Artrite Reumatóide
De acordo com o Instituto Português de Reumatologia estima-se que mais de 50 mil portugueses sofram

A artrite reumatóide é uma doença inflamatória crónica, auto-imune, que pode provocar dores, inchaço, rigidez e perda da função em várias articulações do corpo, e pode atingir pessoas de qualquer idade. Por isso se acha que apenas os mais velhos sofrem com a doença, desengane-se.

A artrite reumatóide pode ainda provocar alterações na cartilagem, osso, tendões e ligamentos.

De acordo com o Instituto Português de Reumatologia “a artrite reumatóide afeta frequentemente os punhos e os dedos (com maior frequência nas articulações perto dos punhos)”, podendo, no entanto, atingir também os pés, ombros, joelhos, cotovelos, anca ou coluna.

Em casos menos frequentes, a inflamação pode atingir o revestimento dos pulmões (pleura) ou do coração provocando pericardite.

Embora a sua causa seja desconhecida, sabe-se que afeta três vezes mais mulheres que homens e estima-se que, em Portugal, existam entre 50 a 60 mil doentes.

Febre, fadiga intensa ou anemia são sintomas que podem estar associados à doença, dando o sinal de alerta.

O diagnóstico precoce, a prática de exercício físico e alguns cuidados alimentares permitem que o doente possa levar uma vida o mais normal possível.

De acordo com os especialistas, deve-se apostar no consumo de alimentos ricos em ómega-3 e ómega-6, um ácido gordo com propriedades anti-inflamatórias.

Por outro lado, é igualmente importante a ingestão de alimentos ricos em vitamina A, C, E e selénio que ajudam a fortalecer o sistema imunológico.

Peixe como o atum, sardinha, cavala e salmão são excelentes fontes de ómega-3. Para além de ajudar a prevenir inflamações, este alimento também funciona como um grande aliado no controlo do colesterol, na regeneração dos tecidos e na prevenção de doenças cardiovasculares.

Recomenda-se o consumo de 200 gramas de peixe, duas vezes pode semana.

Também rico em gorduras polinsaturadas, o óleo de soja é ainda uma ótima fonte de vitamina E. Para além de possuir uma ação anti-inflamatória e ajudar a regular os níveis de colesterol no organismo, atua na prevenção de doenças cardiovasculares e no combate dos radicais livres.

Outras fontes de ómega-3 recomendadas são as sementes de linhaça e canola.

O azeite e o óleo de onagra também exercem uma ação anti-inflamatória nas articulações, pelo que se aconselha o consumo de duas a três colheres por dia.

Quanto às vitaminas, a maioria das frutas e legumes é rica em vitamina C e A (betacaroteno), aconselhando-se o seu consumo diário.

Laranja, frutos silvestres, papaia, manga e banana são bons exemplos de fruta que deve incluir na sua dieta.

Também os legumes ou vegetais de folha verde escura devem ter um papel de destaque à mesa, uma vez que, para além de ricos em vitamina A e C, são boas fontes de potássio e ferro – importantes para regular o equilíbrio hídrico do organismo e para a formação de células sanguíneas.

O espinafre, por exemplo, é um alimento altamente nutritivo, rico em vitamina A, C e E, e em nutrientes como ómega-3, cálcio, ferro, potássio, flavonóides e carotenos, recomendando-se a ingestão de duas a três colheres de sopa por dia.

Importa ainda referir que se deve manter um peso adequado, na medida em que o excesso de peso agrava os sintomas da doença. Por um lado há uma sobrecarga nas articulações, por outro aumento da inflamação.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Sistema digestivo
Os parasitas intestinais, são designados por helmintas que penetram no corpo, sendo capazes de viver

Nematodos

São parasitas cilíndricos, havendo cerca de 60 espécies capazes de viver no homem, sendo os mais conhecidos e frequentes, o Ascaris lumbricoides (lombriga), e o Enterobius vermicularis (oxiúre). São parasitas de corpo redondo e filamentoso não anelado cujo comprimento varia entre milímetros a 2 metros.

Ciclo de vida dos Nematodos

O ciclo de vida varia entre 2 espécies, o homem, hospedeiro principal e hospedeiros intermédios (pequenos animais como o caracol) e a infestação pode resultar da ingestão de alimentos contaminados. Os ovos são capazes de sobreviver anos no chão húmido, onde podem germinar formando-se larvas que atingem o ser humano quando ele ingere os alimentos contaminados.

As larvas podem passar à corrente sanguínea e disseminar-se por várias partes do corpo, como pulmões, retornando ao intestino onde atingem a fase adulta, que põe os ovos que são eliminados pelas fezes.

Sintomas da infestação por Nematodos

Os sintomas dependem da espécie infestante, podendo cursar assintomática. Uma infestação grave em crianças pode conduzir a um estado se deficiência nutricional, ao atraso no crescimento e mal-estar geral. Podem surgir:

  • Febre;
  • Cansaço;
  • Rash alérgico cutâneo (urticária);
  • Dores abdominais;
  • Sensação de enjoo, vómitos e/ou diarreia;
  • Obstrução abdominal;
  • Nervosismo.

Nos pulmões, podem ocasionar ruídos respiratórios, tosse, entre outros problemas. Podem ainda surgir sintomas específicos de cada tipo de parasita.

Prevenção e terapêutica da infestação por Nematodos

A base da prevenção da infestação por nematodes consiste nas melhorias sanitárias e educação populacional.

Nos países em que a infestação por nematodos é frequente, pode ser prevenida a infestação individual evitando ingerir alimentos crus, vegetais e saladas. As crianças não devem brincar em locais com condições sanitárias deficientes, em zonas em que as fezes humanas são usadas como fertilizantes. A lavagem das mãos é indispensável antes e após comer, beber ou tocar em alimentos, ir ao toilete ou mudar fraldas.

Oxiuríase

É provocada por Enterobius vermicularis, que afeta muitas crianças atingindo também o adulto, podendo ser facilmente identificado pelo farmacêutico e tratado com Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM). Pode afetar cerca de 20% das crianças, atingindo 65% da população institucionalizada.

Os oxiúres são parasitas pequenos, finos, brancos entre 2 mm e 13 mm de comprimento que infetam os intestinos.

Ciclo de vida dos Oxiúros e transmissão da infestação

Os oxiúros vivem cerca de 5-6 semanas nos intestinos. A infestação resulta da ingestão de ovos que atingem a fase matura nos intestinos. Após acasalamento, o macho morre e a fêmea desloca-se para o cego e reto e coloca os ovos durante a noite na área perianal ficando presos à mucosa e à pele. Os ovos que aí permanecem podem transformar-se em larvas que retornam ao intestino. O prurido ocasionado pelos ovos na região perianal provoca coceira e transferência dos ovos para as mãos seguidas de ingestão. Este ciclo perpetua a infestação no mesmo indivíduo, podendo ser transmitido a terceiros através de objetos contaminados, como roupa da cama, vestuário, etc.

Os ovos podem sobreviver até 2 semanas fora do corpo e, os que caem do ânus ficam na roupa individual e da cama podendo, ao serem dispersos, passar a contaminar a poeira da casa e o chão e ser inalados por terceiros. Nas instituições a transmissão é facilitada pelo contato entre as pessoas.

Sintomas de Oxiuríase

O sintoma mais desagradável é o prurido e o desconforto na região perianal, que pode acordar o doente durante a noite e provocar insónia. Pode ocorrer redução do apetite e perda de peso. A coceira pode ferir o ânus e, quando a infestação é intensa pode surgir dor anal e provocar irritação. No género feminino, quando o tratamento não é atempado pode ocasionar vaginite. O parasita pode colocar ovos na vagina ou uretra, pelo que o médico deve observar a mulher com sintomas de corrimento vaginal, cama molhada ou problemas urinários.

Identifica-se a infestação pela presença dos parasitas brancos de cerca de 1 cm sobre as fezes e por vezes sem volta do ânus e ainda, pelo prurido anal.

Pode suspeitar-se de oxiuríase quando há prurido anal intenso durante a noite e, para confirmar a presença de ovos, pode colocar-se um adesivo na região anal à noite que, quando retirado de manhã, é observado ao microscópio para identificação de ovos e eventualmente larvas.

Aconselhamento ao doente com Oxiuríase

O tratamento inclui medicamentos e medidas de higiene pessoal para evitar a manutenção do ciclo de infestação e de infestação de terceiros.

As recomendações gerais para pessoas com oxiuríase podem resumir-se da seguinte forma:

  • Tomar duche todas as manhãs para remover os ovos e bactérias da região anal;
  • Lavar bem as mãos e debaixo das unhas após cada ida ao toilete e antes de cada refeição;
  • Mudar diariamente a roupa interior;
  • Mudar frequentemente os lençóis da cama, especialmente todas as semanas após o tratamento;
  • Manter as unhas curtas;
  • As crianças devem dormir de luvas de algodão quando dormem;
  • Limpar bem a casa, especialmente os quartos e toiletes, removendo bem todo o pó;
  • Não comer no quarto;
  • Todos os membros do agregado familiar que estejam infestados devem ser tratados no mesmo dia;
  • Evitar os alimentos e bebidas muito açucaradas e ingerir alimentos ricos em fibra para evitar obstipação.

Oxiuríase e a criança na escola

A criança com oxiuríase pode ir à escola mas devem ser mantidas as medidas de higiene para que ela não tenha ovos nos dedos e unhas, devendo reforçar-se a higiene antes de sair para a escola para não contaminar terceiros.

Tratamento pelas medidas de higiene

Dado que a medicação mata os parasitas mas não os ovos, que podem sobreviver 2 semanas, as medidas de higiene devem manter-se durante este período de tempo para evitar a ingestão ou inalação dos ovos. Na presença de infestação num elemento do agregado familiar, todo o agregado deve ser tratado ao mesmo tempo, mesmo indivíduos assintomáticos, para que haja erradicação da infestação.

Os bebés até 3 meses de idade devem ser sujeitos só a medidas de higiene.

Como medidas de higiene é fundamental primeiro destruir os ovos que estão em casa, através das seguintes medidas:

  • Lavar a roupa de dormir e de cama, as toalhas e brinquedos, o que pode ser feito à temperatura normal desde que a lavagem seja efetiva;
  • Aspirar bem a casa e lançar fora o saco após o uso. As camas e os locais onde as crianças brincam devem merecer uma atenção especial;
  • Lavar muito bem as casas-de-banho e todas as superfícies com um pano molhado em água quente e deitar fora o pano depois de utilizado;
  • Lavar toda a loiça muito bem, particularmente talheres e bancadas de cozinha.

Depois, todos os membros do agregado familiar devem ter os seguintes cuidados, durante 2 semanas:

  • Vestir cuecas e pijama de calças justas mudando-os todas as manhãs. Isto evita que se coce durante o sono e que toque no ânus, assim como evita que os ovos passem facilmente para a roupa da cama. Se necessário, pode dormir com luvas de algodão;
  • Tomar banho todas as manhãs ou lavar em torno do ânus para retirar os ovos que estejam depositados. A lavagem efetua-se mal se levante da cama;
  • Mudar e lavar a roupa de dormir diariamente.

Medidas de higiene pessoal para evitar que se contamine de novo:

  • Lavar as mãos e esfregar bem debaixo das unhas, nas seguintes ocasiões: logo que se levanta de manhã, após usar o toilete, após mudar a fralda, antes de comer ou de preparar alimentos;
  • Não roer as unhas ou colocar dedos na boca e desencorajar as crianças a que o façam;
  • Não partilhar toalhas;
  • Manter as escovas dos dentes dentro de armário fechado e lavá-las antes de as utilizar.

Note-se que pode não ser a casa a principal fonte de contaminação, mas a escola, particularmente se os toiletes forem limpos inadequadamente, podendo ser esta a causa da criança manter a infestação.

Oxiuríase e gravidez

Durante o primeiro trimestre da gravidez não devem ser tomados anti-helmínticos, no entanto as medidas de higiene podem ser efetivas.

Como os parasitas morrem ao fim de 6 semanas, desde que não se ingiram de novo, ovos ou larvas, evita-se a reinfestação. Assim, se as medidas de higiene forem mantidas durante 6 semanas pode quebrar-se o ciclo de reinfestação pela libertação dos oxiúros pelos intestinos.

Durante o 2º e 3º trimestre, o médico decide se é adequada a terapêutica medicamentosa, administrando-se habitualmente o mebendazol.

Oxiuríase e amamentação

Durante a amamentação, o tratamento de escolha são também as medidas de higiene, mantidas durante 6 semanas. Colocando-se a questão do tratamento medicamentoso, o médico recomenda habitualmente o mebendazol.

Ascaridíase

Provocada pelo Ascarides lumbricoides (lombriga), parasita que infesta o homem numa prevalência muito inferior à oxiuríase provocando consequências mais prejudiciais. Na suspeita desta infestação o doente deve ser dirigido para o médico embora possa ser tratado com MNSRM.

É uma infestação menos fácil de identificar do que a oxiuríase.

Os ovos são ingeridos através dos alimentos e da água contaminados com fezes e eclodem nos intestinos. As larvas passam pela corrente sanguínea e sistema linfático migrando para o pulmão, fígado, traqueia e esófago, regressando aos intestinos. As infestações ligeiras podem ser assintomáticas mas as graves podem ocasionar perturbações intestinais graves e por vezes fatais. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
7 de Abril - Dia Mundial da Saúde
A aTTitude assinala o Dia Mundial da Saúde com um concurso de fotografia sob o mote “Eu sou o chef”. A IPSS pretende com este...

O concurso de fotografia “Eu sou o chef” é promovido no âmbito do projeto Nutrição Oncológica, da IPSS aTTitude, e é dirigido à população em geral, doentes e familiares. 

"Numa altura em que os mais recentes estudos indicam que 1 em cada 4 portugueses morre de cancro, achamos bastante pertinente promover desafios que alertem para este flagelo e que ao mesmo tempo promovam a literacia em saúde, principalmente na área do cancro. É importante que os nossos doentes saibam como minimizar os efeitos dos tratamentos e como alcançar uma melhor qualidade de vida na doença”, explica a Presidente da Direção da aTTitude, Bibi Sattar.

O concurso “Eu sou o chef” desafia o participante a confecionar um dos pratos do livro “Receitas Deliciosas para Doentes Oncológicos em Tratamento” e a registar o momento com uma fotografia, com o objetivo de homenagear as lutas diárias de um doente oncológico e a assinalar o Dia Mundial da Saúde.

As participações deverão ser enviadas entre os dias 7 e 21 de Abril para o endereço eletrónico [email protected]. As 10 melhores fotografias selecionadas serão colocadas a votação na Página de Facebook Nutrição Oncológica, entre os dias 28 de Abril e 12 de Maio.

Os vencedores do concurso serão brindados com os seguintes prémios:

1º Prémio: Jantar para 2 pessoas no restaurante do respetivo chef do prato confecionado pelo vencedor;

2º Prémio: 1ªconsulta e consulta de seguimento de nutrição oncológica com a Dra. Ana Rita Lopes;

3º Prémio: Cabaz de produtos selecionados pela nutricionista Dra. Ana Rita Lopes.

O livro “Receitas deliciosas para doentes oncológicos em tratamento” assenta em princípios básicos e flexíveis da nutrição, que ajuda cada doente a conseguir encontrar a alimentação ou ementa adequada a cada momento e tratamento da sua doença, por forma a ultrapassar as barreiras da tolerância alimentar e a manter os níveis de energia e defesas.

Saiba mais sobre o regulamento do concurso e como participar em: https://www.facebook.com/Nutri%C3%A7%C3%A3o-Oncol%C3%B3gica-1508549639439303/?fref=ts

Assembleia da República
A mais antiga associação de pessoas com Diabetes do mundo vai estar em audiência com o presidente da Assembleia da República,...

A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) centra-se no flagelo que representa a diabetes para pedir à Assembleia da República (AR) que seja assinalada com a adoção de medidas que integrem a APDP no Serviço Nacional de Saúde, a exemplo das soluções previstas na legislação em vigor (nomeadamente Decreto-Lei nº 138/2013, de 9 de Outubro, artigo 2º, nº 1, alínea b).

São algumas das razões apontadas para assinar (aqui http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT80565):

  • Como instituição de cuidados diferenciados, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, tem desempenhado um papel crucial na prevenção e no tratamento da diabetes, por meio da contratualização normalmente anual da prestação de serviços com as Administrações Regionais de Saúde. No entanto, o aumento exponencial de solicitações e o carácter disperso das populações que se lhe dirigem são, cada vez menos, consentâneos com acordos que não possuam uma dimensão ou uma garantia sistémicos.
  • A Associação ocupa o primeiro lugar entre os nove centros mundiais de educação terapêutica (International Diabetes Federation Education Center) e é um centro colaborador da Organização Mundial da Saúde.
  • A Lei de Bases da Saúde, aprovada pelo Decreto-lei nº 48/90, de 24 de Agosto, com as alterações introduzidas pela Lei nº 27/2002, de 8 de Novembro, consagrou um modelo misto de saúde, em que releva a complementaridade da economia social na prestação de cuidados de saúde;
  • Completando, no próximo dia 13 de maio, 90 anos de existência, o papel histórico da Associação na promoção da saúde pública tem sido amplamente reconhecido;
  • É geralmente reconhecido que a intervenção na diabetes deverá iniciar-se com a prevenção primária, visando a prevenção e o retardamento da doença, a que se seguirá a prevenção secundária, tendente ao diagnóstico precoce e ao tratamento, e a prevenção terciária, destinada a evitar a progressão da doença e a promover o tratamento das complicações tardias;
  • Os dados apresentados pelo Relatório do Observatório Nacional da Diabetes (“Diabetes, Factos e Números – 2015”) revelam, quanto ao ano de 2015, uma prevalência da diabetes, para a população entre os 20 e os 79 anos, de 13,1%, o que corresponde a mais de 1 milhão de pessoas, das quais 43% ainda não diagnosticadas;
  • A Diabetes é uma doença que afeta massivamente a humanidade, prevendo-se que, em menos de 20 anos, atinja, no mundo, 642 milhões de pessoas.
Universidade do Porto
Investigadores da Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto estão a verificar os níveis de...

Com o projeto "Nutrition UP 65 - nutritional strategies facing an older demography" os responsáveis pretendem conhecer o estado nutricional da população idosa portuguesa acima dos 65 anos e, com base nos dados recolhidos, transmitir informação sobre alimentação e nutrição aos profissionais de saúde, cuidadores e idosos.

Em depoimentos, o investigador Nuno Borges disse que "há suspeitas de que em Portugal possa haver um nível excessivamente elevado de pessoas com défice de vitamina D", com base em estudos realizados em países com condições semelhantes.

A carência desta vitamina, principalmente na população idosa, pode levar a problemas ósseos, visto que a sua ausência torna o osso mais frágil e mais suscetível de partir.

"Contrariamente a todas as outras", a vitamina D pode ser produzida através da exposição solar, no entanto, segundo o investigador, num país com as características de Portugal, a síntese entre outubro e abril é "praticamente inexistente".

A sua síntese depende da duração da exposição ao sol, do tom da pele da pessoa (quanto mais escura a cor da pele mais difícil é a síntese) e da inclinação dos raios solares, explicou.

De acordo com o investigador, este assunto é matéria de debate entre nutricionistas e dermatologistas "porque a mesma radiação que sintetiza a vitamina D é responsável, a longo prazo, pela incidência de melanoma, a forma mais grave de cancro de pele".

Quando a quantidade sintetizada não é suficiente, o organismo consegue aproveitar alguma vitamina D que vem da alimentação, embora sejam muito poucos os alimentos que a contêm.

A grande fonte encontra-se no peixe gordo - sardinha, cavala, salmão e atum - mas para atingir os níveis recomendados "implicaria um consumo quase diário", o que "não é desejável", esclareceu Nuno Borges.

Outras opções são a gema de ovo, o fígado e o óleo fígado de bacalhau - estes últimos dois ricos em vitamina D, mas pouco tolerados e pouco consumidos -, acrescentou.

A existência de produtos reforçados com esta vitamina, nomeadamente o leite (em prática em alguns países do Norte) e o sumo de laranja (já aplicado nos Estados Unidos), pode ser outra alternativa, indicou o investigador.

Esta solução é, no entanto, incompleta, visto que a "fortificação por esse método só atingiria as pessoas que bebem leite" e em Portugal o consumo deste produto "tem diminuído 10% por ano".

Nuno Borges acredita anda que a última possibilidade é o recurso a medicação que contenha vitamina D, que pode ser tomada durante os meses de maior carência, ou seja, de outubro a março/abril.

O projeto "Nutrition UP 65" é coordenado por Teresa Amaral e conta com a participação de investigadores e assistentes de investigação da Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), do Departamento para a Pesquisa do Cancro e Medicina Molecular da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE.

Iniciado em abril de 2015, vai ser finalizado em abril de 2017, e foi financiado pelo EEAGrants - Programa Iniciativas de Saúde Pública - em 519 mil euros, tendo sido 15% desse montante assegurado pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto.

Estudo
O Governo dos EUA publicou os resultados de um estudo que conclui que as alterações climáticas terão efeitos nocivos na saúde...

O estudo, levado a cabo durante três anos por várias agências federais, indica que no verão de 2030 vão registar-se mais 11 mil mortes em comparação com os números atuais por causa do “calor extremo”, e que em 2100 o número de mortes adicionais devido às altas temperaturas ascenderá a 27 mil, caso não seja feito um esforço “acelerado” para suspender as alterações climáticas.

A Casa Branca apontou o aumento das doenças transmitidas por insetos e a redução do valor nutricional dos alimentos como exemplos de perigos derivados das mudanças climáticas para os seres humanos.

"A necessidade de passar à ação contra as alterações climáticas é muito explícita quando se olha para a saúde pública. Não se trata apenas dos glaciares e dos ursos polares. É sobre a saúde dos nossos filhos”, disse, na apresentação do estudo, a administradora da Agência de Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos, Gina McCarthy.

O relatório aponta a necessidade de ir além dos acordos alcançados em Paris em dezembro do ano passado por quase 200 países em relação à luta contra as alterações climáticos, ao considerar que estes são insuficientes para evitar grande parte das consequências.

Diretor-geral da Saúde anuncia
A linha de cessação tabágica vai arrancar no dia 20 de maio, na mesma altura em que começam a ser postos à venda maços de...

Mais de um ano após a primeira data anunciada pelo Governo para o arranque da linha de cessação tabágica, e após sucessivos adiamentos, este serviço volta a ter nova data prevista.

“No dia 20 de maio vamos pôr em funcionamento a linha de cessação tabágica, de acordo com a diretiva europeia que já foi transposta para a lei nacional, e vamos adotar medidas que possam ser acedidas pelos portugueses”, disse aos jornalistas, no final de um encontro sobre medidas de saúde a adotar no verão.

O diretor-geral da Saúde especificou que a linha entra em funcionamento na mesma altura em que os maços de tabaco vão passar a ter imagens chocantes e frases de alerta sobre os riscos de fumar para a saúde.

Da embalagem de tabaco constará igualmente a linha telefónica para a qual o fumador deve ligar para obter informações e ajuda sobre programas disponíveis para ajudar a deixar de fumar.

A nova legislação, que foi publicada em agosto em Diário da República e entrou em vigor no início de janeiro, determina que as embalagens de produtos de tabaco para fumar (como cigarros, tabaco de enrolar e tabaco para cachimbo de água) devem apresentar “advertências de saúde combinadas”, que incluem texto e fotografia a cores.

Algumas das opções constantes da “biblioteca de imagens” consistem em pulmões e línguas com tumores malignos, pessoas amputadas, mortas dentro de sacos ou em camas de hospital, uma mulher a cuspir sangue ou um bebé a fumar através de uma chucha.

Estas imagens são acompanhadas de frases de alerta, entre as quais “fumar provoca 9 em cada 10 cancros do pulmão”, “fumar provoca cancro da boca e da garganta”, “fumar provoca acidentes vasculares cerebrais e incapacidades”, “fumar agrava o risco de cegueira” e “os filhos de fumadores têm maior propensão para fumar”.

Além disto, passa a ser obrigatório as embalagens conterem duas advertências: “Fumar mata – deixe já” e “O fumo do tabaco contém mais de 70 substâncias causadoras de cancro”.

Ao todo, as advertências combinadas (texto e imagens) passam a ocupar 65% das embalagens, no caso dos maços de cigarros, em ambas as faces.

A nova rotulagem vai começar a ser usada nos maços a partir de 20 de maio, sendo no entanto estabelecido ainda um período de um ano (até 20 de maio de 2017) para escoar as embalagens antigas.

A linha de cessação tabágica foi anunciada pela primeira vez no fim de agosto de 2014, com data prevista de arranque para final do mês seguinte (setembro).

No final de novembro, o então secretário de Estado da Saúde Leal da Costa anunciou para o início de 2015 o arranque da linha de cessação tabágica, bem como a revisão da lei do tabaco.

Em abril desse ano, a linha ainda não estava a funcionar e o Ministério da Saúde anunciou novamente o seu arranque para o dia 31 de maio, Dia Mundial Sem Tabaco.

No entanto, no final desse mês foi tornado público pela tutela que a linha de cessação tabágica ficaria afinal a aguardar a lei do tabaco, para fazer coincidir o seu lançamento com a publicação da legislação.

O diploma foi publicado em agosto e entrou em vigor em janeiro de 2016, mas a linha de cessação tabágica continuou sem existir.

Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis
A Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis está a assinalar esta semana o Dia Mundial da Saúde com a realização de caminhadas,...

A prevenção da diabetes é o principal objetivo das “práticas e atividades saudáveis” que vão decorrer em 11 municípios inscritos na rede, uma vez que foi este o tema escolhido este ano pela Organização Mundial de Saúde para as comemorações deste dia.

Caminhadas, ateliês temáticos, rastreios de saúde e aulas de ginástica são algumas das atividades previstas, e que visam contrariar “os fatores de risco associados à grande maioria das doenças crónicas”, explicou a organização em comunicado.

A Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis (RPMS) foi criada em 1997, com o objetivo de desenvolver o projeto ‘Cidades Saudáveis’, que promove a saúde de uma forma geral e, segundo o site da associação, se centra “na importância dos condicionantes da saúde na melhoria da qualidade de vida da população das comunidades locais”.

Atualmente, a rede é composta por 30 municípios para os quais a promoção da saúde é assumida “como uma prioridade da sua agenda política”.

Infarmed
O Infarmed, em colaboração com o Titular de AIM, vai retirar do mercado o medicamento Locabiosol 125 microgramas, solução para...

Esta decisão decorre do risco de reações alérgicas graves e há evidência limitada dos benefícios do medicamento.

Assim, o Infarmed esclarece o seguinte:

- Esta decisão será implementada em todos os estados membros da União Europeia; 
- Em Portugal, a data efetiva da retirada do mercado será comunicada até ao final do mês de abril;
- Os profissionais de saúde devem aconselhar os doentes sobre os tratamentos alternativos, caso seja necessário;
- Os doentes devem recorrer aos profissionais de saúde em caso de dúvida. Para mais informação sobre esta decisão, consulte a informação anteriormente divulgada.

O Infarmed continuará a acompanhar e a divulgar todas as informações pertinentes relativas a esta matéria.

Combate ao cancro
A Liga Portuguesa Contra o Cancro decidiu criar um prémio nacional a atribuir a personalidades que durante a vida se destacaram...

A decisão foi anunciada pelo presidente desta instituição, Vítor Veloso, durante a sessão comemorativa dos 75 anos da Liga Portuguesa contra o Cancro, que contou com intervenções do próprio Sobrinho Simões, do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Vítor Veloso explicou que o prémio será anual e "terá cada ano um nome, que será o seu patrono", acrescentando: "Este ano será denominado professor doutor Manuel Sobrinho Simões". O anúncio foi recebido com uma salva palmas pelos presentes no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Por sua vez, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou que vai condecorar a Liga Portuguesa contra o Cancro com a Ordem do Infante D. Henrique.

O chefe de Estado referiu que a missão de utilidade pública da Liga Portuguesa contra o Cancro "foi reconhecida em 1966, quando agraciada com a Ordem da Benemerência, e em 2006, quando agraciada com a Ordem de Cristo".

"E eu decidi, como primeira condecoração no início do mandato presidencial, agraciar com a Ordem do Infante Dom Henrique que será entregue no termo da celebração dos 75 anos", acrescentou o Presidente da República.

Observatório Nacional das Doenças Respiratórias
Quarenta e sete pessoas morrem, em média, por dia em Portugal por doenças respiratórias, com os cancros e as pneumonias a serem...

Dados do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR) mostram que só em 2014 estas patologias foram responsáveis por 70 mil internamentos, o que corresponde a 12% do total de internamentos hospitalares.

Num período de 10 anos, entre 2005 e 2014, os internamentos por doenças respiratórias apresentaram um crescimento de 2,4%, superior ao 1,6% registado no total da área da medicina.

“Dados estatísticos disponíveis continuam a apontar para um peso enorme das doenças respiratórias, em incidência e prevalência, em número de internamentos hospitalares e em número de óbitos. Mais, em muitos grupos nosológicos, como as pneumonias e os cancros, os números não só persistem como se têm vindo a agravar ao longo dos 12 anos que temos analisado nestes relatórios”, refere o Observatório.

Quanto aos óbitos, entre 2009 e 2013 houve um aumento da mortalidade por doenças respiratórias de 11,8%, enquanto no mesmo período a mortalidade global mostrou uma tendência de estabilidade (redução de 0,99%).

Só a mortalidade por os tumores malignos respiratórios cresceram 21% e por pneumonia houve um aumento de 27%.

“Os dois principais problemas em saúde respiratória parecem ser os tumores malignos e as pneumonias, justificando estratégias de controle específicas”, indica o Observatório.

Aliás, no relatório sobre Doenças Respiratórias da Direção-geral da Saúde apresentado no mês passado, Portugal surge como o segundo país da Europa com a mais elevada taxa de mortalidade padronizada por pneumonia, colocando o país “mal na fotografia.

De um conjunto de 23 países europeus da OCDE, Portugal apenas é ultrapassado pela Eslováquia, que surge como o Estado com maior taxa de mortalidade por pneumonia.

Já o relatório do Observatório refere que as pneumonias, como diagnóstico principal, representam 40% dos internamentos da área respiratória e o seu peso é “particularmente significativo” nos mais idosos (acima dos 79 anos), onde aumentaram 142% em 10 anos.

Estes dados levaram o Observatório a realizar, em parcerias, estudos mais específicos sobre a pneumonia. Ainda que haja uma relação entre o Inverno, epidemias de gripe e pneumonias, o estudo realizado mostrou “uma maior taxa de mortalidade nos casos que ocorrem em meses de Verão, sublinhando a gravidade dessas situações”

“Tudo aponta para que um fator de perigosidade é o tempo que decorre entre o início dos sintomas, o diagnóstico e o início da terapêutica. Para melhorar este indicador é crucial a educação da população, a sensibilização dos profissionais de saúde e a acessibilidade aos serviços de saúde”, defende o Observatório, que volta a propor a criança de uma Via Verde das Pneumonias, para acelerar sinalização e correto tratamento dos doentes.

António Carvalheira Santos, da Fundação Portuguesa do Pulmão, admite que os fatores socioeconómicos e as fracas condições de habitabilidade em Portugal possam estar ligados com a elevada prevalência de pneumonias e com as altas taxas de mortalidade.

Acresce ainda que as pneumonias na população mais velha não geram muitas vezes os mesmos sintomas do que noutras faixas etárias, o que dificulta o diagnóstico.

O relatório aponta ainda para a escassez do número de pneumologistas em Portugal e sobretudo para a forma irregular como está distribuído em Portugal, com um défice sentido sobretudo a sul do Tejo.

Teles de Araújo, presidente do Observatório, considera que o rácio de um pneumologista por 25 mil portugueses “é razoável”, apontado sobretudo para a má distribuição de especialistas, que estão concentrados sobretudo na área metropolitana de Lisboa, do Porto e na região Centro.

Este médico refere ainda a insuficiência de enfermeiros e de camas hospitalares, situações que urge ver resolvidas para melhorar cuidados.

“Há seguramente um défice de camas hospitalares, ao contrário do que muitas vezes é afirmado, não se compreendendo a diminuição do número de camas verificada entre 2000 e 2012. Não podemos deixar de referir, ao falar de camas hospitalares, o gritante défice de camas de cuidados continuados e paliativos, para o qual temos repetidamente chamado a atenção. Ao tratarmos populações envelhecidas, sofrendo de múltiplas doenças crónicas é absolutamente imperioso que esta deficiência seja corrigida”, conclui o relatório do Observatório.

Em Portugal
Um estudo do Instituto de Saúde Pública do Porto revela que os católicos são os que doam mais embriões para a investigação...

Esta investigação realizada num hospital universitário português, reforça a ideia de que o consentimento informado para a doação de embriões para investigação científica só deve ser assinado no final dos tratamentos de fertilidade.

Este trabalho científico, publicado na revista Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica, analisa a vontade de casais sujeitos a tratamentos de Procriação Medicamente Assistida de doarem embriões crio-preservados para investigação científica desde 15 dias após a transferência do embrião (momento em que já existe uma confirmação, ou não, da gravidez) até 12 meses depois, tendo em conta fatores psicossociais, demográficos e reprodutivos. Os participantes foram avaliados em dois momentos distintos.

A escolaridade, a prática religiosa e a importância dada à investigação influenciam a tomada de decisão para a doação de embriões crio-preservados por casais sujeitos a tratamentos de fertilidade.

Participaram neste estudo 72 casais heterossexuais sujeitos a tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (fertilização in vitro ou microinjeção intracitoplasmática de espermatozoide) num hospital universitário português, entre 2011 e 2012.

Se, no início, uma grande parte (86,5%) dizia estar disposta a doar os embriões, no segundo momento verificou-se um decréscimo significativo dessa vontade (76,3%).

Susana Silva, uma das investigadoras responsáveis pelo trabalho, ressalvou que “Portugal apresenta, em termos europeus, uma das proporções mais elevadas de casais dispostos a doar embriões para investigação científica”.

Enquanto os participantes com menor escolaridade (≤12 anos de educação) não tiveram uma evolução significativa na vontade de doar ao longo do tempo, mais participantes educados (>12 anos de estudo) mostraram-se menos dispostos a doar embriões para pesquisas.

Sobre este aspeto, a investigadora Susana Silva disse que “um dos argumentos que as pessoas usam para doar prende-se com as expectativas sobre os benefícios”, além de que o facto de “em Portugal não estar a ser desenvolvido nenhum projeto com embriões humanos leva a que não vislumbrem uma concretização efetiva”.

A intenção da doação não se alterou naqueles com uma prática religiosa mais frequente (pelo menos uma vez por mês), ao contrário daqueles cuja prática religiosa acontece menos de uma vez por mês.

Também não houve variações nos casais que consideraram a pesquisa com embriões humanos “muito importante”. Aqueles para quem aquela é apenas “importante” registaram um decréscimo na sua intenção de doá-los para investigação.

“O facto de haver mudança ao longo do tempo realça a importância de ponderar sobre o momento adequado de aplicação do consentimento informado, apontando para que este deva ser assinado no final do tratamento”, reforçou Catarina Samorinha, a primeira autora do artigo.

Acrescentou que “conhecer as experiências e perspetivas dos pacientes quanto aos fatores humanos e do sistema de saúde que estão envolvidos no processo de decisão em relação à doação de embriões para investigação científica, é fundamental para melhorar a prestação de cuidados centrados no paciente no contexto da Procriação Medicamente Assistida”.

A investigadora Susana Silva considerou que estas conclusões levam “a pensar nas orientações do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida” para a assinatura do consentimento informado, que, como reforçam os dados resultantes desta investigação, “deverá ser feita no fim do tratamento, em consonância com as recomendações do Comité de Ética da Sociedade Americana para a Medicina Reprodutiva”.

Como nos afetam
As úlceras podem ser traumáticas ou aftosas. Saiba o que pode fazer para as controlar.

Úlceras Traumáticas

Há agressões de diverso tipo que podem ocasionar úlceras na mucosa oral. Podem ser ocasionadas por ação mecânica pelas próteses dentárias, por agentes químicos como o ácido acetilsalicílico ou de origem térmica, quando causadas por líquidos muito quentes.

Após remoção do agente agressor, o alívio da dor consegue-se com aplicação de gel oral de um anestésico local, como lidocaína 2%.

Úlceras Aftosas

A presença de úlceras aftosas é uma situação que afeta grande parte da população com prevalência de recorrência entre 5 e 20% da população. De um modo geral surgem pela primeira vez, entre os 10 e 40 anos, reduzindo a frequência de à medida que a idade avança. Cerca de 75% dos casos são ligeiros e autolimitados.

As úlceras podem ser pequenas e redondas surgindo nas zonas moles da boca e base das gengivas, na língua e debaixo desta, com predisposição para infetar e de cura difícil.

As úlceras de maiores dimensões podem unir-se e formar uma grande úlcera que cura em 30 dias. Não surgem nos lábios e não são contagiosas.

Etiologia

A etiologia não está completamente estabelecida e pode relacionar-se com a dieta, alterações hormonais, doenças hematológicas e outras. Estão ainda descritas como associadas, situações como o stresse, traumatismo da mucosa, ansiedade, medicamentos (nicorandil, anti-inflamatórios não esteroides e nicotina oral), deficiência em ferro, infeção, determinadas doenças (intolerância ao glúten, doença de Crohn, doença celíaca, infeção por HIV e doença de Behçet) e hereditariedade.

Sintomatologia

As úlceras surgem abruptamente, embora haja casos em que o doente que apresenta sensação de queimadura e latejar na boca antes do seu aparecimento. Podem surgir em adultos e crianças. As úlceras aftosas são dolorosas e recorrentes curando-se sem tratamento em 10-14 dias, embora os bochechos e pastilhas aliviem a dor e ajudem a curar mais rapidamente.

As lesões podem surgir isoladas ou em grupos e o seu diâmetro pode atingir 5 mm, são geralmente de centro branco ou amarelado com bordos avermelhados.

As úlceras podem aparecer cobertas de uma película amarela e a dor pode aumentar com determinados alimentos, particularmente os condimentados e geralmente, curam em 7-10 dias.

Há 3 tipos de úlceras aftosas:

Minor: surgem em 8 de 10 casos. São pequenas, redondas ou ovais com menos de 10 mm de diâmetro. São amarela pálido com a área em torno vermelha e edemaciada, podendo surgir de 1-5 úlceras e permanecer 7-10 dias, não são muito dolorosas e desaparecem sem deixar cicatriz.

Major: surgem um em 10 casos. Possuem diâmetro superior a 10 mm e aparecem 1-2 de cada vez, cada úlcera dura de 2 semanas a vários meses para curar e deixam cicatriz. Podem ser muito dolorosas dificultando a ingestão de alimentos.

Úlceras herpetiformes: surgem um em 10 casos. São úlceras com dimensão da cabeça de alfinete, com cerca de 1-2 mm de diâmetro, ocorrendo múltiplas úlceras ao mesmo tempo que podem juntar-se e adquirir formas irregulares. Cada úlcera perdura de 1 semana a 2 meses. Não estão relacionadas com infeção herpética.

Situações que podem mascarar as úlceras aftosas

Há situações que podem ocasionar lesões que se assemelham e que podem confundir-se com úlceras aftosas, destacando-se:

  • Lesões por escovagem exagerada, morder o interior da bochecha, ingerir alimentos acídicos ou muito condimentados;
  • Utilização de pasta de dentes com laurilsulfato de sódio;
  • Ingestão de alimentos sensibilizantes: chocolate, café, citrinos, morangos, ovos, nozes, queijo e ananás;
  • Alergia a alguma bactéria da boca;
  • Infeção por Helicobacter pylori;
  • Deficiência em ferro, vitamina B12 ou folatos;
  • Alterações hormonais como a menstruação;
  • Estados emocionais.

Tratamento das úlceras aftosas

Não há medidas preventivas das úlceras aftosas e o tratamento destina-se a aliviar a dor e acelerar a cura, não havendo necessidade de tratamento sistémico se a dor for ligeira, sobretudo nas úlceras minor.

Medidas gerais

Destacam-se as seguintes:

  • Na lavagem da boca pode usar água salgada ou bicarbonato de sódio (1 colher de chá de bicarbonato de sódio em meia chávena de água morna);
  • Pode aplicar na úlcera uma mistura de 1 colher de chá de difenidramina com 1 colher de chá de um antiácido de alumínio ou outro análogo;
  • Pode aplicar na úlcera leite de magnésia, várias vezes ao dia;
  • Cobrir a úlcera com uma pasta de bicarbonato de sódio com água;
  • Aplicar pedaços de gelo sobre a úlcera, até fundir;
  • Utilizar escovas de dentes macias e lavar os dentes suavemente não usando pastas que formem espuma;
  • Consultar o dentista se a prótese não se fixa bem;
  • Na suspeita de medicamentos causadores das úlceras, consultar o médico para avaliação e eventual substituição;
  • Evitar alimentos picantes, muito condimentados e salgados, frutos e sumos de frutos ácidos;
  • Para evitar que os líquidos toquem nas úlceras pode bebe-los utilizando uma palhinha, evitando bebidas muito quentes que podem queimar a garganta;
  • Cuidado ao comer:

o  Não comer e falar ao mesmo tempo;
o  Evitar alimentos sensibilizantes: chocolate, café, citrinos, morangos, ovos, nozes, queijo e ananás;
o  Ingerir alimentos saudáveis;

  • Se utilizar pastilhas de substituição de nicotina optar por outra via de administração da nicotina como os sistemas transdérmicos.

Situações de referência ao médico
Os indivíduos com úlceras aftosas recorrentes, de grandes dimensões e muito dolorosas devem ser dirigidas ao médico e submetidos a análise ao sangue para identificar alguma deficiência em ferro, vitamina B12 ou folatos e, submetidos a terapêutica de correção. Também quando surgem em crianças com menos de 10 anos, quando não curam em 14 dias, úlceras sem dor, com febre ou sinais de doença sistémica, úlceras com mais de 1 cm de diâmetro ou em grupos com mais de 5 úlceras devem ser dirigidos ao médico.

O médico deve ser consultado, quando:

  • As úlceras estão infetadas com dor grave, vermelhas, com mal-estar e febre, que requerem terapêutica antibiótica sistémica;
  • Surgem novas úlceras antes das anteriores estarem curadas;
  • Duram 3 ou mais semanas;
  • Se estendem ao interior de todo o lábio;
  • Ocasionam dor incontrolada;
  • Febre elevada com herpes labial.

Outros tipos de úlcera podem significar uma doença de base grave e requerem referência do doente ao médico. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Causas e sintomas
A obstipação é uma situação frequente considerando-se que afeta cerca de ¼ da população mundial, é m

Afeta pessoas de qualquer idade e género, sendo mais frequente na mulher, idosos, não caucasianos e pessoas com nível socioeconómico reduzido. É um problema comum durante a gravidez, após o parto ou cirurgia, podendo ser ocasionada por medicamentos analgésicos opioides e anticolinérgicos, entre outros.

A frequência normal dos movimentos intestinais varia de 2 movimentos diários até um de 3 em 3 dias, pelo que a obstipação difere de indivíduo para indivíduo, daí que seja necessário perguntar a quem se queixa de obstipação, como eram os seus hábitos de defecação anteriores. Para se considerar as queixas como obstipação há 2 critérios:

  • Haver uma mudança na frequência de movimentos intestinais;
  • Existência de fezes duras com dificuldade de eliminação.

Pode haver outros sintomas como a sensação de esvaziamento incompleto dos intestinos, dor ou desconforto abdominal e flatulência.

Uma obstipação duradora pode ocasionar doença hemorroidária, impacto fecal no colon ou reto, obstrução intestinal ou complicações do trato urinário, pelo que deve ser corrigida atempadamente.

A obstipação pode surgir abruptamente e ser de curta duração ou ser crónica permanecendo durante muito tempo, até anos. A maioria dos casos de obstipação aguda não é grave e a compreensão das causas da obstipação ajuda a corrigi-la.

Causas de Obstipação
Embora possam existir diversas causas para a ocorrência de obstipação, podem ser subdivididas em 2 tipos. Na obstipação simples ou funcional não existe patologia indutora, contrariamente à secundária que requer referência do doente ao médico. A obstipação simples ou funcional pode ser induzida pela ingestão insuficiente de líquidos ou fibras que reduzem o volume fecal e/ou a motilidade intestinal, uso ou abuso de laxantes e de medicamentos indutores da obstipação. As dietas de emagrecimento causam habitualmente obstipação.

Avaliação Sintomática
Para uma indicação farmacêutica adequada o doente deve ser avaliado em diversos parâmetros para caracterizar a obstipação e decidir se deve ser dirigido ao médico para avaliação ou se a obstipação pode ser corrigida com indicação farmacêutica com MNSRM. Para caracterização da obstipação deve ser conhecida a sua duração e como se iniciou.

Duração: uma obstipação até 4 dias resolve-se espontaneamente a menos que haja sintomas. Contrariamente, se for mais prolongada pode corrigir-se com Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e, caso não se resolva o doente deve ser referenciado ao médico.

As crianças e os idosos podem apresentar obstipação por preguiça em defecar, o que pode ocasionar uma obstipação crónica. Quando não tratada, esta obstipação pode conduzir a perda ou redução do tónus intestinal e progredir para megacólon (dilatação permanente) dificultando o peristaltismo e a atividade de laxantes, conduzindo a movimentos intestinais com uma frequência que pode ser inferior a um por semana.

Início: devem analisar-se alterações de estilos de vida que possam ter ocorrido e sejam responsáveis pela obstipação, como mudanças da dieta com redução da ingestão de fibras, ou de líquidos. A toma de diuréticos também pode contribuir para obstipação pela perda de fluídos. Outras alterações nos estilos de vida como o stresse, a mudança de emprego, viagens, mudança do local de toma de refeições, alterações de exercício, entre outras. Algumas doenças podem ocasionar obstipação assim como alterações de estados fisiológicos como a gravidez e a geriatria. A tabela 1 resume os medicamentos que mais frequentemente podem ocasionar obstipação bem como as restantes causas possíveis.

Tabela 1 – Principais causas indutoras de obstipação

Sintomas Associados
É conveniente identificar sintomas que se associam à obstipação e caracterizá-los para melhor poder intervir. Deve ser analisado se existem sintomas como os referidos abaixo:

Indisposição: quando a indigestão impede as atividades diárias durante as crises de obstipação, o doente deve ser dirigido ao médico para identificar eventual causa orgânica da obstipação. Pode ainda surgir febre ou suores noturnos.

Sangue nas fezes: não é raro observar-se a presença de sangue fresco na superfície fecal na crise de obstipação, habitualmente ocasionado por doença hemorroidária ou fissura no canal anal porque as fezes de difícil eliminação podem afetar os tecidos do reto e ânus. Quando o sangue está misturado com as fezes é escuro e descrito como “borras de café” pode significar uma situação grave, como as resultantes de diverticulose, cancro, úlcera péptica e requer que o doente seja dirigido ao médico. Doentes submetidos a terapêutica com sais de ferro também apresentam obstipação e fezes coradas de negro, o que não apresenta problemas.

Dor: quando surge dor contínua ou grave, durante 2 ou mais dias juntamente com a obstipação, o doente deve ser dirigido ao médico para avaliação das causas possíveis, havendo possibilidade de uma obstrução intestinal por eventual tumor.

Náuseas e vómitos: dado que não é comum a ocorrência de náuseas ou vómitos associados à obstipação e, podendo relacionar-se com obstrução intestinal, os doentes devem ser dirigidos ao médico.

Perda de peso: quando a perda de peso é marcada e, por poder relacionar-se com doença grave, o doente deve ser referenciado ao médico.

Diarreia: períodos de alternância entre diarreia e obstipação podem refletir síndroma de intestino irritável nos jovens. No idoso, a obstipação pode relacionar-se diarreia por abuso de laxantes, que esvaziou os intestinos e se reflete em obstipação posterior. Casos de resolução difícil devem ser referenciados ao médico.

Doenças concomitantes: o hipotiroidismo associa-se a obstipação, letargia e sonolência. Doentes com depressão, pela medicação que tomam, bem como doentes com angina de peito ou enfarto do miocárdio recente podem apresentar obstipação por evitar a força de defecar. Também é comum a obstipação em doentes de Parkinson. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
Os progressos da tecnologia e a relação médico/utente precisam da mediação da Bioética.

O Núcleo de Estudos em Bioética da Sociedade Portuguesa de Medina Interna (NEBioMI) acaba de ser reativado por iniciativa do Presidente da Direção, Manuel Teixeira Veríssimo.

A coordenação do NEBioMI, nesta fase de refundação, foi atribuída a António H. Carneiro Internista e Intensivista, Diretor do Departamento de Medicina, Urgência e Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital da Luz Arrábida em Vila Nova de Gaia.

Segundo os promotores deste núcleo de estudos a globalização, a evolução da tecnologia, a capacidade de se intervir no curso da vida (tal como ela nos foi dada), bem como a acelerada inversão da estrutura etária dos países mais desenvolvidos, colocam novos desafios ao exercício da medicina que exigem a intermediação bioética.

Neste contexto, o NEBioMI propõe-se ser um fórum de reflexão capaz de contribuir para a melhoria da prática clínica num mundo em mudança no qual os valores tradicionais são questionados e desafiados.

No último século a tecnologia revolucionou dramaticamente a relação da medicina com as pessoas porque permitiu intervir no início da vida (criando e selecionado artificialmente embriões humanos e clonando animais superiores), tratar doenças previamente fatais, substituir órgãos por órgãos de cadáver e/ou prótese biomecânicas, criar Cyborgs (organismo cibernéticos – em parte humanos em parte máquinas ou peças artificias) e suportar artificialmente funções vitais (que contribuem para salvar vidas mas que podem limitar-se a prolongar o fim de vida).

Neste contexto, o médico tem a responsabilidade de intermediar o poder que é capaz de manipular (na dimensão que lhe é acessível) e a vulnerabilidade de quem o procura na condição de doente. “Ao médico impende a responsabilidade profissional de responder às solicitações da pessoa que o procura em condição vulnerável, ajuizando no contexto de cada situação o que deve fazer ao mesmo tempo que pondera, caso a caso, do que se pode fazer o que é que se deve fazer”, explica António H. Carneiro.

A primeira sessão do NEBioMI, realizada no dia 18 de março, incluiu duas conferências: “Da Ética à Bioética”, por Walter Osswald, professor jubilado da FMUP e um dos fundadores da Bioética em Portugal, do Centro de Estudos Bioéticos da UP, e “Vulnerabilidade e responsabilidade na relação médico/doente”, proferida por Maria do Céu Patrão Neves, professora catedrática de Filosofia, eurodeputada e assessora da Presidência da República, formada em bioética no Kennedy Institute of Ethics (EUA).

Ordem dos Psicólogos
Uma maior intervenção dos psicólogos na diabetes pouparia 63 milhões de euros por ano ao Serviço Nacional de Saúde, disse o...

À margem da sua intervenção no 7.º Encontro do Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria, Diamantino Santos alertou para a falta de psicólogos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), considerando que a sua existência em maior número contribuiria para uma poupança de milhões de euros.

"A população procura psicólogos, mas não encontra resposta, porque muito poucos estão a trabalhar no SNS. Há programas, como por exemplo, na diabetes, em que uma intervenção permitiria poupar 63 milhões de euros por ano. Imagine-se isso dedicado à saúde mental propriamente dita ou a certas patologias, como a obesidade ou as hipertensões", sublinhou o psicólogo.

Diamantino Santos explicou que o valor referido tem por base vários estudos internacionais, que comparam grupos experimentais e grupos de controlos em determinada intervenção psicológica, tendo em conta o número de consultas, o valor de cada uma, a adesão à medicação, uma diminuição do uso de medicamentos, menos patologias associadas, entre outros fatores.

"Havendo uma diminuição, há uma poupança clara", sublinhou.

O psicólogo afirmou que não se trata de "propor um milagre" em que "o psicólogo resolve tudo". "Agora, integrado numa equipa multidisciplinar, é um coadjuvante para que todos estes processos possam decorrer, sobretudo com uma melhoria na qualidade de vida das pessoas e com menor custos".

O psicólogo revelou ainda que Portugal está muito longe dos rácios recomendados. "Todas as regiões têm um rácio substancialmente inferior àquele que é a recomendação internacional, que é de um psicólogo para cinco mil pessoas".

Diamantino Santos exemplificou com a região de Lisboa, que "tem apenas 49% dos psicólogos que seriam necessários".

"Estamos a falar de uma região densamente povoada e os pedidos de consultas são inúmeros. Posso dizer que há pouco tempo num hospital central em Lisboa havia um psicólogo para 30 mil utentes", acrescentou, lamentando que o Governo se centre na "velha questão dos custos".

"O que se poupa é substancialmente muito maior do que os custos com os psicólogos. Não é uma despesa, é um investimento para o futuro, porque tem benefícios na qualidade de vida das pessoas", referiu ainda o vogal da Ordem dos Psicólogos.

A falta de especialistas impede um trabalho ao nível da prevenção, tendo impactos na saúde mental "mais à frente", com "custos superiores para o erário público", frisou.

"Devíamos ter psicólogos a trabalhar não só a nível preventivo - dos cuidados de saúde primários -, mas também ao nível dos cuidados de saúde secundários e até terciários, para permitir uma resposta adequada em termos de cuidados de saúde à população", considerou.

Diamantino Santos criticou ainda os responsáveis por alguns hospitais que sugerem a redução do tempo de consultas para dez ou 15 minutos. "Menos de 30 minutos não é uma consulta, é uma conversa".

Segundo dados apresentados pelo vogal da Ordem no encontro, existem 2.897 psicólogos na Região Centro, que cobre sete distritos: Castelo Branco (171), Coimbra (885), Guarda (170), Leiria (556), Portalegre (134), Santarém (450) e Viseu (531). Destes, 50% são psicólogos clínicos, 30% educacionais e os restantes ligados às diversas vertentes da psicologia.

Em Portugal
Conselho de peritos que emite pareceres técnicos em casos graves recebe quatro processos por semana e está a demorar a responder.

A perna de uma mulher foi amputada porque os médicos cortaram uma artéria em vez de uma veia durante uma cirurgia às varizes. Um homem operado por causa de uma sinusite acabou por ficar cego. Um médico esqueceu-se de uma pinça no abdómen do doente durante uma cirurgia. São exemplos de casos que chegaram a tribunal, mas há muitas queixas de alegada má prática médica que não deram origem a acusação, muitas por não terem fundamento, outras porque obter e fazer prova neste tipo de situações é muito difícil.

Em Portugal, é impossível aceder a números rigorosos sobre denúncias daquilo que comummente se designa como negligência médica. Mas há alguns dados que permitem ter uma ideia aproximada da evolução deste fenómeno. O mais expressivo é o número de queixas em casos que resultaram em morte ou incapacidades graves que chegam ao Conselho Médico-Legal do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), órgão ao qual os magistrados podem recorrer desde 2001 para pedir pareceres técnico-científicos em processos complexos.

Em 2014 (últimos dados disponíveis) atingiu-se o valor mais elevado de sempre. Entraram nesse ano no conselho 213 processos, a esmagadora maioria dos quais relativos a situações de eventual negligência médica. Os números não diferem muito dos de anos anteriores, sobretudo desde 2008, quando se observou um pico (ver infografia), mas em 2014 há uma diferença: nesse ano, pela primeira vez, o total de pareceres emitidos pelo conselho foi muito inferior ao de processos entrados (125).

Mas há inúmeros casos que escapam a este crivo. Há pessoas que enviam denúncias não só para as autoridades judiciais, mas também para as ordens que representam os profissionais e ainda para organismos como a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS). As queixas podem resultar em sanções penais, civis, disciplinares.

Nos processos-crime, o que se consegue saber, com rigor, é o número de inquéritos da que será ainda a única secção do Ministério Público especializada na investigação deste tipo de crimes. Com 103 inquéritos pendentes, a 6.ª Secção do DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) de Lisboa recebeu, ao longo do ano passado, 65 novos casos, mais uma dezena do que em 2014, adiantou ao jornal Público a procuradora Emília Serrão.

Sublinhando que a quantidade de inquéritos tem variado de ano para ano, a magistrada explica que, desde 2011, os números se cifram anualmente “entre 67 e 65”, incluindo as participações enviadas pela IGAS. Certo é que a maior parte acaba por ser arquivada. A percentagem de acusações “ronda os 4%”, estima a magistrada. Razões? Este tipo de crime é “muito difícil de investigar” por causa da dificuldade de “obtenção de prova”, além de que “não é fácil que o médico deponha contra outro médico e há sempre uma opinião divergente”, explica.

Mas não só: o facto de se verificar, nos últimos dois a três anos, “grandes atrasos” na resposta aos pedidos de parecer do Conselho Médico-Legal do INMLCF também terá alguma influência. “Embora se reconheça que [os peritos] vêm fazendo um grande esforço e que trabalham para todo o país, aguarda-se mais de um ano”, frisa a magistrada.

Acentuando que os “pareceres são normalmente emitidos em menos de um ano”, apesar de por vezes haver “pareceres que demoram mais tempo”, a assessoria do INMLCF justifica a diminuição abrupta verificada em 2014 na elaboração destas perícias com o facto de se ter procedido “à recomposição” do Conselho Médico-Legal e ter sido mudado o Conselho Diretivo do instituto. “Há processos com três ou mais volumes de informação clínica, ultrapassando por vezes as mil páginas, a qual é minuciosamente analisada”, acrescenta.

De resto, há uma explicação suplementar: por vezes, depois de chegarem a acordo nas negociações quanto a pedidos de indemnização, “os acusadores perdem o interesse na apresentação da queixa”, indica Emília Serrão.

Sendo poucas, as acusações deduzidas têm, contudo, vingado e, excetuando o caso do Avastin (em que seis doentes ficaram total ou parcialmente cegos no Hospital de Santa Maria, em 2009), os tribunais da Relação têm confirmado as decisões, destaca a procuradora.

Dois mundos à parte
Juristas especializados neste tipo de casos têm vindo a defender que o sistema instituído em Portugal não beneficia nem os doentes nem os médicos, que ficam a aguardar pela conclusão de processos que se arrastam anos a fio nos tribunais. Habitualmente, nos hospitais públicos, cabe ao paciente provar que houve culpa com dolo, o que é complexo. “É muito difícil provar que houve culpa”, sustenta André Dias Pereira, professor auxiliar da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que destaca o exemplo de França, onde existem sistemas de conciliação que integram juízes e peritos médicos e os doentes são rapidamente ressarcidos.

A vice-presidente da Associação Portuguesa do Direito à Saúde, Filomena Girão, realça que é fundamental harmonizar as regras que regulam o sector público e privado e caminhar para “uma objetivação da culpa”, notando que o que a maior parte dos queixosos pretende não são “indemnizações milionárias”.

Defendendo também uma harmonização da legislação, André Dias Pereira continua sem entender as discrepâncias entre o sistema público e privado em Portugal. Nos hospitais públicos, cabe ao lesado provar a culpa, ao contrário do que sucede no privado. Também o prazo de prescrição do direito de indemnização, se houver responsabilidade contratual, é de 20 anos no privado e de apenas três no público. De igual forma, as regras de acesso ao processo clínico por parte do doente ou dos familiares após a morte variam. No público, em teoria o acesso é direto, enquanto no privado deve ser intermediado por outro profissional de saúde. São dois mundos à parte no mesmo país.

Oito anos até à sentença
Também o tempo que os processos demoram nos tribunais se tem revelado um problema. Um estudo recente revelou que a justiça demora cerca de oito anos, em média, até chegar a uma sentença. Mas há quem espere muito mais: em Dezembro, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou o Estado português ao pagamento de uma indemnização de 39 mil euros, por danos morais, à viúva de um homem que morreu com uma septicemia (infeção generalizada), após uma operação para extração de pólipos nasais, há quase duas décadas.

Depois de ter recorrido a todas as instâncias possíveis em Portugal por acreditar que a morte do marido, em 1998, se devera a sucessivos atos de negligência médica, sem que os tribunais e a Ordem dos Médicos lhe dessem razão, Isabel Fernandes invocou o artigo 2.º (direito à vida) da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e pôs em causa a demora dos processos judiciais que interpôs. O tribunal europeu deu-lhe razão.

À Ordem dos Médicos (OM) chegam todos os anos muitas queixas. Só em 2015, a OM abriu 649 processos, decidiu 592 e arquivou 561. Menos do que em 2014, ano em que mudaram os conselhos disciplinares e “houve um esforço para dar sequência a processos que vinham do passado”, explica o bastonário José Manuel Silva. No ano passado, a OM condenou 31 médicos, metade com penas de advertência, 14 de censura e dois médicos foram suspensos por um ano. Mas a OM não faz triagem nem especifica os motivos que deram origem aos processos.

Estudos revelam
Tratar a depressão e evitar a deficiência de vitamina D pode reduzir o risco de complicações cardiovasculares, segundo dois...

"A nossa investigação mostra que um tratamento eficaz e rápido da depressão parece reduzir o risco de complicações cardiovasculares que, de outra forma, aumentariam significativamente", disse Heidi May, médico epidemiologista do Medical Center Institute Intermountain Heart em Salt Lake City, no Utah.

O estudo foi apresentado na conferência do American College of Cardiology, celebrada em Chicago, escreve o Sapo. Os investigadores analisaram os dados de pacientes com depressão que fazem parte do sistema de saúde "Intermountain Healthcare", que abrange mais de cem mil pessoas.

Depois, compilaram informações de 7.550 pacientes que responderam a pelo menos dois questionários durante um mínimo de um a dois anos. Em seguida, foi feito um acompanhamento destes pacientes para comprovar se tinham sofrido algum problema cardiovascular relevante, como enfarte, acidente vascular cerebral ou insuficiência cardíaca.

No final do estudo, os que já não estavam deprimidos apresentaram uma taxa similar de complicações cardiovasculares graves semelhante à daqueles que nunca tinham sofrido de depressão.

No entanto, os investigadores consideram que é necessário fazer estudos clínicos para corroborar estes resultados. Para eles, os sintomas da depressão podem causar mudanças fisiológicas que podem levar rapidamente a problemas cardiovasculares.

Um grupo de cientistas descobriu também que níveis baixos de vitamina D pareciam estar vinculados a ataques de coração, acidentes vasculares cerebrais ou acidentes por insuficiência cardíaca. Para o estudo foram examinados 4.200 participantes com idades entre 52 e 76 anos, um quarto dos quais eram diabéticos e 70% tinham doenças coronárias.

Gilead Génese 2015
A 'reciclagem' de medicamentos para a cura da sida ou fisioterapia em casa para doentes com fibrose quística são dois...

As bolsas serão entregues aos responsáveis pelos projetos distinguidos, na terça-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, numa cerimónia com a presença do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

Na edição de 2015, que contou com o patrocínio do Presidente da República e à qual se apresentaram cerca de 60 candidaturas, foram selecionados, por comissões externas, 13 projetos - oito científicos e cinco comunitários.

Para o total de bolsas a conceder, o programa disponibilizou, no ano passado, 280 mil euros, indicou, numa nota à imprensa, a farmacêutica, que atribui os apoios financeiros desde 2013.

O programa Gilead Génese destina-se a financiar a investigação e as boas práticas de acompanhamento de doentes, no cancro e linfomas, no VIH/sida, nas hepatites B/C e na fibrose quística (doença genética que afeta diversos órgãos, incluindo pulmões, pâncreas e intestinos).

Um dos projetos selecionados está a cargo do Instituto de Investigação do Medicamento, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, e pretende provar que medicamentos usados no tratamento de certas doenças podem ser utilizados para curar pacientes com sida.

O investigador e docente João Gonçalves disse que a sua equipa identificou sete fármacos, associados ao tratamento de doenças neurológicas, que podem ser úteis para a cura da infeção do VIH/sida, lembrando que existem medicamentos para o cancro que já são usados no tratamento da diabetes.

A farmacêutica Gilead Sciences decidiu ainda subsidiar projetos, na área científica, que visam, entre outros, o estudo da eficácia de novos medicamentos em doentes com fibrose quística, o diagnóstico precoce da disfunção renal em seropositivos e a produção em coelhos de anticorpos que neutralizem o VIH.

Na vertente comunitária, foram contemplados com bolsas projetos destinados, nomeadamente, a promover o rastreio e o diagnóstico de VIH/sida, sífilis e hepatites em imigrantes, em Coimbra, o acompanhamento domiciliário de idosos com VIH/sida, no Porto, e o exercício físico e a fisioterapia em casa de doentes com fibrose quística, na região Norte.

Inquérito revela
Cerca de 10% dos licenciados da Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Lisboa em 2013/14 emigraram, principalmente para o...

Em declarações, o docente David Tavares explicou que o tratamento dos resultados do inquérito ainda se encontra em fase preliminar, mas já permitiu detetar grandes tendências deste novo tipo de emigrante, para além do peso, recente, da emigração nas saídas profissionais.

Aliás, David Tavares lembrou que o primeiro estudo sobre a inserção profissional dos recém-diplomados da Escola é de 2008/09 e que “a questão da emigração não se colocava na altura”.

O trabalho de campo do inquérito foi realizado no último trimestre de 2015 e cobriu 374 diplomados, tendo registado uma percentagem de respostas de 80%, destacou Tavares, que é professor coordenador na Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Lisboa (ESTeSL), onde leciona Sociologia da Saúde.

O estudo identificou que a maior parte destes emigrantes nas ilhas britânicas está colocada no serviço nacional de saúde e que a saída para o estrangeiro lhe apareceu como solução de recurso.

Outro traço relevante apurado foi o de as colocações no Reino Unido terem resultado, de forma predominante, de resposta a concursos, e não do recurso a redes de contactos pessoais.

Aliás, a qualidade destes cursos portugueses motiva deslocações de recrutadores potenciais aos politécnicos para promover destinos, como o Reino Unido, salientou David Tavares, que já foi presidente do Conselho Científico da ESTeSL e consultor da ONU.

O inquérito permitiu ainda identificar uma estabilização superior nos vínculos profissionais destes emigrantes em relação aos que ficaram em Portugal, uma vez que 60% daqueles têm contrato por tempo indeterminado, o que compara com 25% do universo total de licenciados.

Da mesma forma, 50% dos emigrantes estão ‘muito satisfeitos’ com a sua situação profissional, contra 24% do conjunto, o que lhes permite começarem a apontar para projetos profissionais de médio prazo, como ‘aumentar a formação’ (47% entre os emigrados; 25% entre os que ficaram) e ‘progredir na carreira’, com valores respetivos de 37% e 25%.

Esta satisfação é também baseada no entendimento de que a função desempenhada é a mais adequada à formação escolar, com 87% dos emigrados a considerarem as suas funções totalmente adequadas ao curso tirado, bem acima da média global de 48%.

Em termos remuneratórios, mesmo relativizando com o nível de vida, 80% dos colocados no Reino Unido ganham mais do equivalente a 1.500 euros líquidos, uma realidade distante da portuguesa, concluiu David Tavares, que acaba de publicar o livro “Introdução à Sociologia da Saúde” e coordena esta área temática na Associação Portuguesa de Sociologia.

A Lusa e o Observatório da Emigração vão organizar o seminário de formação “Indicadores da Emigração”, destinado a jornalistas. A iniciativa vai decorrer hoje, dia 04 de Abril, entre as 09:00 e as 13:00, nas instalações da Agência em Lisboa.

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