Investigadora da FMUP alerta para fragilidade óssea no sexo masculino
Como explica Daniela Santos Oliveira, investigadora da FMUP, a prevalência de osteoporose encontrada neste estudo é superior à de um trabalho anterior (15% contra 10%), que não incluiu dados de densitometria óssea. A diferença é ainda mais acentuada no sexo masculino (13% contra apenas 3%).
“A osteoporose é menos frequente no sexo masculino, mas os homens com história prévia de fraturas e fatores de risco para esta condição podem ter aderido de forma mais ativa ao rastreio, tendo este sido voluntário e realizado na comunidade”, interpreta.
A autora principal deste estudo, cujos resultados foram publicados na revista científica ARP Rheumatology, sublinha que “esta foi a primeira vez que um estudo avaliou a prevalência da osteoporose e dos seus fatores de risco em Portugal, através de um rastreio nacional na comunidade, promovido pela Associação Portuguesa de Osteoporose, que decorreu entre outubro de 2022 e maio de 2023.
Ao todo, este estudo avaliou dados de 767 indivíduos, na sua maioria mulheres (74%), com uma média de idades de 58 anos de idade. A maioria tinha osteoporose ou estava em risco de desenvolver a doença.
Todos foram submetidos a uma densitometria óssea, um exame comum que mede a densidade dos ossos, permitindo identificar situações de perda de massa óssea, designadamente situações de osteopenia, precursora da osteoporose.
Cerca de um quarto dos indivíduos estudados tinha “história prévia de pelo menos uma fratura associada a trauma de baixo impacto e a fragilidade óssea”. Além disso, “mais de 10% dos indivíduos reportaram perda da altura ao longo do tempo, o que pode ser sugestivo de fraturas vertebrais”.
Como salienta Daniela Santos Oliveira, “o diagnóstico precoce é fundamental para prevenir perda de massa óssea e, consequentemente, futuras fraturas de fragilidade óssea”.
“Embora a densitometria óssea seja fundamental para o rastreio e diagnóstico da osteoporose, esta não deve ser considerada de forma isolada, dado que, mesmo com valores normais, mais de 25% dos indivíduos têm história de fratura de fragilidade óssea”, adverte Daniela Santos Oliveira, com base neste resultado.
Quanto aos fatores de risco, foram encontradas diferenças significativas também em função da idade (igual ou superior a 60 anos) e da história familiar de fratura da anca, nas pessoas com osteoporose ou osteopenia.
De acordo com Daniela Santos Oliveira, a osteoporose é “uma doença crónica silenciosa que deve ser considerada ao longo de toda a vida, sendo o acompanhamento médico regular fundamental para avaliar o risco individual”.
Atualmente, “recomenda-se o rastreio da osteoporose em todas as mulheres com mais de 50 anos após a menopausa, homens após os 70 anos e em indivíduos mais jovens, se existirem fraturas de fragilidade óssea ou fatores de risco, como história familiar, doenças crónicas específicas ou uso prolongado de certos medicamentos”.
O tratamento da osteoporose deve ser precoce e varia de acordo com a sua gravidade, fatores de risco individuais e condições de saúde. As medidas não farmacológicas incluem a cessação do consumo de álcool e de tabaco, a ingestão adequada de cálcio, proteínas e vitamina D, juntamente com a prática regular de exercício físico e a exposição solar adequada.
“Um dos principais focos deve ser a prevenção de fraturas através da redução do risco de quedas. Existem várias medidas simples que podem ajudar a diminuir esse risco, incluindo ajustes na habitação (como a remoção de tapetes) e o uso de calçado apropriado. Dependendo do risco de fratura, podem ser prescritos suplementos de cálcio e vitamina D e fármacos específicos para a osteoporose, como os bifosfonatos”, conclui.