tipicamente progressiva e para esforços cada vez menores.

Podem ocorrer episódios abruptos de agravamento dos sintomas, designados de exacerbações. Estas podem ser desencadeados por infeções respiratórias, exposição a fumos, poeiras ou poluição. A sua prevenção é importante uma vez que a recuperação após cada episódio leva tempo, havendo perda da função pulmonar frequentemente irreversível.

Os doentes com DPOC têm maior risco de serem afetados por outras condições, como as doenças cardiovasculares, seguidas da ansiedade e depressão, que têm um grande impacto na qualidade de vida.

Não existe cura para a DPOC, mas existem tratamentos com o objetivo de controlar a sua evolução, aliviar os sintomas e reduzir o risco de exacerbações. Estes passam por medicação inalada (dilata e diminui a inflamação das vias áreas), reabilitação pulmonar (programas de exercícios para melhorar a respiração e aumentar a resistência física), oxigenoterapia (em casos avançados) e vacinação.

Existem hábitos que podem ser adotados para controlar a doença e a reduzir o impacto dos sintomas, nomeadamente:

  • O controlo da respiração: posições respiratórias e técnicas de conservação de energia e de relaxamento podem ajudar a diminuir a sensação de falta de ar.
  • A limpeza das vias respiratórias: beber muita água e realizar técnicas de tosse controlada podem ajudar na eliminação da expetoração.
  • A realização de exercício físico regular: manter a atividade física fortalece todos os músculos, incluindo os respiratórios, melhorando a autonomia e reduzindo o cansaço.
  • Manter uma alimentação saudável: tem um contributo significativo na gestão do peso e melhoria da qualidade de vida.
  • Evitar a poluição e o fumo: devem ser evitadas deslocações ao ar livre em alturas e locais de maior poluição, bem como deixar de fumar e evitar locais onde é permitido fazê-lo.
  • Consultar o médico regularmente: não deve faltar às suas consultas, mesmo que se sinta bem, devendo sempre informar o médico se sentir agravamento dos sintomas.

A DPOC pode ser limitante, mas o conhecimento sobre a doença e o autocuidado levam a caminhos de superação. Aprender a viver com a doença é uma jornada de consciencialização e resiliência, na qual a saúde respiratória se torna prioridade.

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Investigação da Mayo Clinic
Investigadores da Mayo Clinic desenvolveram uma estratégia de teste inovadora para o mesotelioma que pode ser capaz de aumentar...

Ao detetar estes padrões complexos de ADN, em vez de apenas mutações pontuais, o método poderá conduzir a um diagnóstico mais precoce e a novas possibilidades de terapias direcionadas.

Estamos a ultrapassar os limites do possível no que diz respeito à monitorização do sangue”, afirma Aaron Mansfield, oncologista e principal autor do estudo do Centro de Medicina Personalizada e do Centro de Cancro Integral da Mayo Clinic. A melhoria das taxas de deteção pode fornecer informações sobre a monitorização da resposta dos doentes à terapêutica e a deteção de recidivas após a cirurgia”.

O mesotelioma é um cancro raro que se desenvolve nas membranas finas que revestem o tórax e o abdómen, sendo mais frequentemente causado pela inalação de fibras de amianto. Estas fibras encontram-se frequentemente em isolamentos, telhas de vinil, materiais de cobertura e tintas.

Normalmente, o mesotelioma tem um número reduzido de mutações genéticas pontuais, o que torna difícil a sua deteção através das análises sanguíneas tradicionais. No entanto, a presença de rearranjos cromossómicos - como palavras baralhadas numa frase - oferece um novo alvo de diagnóstico. Isto difere de muitos outros tipos de cancro que geralmente se baseiam na deteção de mutações pontuais - pequenas alterações na sequência de ADN, semelhantes à alteração de uma única letra numa palavra.

No estudo de prova de conceito, publicado no Journal of Thoracic Oncology Clinical and Research Reports, Mansfield e a sua equipa utilizaram a sequenciação do genoma completo para localizar as principais alterações cromossómicas no ADN das células cancerígenas. Em seguida, criaram pequenos pedaços de ADN, chamados primers, que foram concebidos em laboratório para corresponderem e se ligarem com precisão a estas alterações cromossómicas. Com isto, a equipa procurou estas alterações no sangue.

Esta combinação de ferramentas de ponta permitiu aos investigadores criar testes personalizados que detetam e rastreiam o ADN do cancro no sangue de cada doente.

Os resultados baseiam-se na investigação anterior da equipa sobre o mesotelioma, incluindo um estudo que identificou uma assinatura genómica para prever quais os doentes com mesotelioma que poderiam beneficiar da imunoterapia. Além disso, a investigação anterior de Mansfield mostra como os rearranjos cromossómicos têm um potencial neoantigénico, o que significa que podem ajudar o organismo a produzir uma resposta imunitária contra as células cancerígenas.

A equipa planeia expandir este estudo para incluir mais doentes e aperfeiçoar ainda mais o método de teste.

Opinião
Já ouviu falar da solidão digital?

Vivemos numa era paradoxal. Embora estejamos mais conectados do que nunca, a solidão e o isolamento social emergem como ameaças silenciosas à nossa saúde e bem-estar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece ambos como problemas globais, ilustrando um dos maiores desafios das sociedades contemporâneas: a criação e manutenção de relações humanas significativas, especialmente nos ambientes urbanos. Senão vejamos, nas grandes cidades, onde o fluxo constante de pessoas cria uma população transitória, a formação de laços duradouros torna-se cada vez mais difícil. As ruas enchem-se de rostos desconhecidos, e a constante movimentação faz com que as interações sejam breves e superficiais. Esse cenário perpétua a sensação de que, apesar de estarmos rodeados por muitos, estamos realmente sozinhos. Esta solidão é exacerbada pela dependência crescente da tecnologia. A comunicação digital, embora prática, substitui cada vez mais as interações de cara a cara, tornando as conversas mais breves e desprovidas de profundidade emocional. As redes sociais, que deveriam aproximar-nos, muitas vezes fazem de nós "ilhas digitais", onde cada um está imerso na sua própria realidade, sem realmente se conectar de forma genuína com o outro. Outro fator que contribui para o isolamento nas grandes cidades é o desequilíbrio entre a vida profissional e pessoal. As longas horas de trabalho e a pressão constante para sermos produtivos reduzem drasticamente o tempo disponível para socializar. Muitos de nós acabamos por priorizar o trabalho em detrimento das relações pessoais, o que, com o tempo, mina a nossa saúde emocional.

A cortesia negativa, comum nos ambientes urbanos, também desempenha um papel importante no isolamento social. Para evitar incomodar os outros, evitamos interações, mesmo as mais simples, como cumprimentar um vizinho ou perguntar como alguém está. Este tipo de comportamento, embora bem-intencionado, reforça a distância entre as pessoas, limitando as oportunidades de conexão.

A própria arquitetura urbana e a densidade dos ambientes em que vivemos podem ser fatores que agravam a solidão. As grandes metrópoles, com os seus edifícios altos e ruas movimentadas, muitas vezes não oferecem espaços que incentivem a interação entre vizinhos. Em vez de promoverem a coesão comunitária, essas estruturas acabam por isolar ainda mais os seus habitantes. E, ironicamente, o excesso de pessoas num espaço reduzido pode fazer-nos sentir ainda mais sozinhos, uma vez que a multidão pode ser avassaladora e desumanizante.

O que fazer para combater o Isolamento Urbano?

Para combater a solidão e o isolamento urbano, é necessário um esforço consciente e coletivo. Aqui ficam algumas sugestões práticas:

  1. Priorizar as Relações Pessoais: Reserve tempo para socializar, mesmo que seja apenas para uma breve conversa com um vizinho ou colega. Pequenos gestos podem fazer uma grande diferença.
  2. Desconectar para Conectar: Estabeleça limites no uso da tecnologia. Dedique momentos do dia para estar verdadeiramente presente, sem distrações digitais.
  3. Participar em Comunidades Locais: Envolva-se em atividades locais, como grupos de voluntariado, desporto ou passatempos. Estes são ótimos meios para conhecer pessoas com interesses semelhantes e fortalecer a coesão social.
  4. Criar Espaços de Interação: Incentivar a criação de espaços comunitários nos bairros, como jardins partilhados, cafés locais ou centros culturais, onde as pessoas possam reunir-se e interagir.
  5. Equilibrar a Vida Profissional e Pessoal: Trabalhar em horários mais flexíveis e estabelecer um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal permite que haja tempo suficiente para o lazer e para as relações interpessoais.

José Saramago – o nosso Prémio Nobel da Literatura-, já nos alertava: "É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós." Esta frase ecoa de forma poderosa na realidade das cidades modernas. Parece que vivemos numa ilha digital, onde o acesso à informação é imediato, mas a conexão humana é rara. E quando finalmente despertamos para a nossa própria solidão, olhamos à volta e vemos apenas outras ilhas, igualmente isoladas. De facto, a solidão urbana é um desafio crescente, mas não intransponível. Contudo, com pequenos passos e um esforço coletivo, podemos transformar as cidades em espaços mais acolhedores, onde as conexões humanas são valorizadas e incentivadas. Afinal, somos seres sociais, e a nossa felicidade e bem-estar dependem, em grande medida, das relações que construímos ao longo da vida.

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Candidaturas já estão abertas e decorrem até 28 de novembro
A Bayer Portugal está a recrutar jovens talentos para a nova edição do seu programa de estágios #takeoff@Bayer 2024/2025. Com...

Ao longo de uma década, o #takeoff@Bayer já integrou mais de 100 recém-formados em diversas áreas, desde Ciências da Vida e Engenharia a Ciências Sociais. Esta é uma oportunidade única para jovens talentos darem o salto para o mundo empresarial, através de um programa que conta com o apoio e a mentoria de profissionais experientes.

Marco Dietrich, Managing Director & Country Division Head da Bayer Portugal, reforça a importância da iniciativa: “Na Bayer, temos orgulho em apoiar o desenvolvimento de novos talentos todos os anos e de contribuir para proporcionar-lhes uma transição suave do mundo académico para o mercado de trabalho. O programa #takeoff@Bayer foi criado com o  propósito de oferecer aos recém-formados uma experiência enriquecedora e completa, integrando-os num ambiente dinâmico e colaborativo, com interação entre diferentes departamentos.”

As candidaturas estão abertas até 28 de novembro de 2024. Os interessados podem consultar as vagas disponíveis e candidatar-se em: https://www.randstad.pt/empregos-em-destaque/bayer/.

Analgésicos, anti-inflamatórios, antipiréticos e anestésicos, entre outros
Um estudo liderado por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração...

"A revisão de literatura mostrou que ribeiras urbanas, para além dos rios, são um ecossistema de água doce crítico quando se trata da ocorrência de fármacos. Estas atravessam zonas muito urbanizadas e dado o seu pequeno volume de água e fraca capacidade de diluição podem ficar altamente poluídas, levando depois esses poluentes para os rios principais", alerta Maria João Feio, investigadora do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da FCTUC e do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE).

Esta investigação, publicada na prestigiada revista Water Research, teve como objetivo perceber o estado de contaminação de ribeiras urbanas por fármacos e os seus impactos no ecossistema e nos organismos aquáticos. Assim, os especialistas realizaram uma revisão bibliográfica de estudos científicos realizados em todo o mundo.

"Neste trabalho registámos, em 49 ribeiras urbanas, a presença de 139 fármacos, pertencentes a dez grupos terapêuticos, em 13 países de quatro continentes, com predominância de anti-inflamatórios e anticonvulsivos. Metabolitos dos fármacos foram também detetados, mas mais raramente analisados", revela Fernanda Rodrigues, estudante de doutoramento em Engenharia do Ambiente.

A equipa de investigação detetou fármacos como diclofenaco, ibuprofeno e paracetamol (analgésicos, anti-inflamatórios, antipiréticos e anestésicos); claritromicina e eritromicina (antibióticos, antifúngicos e antipruriginosos); fluoxetina e citalopram (psicofármacos); estrona, 17β-estradiol e etinilestradiol (hormonas); e genfibrozila (reguladores lipídicos).

Em Portugal, foram estudadas três ribeiras urbanas tendo sido detetado nas águas o total de oito fármacos. Observou-se ainda, em uma das ribeiras, um alto risco para os invertebrados aquáticos devido a um antidepressivo, a fluoxetina.

De acordo com as especialistas, "os efeitos nos organismos aquáticos e processos ecológicos foram variados, desde bioacumulação, desregulação endócrina, crescimento deficiente, inibição de reprodução, aumento da mortalidade e distúrbios de eclosão até alterações morfológicas e diminuição da produção primária bruta e de biomassa".

Este estudo trouxe uma visão global sobre a questão dos fármacos em ribeiras urbanas. A investigação mostrou ainda a necessidade de investir em novos estudos, nomeadamente em Portugal e na Europa, onde a equipa está a investigar esta questão. "Perceber como chegam estes fármacos aos ecossistemas ribeirinhos, de forma a minimizar a sua entrada, e conseguir eliminar estes poluentes da água é essencial para salvaguardar a saúde dos ecossistemas e organismos aquáticos, mas também a saúde humana, numa abordagem One Health (Uma Só Saúde)", terminam.

O artigo científico “Pharmaceuticals in urban streams: A review of their detection and effects in the ecosystem” contou ainda com a participação dos investigadores Luísa Durães, Nuno Simões, André Pereira e Liliana Silva e está disponível aqui.

 
Investigação da Fundação Champalimaud
A doença de Parkinson (DP) é uma desordem neurológica progressiva conhecida pelos seus sintomas moto

Um novo estudo da Fundação Champalimaud, publicado na npj Parkinson’s Disease e liderado pelo Laboratório de Disfunção de Circuitos Neurais em colaboração com os Laboratórios de Neuropsiquiatria e de Radiofarmacologia, oferece novas perspetivas sobre a complexa relação entre o tremor em repouso e a dopamina, um neurotransmissor (mensageiro químico) essencial para a coordenação dos movimentos.

O Paradoxo da Dopamina

Está bem estabelecido que a perturbação da regulação do movimento na DP é determinada pela diminuição dos níveis de dopamina em regiões do cérebro como o estriado onde se encontram os núcleos putamen e caudado. No entanto, enquanto alguns doentes apresentam um alívio significativo do tremor com terapias de reposição de dopamina, como a L-DOPA, outros mostram pouca ou nenhuma melhoria, ou até um agravamento dos sintomas. “O tremor é um sintoma comum e muitas vezes debilitante para os doentes com DP, mas foi sempre um enigma”, diz Marcelo Mendonça, um dos autores principais do estudo. “Sabemos que a dopamina está envolvida, mas a forma como afeta especificamente o tremor não é tão direta como acontece nos outros sintomas motores”.

O senso comum sugere que menos dopamina deveria corresponder a sintomas mais graves. No entanto, no caso do tremor em repouso, os investigadores descobriram precisamente o contrário. “Paradoxalmente, descobrimos que os doentes com tremor têm uma perda menor de dopamina no núcleo caudado, uma parte do cérebro importante para o controlo do movimento e a cognição”, explica Mendonça. “Isto desafia o nosso entendimento tradicional de como a perda de dopamina está relacionada com os sintomas da DP”.

Um Papel Subvalorizado no Tremor?

Utilizando dados de doentes do Centro Clínico Champalimaud e de bases de dados públicas, os investigadores analisaram informações de mais de 500 indivíduos. Este conjunto diversificado de dados foi recolhido através de avaliações clínicas longitudinais, de exames conhecidos por DaTSCANs, realizados para visualizar os neurónios dopaminérgicos e de sensores de movimento portáteis que medem com precisão a gravidade do tremor.

“Os sensores de movimento portáteis deram-nos uma medição mais clara e objetiva do tremor”, afirma Pedro Ferreira, coautor principal do estudo. “À primeira vista, os doentes com e sem perda de dopamina no núcleo caudado podem parecer semelhantes. No entanto, os sensores revelam diferenças subtis nas oscilações do tremor que as escalas clínicas tradicionais podem não conseguir detetar. Além disso, são relativamente fáceis de usar, permitindo-nos associar os sintomas clínicos ao que realmente está a acontecer no cérebro”.

“Combinando dados de imagem com as medições destes sensores, observámos uma ligação clara entre os terminais dopaminérgicos no núcleo caudado e a gravidade global do tremor em repouso”, continua Pedro Ferreira. “A nossa análise sugere que quanto mais a atividade dopaminérgica é preservada no núcleo caudado, mais forte é o tremor”.

Joaquim Alves da Silva, autor sénior e líder do Laboratório de Disfunção de Circuitos Neurais, acrescenta: “Este é o primeiro grande estudo que mostra claramente uma ligação entre níveis mais elevados de dopamina preservada no núcleo caudado e a presença de tremor em repouso. Embora os doentes com tremor em repouso tenham perdido terminações nervosas dopaminérgicas no caudado, demonstram ter mais destas terminações preservadas do que os doentes sem tremor”.

Uma das descobertas mais intrigantes do estudo foi que, quanto mais dopamina era preservada no núcleo caudado de um lado do cérebro (cada hemisfério tem o seu próprio núcleo caudado), maior era o tremor no mesmo lado do corpo. “Isto foi realmente inesperado”, diz Joaquim Alves da Silva. “Normalmente, cada lado do cérebro controla o movimento no lado oposto do corpo”. O modelo computacional desenvolvido pela equipa mostrou que este efeito “do mesmo lado” pode surgir de forma errónea devido a dois fatores: a maior preservação geral de dopamina nos núcleos caudados dos doentes com tremor e a forma desigual como a DP afeta cada lado do cérebro.


 Baixos níveis de perda de dopamina estão associados ao tremor observado nos doentes de Parkinson, o que vem desafiar aquele que era o entendimento tradicional. Créditos: Fundação Champalimaud.

Desafiar as Abordagens Tradicionais 

Este estudo dá continuidade ao trabalho anterior da mesma equipa, publicado em outubro na revista científica Neurobiology of Disease, que mostrou a vantagem de tratar o tremor em repouso separadamente de outros sintomas motores - uma mudança face às abordagens tradicionais que agrupam estes sintomas. A investigação anterior revelou que o tremor em repouso varia com o tipo de progressão da DP: o tremor, particularmente quando resistente ao tratamento, é mais comum em doentes com DP com “origem no cérebro”, enquanto aqueles sem tremor apresentam um padrão de sintomas mais alinhado com a DP com “origem no intestino”, onde o processo da doença começa no trato gastrointestinal e progride posteriormente para o cérebro.

Este novo estudo aprofunda esta linha de investigação, sugerindo que a gravidade do tremor em repouso pode estar associada a circuitos cerebrais específicos. “A perda de dopamina na DP não é uniforme - diferentes doentes podem perder dopamina em circuitos distintos”, observa Joaquim Alves da Silva. “Ao focarmo-nos no tremor em repouso isoladamente, estamos numa melhor posição para identificar os caminhos neurais específicos envolvidos. Por exemplo, será que o tremor resulta de um desequilíbrio de dopamina entre o núcleo caudado e o putâmen? Identificar correlações biológicas fiáveis para sintomas individuais é essencial, pois abre caminho para terapias mais direcionadas”.

“Nem todas as células dopaminérgicas são iguais”, acrescenta Marcelo Mendonça. “Estas têm diferentes composições genéticas, ligações e funções. Isto significa que as células que um doente perde ou preserva podem afetar os seus sintomas. Por exemplo, o tremor pode estar ligado à perda ou preservação de populações específicas de células dopaminérgicas que se ligam a certas áreas do cérebro. Esta variação na perda de tipos celulares pode explicar a ampla gama de sintomas observados nos doentes com DP”.

Implicações para o Tratamento e Investigação Futura

A equipa já está a olhar para o futuro, diz Joaquim Alves da Silva. “É difícil estabelecer uma relação de causalidade entre a preservação da dopamina no núcleo caudado e o tremor em repouso em humanos, razão pela qual pretendemos realizar testes em modelos animais, onde podemos manipular células específicas e observar os efeitos no tremor. Vamos também tirar partido de técnicas de imagem avançadas, como PET de dopamina de alta resolução e ressonância magnética, para identificar os nós-chave no sistema dopaminérgico e relacioná-los com sintomas motores específicos. Esta abordagem pode ajudar-nos a compreender melhor porque os sintomas da DP variam de doente para doente”.

Esta investigação destaca a importância de ir além das classificações gerais da DP e sublinha a necessidade de abordagens mais detalhadas, assentes na biologia subjacente. “Ao identificar os circuitos neurais específicos envolvidos, esperamos dissipar as incertezas em torno da heterogeneidade dos sintomas da DP e contribuir para intervenções mais precisas, que possam melhorar a qualidade de vida dos afetados por esta doença”, conclui Marcelo Mendonça.

 
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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
FMUC participa na Semana da Ciência Viva com variadas atividades
A Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra participa em mais uma Semana da Ciência e Tecnologia, que este ano decorre...

Alunos de todas as idades, incluindo os da universidade sénior, terão a oportunidade de vivenciar a ciência de perto com a intervenção de investigadores de várias áreas de conhecimento. “Investigadores e cientistas de renome saem dos seus laboratórios para irem ter com a comunidade de forma a aproximar o público do trabalho científico, proporcionando experiências práticas e informativas em escolas, centros de investigação e espaços comunitários, sublinhando a forma como a FMUC perspetiva parte da sua atividade.”, refere Henrique Girão, diretor do Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra (iCBR).

Este ano, os Institutos de Investigação iCBR, CNC-UC, MIA Portugal e Gene T uniram esforços para organizar atividades interativas e educativas, sob o consórcio CiBB. As atividades foram distribuídas em coordenação com as escolas participantes, oferecendo uma variedade de temas e métodos adaptados a diferentes faixas etárias, do pré-escolar ao ensino secundário e até à universidade sénior.

 
Dias 6 e 7 de dezembro
A Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM) realiza o XIX Congresso Nacional de Esclerose Múltipla (CNEM) nos dias 6...

Com o tema “Mais Conhecimento, Mais Saúde - Para uma melhor  qualidade de vida e gestão da Esclerose Múltipla”, o congresso anual da  SPEM reúne Pessoas com Esclerose Múltipla (PcEM), familiares,  cuidadores, profissionais de saúde e todos os que se dedicam à causa. 

Este ano o CNEM pretende destacar a ideia de que o acesso a  informações precisas e atualizadas sobre a esclerose múltipla (EM) são  essenciais para os profissionais de saúde e para os utentes. 

Conhecer melhor a EM permite um diagnóstico mais rápido, escolhas  terapêuticas mais eficazes e uma abordagem mais personalizada no  tratamento, abrangendo uma visão holística em que todas as dimensões  da saúde são essenciais. 

A qualidade de vida e a gestão da EM são a intersecção entre a procura  por uma vida equilibrada e feliz e o desenvolvimento de estratégias  eficazes para lidar melhor com os desafios da doença. 

Gabriela Condeço, diretora do XIX CNEM afirma que “o tema do CNEM  reflete o compromisso contínuo da SPEM em garantir que, através da  disseminação de informação e da sensibilização, as PcEM, familiares e  profissionais de saúde possam abraçar os desafios da EM de forma mais  informada e eficaz, promovendo assim uma vida mais ativa e saudável.”

Susete Margarido, subdiretora do XIX CNEM refere que “o CNEM é muito  mais do que um evento, é uma iniciativa que promove o encontro entre  todos, em que a partilha de experiências de vida e o convívio fortalecem  a comunidade, encorajando e motivando para um futuro melhor.” 

O XIX CNEM decorre em formato híbrido e conta com um programa  abrangente com oradores de excelência, estimando-se a participação de mais de 130 pessoas. As inscrições são obrigatórias para qualquer um dos dias e formatos. 

NOVA IMS lança iniciativa Think Tank SHARP - A Reflection into the Future of Cell Therapies
A gestão e a expansão do acesso à terapia com células CAR-T em Portugal, uma das terapias mais promissoras e inovadoras na luta...

O projeto terá três sessões estratégicas, nas quais vão ser debatidos os principais desafios e identificadas recomendações que permitam ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) aumentar a resposta e integração desta tecnologia inovadora no tratamento destas e de outras potenciais doenças, assegurando um acesso rápido, eficiente e seguro para todos os doentes elegíveis.

“As células CAR-T são uma tecnologia que está a trazer alterações estruturais na forma como se abordam algumas doenças oncológicas. No curto/médio prazo, será também alargada a outros problemas oncológicos, a muitas doenças autoimunes e mesmo alguns problemas cardíacos. Dado que é uma tecnologia de vanguarda e com especificidades novas, o país tem de se capacitar a todos os níveis: estruturas, preparação de profissionais, modelos de financiamento e outros procedimentos de gestão de saúde. Ambicionamos com este projeto SHARP, dar o nosso contributo ao país para a criação e proposta de soluções que permitam o acesso atempado e equitativo a todos os doentes elegíveis a esta terapia.”, afirma Henrique Lopes, Diretor do NOVA Center for Global Health.

A primeira sessão, centrada nos modelos de financiamento desta terapia, reuniu diversos especialistas do ecossistema da saúde. Entre os participantes estiveram também dois dos membros do Steering Committee, Fernando Leal da Costa, Diretor do Departamento de Hematologia do IPO Lisboa e membro da Direção do Colégio de Especialidade de Hematologia Clínica da Ordem dos Médicos, e Xavier Barreto, Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.

Para Fernando Leal da Costa, “a tecnologia CAR é incontornável no tratamento de doenças malignas e vamos assistir à expansão do seu uso. Teremos mais indicações terapêuticas aprovadas, em linhas de tratamento mais precoces e para mais doenças, ao mesmo tempo que irão surgir mais alvos antigénicos, CAR produzidas em poucas horas, associação de CAR com outros tratamentos e até CAR alogénicas disponíveis na “prateleira” e prontas a usar. Os sistemas de saúde ainda não estão preparados para tudo isto”.

Numa perspetiva económica, Xavier Barreto sublinha que “estes tratamentos têm custos elevados, têm tendência para aumentar (por aumento das indicações e do número de doentes) e não são adequadamente financiados pelo Estado. Ora, sabendo que são tratamentos potencialmente curativos para patologias graves e partindo do pressuposto que o uso é considerado custo-efetivo, não podemos aceitar que o financiamento se possa constituir como um obstáculo ao uso destas terapêuticas. É urgente rever o financiamento das terapias com células CAR-T, garantindo que a retribuição é justa e que promove a equidade do seu uso no SNS português”.

Nas sessões seguintes, serão abordados temas centrais para o sucesso da implementação da terapia com células CAR-T em Portugal, incluindo a gestão e governança da jornada do doente a partir de uma visão multidisciplinar, bem como questões relacionadas com a evidência científica, o diagnóstico e a referenciação.

As perspetivas e recomendações resultantes do projeto SHARP serão consolidadas num relatório público, com previsão de apresentação no primeiro semestre de 2025, onde serão incluídas recomendações estratégicas para melhorar o acesso à terapia com células CAR-T em Portugal e fortalecer a capacidade do sistema de saúde para permitir o acesso a tecnologias inovadoras.

Dia Mundial do Não Fumador | 17 de novembro
A 17 de novembro celebra-se o dia Mundial do Não Fumador.

Tabagismo e doença cardiovascular

Fumar faz com que haja um aumento da tensão arterial em 10 a 20mmHg e da frequência cardíaca em 15 a 25 pulsações por minuto, o que acelera os processos de envelhecimento e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.  Aumenta os níveis de adrenalina, causando estreitamento das artérias e agregação das plaquetas sanguíneas, o que torna o sangue mais viscoso e com tendência a formar coágulos, levando ao AVC e enfarte agudo do miocárdio. O tabaco aumenta a libertação de radicais livres contribuindo para o processo de aterosclerose.

Porque vale a pena parar de fumar?  Após 20 minutos a pressão arterial e a frequência cardíaca voltam ao normal.  Após 48h a tensão arterial estabiliza. Ao fim de 2 a 3 semanas a circulação melhora e o risco de enfarte agudo do miocárdio começa a reduzir. Ao fim de um ano o risco de ataque cardíaco reduz para metade e ao fim de 5 anos o risco de enfarte agudo do miocárdio e AVC torna-se igual ao de uma pessoa que nunca fumou.

Tabagismo e doença pulmonar

O fumo do tabaco é a principal causa de bronquite, enfisema e doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). Estima-se que a DPOC seja, atualmente, a 3.ª causa de morte a nível mundial.

Porque vale a pena parar de fumar?  Após 8h os níveis de nicotina e dióxido de carbono diminuem em 50% e o oxigénio sobe para valores normais.  Após 72h os brônquios dilatam e a sua respiração melhora. Ao fim de um a nove meses, a falta de ar e a tosse diminuem, bem como as alergias e as infeções respiratórias.

Tabagismo e cancro

O tabagismo é a principal causa de cancro conhecida, sendo responsável por mais de 30% das mortes por neoplasia. O risco de cancro aumenta em todos os órgãos do corpo por onde o tabaco passa até chegar aos pulmões (boca, garganta, laringe e pulmões), no seu caminho de eliminação do organismo (rim e bexiga) e ainda noutros órgãos intermédios (pâncreas e colo do útero). Cerca de 90% dos cancros do pulmão são devidos ao tabagismo.

Porque vale a pena parar de fumar?  Após 5 anos o risco de cancro da boca e esófago reduz para metade. Após 10 anos tem 50% menos risco de vir a desenvolver cancro do pulmão. Aos quinze anos, o risco de cancro do pulmão é praticamente igual ao de uma pessoa que nunca fumou.

Porque parar de fumar é ganhar vida retenha estes números:

  • Se deixar de fumar aos 40 anos, ganha 9 anos de vida.
  • Se deixar de fumar aos 50 anos, ganha 6 anos de vida.
  • Se deixar de fumar aos 60 anos ganha 3 anos de vida.

Se fumar 20 cigarros por dia, poupa cerca de 5 euros/dia, 150 euros/mês, 1.800 euros por ano. Poupe a sua saúde e leve a sua família a passear!

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dados mostram que situação afeta 80% das instituições
Quando se trata do circuito do medicamento, as instituições hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) confirmam estarem...

“Pior: a escassez de recursos humanos, particularmente de Farmacêuticos, prejudica o acesso a serviços que poderiam fazer a diferença para os nossos doentes, como é o caso da consulta farmacêutica”, refere ainda o especialista. Consulta que, mostram os dados, já está implementada em 52% das instituições, mas tem na questão dos recursos humanos, segundo Xavier Barreto, um “fator limitante. É preciso formar e contratar mais farmacêuticos hospitalares, dando-lhes tarefas acrescidas em relação ao que fazem hoje”. 

Ainda no que diz respeito às barreiras de acesso ao medicamento, o Índex mostra que a maioria das instituições (86%) afirma que a carga administrativa é a grande barreira neste processo. Para o presidente da APAH, isso deve-se ao facto de “grande parte dos departamentos de compras ter sido assoberbado com o acrescento de trabalho resultante da integração das compras dos cuidados primários. Na maior parte dos casos, sem reforço de pessoal. Isso, como é natural, faz com que a carga administrativa seja ainda mais percecionada como um obstáculo”. 

O Índex mostra ainda que as ruturas de medicamentos continuam a ser vistas como um problema grave para 93,1% das instituições, o que confirma que há ainda mais a ser feito, como “prever consumos, negociar com maior antecedência acordos plurianuais com fornecedores, e garantir que o negócio é sustentável para todas as partes. Não posso deixar de dizer que as ruturas, não obstante criem uma sobrecarga de trabalho para as farmácias, geralmente não têm impacto no doente. São resolvidas via empréstimos, entreajuda entre farmácias, opção por outras alternativas terapêuticas.”

De facto, mostram os resultados, assistiu-se a uma evolução positiva ao nível da organização dos serviços no sentido de resolução dessas ruturas: 38% possuem um departamento, núcleo ou pessoa responsável por avaliar o impacto das ruturas, 83% um departamento, núcleo ou pessoa responsável por solucionar estes problemas e 69% um registo das ocorrências das mesmas. 

Ao todo, 79,3% das instituições tem implementado um programa de dispensa de medicamentos em proximidade, ainda que a nova regulamentação tenha sido apontada como responsável por limitar a tipologia de medicamentos a enviar, não abordar critérios por patologia, grau de incapacidade ou distância geográfica, limitar a entrega no domicílio e não estabelecer um claro circuito de distribuição/transportadora. Regulamentação que Xavier Barreto considera que “pode traduzir-se numa redução do benefício para os doentes, no sentido em que a entrega em proximidade não vai evitar que tenham de vir ao seu hospital para dispensa de alguns fármacos. A falta de definição de um circuito abre espaço para assimetrias entre diferentes ULS. As soluções não têm de ser iguais em todo o País, mas importa que estejam definidas e que sejam claras para todas as partes”. 

Do Índex, há ainda a salientar um aumento da despesa com medicamentos em 86% das instituições. A responsabilidade é, segundo o presidente da APAH, “claramente, da inovação terapêutica. Temos novos fármacos, geralmente mais eficazes, mas também mais caros. A decisão da sua introdução no SNS, bem como a definição do seu preço, não está no âmbito das ULS. O aumento de produção também contribui para este aumento. Se fazemos mais consultas e tratamentos, é natural que os custos aumentem. É um dos principais riscos financeiros para o SNS e deve ser alvo de uma atenção específica por parte do Governo”. 

Dermatologia
Sabia que a alergia ao frio existe, embora seja considerada uma condição rara?

Em que consiste a urticária ao frio?

A urticária é uma reação cutânea característica em que aparecem na pele (e por vezes mucosas) manchas e pápulas rosadas, eritematosas, com relevo (edema), de bordo bem definido, irregular, pruriginosas (dão comichão), como resultado de um estímulo da pele; neste caso, em resultado de contacto com o frio ou substâncias frias.

É considerada uma doença rara? Qual a sua incidência?

A reação de urticária em geral é bastante frequente e na maioria das vezes transitória. Os casos específicos de urticária resultante do frio são bastante mais raros.

É uma patologia que pode afetar qualquer pessoa, independentemente do sexo ou idade?

Sim. É uma reação anómala (por ser exagerada) a um estímulo pelo que não está ligada ao sexo ou idade. Digamos que é mais frequente em idades mais jovens tal como a maior parte das alergias inespecíficas. Há também formas raríssimas de urticária ao frio que são hereditárias.

Quais os principais sintomas? Que riscos apresenta e quais as principais complicações?

O principal sintoma é o prurido (comichão). Como sinais o doente refere o aparecimento de manchas e pápulas com aspeto semelhante a casca de laranja devido ao edema, espalhadas pelo corpo ou em relação com a área exposta ao frio, poucos minutos após a exposição ao frio. Desaparecem após algumas horas (1-2 horas) podendo aparecer noutras áreas do corpo. Esta reação pode ser transitória (demorar semanas) ou tornar-se crónica e persistir durante anos.

Quando existe uma reação mais grave, em que o edema não se limita à superfície da pele, mas também atinge mucosas e outros órgãos (pulmões, laringe, intestinos) pode acompanhar-se de dificuldade respiratória, cólicas, náuseas e mesmo originar colapso circulatório com desmaio, perda de conhecimento e morte.

Tem uma causa conhecida? O que a provoca?

As urticárias são reações anómalas a diferentes estímulos – alimentos, plantas, medicamentos, pressão, exercício, calor, frio – em que o estímulo faz com que um tipo de células que existem no sangue (mastócitos) libertem uma substância (a histamina) em circulação e essa substância provoca as reações observadas.  Por vezes não se identifica o estímulo desencadeante. Neste caso, o estímulo é o frio (objetos frios, gelo, água fria, …).

Como é feito o seu diagnóstico?

A história clínica é muito evidente, mas pode ser comprovado facilmente colocando um cubo de gelo em contacto com a pele aparecem as pápulas edematosas e eritematosas poucos minutos depois.

A urticária ao frio tem cura?

Na maioria dos casos é possível controlar com medicamentos e acabam por se ir tornando menos intensas e desaparecer. São raros os casos de urticária que persistem para além de 3 anos. Mas nos casos graves de reação intensa isso pode acontecer. Terá que se manter medicação e cuidados por mais tempo.

Qual o tratamento?

O tratamento passa por 1º tentar não expor a pele ao frio intenso (uso de luvas, gorros, roupa), não banhar em água fria, não ingerir alimentos/líquido gelados, não estar em contacto direto com superfícies frias (a roupa é um bom ajudante) e 2º pela toma de medicamentos anti-histamínicos receitados pelo médico. Por vezes é necessário fazer mais do que um medicamento e em doses elevadas.

Que cuidados deve ter quem sofre da patologia?

Ser criativo e arranjar estratégias de proteção da pele em relação ao frio.

 

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Opinião
O cuidador informal presta cuidados contínuos em coabitação, de forma não remunerada, à pessoa – fam

Cuidar do Outro traz bem-estar, mas é algo exigente e desgastante em termos físicos e psíquicos. Este compromisso impacta na vida profissional e pessoal do cuidador, sendo necessária a consciencialização da necessidade de apoio, bem como de períodos de pausa e descanso.

É importante o cuidador consciencializar-se de que para cuidar do Outro precisa de cuidar de si próprio, respeitando os seus interesses e necessidades, de forma planeada e envolvendo outros membros da família e amigos. Deve evitar o isolamento social, tirar momentos do dia para cuidar de si próprio, fazer o que mais gosta e descansar. Deve definir um horário e rotinas, tempos de atividades de cuidar e momentos de lazer e descanso. Desta forma, minimiza riscos para a sua saúde e fortalece a sua capacidade de cuidar.

Existe um conjunto de estratégias importantes para facilitar esta experiência e cuidar de si próprio, como: planear o dia, definir prioridades, reviver momentos positivos com a pessoa cuidada, relembrar memórias positivas e marcantes com a pessoa, criar um diário ou álbum de memórias, escrever um diário que facilite a sua expressão, conversar sobre o passado, viver o momento e um dia de cada vez, envolver os outros e aceitar ajuda, aprender a delegar, manter o sentido de humor, reconhecer que a situação de saúde do Outro pode levar à alteração de comportamentos e envolver a pessoa nos cuidados de acordo com as suas capacidades, promover momentos de descontração e interesse para ambos, valorizar-se e saber estabelecer limites. Assim, assegura a sua saúde física e psicológica e promove a partilha e o vínculo afetivo com a pessoa cuidada.

É igualmente importante realizar atividades do seu interesse, que lhe tragam bem-estar e tranquilidade, nomeadamente: passear ao ar livre, praticar atividade física, ler, ouvir música, cozinhar, pintar, praticar a religião, ir ao café, estar com amigos, falar de si, cuidar da sua imagem, divertir-se, entre outras.

Esteja atento a sinais de sobrecarga – física, emocional ou socioeconómica. Recorra à equipa de saúde, em particular ao enfermeiro, para o orientar e encaminhar sempre que necessite. Essa parceria entre cuidador informal e o enfermeiro é fundamental, tanto para proporcionar à pessoa cuidada como ao cuidar uma experiência digna, segura e confortável.

A sociedade e os profissionais de saúde em particular devem oferecer suporte e capacitação aos cuidadores, valorizando a sua dedicação e promovendo estratégias que melhorem o seu conforto e bem-estar tanto físico como psicológico.

Autoras: 

Isabel Lucas
Professora Coordenadora da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa – Lisboa; doutorada em Psicologia; mestre em Gestão de Recursos, especialista em Enfermagem de Reabilitação. Autora do livro "Cuidar, Confortar e Recuperar" (LIDEL Saúde e bem-estar).

Rita Marques
Professora Coordenadora da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa – Lisboa; doutorada em enfermagem; mestre e especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica e de Reabilitação. Autora do livro "Cuidar, Confortar e Recuperar" (LIDEL Saúde e bem-estar).
 

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Parceria entre a J&J, APDPróstata e APU
Todos os esforços são poucos para sensibilizar os homens para o cancro da próstata. Este ano, “Não Fique Fora de Jogo” é o mote...

A saúde do homem continua, de um modo geral, a ser negligenciada. Por preconceito, tabu, ou simplesmente receio, o homem não faz visitas periódicas ao médico, nomeadamente após os 50 anos. Em novembro, o mês por excelência de sensibilização para a saúde do homem, a J&J volta a unir-se aos seus parceiros APDPróstata e APU para reforçar esta necessidade de apelar a um maior cuidado por parte dos homens para a sua saúde.

A campanha, que estará disponível durante todo o mês de novembro, visa alertar para a saúde do homem, para que nenhum “fique fora de jogo”, sensibilizando-os para a literacia e apelando à ida ao médico logo a partir dos 40 anos.

A partir do início do mês de novembro será disponibilizado um tríptico no interior dos jornais O Jogo, Record e revista Men’s Health, com uma previsão de impactar mais de 320 mil pessoas. Aqui encontrarão uma breve descrição sobre a doença, sintomas, contatos úteis.

A campanha vai chegar também à Rádio com o mote “Elas é Que Sabem”, no programa “Três da Manhã”, onde as animadoras das manhãs da Rádio Renascença vão dar munições e argumentos para convencer os homens que fazem parte da sua vida (maridos, namorados, pais ou amigos). Em menos de um minuto, vai ficar a perceber porque é que “elas é que sabem” o que os homens devem fazer com a sua saúde.

As provocações da manhã serão respondidas à tarde, pelos animadores do “T3”, também na Renascença, que vão desfazer os mitos em torno do cancro da próstata. Haverá ainda conteúdos sobre a doença no site da Rádio Renascença.

“Sabemos que ainda é preciso fazer um grande caminho no que concerne ao cuidado da saúde do homem. Para a J&J, é fundamental continuar a investir na literacia em saúde, nomeadamente no cancro da próstata”, afirmou João Condeixa, diretor de External Affairs da J&J Innovative Medicine Portugal.

“É muito importante para a APDPróstata aliarmo-nos mais uma vez a esta campanha de sensibilização. O diagnóstico precoce é fundamental e, para isso, é muito importante que os homens estejam alerta para esta doença”, disse José Graça, vice-presidente da APDPróstata. Para Miguel Ramos, presidente da Associação Portuguesa de Urologia, o objetivo continua claro: “reforçar a importância de os homens irem ao médico, mesmo sem qualquer tipo de sintomatologia. É importante quebrar tabus e preconceito e começarem a cuidarem da sua saúde”.

Além dos meios de comunicação social, a campanha decorrerá também nas redes sociais das duas associações, sendo ativada também no Linkedin da Johnson & Johnson Innovative Medicine.

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