Sociedade Portuguesa de Diabetologia
Diabetes: Factos e Números – O Ano de 2014 − Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes 1

O que é a Diabetes?
Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crónica cada vez mais frequente na nossa sociedade, e a sua prevalência aumenta muito com a idade, atingindo ambos os sexos e todas as idades.

A Diabetes é caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue, a hiperglicemia. A hiperglicemia (açúcar elevado no sangue) que existe na Diabetes, deve-se em alguns casos à insuficiente produção, noutros à insuficiente ação da insulina e, frequentemente, à combinação destes dois fatores.

As pessoas com Diabetes podem vir a desenvolver uma série de complicações. É possível reduzir os seus danos através de um controlo rigoroso da hiperglicemia, da hipertensão arterial, da dislipidémia, entre outros, bem como de uma vigilância periódica dos órgãos mais sensíveis (retina, nervos, rim, coração, etc.).

Os critérios de diagnóstico de Diabetes, de acordo com a Norma DGS N.º 2/2001, de 14/01/2011, são os seguintes:

a.) Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl (ou ≥ 7,0 mmol/l);

b.) Sintomas clássicos de descompensação + Glicemia ocasional ≥ 200 mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l);

c.) Glicemia ≥ 200 mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l) às 2 horas, na prova de tolerância à glicose oral (PTGO) com 75g de glicose;

d.) Hemoglobina glicada A1c (HbA1c) ≥ 6,5 %.

O que é a Hiperglicemia Intermédia?
A Hiperglicemia Intermédia, também conhecida como pré-diabetes é uma condição em que os indivíduos apresentam níveis de glicose no sangue superiores ao normal, não sendo, contudo, suficientemente elevados para serem classificados como Diabetes.

As pessoas com Hiperglicemia Intermédia podem ter Anomalia da Glicemia em Jejum (AGJ) ou Tolerância Diminuída à Glicose (TDG), ou ambas as condições simultaneamente. Estas condições são actualmente reconhecidas como factor de risco vascular e um aumento de risco para a Diabetes.

Os critérios de diagnóstico da Hiperglicemia Intermédia ou de identificação de categorias de risco aumentado para Diabetes são, de acordo com a Norma DGS N.º 2/2011, de 14/01/2011, os seguintes:

a.) Anomalia da Glicemia em Jejum (AGJ) − Glicemia em jejum ≥ 110 mg/dl e < 126 mg/dl (ou ≥ 6,1 e < 7,0 mmol/l);

b.) Tolerância Diminuída à Glicose (TDG) − Glicemia às 2 horas após a ingestão de 75 gr de glicose ≥ 140 mg/dl e < 200 mg/dl (ou ≥ 7,8 e < 11,1 mmol/l). 

Tipos de Diabetes

Diabetes tipo 1
A Diabetes tipo 1 é causada pela destruição das células produtoras de insulina do pâncreas pelo sistema de defesa do organismo, geralmente devido a uma reacção auto-imune. As células beta do pâncreas produzem, assim, pouca ou nenhuma insulina, a hormona que permite que a glicose entre nas células do corpo.

A doença pode afetar pessoas de qualquer idade, mas ocorre geralmente em crianças ou adultos jovens. As pessoas com Diabetes tipo 1 necessitam de injeções de insulina diariamente para controlar os seus níveis de glicose no sangue. Sem insulina, as pessoas com Diabetes tipo 1 não sobrevivem.

O aparecimento da Diabetes tipo 1 é, geralmente, repentino e dramático e pode incluir sintomas como os que são de seguida apresentados.

Sintomas clássicos de descompensação:

  • Sede anormal e secura de boca;
  • Micção frequente;
  • Cansaço/falta de energia;
  • Fome constante;
  • Perda de peso súbita;
  • Feridas de cura lenta;
  • Infecções recorrentes;
  • Visão turva.

A Diabetes tipo 1 é menos frequente do que a Diabetes tipo 2 (menos de 10% dos casos de Diabetes), mas a sua incidência está a aumentar, e embora os motivos não sejam completamente conhecidos, é provável que se relacionem, sobretudo, com alterações nos fatores de risco ambiental.

Os fatores de risco ambientais, o aumento da altura e de peso, o aumento da idade materna no parto e, possivelmente, alguns aspetos da alimentação, bem como a exposição a certas infeções virais, podem desencadear fenómenos de auto-imunidade ou acelerar uma destruição das células beta já em progressão.

Diabetes tipo 2
A Diabetes tipo 2 ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o organismo não consegue utilizar eficazmente a insulina produzida.

O diagnóstico de Diabetes tipo 2 ocorre geralmente após os 40 anos de idade, mas pode ocorrer mais cedo, associada à obesidade, principalmente em populações com elevada prevalência de diabetes. São cada vez mais crianças que desenvolvem Diabetes tipo 2.

A Diabetes tipo 2 pode ser assintomática, ou seja, pode passar desapercebida por muitos anos, sendo o diagnóstico muitas vezes efetuado devido à manifestação de complicações associadas ou, acidentalmente, através de um resultado anormal dos valores de glicose no sangue ou na urina.

A Diabetes tipo 2 é muitas vezes, mas nem sempre, associada à obesidade, que pode, por si, causar resistência à insulina e provocar níveis elevados de glicose no sangue. Tem uma forte componente de hereditariedade, mas os seus principais genes predisponentes ainda não foram identificados. Há vários fatores possíveis para o desenvolvimento da Diabetes tipo 2, entre os quais:

  • Obesidade, alimentação inadequada e inatividade física;
  • Envelhecimento;
  • Resistência à insulina;
  • História familiar de diabetes;
  • Ambiente intra-uterino deficitário;
  • Etnia.

Ao contrário da Diabetes tipo 1, as pessoas com Diabetes tipo 2 não são dependentes de insulina exógena e não são propensas a cetose, mas podem necessitar de insulina para o controlo da hiperglicemia se não o conseguirem através da dieta associada a antidiabéticos orais.

O aumento da prevalência da Diabetes tipo 2 está associado às rápidas mudanças culturais e sociais, ao envelhecimento da população, à crescente urbanização, às alterações alimentares, à redução da atividade física e a estilos de vida não saudável, bem como a outros padrões comportamentais.

Diabetes Gestacional
A Diabetes Gestacional (DG) corresponde a qualquer grau de anomalia do metabolismo da glicose documentado, pela primeira vez, durante a gravidez.

A definição é aplicável, independentemente de a insulina ser ou não utilizada no tratamento.

O controlo dos níveis de glicose no sangue materno reduz significativamente o risco para o recém nascido. Pelo contrário, o aumento do nível de glicose materna pode resultar em complicações para o recém-nascido, nomeadamente macrossomia (tamanho excessivo do bebé), traumatismo de parto, hipoglicemia e icterícia.

As mulheres que tiveram Diabetes Gestacional apresentam um risco aumentado de desenvolver Diabetes tipo 2 em anos posteriores. A Diabetes Gestacional está também associada a um risco aumentado de obesidade e de perturbações do metabolismo da glicose durante a infância e a vida adulta dos descendentes.

Critérios de diagnóstico da Diabetes Gestacional:

(Glicemia plasmática em jejum ≥ 92 mg/dl (5,1 mmol/l) e < 126 mg/dl (7,0 mmol/l)) na primeira consulta da grávida ou pelo menos um valor ≥ 92 mg/dl (5,1 mmol/l), 180 mg/dl (10 mmol/l) ou 153 mg/dl (8,5 mmol/l) em jejum, 1 hora ou 2 horas, respetivamente, na prova de tolerância oral com 75 gr de glicose realizada entre as 24 e as 28 semanas de gestação.

Controlo e tratamento da Diabetes

Controlo da Diabetes
Diabetes controlada significa ter níveis de açúcar no sangue dentro de certos limites, o mais próximos possível da normalidade. Atendendo a vários fatores (idade, tipo de vida, atividade, existência de outras doenças), definem-se que valores de glicemia (açúcar no sangue) cada pessoa deve ter em jejum e depois das refeições.

O melhor modo de saber se uma pessoa com Diabetes tem a doença controlada é efetuar testes de glicemia capilar (através da picada no dedo para medir o “açúcar no sangue”) diariamente e várias vezes ao dia, antes e depois das refeições.

O método mais habitual para avaliar o estado de controlo da Diabetes é a determinação da hemoglobina A1c. É uma análise ao sangue que pode fornecer uma visão global de como está a compensação da Diabetes nos últimos três meses e se necessita de uma “afinação” no respetivo tratamento. O valor a atingir para um controlo adequado deve ser individualizado de acordo com a idade, os anos de diabetes e as complicações existentes.

Dada a associação da Diabetes com a hipertensão arterial e o colesterol elevado, que podem agravar as suas complicações, o controlo destes dois fatores de risco faz parte integrante do controlo da Diabetes.

Tratamento da Diabetes tipo 1
As pessoas com Diabetes tipo 1 podem ter uma vida saudável, plena e sem grandes limitações. Para tal é necessário fazerem o tratamento adequado.

O tratamento engloba:

  • Insulina;
  • Alimentação;
  • Exercício físico;
  • Educação da Pessoa com Diabetes, onde está englobada a auto-vigilância e o auto-controlo da diabetes através de glicemias efetuados diariamente e que permitem o ajuste da dose de insulina, da alimentação e da atividade física.

Em termos práticos, a alimentação aumenta o açúcar no sangue (glicemia), enquanto a insulina e o exercício físico a diminuem. O bom controlo da diabetes resulta, assim, do balanço entre estes três fatores.

Os testes feitos diariamente (auto-vigilância) informam as pessoas com diabetes se o açúcar no sangue está elevado, baixo ou normal e permitem-lhe adaptar (auto-controlo), se necessário, os outros elementos do tratamento (alimentação / insulina / exercício físico).

Tratamento da Diabetes tipo 2
O primeiro passo no tratamento da Diabetes tipo 2 é o mais importante e implica uma adaptação naquilo que se come e quando se come e na atividade física que se efetua diariamente (o exercício regular – até o andar a pé -, permite que o organismo aproveite melhor o açúcar que tem em circulação). Muitas vezes, este primeiro passo, com a eventual perda de peso se este for excessivo, é o suficiente para manter a Diabetes controlada (pelo menos durante algum tempo... que pode ser de muitos anos).

Quando não é possível controlar a Diabetes, apesar da adaptação alimentar e do aumento da atividade física, é necessário fazer o tratamento com comprimidos e, em certos casos, utilizar insulina.

É ainda comum a necessidade de utilização de medicamentos para controlar o colesterol e a pressão arterial.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dia Mundial da Atividade Física
Que a atividade física tem inúmeros benefícios já todos sabemos.
Exercício físico idoso

Aumento da massa magra, resistência muscular ou diminuição da frequência cardíaca são alguns dos benefícios da atividade física. Mas há mais!

Além de nos ajudar a alcançar o bem-estar físico, contribuindo para a prevenção de lesões causadas pelo esforço, movimentos repetitivos ou posturas incorretas, a prática de exercício é ainda uma excelente arma contra a depressão.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Southern Methodist, de Dallas, nos Estados Unidos, a prática de 21 minutos diários de exercício físico ajuda a combater a ansiedade e depressão.

O responsável por este estudo, Jasper Smith, explica que esta prática parece atuar em neurotransmissores específicos do cérebro, com efeitos semelhantes aos dos antidepressivos, além de libertar serotonina e dopamina que nos fazem adotar comportamentos mais positivos e felizes.

Deste modo, para além de contribuir para o bem-estar mental, ela melhora a auto-estima, fortalece as relações sociais interpessoais e combate o isolamento.

Com o avançar da idade, o nosso organismo passa a ter necessidades especiais. Não obstante ter de ser adaptada à condição física, a prática de atividades físicas é essencial.

A atividade física na terceira idade ajuda a prevenir e a combater doenças como a hipertensão, derrames, varizes, obesidade, diabetes, osteoporose, problemas de coração e pulmões.

Fortalece o sistema muscular, diminuindo o risco de quedas e facilitando os movimentos dos braços, pernas e tronco.

Contribui para o aumento do apetite e reduz as dores.

Numa fase inicial, e para quem não está habituado à prática de exercício físico, recomendam-se atividades de baixo impacto, como as caminhadas, natação ou hidroginástica.

As caminhadas, para além de promoverem a interação social, ajudam a fortalecer os músculos e articulações, e melhoram o ritmo cardíaco.

Recomenda-se a utilização de calçado confortável e a realização de alongamentos antes e depois da cada caminhada.

A natação é um dos exercícios mais completos em qualquer idade. A partir dos 60 anos os seus benefícios passam pela prevenção de lesões, o alívio das dores causadas pela artrite, o alongamento e fortalecimento dos músculos e articulações. Para além disso, ajuda a evitar a perda de massa óssea.

Na hidroginástica todos os músculos são ativados e exercitados. Esta atividade melhora o ritmo cardíaco, alivia as dores e desenvolve a força e resistência, de um modo geral.

Andar de bicicleta é outra atividade que traz bastantes benefícios. Entre eles, contribui para a diminuição da pressão arterial, para o alívio das dores e para o fortalecimento das articulações, sobretudo as dos joelhos, tornozelos e ancas.

Nesta fase da vida recomenda-se a prática de atividade física, pelo menos, três vezes por semana, e sob aconselhamento médico.

Artigos relacionados

Exercício físico na terceira idade

Atividade física: Fator primordial para o seu bem estar!

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Comissão Parlamentar da Saúde
O ministro da Saúde mostrou-se disponível para um pacto para o setor, respondendo assim positivamente à questão levantada pela...

Adalberto Campos Fernandes, que se encontra a ser ouvido numa audição na Comissão Parlamentar da Saúde, mostrou-se “disponível para, com os deputados, ajudar para esse caminho ser feito”.

Também o CDS, segundo a deputada Isabel Galriça Neto, concorda com a existência deste pacto, lembrando que o Presidente da República já deu um sinal da sua importância.

A este propósito, o ministro lembrou que quinta-feira – Dia Mundial da Saúde – será firmado um protocolo com a Fundação Calouste Gulbenkian que pretende passar das palavras aos atos e envolver vários parceiros nesta área.

Na segunda-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que o ministro da Saúde pode ser um protagonista importante num "verdadeiro pacto da saúde" em Portugal, que no seu entender já existe informalmente.

"Tenho para mim que é um pacto que já existe, não formalizado, para o qual a Fundação Calouste Gulbenkian já deu um importantíssimo contributo. E a aceitação de princípios fundamentais nos mais variados quadrantes da vida nacional é uma abertura de caminho para um pacto que, antes de ser formalizado, já existe", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado fez esta afirmação na sessão comemorativa dos 75 anos da Liga Portuguesa contra o Cancro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa - retomando uma ideia que já tinha defendido na semana passada, em visita ao Hospital de Vila Franca de Xira, quando falou num "consenso nacional" em relação ao setor da saúde.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde afirmou que o Serviço Nacional da Saúde mantém um problema de sustentabilidade e que no final de 2015 a...

“O problema da sustentabilidade do Serviço Nacional da Saúde (SNS) mantém-se. Há um problema de subfinanciamento, de organização, de sustentabilidade”, afirmou Adalberto Campos Fernandes durante a audição que decorre na Comissão Parlamentar da Saúde.

Questionado pelo deputado Miguel Santos (PSD) sobre um eventual agravamento das contas do setor, o ministro disse que as contas de 2015 fecharam com menos 259 milhões de euros.

O ministro disse que a sua equipa se propõe chegar ao final deste ano com uma execução de menos 179 milhões de euros.

Sobre os dois primeiros meses do ano, apesar de um saldo projetado de menos 30 milhões de euros (menos 15 milhões de euros em janeiro e menos 15 milhões de euros em fevereiro), terá sido apurado um saldo de menos 20 milhões de euros.

Segundo o ministro, estes dois primeiros meses do ano não contaram com notas de crédito da indústria farmacêutica, cujo acordo recentemente firmado ainda não estava e vigor.

Também em resposta a Miguel Santos, sobre um eventual agravamento das dívidas dos hospitais, o ministro reconheceu um agravamento de cerca de seis por cento, “por razões de fecho de ano”, que em alguns casos levaram ao protelamento dos pagamentos.

“Há sempre um sobrepagamento no final do ano e uma retração no início do ano, mas demos ordens para, tendo fundos, os hospitais procederem aos seus pagamentos”, disse.

Ao nível dos recursos humanos, o ministro anunciou que o ingresso dos jovens médicos no SNS vai ser facilitado, através da dispensa da entrevista.

Com esta medida, os jovens médicos que entrariam no SNS apenas em outubro, poderão fazê-lo em julho.

Sobre as vagas que fiquem por ocupar, Adalberto Campos Fernandes disse que serão ocupadas por médicos aposentados.

O ministro acredita que o saldo entre os jovens médicos que ingressam e os clínicos que se aposentam será de 200, o mesmo número de médicos aposentados que o SNS pretende contratar.

Eurostat
Portugal é o país da União Europeia com a terceira maior percentagem (11,3%) de pessoas que avaliam o seu estado de saúde como...

Os dados de 2014 do gabinete oficial de estatísticas da União Europeia (UE) mostram que, em Portugal, 52,9% das pessoas com idades entre os 25 e os 64 anos consideram-se num estado de muito boa ou boa saúde, 35,8% em razoável estado de saúde e 11,3% em mau ou muito mau.

Na percentagem de pessoas que avaliam a sua saúde como má, Portugal só é ultrapasso pela Croácia (13,4%) e pela Hungria (11,4%), sendo a média da UE de 6,8%.

Por outro lado, enquanto pouco mais de metade dos portugueses se considera de boa ou muito boa saúde, a média da UE é de quase três em cada quatro (73,6%).

Na Grécia (84,6%) na Irlanda (84,2%), na Suécia (82,9%), em Chipre (82,7%), em Malta (82,6%9 e na Holanda (80,1%) mais de oito em cada dez pessoas entre os 25 e os 64 anos se consideravam, em 2014, de boa ou muito boa saúde.

O Eurostat divulgou estes dados no âmbito do Dia Mundial da Saúde, que se assinala na quinta-feira.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde anunciou que o governo vão negociar o preço pago pelas colonoscopias, considerando o atual excessivo, e...

Adalberto Campos Fernandes falava na Comissão de Saúde, onde está a ser ouvido sobre política geral do seu ministério e outros assuntos da atualidade.

A propósito de uma questão levantada pelo deputado social-democrata Miguel Santos sobre um alegado regresso ao aumento da dívida do setor, o ministro disse que, em matéria de Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT), “existe um problema”.

“Estamos a gerir os contratos que o governo anterior fez”, disse Adalberto Campos Fernandes, explicando que isso ainda não foi alterado porque se aguardava a promulgação do Orçamento do Estado para 2016, o que obrigou ao trabalho com duodécimos.

Contudo, o ministro referiu que a sua equipa pretende alterar várias questões em matéria de MCDT, a começar pelos “preços excessivos” que o Ministério da Saúde está a pagar pelas colonoscopias e que se prepara para “negociar”.

Desde abril de 2014 que o Serviço Nacional da Saúde (SNS) paga ao setor convencionado (privado) pela realização de colonoscopias com sedação ou analgesia 169,73 euros, quando o preço até então praticado era de 51,21 euros.

Em relação aos utentes, estes pagam por uma colonoscopia com sedação uma taxa moderadora de 28 euros: 14 euros do exame e outros 14 euros da analgesia.

Ministério da Saúde
Os doentes sujeitos a tratamentos prolongados vão deixar de pagar pelo transporte não urgente e o número mínimo de deslocações...

Essas alterações constam da Portaria dos Transportes Não Urgentes de Doentes que será hoje assinada e que visa eliminar os copagamentos nos transportes, na prestação de cuidados de saúde de forma prolongada e continuada, segundo informação do Ministério da Saúde.

Assim, é eliminado o pagamento a cargo do doente para os casos em que a prestação de cuidados de saúde ocorra de forma prolongada e continuada, “aumentando assim o universo dos utentes que podem ficar isentos dos encargos, independentemente da condição económica”.

Além disso, o Ministério da Saúde vai retirar a limitação mínima de oito deslocações, no período de 30 dias, para o Serviço Nacional de Saúde poder assegurar parte dos encargos.

O diploma prevê ainda a eliminação do pagamento para os doentes com incapacidade igual ou superior a 60% e com insuficiência económica, independente do transporte se destinar à realização de cuidados originados por essa incapacidade.

Os doentes oncológicos ou transplantados, bem como insuficientes renais crónicos que realizam diálise peritoneal ou hemodiálise domiciliária, passam a estar também isentos desse pagamento, independentemente de o transporte se destinar à realização de atos clínicos inerentes à sua condição.

Ficam ainda abrangidas as crianças e adolescentes com doença limitante ou ameaçadora da vida, em caso de insuficiência económica.

A portaria clarifica que os encargos resultantes do transporte de transplantados, incluindo no dia do transplante, ficam completamente assegurados.

As propostas de alteração desta legislação terão um impacto estimado de 4,8 milhões de euros, segundo a tutela.

OMS
Quase um milhão de portugueses com mais de 30 anos sofre de diabetes, doença que mata mais de 12 pessoas por dia em Portugal,...

De acordo com o primeiro relatório global sobre a Diabetes da Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência da diabetes tem vindo a aumentar nas últimas décadas e Portugal não é exceção, estimando-se que 9,2% dos portugueses (aproximadamente 952 mil pessoas) sofram desta doença, predominantemente homens (10,7%), mas também mulheres (7,8%).

Estes números são inferiores aos apurados pelo Observatório Nacional da Diabetes, relativamente a 2014, segundo os quais a prevalência estimada da doença na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos foi de 13,1%, a que se juntam mais de 2 milhões de pessoas com pré-diabetes.

No que respeita à mortalidade, o relatório da OMS apresenta estimativas de morte por diabetes e por elevados níveis de glucose no sangue superiores a 4.500 óbitos por ano.

De acordo com aquele organismo, as mortes por diabetes atingem as 4.690, sendo que morrem mais homens por este motivo entre os 30 e os 69 anos e mais mulheres depois dos 70 anos, idade a partir da qual as mortes por diabetes disparam.

Entre os 30 e os 69 anos morreram por ano 660 pessoas devido à diabetes (410 homens e 250 mulheres), com mais de 70 anos morreram com esta doença 1.670 homens e 2.360 mulheres.

O número de mortes atribuíveis a elevados níveis de glucose no sangue é superior, chegando aos 6.770: entre os 30 e os 69 anos morreram 690 homens e 33 mulheres, números que sobem para 2.290 e 3.460, respetivamente, a partir dos 70 anos.

O relatório da OMS usa como estimativas para a mortalidade atribuível à diabetes e ao excesso de açúcar no sangue o período 2000-2012, baseado em tabelas estatísticas mundiais de saúde de 2014.

Aqui também os números do Observatório Nacional da Diabetes são menos animadores do que os da OMS, já que no que respeita à letalidade intra-hospitalar, o relatório revelava que em 2014, cerca de um quarto das pessoas que morreram nos hospitais tinham diabetes, correspondendo a 11.736 óbitos em números absolutos.

A OMS faz ainda um apanhado dos fatores de risco para a diabetes, apontando como mais prevalente o excesso de peso, seguido do sedentarismo e finalmente da obesidade.

O relatório indica que em Portugal 6,18 milhões de pessoas (59,8%) têm excesso de peso, mais de metade da população, sendo que esta prevalência é mais evidente nos homens (65%) do que nas mulheres (55%).

A obesidade tem uma prevalência mais baixa (22,1%), atingindo ainda assim quase 2,3 milhões de portugueses, sendo que é mais esbatida a diferença entre homens (21,4%) e mulheres (22,8%).

O sedentarismo, ou falta de atividade física, tem uma prevalência de 37,3% em Portugal, com 33,5% de homens e 40,8% de mulheres fisicamente inativos.

OMS
Cerca de 422 milhões de adultos em todo o mundo viviam com diabetes em 2014, quatro vezes mais do que em 1980, revela a...

No mesmo período, informa o relatório, a prevalência da diabetes quase duplicou, de 4,7% para 8,5% da população adulta, o que reflete um aumento dos fatores de risco associados, como o excesso de peso e a obesidade.

"A diabetes está a aumentar. Já não é uma doença de países predominantemente ricos e a prevalência está a aumentar constantemente em todo o lado, mais marcadamente nos países de médio rendimento", escreve a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) no prefácio do relatório.

Com efeito, segundo os dados disponíveis no documento, na última década a prevalência da diabetes aumentou mais nos países de médio e baixo rendimento do que nos países ricos.

Segundo a OMS, a diabetes é uma doença crónica e grave que ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o corpo não consegue usar eficazmente a insulina que produz.

Trata-se de um "importante problema de saúde pública", uma das quatro doenças não transmissíveis definidas como prioritárias pelos líderes mundiais.

Em 2012, pode ler-se no relatório da OMS, a doença provocou 1,5 milhões de mortes, e o excesso de glucose no sangue causou mais 2,2 milhões de mortes, por aumentar os riscos de doenças cardiovasculares.

Quarenta e três por cento destas 3,7 milhões de mortes ocorrem antes dos 70 anos.

A diabetes é uma doença crónica e grave que ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente (diabetes tipo 1) ou quando o corpo não consegue usar eficazmente a insulina que produz (diabetes tipo 2).

Trata-se de um "importante problema de saúde pública", uma das quatro doenças não transmissíveis definidas como prioritárias pelos líderes mundiais.

Embora a OMS não possa distinguir os números de doentes com cada um dos tipos de diabetes - são precisos exames laboratoriais complicados para distingui-los, a maioria tem a diabetes tipo 2. Esta doença ocorria quase inteiramente em adultos, mas atualmente já aparece nas crianças.

Todos os tipos de diabetes, incluindo a diabetes gestacional, que aparece na gravidez, provocam complicações em diferentes partes do corpo e aumentam o risco de morte prematura.

Entre as complicações associadas à diabetes estão o ataque cardíaco, o acidente vascular-cerebral, a falência renal, a amputação de pernas, a perda de visão e os danos neurológicos.

Na gravidez, a diabetes gestacional não controlada aumenta o risco de morte fetal e outras complicações.

A OMS sublinha que, embora não se saiba como prevenir a diabetes de tipo 1, é possível prevenir a diabetes de tipo 2 e as complicações associadas a todos os tipos.

A prevenção, recorda a organização, passa por políticas que abranjam toda a população e que contribuam para a melhoria da saúde de todas as pessoas, tenham ou não diabetes, como fazer exercício regular, ter uma alimentação saudável, evitar fumar e controlar a tensão arterial e as gorduras no sangue.

"Não existe uma política ou uma intervenção para assegurar que isto acontece. É necessária uma abordagem de todo-o-governo e toda-a-sociedade", escrevem os autores do relatório da OMS, que recordam que a doença representa um peso económico substancial para os doentes e famílias, mas também para as economias nacionais, devido aos gastos médicos e aos dias de trabalho perdidos.

Quanto aos doentes com diabetes, a OMS diz que o ponto de partida para manterem a qualidade de vida é um diagnóstico precoce, já que quanto mais tempo uma pessoa vive com diabetes não diagnosticada, piores são as suas perspetivas.

A OMS defende por isso o acesso a meios de diagnóstico básicos nos serviços de saúde primários.

Universidade do Porto
Uma equipa de investigação da Universidade do Porto desenvolveu um ‘website' que permite verificar os hábitos alimentares...

O "Programa de Intervenção em crianças e adolescentes para promoção da Aptidão Física, Atividade Física e Conhecimentos Alimentares" (AFINA-te) foi criado por investigadores do Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL) da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).

Em declarações, o coordenador do projeto, José Carlos Ribeiro, indicou que "cerca de 33 a 34% dos jovens apresenta excesso de peso ou obesidade e mais de 60% são insuficientemente ativos".

A investigação, onde participaram entre 1000 a 1500 jovens, entre os 12 e os 18 anos, teve duas fases e decorreu durante um ano escolar.

Na primeira etapa foram avaliados os conhecimentos e as práticas alimentares dos alunos, através de um questionário, e os conhecimentos e os níveis de atividade física.

Com resultados obtidos os participantes foram submetidos a uma intervenção, tendo sido essa a segunda fase do projeto.

No ‘website' criado pelos investigadores, no qual os participantes têm acesso a uma página personalizada, estão disponíveis dados relativos ao seu peso, à sua estatura, ao seu índice de massa corporal, à sua percentagem de massa gorda, entre outras informações.

A plataforma eletrónica é composta por um conjunto de módulos distintos, cada um deles com um contador de 60 minutos incorporado, que permitiu aos investigadores verificar quanto tempo o aluno passou nas diferentes páginas.

Esses dados foram utilizados na segunda avaliação, ao fim de nove meses, para perceber se a exposição a determinados conteúdos procurados pelos alunos no ‘website' AFINA-te influenciou ou não a alteração dos comportamentos avaliados inicialmente.

Uma vez por mês, ao longo do período de intervenção, foram efetuadas intervenções com os pais, nas quais nutricionistas e pessoas da área do desporto forneceram dados sobre a alimentação e hábitos a adquirir.

"Tentámos, dessa forma, não só alterar as atitudes dos jovens quanto à alimentação, mas também a atitude dos pais", esclareceu o coordenador, acrescentando que estes são responsáveis, em grande parte das vezes, pelo tipo de alimentação do aluno, "em casa e fora dela".

Caso o projeto continue, os investigadores pretendem levar às escolas profissionais da área alimentar (cozinheiros, por exemplo) que possam demonstrar como confecionar, de uma forma mais saudável, alguns dos alimentos mais procurados pelos jovens.

"A ideia é dar continuidade ao projeto para saber até que ponto efetivamente funciona e, caso os resultados sejam positivos, disponibilizar o ‘website' para toda a comunidade", acrescentou o coordenador.

Para o AFINA-te foram ainda desenvolvidos conteúdos para motivar os jovens, como jogos, slides, conversores, informações para interpretar os rótulos dos produtos alimentares e sobre as práticas desportivas.

Segundo José Carlos Ribeiro, já foram analisadas algumas escolas de Bragança e Guimarães e, neste momento, estão a intervir na Escola Básica e Secundário de Airães, em Felgueiras.

O AFINA-te contou com a colaboração de membros do CIAFEL e dos investigadores Pedro Moreira, da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, e Vera Ferro-Lebres, do Politécnico de Bragança.

Este programa foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), por um período de dois anos, em cerca de 130 mil euros, e a equipa de investigação tenta agora um novo financiamento para dar continuidade ao projeto.

Dia Mundial da Saúde 2016
Na véspera do Dia Mundial da Saúde de 2016, este ano dedicado ao tema da Diabetes, o presidente da Ordem dos Médicos do Norte...

"A prevalência de diabetes tem vindo a aumentar nas últimas décadas, em especial nos países de baixos e médios rendimentos", diz Miguel Guimarães que admite que os cortes nos gastos com alimentação, já retratados em vários estudos, "podem estar a contribuir para o crescimento desta doença em Portugal".

No entender do presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) "o médico de família, que tem um papel determinante na prevenção de doenças e identificação de comportamentos potenciadores de doenças, é uma figura chave para a identificação dos riscos de desenvolvimento da diabetes, promoção da sua prevenção, acompanhamento e tratamento, com referenciação atempada para um endocrinologista sempre que necessário". "É preciso criar condições para que os Cuidados de Saúde Primários possam fazer esta prevenção de forma mais adequada", assevera.

Numa altura em que Portugal continua a atravessar uma fase de contração no investimento público na área da Saúde, Miguel Guimarães reforça a ideia de que "a prevenção na área da diabetes é um excelente exemplo de como é possível poupar em Saúde".

O presidente da Ordem dos Médicos do Norte lembra que "segundo o último Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes em 2014, a prevalência estimada da Diabetes na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de indivíduos) foi de 13,1%, isto é, mais de 1 milhão de portugueses neste grupo etário tem Diabetes".

"Um dos principais problemas é que quase metade destas pessoas, cerca de 44%, ainda não tinha sido diagnosticada", salienta aquele responsável, alertando para os custos financeiros e na própria saúde que tal questão acarreta. "No espaço de uma década os encargos do SNS com as vendas em ambulatório de insulinas e antidiabéticos orais aumentaram de 63,9 milhões de euros por ano para os 222 milhões de euros em 2014", explica Miguel Guimarães.

No mesmo período, acrescenta, "os custos para os utentes aumentaram dos 3,4 para os 20,6 milhões de euros". "Os dados da ACSS apontam para que a Diabetes em Portugal em 2014 tenha representado um custo estimado entre 1300 a 1550 milhões de euros, ou seja, cerca de 0,9% do PIB português de 2014 e 8 a 10% da despesa em Saúde nesse ano", salienta Miguel Guimarães.

Mas o presidente do CRNOM vai mais longe e lembra que "a estes custos temos ainda de acrescentar outros como a perda de dias de trabalho por internamento hospitalar, os custos associados a complicações como a retinopatia, a nefropatia, a neuropatia, a doença vascular periférica e as amputações de membros, entre outras".

Recorde-se que as projeções mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que em 2030 a diabetes seja a 7.ª principal causa de morte no mundo inteiro, representando um crescimento de mais de 50% nos próximos dez anos. Isto numa altura em que se estima que 347 milhões de pessoas no mundo inteiro tenham diabetes e que, em 2012, cerca de 1,5 milhões de pessoas tenham morrido com complicações associadas à diabetes.

"Muitos destes custos, sociais e económicos, poderiam ser reduzidos de forma significativa com a deteção atempada dos riscos de diabetes e de comportamentos nocivos, melhorando a qualidade de vida de muitas pessoas", salienta Miguel Guimarães.

Por isso, e na véspera do Dia Mundial da Saúde este ano dedicado à Diabetes, o presidente da Ordem dos Médicos do Norte acentua "a necessidade urgente de cada português ter o seu médico de família". Mas realça que é necessário que o clínico tenha tempo e condições para observar de forma eficaz os utentes. 

“É essencial reforçar a relação médico-doente. Não é possível continuar a manter tempos de consulta absurdamente curtos, com listas de 1900 utentes", assevera Miguel Guimarães.

O presidente do CRNOM espera, por isso, que o ministro da Saúde dê rapidamente passos no sentido de diminuir o número de utentes por médico de família. "De resto, o próprio ministro admitiu no II Congresso da Fundação para a Saúde que era importante ajustar o número de doentes padrão, que está atribuído em lista, àquilo que é a natureza desses mesmos doentes", acrescenta aquele responsável.

"Tal como a OMS afirma, a prevenção e tratamento precoce da diabetes, nomeadamente a de tipo 2, permite reduzir as consequências dramáticas desta doença silenciosa e poupar ao Estado e às famílias muitos milhões de euros", conclui Miguel Guimarães. Que remata com um desafio: "Do que estamos à espera para aumentar o combate a esta epidemia mundial?"

União das Misericórdias
Os lares não estão preparados para cuidar das pessoas com demência, denunciou o responsável da União das Misericórdias pela...

Em declarações, o psiquiatra Manuel Caldas de Almeida apontou que o envelhecimento da população é um facto, do qual decorre que algumas pessoas tenham demência e outras grandes dependências físicas.

Um estudo da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), integrado no projeto VIDAS - Valorização e Inovação em Demências, concluiu que 90% dos idosos nos lares tem alterações cognitivas que sugerem demência, sendo que dentro deste grupo, 78% tem efetivamente demência.

Caldas de Almeida enfatizou que não é o facto de um idoso estar num lar que provoca demência, já que se trata de uma doença crónica, mas apontou que a evolução da doença e a velocidade a que ela se faz “pode ter a ver com ambientes estimulantes”.

“Se nós tivermos lares em que as pessoas não são trabalhadas, não têm ambientes estimulantes, em que não há atividades lúdicas, atividades de estimulação, então as pessoas que têm demência podem parecer estar numa fase mais avançada, podem ficar mais lentificadas, mais tristes, podem ficar com a demência mais avançada”, apontou o psiquiatra.

Nesse sentido, defendeu uma aposta em ambientes estimulantes, com neuropsicologia adaptada e onde haja profissionais competentes para que as pessoas com demência tenham melhor qualidade de vida e a doença evolua mais lentamente.

Sustentou, por isso, que “é urgente” mudar o paradigma dos lares, apostando num apoio domiciliário “mais forte”, ao mesmo tempo que se fazem mudanças arquitetónicas nas instituições que acolhem estas pessoas.

Segundo Caldas de Almeida, são duas as prioridades: renovar tecnicamente os lares para ficarem adaptados às pessoas com demência e apostar na formação.

“Sabe-se que profissionais qualificados, profissionais com competência relacional para tratar as pessoas com demência, previnem em 90% as reações secundárias, que são a agitação e a agressividade, as alucinações”, apontou.

Acrescentou que é possível, sem medicamentos, melhorar muito a qualidade de vida destas pessoas se, quem estiver com elas, souber estar, o que faz com que a formação seja uma “arma fundamental”.

“Se não fizermos isto, há muita gente a sofrer em Portugal porque estamos a prestar cuidados inadequados”, apontou Caldas de Almeida.

Admitiu, por outro lado, que há uma percentagem muito elevada de pessoas com demência em fase inicial a quem não é reconhecida a doença e explicou que isso acontece não só porque quem as acompanha não está alerta para os sinais iniciais, mas também porque as pessoas com demência tentam esconder os seus problemas.

O responsável referiu que no decorrer do projeto VIDAS foi dada formação a 480 pessoas, durante mais ou menos um ano, entre auxiliares, médicos, terapeutas e dirigentes, vindos de 23 instituições.

Além disso, foi também feito um trabalho de levantamento das necessidades arquitetónicas e a conclusão foi a de que só uma das 23 instituições não era adaptável às necessidades das pessoas com demência.

Na opinião do psiquiatra, este é o momento para mudar o paradigma dos lares já que o programa Portugal 2020 vai ter recursos específicos para a adaptação, remodelação e renovação dos lares.

“Nós temos poucos recursos, mas as necessidades nesta área estão a explodir completamente”, defendeu, acrescentando que a realidade das pessoas com demência não se confina apenas aos lares e que está também presente no seio das famílias.

Caldas de Almeida adiantou que é intenção da UMP avançar com um VIDAS 2, em que seja possível dar formação aos cuidadores informais, ou seja, as pessoas que se veem obrigadas a cuidar de um familiar com demência, apontando que “são situações verdadeiramente dramáticas”.

Estudo
Nove em cada dez idosos em lares têm alterações cognitivas que sugerem demência, sendo que dentro deste grupo, 78% tem...

O estudo, integrado no projeto VIDAS - Valorização e Inovação em Demências, depois de uma investigação que demorou cerca de dois anos, envolveu 1.503 idosos de 23 instituições, avaliados por psicólogos e neurologistas para detetarem a existência de demências e o seu grau.

No final, foi possível ficar a saber que 90% dos idosos nos lares tem alterações cognitivas que sugerem demência, sendo que dentro deste grupo, 78% tem efetivamente um quadro de demência.

Constatou-se ainda que apenas três por cento dos idosos nos lares não tem alterações cognitivas e 8% tem alterações cognitivas, mas sem demência.

Em declarações, o coordenador do estudo explicou que, numa primeira fase, foi pedido aos diretores técnicos e aos responsáveis das unidades para identificarem os idosos com e sem alteração cognitiva e aqueles com e sem demência.

Segundo Manuel Caldas de Almeida, havia entre 25% a 30% de idosos com demência, 5% de idosos sem alterações cognitivas e 6% com alterações cognitivas sem demência.

Os dados mostram também que 70% dos idosos naqueles lares não estavam detetados como tendo defeitos cognitivos.

Estes números alteraram-se significativamente na segunda fase do estudo, em que seis psicólogos avaliaram os 1.503 idosos e cujo diagnóstico foi posteriormente comprovado por duas neurologistas, tendo então revelado que a maioria dos idosos nos lares tem demência.

Entre os idosos avaliados, em 48% os sintomas iniciais da doença manifestaram-se na memória, mas em 55% afetou outros domínios cognitivos e em 33% alterou o comportamento.

Se na maioria (80%) a forma de início da demência foi progressiva, em 20% manifestou-se de forma aguda. Já a evolução da doença aconteceu em 67% dos casos de forma progressiva e apenas em 2% havia tendência a melhorar.

“Existe um número muito importante de pessoas com demências nos lares, e um número importante de pessoas com demência em que essa demência não é reconhecida”, apontou Caldas de Almeida.

O psiquiatra admitiu que o número final ultrapassou as expectativas iniciais e defendeu, por isso, que é preciso transformar os lares, já que estas instituições não estão a prestar um bom serviço em matéria de demências.

“Não [estão a prestar um bom serviço] porque não estão preparados para ter pessoas com demência”, apontou.

A demência é uma doença que "não é provocada por uma pessoa estar em casa ou num lar", explicou Caldas de Almeida, salientando que uma tão elevada percentagem de pessoas com demência nos lares tem a ver com o envelhecimento da população e com o facto de serem as pessoas mais frágeis e mais dependentes que são referenciadas.

“Obviamente, os lares têm uma percentagem muito maior de pessoas com demência do que a sociedade em geral”, acrescentou.

No estudo da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) participaram 1.503 pessoas, com idades entre os 46 e os 105 anos, a maioria (709) dentro dos 80 aos 89 anos, 30% do sexo masculino e 70% do sexo feminino.

Um total de 94% tem a escolaridade primária, 83% foram operários, trabalharam no setor primário ou eram trabalhadores não qualificados. Em matéria de estado civil, 57% é viúvo e 21% é solteiro.

Antes da institucionalização, 30% dos idosos tinham estado num centro de dia e 30% tiveram apoio domiciliário.

O motivo da institucionalização num lar teve a ver, em 42% dos casos, com uma dependência e em 30% com o isolamento ou solidão. 35% dos idosos tinha uma doença neurológica prévia, sendo que 65% destes ficaram com sequelas.

Estudo
Uma equipa de investigadores do Instituto de Medicina Molecular Lisboa verificou, em ratinhos, que um subtipo de células do...

As células em causa são os linfócitos T gama-delta, que expressam à sua superfície, quando ativados por 'sinais fortes' resultantes da sua interação, determinadas moléculas, os 'recetores de morte celular', que, de acordo com a equipa, são úteis para matar o tumor.

Para Bruno Silva-Santos, que lidera a equipa, este subtipo de células T "é particularmente útil" para o desenvolvimento da imunoterapia (tratamento com agentes biológicos, como células) contra o cancro.

Os linfócitos T ou células T são um grupo de glóbulos brancos (leucócitos) responsável pela proteção do organismo contra microrganismos e tumores, sendo produzidos no timo, órgão que está por cima do coração. Os problemas surgem quando o 'exército' destas células tem 'soldados' insuficientes para aniquilar o 'invasor'.

No estudo, publicado na revista Nature Immunology, os investigadores do Instituto de Medicina Molecular (iMM) identificaram e viram como funcionam os linfócitos T gama-delta em ratinhos.

Posteriormente, noutro estudo, cujos resultados já foram aceites para publicação, a equipa usou, com sucesso, essas mesmas células, extraídas de humanos, para tratar roedores com um tumor no sangue, também de um humano.

Partindo destes resultados, Bruno Silva-Santos pretende avançar, dentro de dois anos, com ensaios clínicos em doentes adultos com leucemia, ressalvando que a imunoterapia com linfócitos T gama-delta não pode ser generalizada a todos os cancros, atendendo à especificidade dos tumores, sendo, por exemplo, contraindicada no cancro da mama.

O cientista, que é vice-presidente do iMM Lisboa, explicou que as células T gama-delta especializam-se no combate a 'invasores' diferentes, consoante os 'sinais' recebidos do timo ou resultantes da interação das células entre si.

No caso do cancro, os linfócitos T gama-delta têm de ter 'sinais fortes' para erradicá-lo, mas, para eliminarem fungos, e cumprirem a sua função antifúngica, as mesmas células têm de receber 'sinais fracos', precisou o também docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

O trabalho agora publicado foi desenvolvido em colaboração com a Universidade Complutense, em Madrid, Espanha, e foi financiado pela Comissão Europeia, através do Conselho Europeu de Investigação, que apoia projetos de investigação fundamental considerados de excelência.

Jornadas científicas da ESTeSC
Especialistas de saúde de nove países da Europa e da América vão participar nas jornadas científicas da Escola Superior de...

A iniciativa insere-se na 3.ª Reunião Anual da Escola de Saúde de Coimbra, subordinado ao tema a "Universalidade de Coimbra no ensino da Saúde", que engloba também as jornadas de economia da saúde, palestras, uma feira de emprego e empreendedorismo em saúde e a Semana das Ciências Aplicadas na Saúde.

"Queremos aproveitar os nossos parceiros no mundo e trazer gente que fique a conhecer a nossa realidade e traga mais-valias para dentro da escola, neste sentido de universalidade em que queremos uma escola o mais aberta possível", disse Jorge Conde, presidente da Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Coimbra (ESTeSC), na sessão de apresentação do evento.

As jornadas científicas, que vão realizar-se de sexta-feira a 17, contam com palestrantes convidados do Brasil, Peru, Estados Unidos da América, Espanha, Franca, Bélgica, Inglaterra, Irlanda e Dinamarca, países com quem a ESTeSC estabeleceu parcerias.

A Semana das Ciências Aplicadas na Saúde, que é o evento de maior relevo e visibilidade, vai decorrer, como habitualmente, no centro comercial Dolce Vita, de segunda-feira a 17, com a realização de rastreios de vária ordem aos visitantes, que no somatório das anteriores edições atingiram os 300 mil.

A iniciativa, nascida em 2005, permite que alunos envolvidos mostrem à sociedade civil a prática das profissões associadas aos cursos ministrados naquela escola, além de se aproximar a população júnior e sénior das tecnologias da saúde, com ações como a "Semana das Ciências Aplicadas na Saúde dos Pequenitos" e a "Hora dos avós".

"A Semana das Ciências Aplicadas na Saúde é hoje uma marca da região e uma marca nacional, fruto do empenho e do empreendedorismo dos alunos que, movidos por valores de responsabilidade social, avaliam a saúde da população de forma gratuita", sublinhou Daniel Matos, presidente da Associação de Estudantes, que organiza o evento.

No dia 14, realiza-se a feira de emprego e empreendedorismo em saúde, com a participação de empresas de recrutamento que vão esclarecer os alunos sobre a forma de entrarem no mercado de trabalho.

No âmbito da 3.ª Reunião Anual da Escola de Saúde de Coimbra realizam-se ainda dois jantares conferência, na segunda-feira e no dia 14, seguidos de animação musical.

OMS
A Organização Mundial de Saúde estimou serem necessários 2.200 milhões de dólares (1.930 milhões de euros) para garantir...

O apelo foi feito em Genebra durante a apresentação do Plano de Resposta Humanitária para 2016, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e por parceiros da agência das Nações Unidas, em que é destacado serem precisos medicamentos básicos, vacinas, tratamento para doenças como a cólera e sarampo, entre outros.

"Os riscos para a saúde sem esta emergência humanitária são maiores do que nunca", alertou, num comunicado, Bruce Aylward, diretor executivo do departamento da OMS ligado à assistência humanitária.

"A situação está a piorar. O crescente impacto dos conflitos prolongados obriga à deslocação das populações, o que, em conjunto com as alterações climáticas, falta de planeamento urbanístico e às mudanças demográficas, significa que as emergências humanitárias serão cada vez mais frequentes e severas", acrescentou.

Na Síria, onde se localiza a maior emergência humanitária, a OMS e parceiros estão a tentar mobilizar fundos para assistir 11,5 milhões de pessoas que necessitam de apoio psicológico e para outros cinco milhões de sírios refugiados em países vizinhos, que precisam de medicamentos, vacinas e material operatório e sanitário.

A OMS também necessita de fundos para apoiar 6,8 milhões de pessoas ameaçadas pela pior seca em décadas na Etiópia, tendo em conta que afeta também mais de 400 mil crianças.

A agência das Nações Unidas necessita também de fundos para apoiar as vítimas do ciclone Winston, que afetou as ilhas Fidji em fevereiro, do surto de Zika em vários países sul-americanos e de várias outras doenças infecciosas, bem como ainda os riscos ainda associados ao Ébola na África Ocidental.

Em Angola, a OMS apela para fundos para combater o pior surto de febre-amarela em mais de 30 anos.

Numa altura em que está em profundas transformações na sua História, a OMS está a elaborar um novo Programa de Emergência para a Saúde, de forma a aumentar a capacidade operacional e garantir uma resposta "eficaz, efetiva e rápida" a todos os géneros de emergência sanitária, incluindo surtos e crises humanitárias.

Região Centro quer
A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Ana Abrunhosa, defendeu o investimento na saúde...

Ana Abrunhosa salientou que diferentes iniciativas no setor da saúde podem obter financiamento europeu de 60% a fundo perdido, contribuindo para consolidar a posição da região ao nível de cuidados, investigação e diferentes serviços de saúde.

“Somos uma região prestigiada em termos europeus no que toca à área da saúde”, disse, à margem de uma sessão de divulgação do 3.º Programa de Saúde, gerido pela Comissão Europeia, que visa apoiar as políticas dos Estados-membros destinadas a melhorar a saúde dos cidadãos da União Europeia (UE).

A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) realçou que se trata do “único programa dedicado exclusivamente à saúde”, ao qual entidades públicas e privadas, no âmbito de consórcios que devem juntar parceiros de três países da UE, podem candidatar projetos que promovam “boas práticas inovadoras”.

Organizada pela CCDRC, pela Direção-Geral da Saúde e pela Agência Executiva para os Consumidores, a Saúde, a Agricultura e a Alimentação (CHAFEA), a sessão reuniu mais de 100 participantes de universidades, incubadoras, empresas, unidades hospitalares, autarquias e associações, entre outras entidades da região.

“É nosso ensejo que possam ser ativadas parcerias para o conjunto das 'calls' recentemente abertas pelo programa”, disse Ana Abrunhosa, ao intervir no início do encontro, no auditório da CCDRC, em Coimbra.

Ao frisar que a saúde “é um dos referenciais de suporte ao desenvolvimento regional”, a responsável informou que as candidaturas ao 3.º Programa de Saúde podem abranger apostas como os sistemas inovadores de prevenção em saúde, o diagnóstico precoce, as novas terapias, o envelhecimento ativo e saudável, a interoperabilidade dos sistemas complexos e as ações de turismo de saúde e bem-estar.

Para o período 2014-2020, o programa disponibiliza mais de 400 milhões de euros para projetos em todos os países da União Europeia.

Esta “é uma oportunidade de grande impacto futuro” na saúde da região, corroborou o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro, José Tereso, em declarações à Lusa.

“Temos uma oportunidade para fazer ainda mais e melhor em prol da saúde da população”, sublinhou.

Na sessão, intervieram ainda Cinthia Menel-Lemos, em representação da Comissão Europeia e da CHAFEA, e Filipa Pereira, da Direção-Geral da Saúde.

Dia Mundial da Saúde dedicado à diabetes assinala-se esta quinta-feira
A diabetes é uma das doenças com maior impacto na saúde oral, elevando exponencialmente o risco dos seus portadores contraírem...

Esta quinta-feira, no Dia Mundial da Saúde, em que a diabetes está em destaque, a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) alerta os mais de um milhão de portugueses portadores de diabetes e os dois milhões que são pré-diabéticos para a necessidade de realizarem check-ups regulares de saúde oral. Por exemplo, o tratamento periodontal pode ajudar ao controlo metabólico da diabetes, essencial para a qualidade de vida dos doentes.

Ricardo Faria e Almeida, presidente da Comissão Científica da OMD, revela que “ainda não existe consciência pública sobre a interação entre a diabetes e a saúde oral e, no entanto, nos últimos anos, o número de portadores da diabetes em Portugal subiu dramaticamente. Mais de 13% dos portugueses em idade adulta tem diabetes, é um número demasiado elevado e isto sem contar com os casos não diagnosticados. A diabetes é já a quarta causa de morte em todo o mundo e se não forem tomadas medidas urgentes o problema terá proporções assustadoras”.

O presidente da Comissão Científica da OMD considera “essencial prevenir a diabetes e isso faz-se promovendo estilos de vida saudáveis e apostando nos cuidados de saúde primários, sendo neste ponto essencial garantir acesso a consultas de medicina dentária. A OMD tem vindo a reclamar o alargamento do cheque-dentista aos portadores de diabetes, porque os doentes com menos recursos são os que mais dificuldades têm em receber tratamentos, incluindo de saúde oral”.

Em 2014, e de acordo com dados do relatório “Factos e Números da Diabetes do Observatório Nacional de 2014”, a diabetes representou um custo direto estimado entre 1.300 e 1.550 milhões de euros, um acréscimo aproximado de 50 milhões, face a 2013.

Para Ricardo Faria e Almeida “estes números são elucidativos e é por isso que apostar na prevenção e no controlo da doença é tão crucial sob pena de estarmos a caminhar para uma verdadeira catástrofe. A medicina dentária tem um papel essencial para melhorar as condições de vida destes doentes, mas para isso é preciso que diabéticos, Estado e opinião pública percebam que quanto mais tarde agirmos maior será a fatura”.

DGS
“Tenho um critério para o heterossexual e outro diferente para o homossexual que tem coito anal, porque na população...

A Direção-Geral da Saúde (DGS) vai convidar nas próximas semanas três associações da sociedade civil, incluindo a ILGA – Portugal, para discutir novos critérios de triagem nos serviços de colheita de sangue, o que tem implicações nos dadores homo e bissexuais, atualmente proibidos de dar sangue por alegado risco de transmissão de infeções sexualmente transmissíveis, escreve o jornal Público.

As novidades são aguardadas desde 31 de Outubro do ano passado, prazo estabelecido pelo então secretário de Estado Fernando Leal da Costa para que a DGS e o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (ISPT) elaborassem uma norma de orientação clínica com novos “critérios nacionais de inclusão e exclusão de dadores”. A DGS e o IPST estão a trabalhar com base em recomendações de um grupo de trabalho que esteve debaixo de fogo por ter demorado dois anos e sete meses (de Dezembro de 2012 a Julho de 2015) a apresentar conclusões.

As reuniões na DGS devem dar origem a uma versão final da norma clínica, que depois passará por um período de três meses de discussão pública, antes de entrar em vigor. É de prever que ainda este ano os dadores homo e bissexuais passem a estar obrigados a períodos de abstinência sexual de seis a 12 meses.

Estudo
Um estudo liderado pelo neurocientista português Rui Costa desmontou uma tese científica, ao provar, numa experiência com...

"São dois circuitos no cérebro que se pensava que trabalhavam um contra o outro, um era bom, o outro era mau. São os dois bons, mas fazem coisas diferentes", assinalou o investigador-principal, da Fundação Champalimaud, em Lisboa.

Os dois circuitos cerebrais - via direta e via indireta - estão nos gânglios da base, localizados por baixo do córtex do cérebro e responsáveis pela coordenação motora, por comportamentos de rotina, pelas emoções e pela cognição, escreve o Sapo.

Julgava-se, segundo Rui Costa, que um dos circuitos, a via direta, 'dizia' que uma coisa era boa para ser feita, enquanto o outro, a via indireta, 'dizia' que causava repulsa.

Contudo, o estudo, publicado na revista Current Biology, concluiu que ambos os circuitos "são positivos, sinalizam que as coisas são boas", só que um, a via direta, está direcionado para uma ação intencional, e o outro, a via indireta, para uma ação de rotina.

Rui Costa deu o exemplo do elevador de um prédio. Aprende-se a carregar no botão, mas também se adquire o hábito de carregar no botão, ao ponto de nem sempre o botão corresponder ao piso que se pretende.

Na experiência, a equipa do neurocientista expressou uma proteína, a opsina, que responde à luz e ativa os neurónios (células do cérebro) de "uma forma específica", nas vias direta e indireta.

Os dois circuitos neuronais, com opsina, foram depois estimulados nos ratinhos com luz, que passava através de uma "fibra ótica muito fininha" colocada no cérebro dos roedores.

As vias direta e indireta eram ativadas sempre que os ratinhos eram desafiados a pressionar uma pequena alavanca.

Para surpresa dos cientistas, os roedores carregavam sempre na alavanca, mesmo quando era ativado o circuito, via indireta, que, supunham, os iria levar a fugir e a evitar repetir a ação.

O que aconteceu, relatou Rui Costa, é que os ratinhos pressionavam a mesma alavanca, e até uma outra diferente, de modo automático quando tinham a via indireta ativada. O mesmo não acontecia quando era ativado o outro circuito, a via direta, em que os ratinhos carregavam várias vezes na alavanca, mas depois, a dada altura, paravam 'intencionalmente' de o fazer.

Apesar de haver "pequenas diferenças, que podem ser gigantes", entre os cérebros humanos e os dos ratinhos, ressalvou Rui Costa, a experiência pode revelar-se, em seu entender, importante para o estudo e tratamento dos comportamentos aditivos e compulsivos, no sentido de se tentar ativar ou inibir mais um circuito ou o outro com medicamentos, para dar mais controlo às ações das pessoas com tais distúrbios.

Páginas