Auditoria do Tribunal de Contas
A Administração Central do Sistema de Saúde rejeitou ontem que tenha existido “qualquer intervenção artificial” na gestão das...

“A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) rejeita que tenha existido qualquer intervenção artificial na gestão das listas de utentes, tendo tido oportunidade de detalhar exaustivamente, em sede de contraditório à presente auditoria, todas as intervenções realizadas nesta área”, refere em comunicado, a propósito de uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC).

Mais tempo de espera para uma consulta hospitalar e mais utentes a aguardarem por uma cirurgia entre 2014 e 2016 foram alguns dos aspetos identificados pelo TdC.

De acordo com o relatório da auditoria ao acesso a cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que incidiu no triénio 2014-2016, ocorreu “uma degradação do acesso dos utentes a consultas de especialidade hospitalar e à cirurgia programada”.

De acordo com o Tribunal de Contas, “o Sistema Consulta a Tempo e Horas, gerido pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), não dispõe de informação completa e fiável, que garanta o respeito pelos tempos máximos de resposta aos utentes do SNS”.

Em 2016, este sistema “cobriu apenas 34% do total de primeiras consultas de especialidade hospitalar realizadas no SNS (1.117.912 de 3.478.511 consultas)”.

“Ao não ser universal”, o sistema “não garante a todos os utentes as mesmas condições de acesso”, concluíram os auditores.

O relatório prossegue, afirmando que “as diminuições verificadas em 2013 e 2016 no número de utentes a aguardar primeira consulta de especialidade hospitalar não traduzem uma melhoria efetiva do acesso, resultando de procedimentos administrativos de validação e limpeza das listas de espera, centralizados na ACSS”.

A ACSS, que tem como missão assegurar a gestão dos recursos financeiros e humanos do Ministério da Saúde e do SNS, refere que tem realizado um trabalho de “melhoria contínua dos registos e da informação” sobre o desempenho das instituições do SNS, nomeadamente na área do acesso às cirurgias e às consultas hospitalares.

“Este trabalho foi reforçado em 2016, em articulação com todas as instituições do SNS, envolvendo, entre outras tarefas, a eliminação de erros administrativos que persistiam por limitações associadas ao sistema de informação de gestão do acesso às consultas e que colocavam em causa a obtenção de dados fiáveis e rigorosos”, salienta.

A ACSS aponta que foi possível disponibilizar “informação robusta sobre áreas do acesso aos cuidados de saúde que até então não eram valorizadas” e que na área das cirurgias foram reforçados os procedimentos associados à gestão do acesso.

“O SIGA SNS – Sistema Integrado de Gestão do Acesso ao SNS encontra-se em fase de implementação, trazendo novas regras e processos operacionais de gestão do acesso, numa perspetiva integrada e contínua e permitindo ultrapassar definitivamente as limitações dos atuais sistemas de informação do acesso à consulta e cirurgia”, conclui.

Incêndios
O Grupo de Crise da Administração Regional de Saúde do Centro para os Incêndios defendeu ontem a necessidade de “prosseguir a...

Numa reunião do Grupo de Crise para os Incêndios na região Centro, realizada hoje, na ARS do Centro, foi sublinhada “a necessidade de se prosseguir a dinâmica assistencial de proximidade com as populações, utilizando os recursos existentes a nível de cuidados de saúde primários em articulação com os hospitais, valorizando a intervenção das unidades de saúde mental comunitárias”, afirma a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro.

“A articulação dos cuidados de saúde primários diretamente com os autarcas das câmaras municipais e juntas de freguesia foi também um dos assuntos em discussão” durante o encontro, refere a mesma nota, adiantando que o ministro da Saúde participou na parte “final dos trabalhos”.

Criado no âmbito dos incêndios que começaram em 17 de junho em Pedrógão Grande, o Grupo de Crise da ARS para os Incêndios na região Centro, que é multidisciplinar, reformulou a sua constituição “face à ocorrência dos fogos florestais de outubro”, indica a ARS.

A reunião de ontem, que surgiu “na sequência dos incêndios verificados nos últimos dias na região Centro”, contou com a participação do Conselho Diretivo da ARS Centro, presidido por José Tereso, do Grupo de Crise e de "todas as entidades responsáveis pela prestação de cuidados de saúde, designadamente agrupamentos de centros de saúde (ACeS), unidades locais de saúde, hospitais e centros hospitalares”.

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, “expressou o seu reconhecimento pelo intenso trabalho desenvolvido pelas unidades de saúde durante o passado fim de semana”, dominado pelos incêndios florestais, acrescenta a ARS do Centro.

Adalberto Campos Fernandes, que também “destacou que as unidades de saúde devem intensificar a partilha de recursos e prosseguir o caminho da entreajuda”, juntou-se à reunião depois de ter acompanhado o primeiro-ministro, António Costa, que se deslocou, ontem de manhã, à Unidade de Queimados do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

A Unidade de Queimados é um dos serviços do CHUC onde estão internados um total de 31 feridos dos incêndios de domingo e segunda-feira na região Centro.

Num mercado da cidade de Coimbra
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra dispõe, desde o último sábado, de um Centro de Intervenção na Comunidade situado no...

O espaço foi cedido pela União de Freguesias de Coimbra (UFC), no decurso da realização de atividades de ensino clínico – de Fundamentos de Enfermagem na Comunidade, unidade curricular do 4º semestre da licenciatura – na referida subdivisão administrativa da cidade, que engloba as freguesias da Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu.

Inaugurado pela Presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Maria da Conceição Bento, e pelo executivo da UFC, liderado por Hélder Rodrigues de Abreu, este é um espaço considerado «ideal para o ensino-aprendizagem dos estudantes, seja no âmbito da educação para a saúde, seja no contacto com a comunidade», e ainda para a «realização de procedimentos de Enfermagem diversos», explica a professora Suzana Duarte (na foto em anexo, ao centro).

Todos os anos, 40 estudantes da ESEnfC, alunos de Fundamentos de Enfermagem na Comunidade, frequentam este ensino clínico em espaços da UFC, tanto em instalações das juntas de freguesia, como em paróquias, ou em instituições de apoio à população, fazendo rastreios e educação para saúde.

Conselho Metropolitano do Porto
O presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Emídio Sousa, revelou hoje que Portugal “está num lote muito restrito de...

O também presidente de Câmara de Santa Maria da Feira, que anunciou hoje a cedência da presidência do Conselho Metropolitano do Porto (CMP) a um autarca do PS, afirmou, em conferência de imprensa, que na passada semana esteve em Bruxelas a fazer “lobby” no Parlamento Europeu, “com personalidades importantes do Partido Popular Europeu”.

“Foi importante porque, neste momento, estão a organizar-se sindicatos de voto porque vai haver uma primeira ronda e depois um conjunto mais pequeno de países passará para uma segunda ronda”, disse.

Emídio Sousa explicou que “cada país dá três votos à primeira opção, e dois à segunda opção, o que significa que todos os países com candidatura” vão dar mais votos ao seu próprio candidato.

“Portanto, o importante é captar os dois votos que dão acesso à próxima ronda. Os votos espanhóis estão seguros, tal como os da Suécia, e mais dois ou três países que não se pode revelar. A candidatura portuguesa fez um trabalho de diplomacia que indica que vamos passar à segunda ronda”, assegurou, acrescentando que na fase seguinte importa captar os votos dos que não passam.

O autarca realçou ainda as possibilidades de investimento que uma “das agências mais cobiçadas na Europa” pode gerar, não só na região Norte e na Área Metropolitana do Porto, mas também no concelho de Santa Maria da Feira, no qual já lhe foram garantidos “investimentos significativos”.

“Falamos de 900 trabalhos altamente qualificados de meio académico, científico, cultural, hotelaria, restauração, transportes. Mexe com tudo isto. Não é por acaso que estou empenhadíssimo nesta candidatura”, explanou.

Finalizou, garantindo que já fez “contactos ao mais alto nível”, em Bruxelas, para atrair para Santa Maria da Feira “empresas de investigação e farmácia muito importantes”.

Incêndios
As equipas de psicólogos do INEM realizaram, desde domingo, 126 assistências às vítimas e familiares dos incêndios que...

Sónia Cunha, responsável pelo Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise do INEM, disse que, desde domingo, estão no terreno cinco unidades móveis, que contaram com o apoio de elementos da Cruz Vermelha Portuguesa.

Desde o início dos fogos na zona Centro - que provocaram 37 mortos, dezenas de feridos e destruíram centenas de habitações e empresas – estas equipas têm-se deslocado até junto das vítimas, nomeadamente as que viram os seus bens destruídos pelas chamas, bem como familiares de mortos e ainda bombeiros.

Os familiares das vítimas mortais receberam as primeiras atenções dos psicólogos, que as apoiaram à medida que iam identificando os mortos.

No caso dos bombeiros, Sónia Cunha explicou que foram vários os que manifestaram sinais de crise psicológica, provocada pelo “sentimento de impotência” face à dimensão dos incêndios.

Tal como aconteceu nos incêndios de há quatro meses, em Pedrógão Grande, “a vulnerabilidade” das populações atingidas foi o sentimento mais identificado pelas equipas de psicólogos que encontraram nestas pessoas a dor de “não conseguirem controlar o que está à sua volta”.

A psicóloga considera que a proximidade da catástrofe em Pedrógão Grande poderá ter agravado este sentimento de vulnerabilidade, uma vez que “ainda não passou o tempo suficiente para as pessoas se organizarem”.

Ao contrário dos fogos em Pedrógão Grande, a dispersão da área atingida por estes incêndios que começaram no domingo representa um desafio maior para as equipas de apoio psicológico que, por esta razão, e apesar dos fogos já estarem controlados, vão permanecer mais tempo no local.

Instituto de Inovação em Saúde
Uma equipa do Instituto de Inovação em Saúde que está a desenvolver um 'kit' para permitir diagnosticar e melhorar a...

Numa nota de imprensa hoje divulgada, o Instituto de Inovação em Saúde (i3S) explica que BfK IDEAS 2017 é uma iniciativa do Programa Born From Knowledge (BfK) de valorização do conhecimento científico e tecnológico, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior através da Agência Nacional de Inovação (ANI).

O 'kit' está a ser desenvolvido por uma equipa de três investigadoras do i3S (Maria Inês Almeida, Susana Santos e Inês Alencastre) e dois elementos da Unidade de Transferência de Tecnologia do Instituto (Sofia Esteves e Bárbara Macedo), designada MyRNA Diagnostics, e resultou de uma colaboração entre o i3S e uma equipa de médicos psiquiatras da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

Tendo em conta que o diagnóstico da depressão é atualmente baseado em entrevistas clínicas e não existem testes complementares de diagnóstico, que possam ser aplicados como rotina na clínica, a equipa apresentou uma ideia de negócio baseada num 'kit' destinado a diagnosticar a depressão através de uma análise ao sangue.

A ideia tem sido desenvolvida no âmbito de uma colaboração entre o grupo Microenvironments for New Therapies do i3S-INEB, liderado por Mário Barbosa, e uma equipa de médicos psiquiatras da FMUP, liderada por Rui Coelho.

Este projeto é financiado pelo programa NORTE2020 e conta com a colaboração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.

“O diagnóstico da depressão é atualmente baseado em entrevistas clínicas. Os prestadores de cuidados de saúde mental sentem necessidade de utilização de métodos sensíveis e específicos para melhorar a percentagem de pacientes com depressão (superior a 300 milhões em todo o mundo) que recebem tratamento eficaz (inferir a 50%)”, sublinha a equipa.

De acordo com os investigadores, o projeto “deteta e quantifica um painel específico de biomarcadores moleculares numa amostra de sangue, o que permite um diagnóstico quantitativo e uma melhor monotorização da doença”.

“Os resultados do nosso produto são analisados por um algoritmo e serão fornecidos dentro de 24 a 48 horas após a colheita de sangue. A solução permite aos clínicos basear a suas decisões terapêuticas num teste biológico quantificável, diminuindo a prescrição excessiva, melhorando a precisão do diagnóstico e permitindo a monitorização da doença durante a terapêutica”, explicam.

Para a equipa “MyRNA Diagnostics”, o facto de o projeto ter sido distinguido com o primeiro prémio do BfK IDEAS 2017 significa “um apoio crucial nesta fase do processo para fazer chegar este produto até ao mercado e até aos que mais precisam, que são os pacientes”.

“Este prémio é um incentivo para continuarmos a trabalhar nesta ideia com toda a convicção de que faremos a diferença para os clínicos e para os doentes que sofrem de depressão”, sublinham, acrescentando que “além de ser uma honra e uma excelente motivação para continuar, permitirá sem dúvida o arranque do projeto através dos serviços especializados de consultoria e propriedade intelectual”.

A missão do Programa Born From Knowledge (BfK) é promover, divulgar e premiar a produção de conhecimento e inovação em Portugal, dando visibilidade ao investimento em Ciência e ao seu impacto económico e social.

Para além do acesso a um programa de aceleração em ciência e tecnologia, os vencedores do concurso BfK IDEAS 2017 irão usufruir do serviço de diagnóstico de Propriedade Industrial ao projeto, com o apoio da Patentree – Intellectual Property (www.patents.pt).

O primeiro classificado - MyRNA Diagnostics - terá ainda acesso a serviços de consultoria especializada e depósito de um pedido provisório de patente nacional.

Incêndios
A Caixa Geral de Depósitos vai alocar 500 mil euros para equipar unidades de saúde da região de Coimbra que têm estado a cuidar...

Numa conferência a propósito do Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, organizada hoje em Lisboa pelo Montepio, o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, disse que, dos 2,6 milhões de euros angariados pelo banco público para as vítimas do incêndio que deflagrou em junho em Pedrógão Grande, alastrando a outros concelhos e deixando mais de 60 mortos e que estão a ser geridos pela Fundação Calouste Gulbenkian, "uma parte já foi para projetos concretos e cerca de 500 mil euros vão ser aplicados junto de instituições de saúde para equipar as que tem ajudado as populações, quer nas unidades de queimados quer noutras, na zona de Coimbra".

Questionado sobre se a Caixa irá replicar esta iniciativa para apoiar as vítimas dos incêndios deste domingo na zona Centro, que fizeram mais de 30 mortos, Paulo Macedo não se comprometeu e disse apenas que vai ponderar.

"Neste momento, a nossa preocupação tem de ser que esses fundos sejam aplicados. Houve uma generosidade dos portugueses muito maior do que a que era esperada e o que nos interessa saber é se esses fundos estão a ser aplicados, e estão. Sobre se podem ser aplicados também para este tipo de vítimas ou não, isso é algo que teremos de ponderar", respondeu aos jornalistas à margem do evento.

Durante a sua intervenção, de cerca de 45 minutos, na conferência sobre a erradicação da pobreza, Paulo Macedo abordou as formas de atuação dos diversos intervenientes no problema, designadamente os governos, as pessoas e as empresas.

Relativamente à intervenção dos governos, o presidente da Comissão Executiva da Caixa afirmou que "tipicamente fazem a sua ação pela função redistributiva do Estado, através dos impostos", acrescentando que o IRS em Portugal "é um dos impostos mais progressivos que existe em qualquer sociedade desenvolvida" e que essa progressividade "é muitíssimo maior, não por causa das taxas, mas pela velocidade a que se chega à taxa máxima".

Paulo Macedo destacou o papel das instituições: "Ninguém liga à qualidade das organizações e ninguém a discute. Não tenho dúvida nenhuma que é dos fatores que mais afeta a pobreza", afirmou, acrescentando que as "instituições fortes" têm de ter estabilidade, combater as indústrias extrativas e ser sustentáveis.

"As instituições são as que combatem as indústrias extrativas ou, se quiserem, que combatem as rendas excessivas e vemos que há um conjunto de Estados que tem um conjunto de pessoas - regra geral famílias - que conseguem tirar uma renda da sociedade. Quando há qualidade das instituições, há um equilíbrio entre os interesses individuais e coletivos; quando não há, é-se capturado. Tirar rendas do Estado é uma coisa que não nos impressiona demasiado, exceto quando percebemos que, se as rendas vão para um lado, não vão para o outro. [Eliminar estas rendas] não resolveria tudo, mas daria um enorme contributo", concluiu.

Ainda em relação aos governos, o presidente da CGD abordou a questão da corrupção e deu como exemplo os casos da China, da Índia e do Brasil, que foram "os países que tiraram mais pessoas da pobreza nas últimas décadas" e que têm campanhas ativas de combate à corrupção porque reconhecem que é um problema.

Depois, na atuação dos indivíduos, Paulo Macedo entende que "o desafio é haver um equilíbrio entre a procura e a oferta", uma vez que "há um número alargado de pessoas que quer contribuir e as instituições nem sempre conseguem responder".

Finalmente, na atuação das empresas, o presidente do banco público referiu a importância de se fazerem "investimentos responsáveis" e deu alguns exemplos do que a CGD está a fazer.

Em particular no apoio à educação, Paulo Macedo disse que, este ano, "a Caixa atribuiu sete milhões de euros" às universidades "de todo o país", um montante que, neste momento, é gerido pelas próprias instituições universitária, mas que acredita que "irá evoluir forçosamente".

Paulo Macedo pretende também que "uma parte no futuro seja para converter em bolsas para isenção de propinas para um conjunto de estudantes poder beneficiar diretamente".

Interrogado pelos jornalistas sobre assuntos relacionados com a banca, em particular sobre a plataforma criada para gerir o crédito malparado dos bancos, o responsável da CGD escusou-se a responder.

Entrevista
No âmbito do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, que se assinalou a 14 de Outubro, o Atlas da Saúde

Porque é que a palavra “paliativo” assusta? Que preconceito é este que ainda hoje existe em torno de uma área tão importante?

Assusta e continuará a assustar pois não temos uma cultura de reflexão sobre o morrer e a morte. São medos inerentes a todos nós mas mais ainda quando não nos dedicamos a investir nos nossos próprios processos formativos e de desenvolvimento pessoal. Ter medo da morte é humano. O medo da morte é inerente à condição humana, não o medo da morte mas o medo do morrer, do processo em si. O medo de morrer só, medo de sofrer, medo de não ser respeitado nas suas vontades etc. Por isso quando refletimos sobre a morte temos de olhar seriamente para a vida, aceitá-la e cumprir as tarefas mais importantes que temos para connosco e com os outros: dizer “obrigada”, dizer “desculpa”, dizer “amo-te”, dizer “perdoa-me”, dizer “perdoo-me” e dizer “adeus”.

O que são cuidados paliativos? Podemos afirmar que são apenas cuidados de fim de vida?

A Lei de Bases dos Cuidados Paliativos define Cuidados Paliativos como: “Cuidados ativos, coordenados e globais, prestados por unidades e equipas específicas, em internamento ou no domicílio a doentes em situação de sofrimento decorrente de doença incurável ou grave, em fase avançada e progressiva, assim como às suas famílias, com o principal objetivo de promover o seu bem-estar e a sua qualidade de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento físico, psicológico, social e espiritual, com base na identificação precoce e no tratamento rigoroso da dor e outros sintomas físicos, mas também psicossociais e espirituais”.

Os cuidados paliativos são prestados em função das necessidades da pessoa doente e não do diagnóstico e prognóstico. Estando inclusive destinados a pessoas doentes em situações de sofrimento associados muitas vezes a tratamentos com intuito curativo.

São cuidados que se destinam ao acompanhamento de situações complexas que ultrapassam em muito a fase designada por “fim de vida”. Como exemplo temos as doenças em que há tratamento disponível para prolongar a vida, mas o prognóstico é incerto (doença pulmonar obstrutiva crónica, insuficiência cardíaca e outras falências de órgão, fibrose quística e outras), as situações neurológicas não progressivas cuja severidade provoca necessidades clinicas complexas, que são ameaçadoras da vida (acidente vascular cerebral, paralisia cerebral, entre outras).

Considerando a sua experiência, quem sofre mais: doente ou família? De que modo os familiares podem ajudar a atenuar o sofrimento do doente? E qual a importância da intervenção psicológica neste processo?

Sendo o sofrimento humano uma condição universal mas singular a cada um não poderemos nunca quantificar quem sofre mais. Sofremos de formas diferentes mas sofremos. A família será um elemento facilitador na abordagem do sofrimento do doente e eventualmente atenuar este, se a qualidade relacional intrínseca a uma dinâmica familiar assim o permitir. Por mais pequena que seja uma família, são sistemas sociais complexos e como tal a intervenção psicológica nunca é estabelecida de forma isolada mas em equipa interdisciplinar. A nossa intervenção será focada na pessoa doente mas também em vários elementos do sistema familiar. O tema doença poderá ser mais facilmente aceite por todos como porta de entrada para outros temas. Para abordar o sofrimento, temos de avaliar expectativas, avaliar o nível de exaustão familiar, os medos, as culpas, a comunicação intrafamiliar e facilitar as despedidas e as últimas vontades, validando o sofrimento de cada interveniente.

Há ainda a ideia de que os cuidados paliativos são só para os “ricos”. É uma ideia errada?

Mais do que errada é completamente desprovida de sentido ético e clínico. Se o sofrimento é inerente à condição humana, se as vulnerabilidades pessoais não têm idade, género, estado civil nem condição socioeconómica determinada como ter uma resposta a nível da saúde, uma especialidade da saúde só para algumas pessoas? Sabemos que a cobertura nacional destas equipas ainda não é total mas no último ano 2016/2017 muito se tem conquistado. O papel fundamental do Serviço Nacional de Saúde é garantir que haja justiça e equidade de cuidados de saúde. Assim, os cuidados paliativos têm de fazer parte integrante de uma política pública de saúde (recomendações da OMS). 

Neste sentido, quem pode, e como pode, recorrer a estes cuidados?

Todas as pessoas que estejam na condição descrita inicialmente: pessoas em situação de sofrimento decorrente de doença incurável ou grave, em fase avançada e progressiva, independente da idade e local de residência. O acesso poderá ser feito através dos Cuidados Saúde Primários ou pelos Hospitais que sabem onde existem as várias equipas (Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos, Equipas Intra-hospitalares de Suporte em Cuidados Paliativos e Unidades de Cuidados Paliativos de Hospitais de Agudos e Unidades de Cuidados Paliativos da Rede Nacional De Cuidados Continuados) e quais os procedimentos para referenciar um doente a qualquer uma das equipas.

Qualquer pessoa poderá saber que equipas temos e a sua localização, através do link http://www.sns.gov.pt/sns/cuidados-paliativos/unidades-de-cuidados-paliativos/ e fazer o contacto no sentido de obter as devidas indicações.

Na sua opinião, o que falta fazer para que os cuidados paliativos passem a ser encarados como um direito básico dos doentes?

Os cuidados paliativos são um direito universal. A acessibilidade ainda não se encontra a 100% pois a cobertura nacional ainda está a ser desenvolvida. Só este ano 2016/2017 foi criada a 1ª Comissão Nacional de Cuidados Paliativos (CNCP) constituída pela Presidente Dr.ª Edna Gonçalves, Dr.ª Fátima Teixeira, Profª Doutora Carla Reigada, Enf.º Ricardo Silva e eu, que fizemos a proposta de regulamentação da Lei de Bases dos Cuidados Paliativos de 2012 e a proposta do Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos para o Biénio 2017/20182. Muito já foi conseguido mas muito há para se fazer mas para serem encarados como um direito básico pelo cidadão e pelos profissionais de saúde, é preciso que o acesso e a informação do que são cuidados alcancem a sociedade como um todo.

Quanto aos profissionais de saúde, acha que devia haver mais formação e informação nesta área? O que falta fazer?

Esta área é um dos Eixos Prioritários definidos pela CNCP no Plano Estratégico:

“a) Desenvolver “centros diferenciados” em Cuidados Paliativos nos hospitais dos grupos de financiamento E e F para potenciar a formação específica (teórica e prática), a nível pré e pós-graduado e capacitar os profissionais de saúde que vão integrar as equipas de CP.

b) Fomentar a formação básica em CP ao nível da formação pré-graduada, incluindo conteúdos de Cuidados Paliativos, com prática clínica, nos planos curriculares de todas as escolas de medicina, enfermagem, psicologia e serviço social.

c) Trabalhar com as ordens/associações profissionais no sentido de definirem perfis de especialistas em CP.

d) Criar o Consórcio de Parceiros Estratégicos na qualificação dos profissionais das equipas de Cuidados Paliativos (ARS, Escolas Superiores de Saúde, APCP, entre outros) http://www.sns.gov.pt/wp-content/uploads/2016/09/Plano-Estratégico-CP_2017-2018-1.pdf

e) Formar os profissionais das equipas consultoras (ECSCP e EIHSCP) sobre o uso de instrumentos de identificação precoce de doentes com necessidades paliativas (...).

f) Elaborar o plano curricular de um Curso de Cuidados Paliativos de nível intermédio a realizar nas ARS (…)

g) Trabalhar com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) no sentido de melhorar o atendimento prestado aos doentes em cuidados paliativos e suas famílias.

h) Elaborar um roadmap dos diferentes profissionais (médicos, enfermeiros, assistentes socais, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros) com formação especializada e dos locais onde estão a trabalhar.

i) Estabelecer orientações estratégicas e técnicas no domínio da formação contínua e específica dos diversos grupos de profissionais e voluntários a envolver na prestação de Cuidados Paliativos.”

Muitas das propostas já estão em marcha.

Que mensagens gostaria de deixar no âmbito deste tema?

O caminho faz-se caminhando. Acredito no trabalho que está a ser desenvolvido. Acredito que a qualidade do mesmo está já a permitir que muitas pessoas doentes e suas famílias beneficiem destes cuidados. Acredito que a conjugação de vontades, dos Cidadãos, dos Profissionais de Saúde e do Ministério da Saúde irá permitir levar os Cuidados Paliativos onde sejam precisos, tal como o tema eleito por “The Worldwide Hospice Palliative Care Alliance (WHPCA)3 para este ano: “Cobertura Universal de Saúde – Não deixe aqueles que sofrem para trás”. O compromisso é de todos e foi assumido pelos países presentes durante uma das reunião na Organização Mundial da Saúde (OMS) para alcançar a cobertura universal de saúde até 2030. 

 

 

 

*Helena Salazar é Mestre em Cuidados Paliativos pela Faculdade de Medicina da UL (FMUL) e membro dos Grupos de Trabalho da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) e da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos.

É coordenadora do manual “Intervenção Psicológica em Cuidados Paliativos”, da editora Pactor – uma obra elaborada por profissionais com longa experiência em Cuidados Paliativos e que serve de guia e de incentivo à atualização profissional. Destinado a psicólogos e a outros profissionais de saúde é também de grande interesse para o público em geral com interesse numa área tão importante.

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Tribunal de Contas
Mais tempo de espera para uma consulta hospitalar e mais utentes a aguardarem por uma cirurgia entre 2014 e 2016 foram alguns...

De acordo com o relatório de uma auditoria ao acesso a cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que incidiu no triénio 2014-2016, neste período ocorreu “uma degradação do acesso dos utentes a consultas de especialidade hospitalar e à cirurgia programada”.

Nessa data, “ocorreu um aumento do tempo de espera no acesso a consultas de especialidade, que constituiu um entrave ao acesso às consultas hospitalares no SNS”, lê-se no documento.

Segundo os auditores, “o aumento do tempo médio de espera para a realização de uma primeira consulta de especialidade hospitalar de 115 para 121 dias interrompeu a tendência de redução dos tempos que se observava desde 2011”.

O Tribunal de Contas (TdC) indica que “os pedidos de consulta, cuja prioridade deveria ser determinada por um profissional médico, no hospital, no prazo de cinco dias, permaneceram em 2016, em média, entre 10 dias na Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte e 53 dias na ARS do Algarve, sem uma prioridade associada, demora que constitui um risco para a saúde dos doentes”.

De acordo com o Tribunal de Contas, “o Sistema Consulta a Tempo e Horas, gerido pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), não dispõe de informação completa e fiável, que garanta o respeito pelos tempos máximos de resposta aos utentes do SNS”.

Em 2016, este sistema “cobriu apenas 34% do total de primeiras consultas de especialidade hospitalar realizadas no SNS (1.117.912 de 3.478.511 consultas)”.

“Ao não ser universal”, o sistema “não garante a todos os utentes as mesmas condições de acesso”, concluíram os auditores.

O relatório prossegue, afirmando que “as diminuições verificadas em 2013 e 2016 no número de utentes a aguardar primeira consulta de especialidade hospitalar não traduzem uma melhoria efetiva do acesso, resultando de procedimentos administrativos de validação e limpeza das listas de espera, centralizados na ACSS”.

“A falta de fiabilidade dos indicadores prejudica em especial a utilização desta informação, pelos médicos e utentes, na escolha do hospital de destino aquando da referenciação para uma primeira consulta hospitalar, no âmbito da medida introduzida em 2016 de Livre Acesso e Circulação do Utente no SNS”, lê-se no documento.

Para o TdC, “as medidas centralizadas, desenvolvidas pela ACSS, em 2016, de validação e limpeza das listas de espera para primeiras consultas de especialidade hospitalar, incluíram a eliminação administrativa de pedidos com elevada antiguidade, gerando melhorias nos indicadores de acesso”.

“Foram dadas instruções pela ACSS às unidades hospitalares, no sentido de serem recusados administrativamente pedidos de consulta com tempos de espera muito elevados e ser promovida uma nova inscrição a nível hospitalar, produzindo resultados falsos sobre o tempo de espera efetivo do utente”.

Segundo o Tribunal de Contas, existiu “um elevado número de erros de integração da informação que se mantêm por meras razões burocráticas, uma vez que os dados disponíveis no sistema de informação central não coincidem com os registos efetuados pelos hospitais”.

“A ACSS transferiu para os hospitais o ónus de verificação e validação da informação, com uma elevada carga administrativa associada, que provocou consideráveis constrangimentos ao normal desenvolvimento dos trabalhos em cada entidade”, prossegue o documento.

Em matéria de cirurgia programada no SNS, o relatório aponta para “uma degradação” no triénio 2014-2016, a qual se traduziu no “aumento da lista de espera em 27 mil utentes (mais 15%), do tempo médio de espera em 11 dias (mais 13%) e do incumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos (de 7,4% em 2014 para 10,9% em 2016).

“A produção cirúrgica do SNS no triénio (1.679.153 cirurgias programadas) não deu resposta à procura (1.982.941 novas inscrições de utentes para cirurgia), pelo que a lista de espera aumentou 15%. Esta tem vindo a crescer desde 2012 (26% até 2016), invertendo a tendência de descida verificada entre 2006 e 2010”.

Segundo o documento, “a tendência de evolução do tempo médio de espera dos utentes operados apresenta uma inflexão em 2010, passando a crescer cerca de 2,1 dias, em média, ao ano”.

“Este aumento reverteu parcialmente o ganho que havia ocorrido entre 2006 e 2010 (de 147 para 78 dias, em média um decréscimo de 17,4 dias ao ano). O maior aumento anual, de 6 dias, ocorreu em 2016”.

O incumprimento dos Tempos Máximos de Resposta Garantida (TMRG) nos utentes operados aumentou no triénio e foi maior nos casos mais prioritários.

Em 2016, nos doentes com doença oncológica (8.621 utentes), quase 20% foram operados para além do tempo que seria recomendável.

Os auditores concluíram que “a capacidade de resposta dos hospitais do SNS na doença oncológica deteriorou-se face a 2014, ano em que o incumprimento havia sido de 16%”.

O relatório aponta ainda para uma “produção cirúrgica insuficiente face à procura e a não transferência para outros hospitais, nos prazos legalmente previstos, dos utentes que permaneciam em lista para além dos tempos máximos definidos, constituíram entraves ao acesso à cirurgia programada no SNS”.

Em 2016, lê-se no documento, “a ACSS interrompeu, por razões burocráticas, a transferência automática e regular dos utentes em Lista de Inscritos para Cirurgia (LIC), o que agravou o tempo de espera, condicionando o direito de acesso aos cuidados de saúde dos utentes”.

“No último trimestre de 2016, num período de apenas 23 dias (entre 03 e 26 de outubro) foram emitidos 49.495 vales cirurgia e notas de transferência, 60,5% do total de emissões do ano. Nos anos anteriores (2014 e 2015), a emissão de vales cirurgia e notas de transferência ocorreu, como seria expectável, ao longo de todo o ano”.

Associação de Jovens Diabéticos de Portugal
No dia 21 de Outubro, a Associação de Jovens Diabéticos de Portugal organiza pelas 9h30 uma caminhada até ao Cabo Espichel, com...

Com uma distância de 14km e um grau de dificuldade média, todos os participantes terão como ponto de encontro o parque de estacionamento do Cabo Espichel e oportunidade de desfrutar, ao longo do percurso, do Miradouro do Cabo, do Forte da Batalha e muito mais.

Paula Klose, Presidente da Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP), “ao longo de todo o ano apostamos na realização de caminhadas como esta que promovam o convívio e que, sobretudo, estimulem a boa prática física e saudável. Ter diabetes não é impedimento e uma atitude positiva ajuda a superar qualquer obstáculo; essa é a mensagem que queremos transmitir a todos com cada iniciativa que realizamos”.

A admissão é gratuita, pelo que as condições aconselháveis para a participação são o uso de equipamento adequado à atividade desportiva, nomeadamente, roupa confortável, botas de montanha ou ténis, água, um almoço volante e um lanche para meio da manhã. Os participantes deverão também ir prevenidos com material de prevenção para hipoglicémias (sumo, açúcar, bolachas) e o material de autocontrolo.

As inscrições e pedido para mais informações sobre a caminhada, podem ser submetidos para [email protected] ou através do número de telemóvel 966 228 860, a quem deverão indicar o nome, um contacto e o número de acompanhantes.

12ª Reunião Nacional do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus
Os dados mais recentes do Observatório da Diabetes , referentes a 2015, confirmam o impacto que esta patologia tem nos idosos:...

A ‘tempestade’ da diabetes do tipo 2 nos doentes idosos é, por isso, um dos temas em debate na 12ª Reunião Nacional do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM), da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, que se vai realizar nos dias 20 e 21, nas Caldas da Rainha, e que alerta para o crescimento da doença junto de uma população que também não tem parado de aumentar.

“A esperança de vida é cada vez maior, vivemos até mais tarde e este aumento da expectativa de vida induz novas doenças. Basta apenas pensar que um coração que bata 30 anos é diferente de um que bata 100”, refere Álvaro Coelho, presidente do NEDM. Mais ainda, acrescenta o especialista, uma vez que são várias as patologias, entre as quais se encontra a diabetes, que “têm relação com a idade. E o seu surgimento, o seu aumento e a sua prevenção requerem outro tipo de atitudes. Estamos a falar de uma situação preocupante e que custa caro aos serviços de saúde e aos doentes”.

No resto da população nacional, a prevalência da diabetes tem também vindo a crescer: em 2015, na população portuguesa com idades entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de indivíduos), era de 13,3%, o que significa que mais do que um milhão de portugueses nesta faixa etária tinha diabetes.

A inovação é outro dos temas em destaque no encontro do NEDM. Dos sensores, aos smartphones, passando pelas aplicações, a inovação está cada vez mais ao serviço dos doentes com diabetes, mudando a vida, para melhor, a quem sofre com esta patologia. “Há imensa inovação e muita expectativa à sua volta. É, sem dúvida, uma mais-valia extraordinária e melhora a qualidade de vida destes doentes. E acredito que ainda estamos apenas numa fase transitória e que muitas novidades estão para vir”, afirma Álvaro Coelho.

“A diabetes é uma patologia que, sendo conhecida há mais de três mil anos, continua a surpreender com conceitos, descobertas e inovação”, refere o especialista. Aqui, o contributo é dado por diferentes áreas, da engenharia à biologia. “Nos últimos anos o conhecimento científico tem evoluído muito, assim como as tecnologias e têm-se conseguido retirar dividendos desta evolução, com o aumento dos recursos ao nosso dispor, para esta e para outras patologias.”

Por ser uma doença sistémica, que abrange mais do que um órgão, a abordagem feita à diabetes deve ser multidisciplinar. “É, por isso, uma doença que quase se confunde com o conceito de Medicina Interna”, refere Álvaro Coelho, que considera que, tendo em conta que mais de 50% da população que é vista pelos internistas tem diabetes, cada um destes médicos “tem também que ser um diabetologista”.

Estudo revela
Uma equipa de investigadores conduziu um estudo publicado na revista “JAMA Internal Medicine” que identificou 10 procedimentos...

A investigação levada a cabo por Daniel Morgan, da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, baseou-se em 2.252 artigos científicos, identificados através das palavras-chave “desapropriado”, “desnecessário”, “uso excessivo” e “tratamento excessivo” (traduções do inglês).

Os investigadores encontraram 1.224 artigos que abordavam a intervenção médica excessiva, em que os cuidados prestados apresentam mais malefícios do que benefícios. Os resultados não significam que estes exames e procedimentos devem ser, de todo, evitados, mas sim ajudar a comunidade médica a doseá-los apropriadamente:

Os 10 procedimentos em causa:

Ecocardiografia transesofágica: imagiologia ao coração com ultrassom, em vez de eletrocardiograma, e em que é inserido um tubo no esófago. O estudo sugere que o risco da sedação não é superior aos detalhes fornecidos pelo exame.

Angiografia pulmonar por tomografia computadorizada: esta técnica de imagiologia aplicada nas artérias pulmonares em pacientes com sintomas respiratórios não é invasiva, mas produz radiação. O exame leva tempo e pode aumentar o risco de complicações.

Tomografia computadorizada em pacientes com sintomas respiratórios: se for em sintomas que não põem a vida em risco, este tipo de exame pouco faz para melhorar os resultados do paciente e além disso aumenta o risco de dar falsos positivos.

Ultrassonografia e colocação de “stent” na artéria carótida: 90% dos exames foram efetuados em pacientes assintomáticos e resultaram na implantação desapropriada de um “stent” para alargar as artérias. Aplicar um “stent” requer cirurgia e por isso acarreta riscos.

Gestão agressiva do cancro da próstata: este cancro é de tratamento fácil se detetado numa fase precoce. A monitorização ativa da doença produziu melhor qualidade de vida do que a radioterapia ou cirurgia.

Oxigénio suplementar em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crónica: este procedimento não demonstrou melhoria na qualidade de vida ou da função pulmonar. Pode pelo contrário fazer com que os pacientes retenham dióxido de carbono, que é maléfico.

Cirurgia em lesões na cartilagem do menisco: não provou melhorar os sintomas mecânicos a longo prazo. A gestão da preservação e reabilitação do menisco demonstraram maior eficácia.

Suporte nutricional em pacientes no internamento hospitalar: a intervenção em pacientes em estado crítico não produziu diferenças nós nos índices de mortalidade nem na duração da estadia hospitalar.

Uso de antibióticos: um estudo estimou que tinham sido passadas 506 prescrições por cada 1.000 pacientes em 2010-11; apenas 353 foram consideradas apropriadas.

Uso de imagiologia cardíaca em pacientes de baixo risco: triplicou em 10 anos nos pacientes com dor no peito e não fez qualquer diferença nos pacientes de baixo risco, podendo ainda conduzir a internamento e intervenções hospitalares desnecessárias.

Estudo
Um grupo de investigadores de universidades de Londres, Edimburgo e Sydney apurou um risco de morte 32% mais elevado. No Canadá...

Quem sofre de stresse crónico, associado a casos de depressão e de ansiedade, tem uma maior probabilidade de vir a morrer de cancro. Com base numa amostra de mais de 160.000 participantes, proveniente de 16 estudos realizados entre 1994 e 2008, inicialmente sem diagnóstico de cancro, um grupo de investigadores de universidades de Londres, Edimburgo e Sydney apurou um risco de morte 32% mais elevado.

O cancro colorretal, o cancro da próstata, o cancro do pâncreas, o cancro do esófago e a leucemia são as patologias em que os antecedentes de stresse crónico mais matam, escreve o Sapo. Os investigadores descobriram ainda que, para os casos do cancro colorretal e do da próstata, havia um efeito dose-resposta. Quanto maior o nível de stresse, maior a probabilidade de se morrer destes tipos de cancro.

Ainda que os investigadores reconheçam serem necessários mais estudos para clarificar em que medida existe uma causa-efeito entre a ansiedade e o cancro, as conclusões apresentadas são já motivo suficiente para se procurar ajuda, mesmo quando o problema é apenas stresse, recomendam os especialistas envolvidos. Em abril, uma outra investigação canadiana veio apontar no mesmo sentido.

Um grupo de cientistas da Concordia University e da University of Toronto, que acompanhou 145 mulheres que sobreviveram ao cancro da mama, concluiu que menores níveis de stresse, de culpa e de ansiedade têm efeitos benéficos na luta contra a doença. O estudo, publicado no jornal especializado Health Psychology, garante que um maior combate das emoções negativas nesta fase favorece a cura da patologia.

Estudo
A medicação para a azia provocada pelo refluxo gástrico altera bactérias específicas do trato intestinal promovendo danos no...

O estudo da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, visou investigar o efeito da supressão do ácido gástrico sobre o progresso da doença hepática crónica. "Depois de termos anteriormente descoberto que o microbioma intestinal pode influenciar o risco da doença hepática, perguntámo-nos que efeito poderia ter a supressão do ácido gástrico no progresso da doença hepática crónica", refere o investigador Bernd Schnab numa nota da referida instituição de ensino.

Para o estudo, escreve o Sapo, a equipa bloqueou a produção de ácido gástrico nos roedores com um fármaco para o refluxo gástrico. Para caracterizar o microbioma intestinal de cada tipo de roedor, com ou sem a produção de ácido gástrico bloqueada, foram recolhidas amostras de fezes.

Foi verificado que os ratinhos com supressão de ácido gástrico tinham desenvolvido alterações na microbioma intestinal com mais espécies das bactérias Enterococcus. Aquelas alterações promoviam o desenvolvimento de inflamação e danos no fígado e ainda o progresso dos três tipos de doença hepática.

Por outro lado, os investigadores analisaram também a relação entre o consumo de fármacos para o refluxo gástrico e a doença hepática alcoólica em indivíduos que bebiam álcool em excesso.

Foram analisados 4.830 pacientes diagnosticados com abuso do álcool crónico: 1.024 pacientes consumiam ativamente aquele tipo de fármacos, 745 tinham-nos usado no passado e 3.061 nunca tinham tomado esse tipo de medicação.

A equipa observou que o consumo de fármacos naqueles pacientes para o refluxo gástrico fazia aumentar as concentrações de Enterococcus nas fezes. O estudo concluiu ainda que o risco a 10 anos de se desenvolver um diagnóstico de doença hepática alcoólica era nos utilizadores ativos dos fármacos de 20,7%, 16,1% nos utilizadores no passado e de 12,4% nos que nunca tinham usado os fármacos.

Angariação de fundos
A Liga Portuguesa contra o Cancro vai ter Cristiano Ronaldo como “embaixador” no peditório de novembro, que pela primeira vez...

“Ser embaixador é dizer que esta causa não me é de todo indiferente, que me toca, que me diz respeito, quer seja a nível pessoal, quer seja como cidadão com direitos, deveres e preocupações cívicas para com os meus e os que me rodeiam”, disse o jogador do Real Madrid e da seleção portuguesa à Lusa, em declarações enviadas por escrito, a propósito da participação na iniciativa.

Também em declarações, o presidente da Liga Portuguesa contra o Cancro (LPCC), Vítor Veloso salientou que esta é a primeira vez que Cristiano Ronaldo participa numa ação de angariação de fundos e acrescentou que espera por isso um “peditório forte”, tanto mais que os peditórios, a única fonte de financiamento da LPCC, “são cada vez mais difíceis de fazer”.

O peditório decorre de 01 a 05 de novembro mas a campanha de sensibilização começa na quarta-feira em todos os meios de comunicação. No vídeo, de 48 segundos, o “melhor do mundo” não é Cristiano Ronaldo mas sim o João, um menino que há dois anos venceu o cancro.

É o menino que acaba a dar um autógrafo a Ronaldo, que no fim apela ao apoio para a causa da LPCC

Em resposta a perguntas da Lusa sobre a sua participação, Cristiano Ronaldo disse ter consciência de ser uma personalidade mediática, acrescentando: “Por isso sei que ao dar a cara pela luta contra o cancro vou ajudar a consciencializar e a chamar ainda mais a atenção das pessoas para esta doença crónica que em muitos casos pode ser prevenida se for detetada precocemente”.

Quanto ao apoio ao peditório salientou que a única dúvida foi sobre disponibilidade de agenda porque a causa apoia, disse, “desde sempre”.

“Este ano, simplesmente, dou a cara literalmente falando, por ela, juntando-me a mais 11 milhões de portugueses. Como digo nesta campanha ´Juntos somos mais fortes´, por isso a responsabilidade maior é mesmo conseguir juntar, unir o maior número de pessoas em torno desta causa que é de todos nós”, disse.

O jogador salientou que todos os dias recebe pedidos de ajuda de todo o mundo e que sempre que pode tenta contribuir em “situações complicada” e “causas nobres”, como o caso da LPCC.

Porque “o cancro não escolhe idades, género, raça e qualquer um de nós tem um familiar, um amigo, um vizinho que já passou por esta situação”, disse na declaração à Lusa, salientando que a atividade física e a alimentação saudável podem prevenir muitas doenças, incluindo o cancro.

Vitor Veloso, apesar de haver cada vez menos recetividade da população a peditórios, acredita que com a ajuda de Cristiano Ronaldo a Liga vai conseguir no peditório deste ano ultrapassar os apoios angariados no ano passado, que rondaram os dois milhões de euros.

Porque, disse, os portugueses sabem que o trabalho da LPCC tem ajudado doentes oncológicos, especialmente os mais carenciados, e em anteriores peditórios sempre houve grande recetividade.

Esse apoio “valida o nosso trabalho”, afirmou o presidente da Liga, salientando que a Liga vive basicamente dos peditórios anuais.

O peditório será feito por milhares de voluntários em todo o país, devidamente identificados com o colete da instituição e com cofres lacrados e também identificados. As ações decorrem essencialmente em locais como centros comerciais, igrejas, e junto de cemitérios, supermercados e nas principais ruas das cidades.

Vítor Veloso, apesar da “total desolação” em que vivem os portugueses com a catástrofe dos incêndios, espera que com a ajuda também dos “melhores do mundo”, João e Ronaldo, se consiga manter e melhorar os apoios do ano passado.

Relatório revela
Falta de acesso a planeamento familiar e gravidezes indesejadas são parte dum eixo que agrava a desigualdade entre géneros, que...

Em "Mundos Distantes", divulgado hoje, a organização salienta que a aplicação dos direitos sexuais e reprodutivos "ainda guarda muitas disparidades", desde logo pelo acesso a contracetivos e cuidados de saúde durante a gravidez e parto, que não chega a mulheres pobres, as que estão entre as 20% do escalão inferior de rendimentos nos países em desenvolvimento.

O desrespeito por estes direitos tem efeitos por todo o tecido social, porque uma menina ou mulher que engravida, muitas vezes de forma indesejada e com risco para a própria vida, vê-se privada de educação ou de trabalho, entrando num ciclo em que está em desvantagem, sem hipótese de dar a volta.

"A desigualdade não é inevitável. A redução das disparidades representa o cumprimento com uma obrigação moral em defesa dos direitos humanos, num mundo mais igualitário", defende o Fundo.

Entre as medidas defendidas pelo organismo está "tornar a assistência à saúde reprodutiva universal, por exemplo, não só ajuda a cumprir os direitos reprodutivos de uma mulher pobre, mas também ajuda a superar as desigualdades em educação e rendimento", o que beneficia a própria, a família e o próprio país.

Aqui, a prioridade deve ser dada à população mais jovem, que o Fundo aponta como a classe etária com mais dificuldades de acesso a planeamento familiar e contraceção por causa de "leis e políticas restritivas e estigmas associados ao sexo na adolescência".

O ciclo vicioso da desigualdade perpetua-se quando as mulheres, que em média têm salários mais baixos, não conseguem ter acesso a planeamento familiar e não conseguem sair da pobreza, tal como os seus filhos e gerações futuras. O princípio da igualdade deve ter sempre força de lei, defende-se, sobretudo a nível constitucional, um objetivo que está de acordo com a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável adotada entre as Nações Unidas.

Alargar a saúde materna, proporcionar partos mais seguros, facilitar o acesso à contraceção e garantir estes objetivos nas políticas públicas são outros dos desafios a cumprir, defende o Fundo.

Nos indicadores sobre saúde sexual e reprodutiva, Portugal surge entre os países com menor mortalidade infantil (10 mortes por 100.000 nascimentos em 2015) e com menor taxa de gravidezes adolescentes (10 em cada 10.000 meninas entre os 15 e os 19 anos).

O uso de contraceção situa-se nos 74% entre os 15 e os 49 anos, 68% de métodos modernos, com 91 por cento de pedidos de contraceção satisfeitos.

Os números entre 2006 e 2016 indicam também que 99% dos partos em Portugal foram atendidos por profissionais qualificados.

Nos desafios lançados aos países que subscrevem conta-se também a eliminação de obstáculos, sejam sociais, económicos ou geográficos que as meninas enfrentem para conseguir uma educação, especialmente científicos e tecnológicos.

"Trabalho decente", fora do circuito do trabalho informal, é outro objetivo primordial, defende o Fundo.

Incêndios
O Instituto Português do Sangue e da Transplantação esclareceu que as reservas de sangue estão em níveis “confortáveis”,...

O esclarecimento surge depois de, nas últimas horas, terem surgido nas redes sociais vários apelos para a dádiva de sangue, atendendo a um súbito aumento do número de doentes queimados.

“Cumpre ao Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) informar que, na atualização mais recente das suas existências, pelas 15:30, as reservas nacionais ascendiam a mais de 15 mil unidades de concentrados de eritrócitos”, refere em comunicado, explicando que é uma situação “distante da necessidade de apelo.

O instituto acrescenta que grupos sanguíneos B- e A- têm “uma reserva confortável de 7 a 10 dias e todos os outros grupos têm reservas de mais de 10 dias”.

O IPST garante que os portugueses podem “estar seguros”, uma vez que as reservas garantem que os pedidos que sejam endereçados pelas unidades de saúde de qualquer ponto do país podem ser atendidos de forma rápida.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo - o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades -, provocaram pelo menos 36 mortos e dezenas de feridos, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo assinou um despacho de calamidade pública, abrangendo todos os distritos a norte do Tejo, para assegurar a mobilização de mais meios, principalmente a disponibilidade dos bombeiros no combate aos incêndios.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, um fogo que alastrou a outros municípios e que provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.

Incêndios
A Ordem dos Farmacêuticos manifestou hoje a sua disponibilidade para participar em todas as ações que ajudem a minimizar o...

Em comunicado, a Ordem dos Farmacêuticos expressa a sua solidariedade com as vítimas dos incêndios e afirma que está a acompanhar a evolução destes fogos que “levaram o Governo a decretar o estado de calamidade pública para as regiões a Norte do rio Tejo”.

“A Ordem manifesta a disponibilidade dos farmacêuticos portugueses para participar em todas as ações que venham a ser definidas nos planos de emergência em curso e que ajudem a minimizar o seu impacto para a população, em especial no domínio do acesso ao medicamento e à assistência farmacêutica”, lê-se no comunicado.

Também hoje, a Ordem dos Médicos lançou um apelo aos clínicos para que se disponibilizem para apoiar as populações e as autoridades nas regiões afetadas pelos incêndios florestais que lavram desde domingo.

“Perante o cenário dramático dos incêndios que assola o Norte e Centro do país, a Ordem dos Médicos apela aos médicos para que se disponibilizem no apoio às populações vítimas dos incêndios nas regiões Norte e Centro do país”, escreveu a Ordem num comunicado.

A Ordem dos Médicos Dentistas mostrou-se igualmente disponível para ajudar no que for necessário, seja na identificação de cadáveres ou no auxílio às populações.

No incêndio de há quatro meses na zona de Pedrógão Grande, Leiria, a Ordem dos Médicos recolheu pastas de dentes, escovas e elixires que entregou à Cáritas para ajudar a população necessitada.

Por seu lado, a Ordem dos Enfermeiros apelou ao Ministério da Saúde para que reforce as equipas de enfermeiros nos centros de saúde e hospitais junto das populações mais afetadas pelos incêndios e que não dependa da generosidade dos profissionais.

“É essencial que o horário dos centros de saúde seja alargado e que permaneçam abertos 24 horas por dia, como é essencial que sejam colocados no terreno especialistas em enfermagem de saúde mental”, refere a Ordem dos Enfermeiros, num comunicado hoje divulgado numa altura em que há pelo menos 31 mortos confirmados nos incêndios das zonas Centro e Norte do país.

A Ordem lembrou ainda que há cerca de quatro meses, aquando da tragédia da Pedrógão Grande, conseguiu “por sua iniciativa” mobilizar mais de 400 enfermeiros em regime de voluntariado.

“Num momento difícil como este, o Estado tem que assumir as suas responsabilidades e não pode ficar dependente, mais uma vez, da generosidade dos enfermeiros, muitos deles também afetados por esta tragédia”, refere a Ordem, que diz ter informação de vários profissionais afetados pelos fogos deste fim de semana.

Incêndios
Os hospitais do grupo Idealmed em Coimbra e da CUF em Viseu acolhem gratuitamente todos aqueles que, em consequência dos atuais...

Para o atendimento e tratamento no hospital da Idealmed em Coimbra será necessário que as pessoas se apresentem “referenciadas pelas corporações de bombeiros, Proteção Civil e centros de saúde”, informa uma nota da empresa.

Na sua unidade hospitalar em Coimbra, os serviços de atendimento médico permanente estão “totalmente disponíveis 24 horas por dia”, refere a Idealmed, indicando que, além deste estabelecimento, dispõe, na região Centro, de unidades de saúde em Pombal, Figueira da Foz e Cantanhede.

Perante as consequências dos incêndios na região, “não nos é possível ficar indiferentes e não contribuir com tudo o que nos seja possível”, afirma o presidente da administração da empresa, José Alexandre Cunha, citado na nota, sustentando que “este é um momento de união e de ação, agindo solidariamente para que possamos minimizar o sofrimento de todos”.

Também o atendimento permanente do hospital da CUF em Viseu “está disponível para receber gratuitamente os bombeiros e toda a população afetada pelos incêndios”, dada “a gravidade da situação que se vive no distrito”, informa o estabelecimento na sua página no Facebook, sem adiantar quaisquer condições para prestar o serviço.

Incêndios
Os hospitais de Viseu e Coimbra assistiram, entre domingo e hoje, mais de uma centena de doentes oriundos dos incêndios na...

Carlos Cortes, presidente da secção regional da zona centro da Ordem dos Médicos, disse à agência Lusa que o Hospital de Viseu já ultrapassou o ponto mais crítico que se registou durante a noite, com a entrada de 48 doentes relacionados com os fogos.

O médico adiantou que, nesta unidade de saúde, foi acionado o plano de contingência e que a mesma contou com a oferta de vários profissionais de saúde que, ao saberem da catástrofe, se ofereceram para trabalhar, apesar de não estarem escalados.

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) registou mais de cem episódios relacionados com os incêndios.

Segundo Carlos Cortes, para evitar a deslocação dos feridos, alguns profissionais de áreas como oftalmologia estão a ser deslocados.

O clínico sublinha a prontidão dos profissionais de saúde em geral, e dos médicos em particular, que manifestaram a sua intenção de ajudar e tornaram possível o funcionamento de vários centros de saúde na noite passada para responder às populações atingidas pelos fogos.

“Nestes momentos de dificuldades, os médicos concentram-se na sua responsabilidade”, afirmou, sublinhando positivamente a desconvocação da greve dos médicos prevista para a zona Centro na próxima quarta-feira.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 31 mortos e dezenas de feridos, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo assinou um despacho de calamidade pública, abrangendo todos os distritos a norte do Tejo, para assegurar a mobilização de mais meios, principalmente a disponibilidade dos bombeiros no combate aos incêndios.

Portugal acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e o protocolo com Marrocos, relativos à utilização de meios aéreos.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, um fogo que alastrou a outros municípios e que provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.

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