Opinião
A litíase (cálculo nas vias urinárias) é uma das patologias mais frequentes do foro da Urologia, est

Os significativos avanços tecnológicos, que passam pela robótica, lasers mais eficazes e a utilização de Inteligência Artificial, aliados a um conceito de seguimento com equipa multidisciplinar, motivaram a criação da Unidade de Litíase do Hospital Cruz Vermelha, coordenada pelo Prof. Dr. Tiago Rodrigues, permite oferecer um tratamento diferenciado e multidisciplinar.

 

Impacto das cólicas renais

A litíase renal pode, nas crises agudas, ser extremamente debilitante. As cólicas renais, que são uma manifestação comum dessa condição, caracterizam-se por uma dor súbita e intensa que pode variar de moderada a insuportável. São também sinais de alarme o registo de temperatura elevada (febre) ou vómitos incontroláveis.

Esta dor ocorre quando uma pedra bloqueia o fluxo de urina, causando pressão e inchaço nos rins. Estes episódios de dor podem durar horas e frequentemente exigem uma observação em contexto de urgência hospitalar para alívio efetivo da dor.

Um utente com produção de cálculos renais pode ter múltiplos episódios de cólica ao longo da vida, vivenciando várias interrupções significativas nas suas atividades diárias. O medo de um novo episódio de dor pode levar à ansiedade e ao stress, afetando o bem-estar emocional e social. A dor recorrente pode comprometer o desempenho profissional, a participação em atividades sociais e a capacidade de cuidar de si mesmo e da sua família.

A imprevisibilidade do aparecimento da dor e as idas frequentes e recorrentes ao hospital podem também originar uma sensação de desamparo e depressão.

Além do impacto imediato, as cólicas renais não tratadas ou indevidamente orientadas podem provocar complicações graves, como infeções do trato urinário e lesões renais permanentes, com perda do órgão.

 

Compreendendo a gravidade desta condição clínica, e reconhecendo as múltiplas carências associadas ao seu tratamento, a nossa equipa médica multidisciplinar constituída por especialistas de Urologia, Medicina Interna e Nefrologia está empenhada em disponibilizar um tratamento eficaz, individualizado e centrado em cada pessoa. O nosso objetivo passa por tratar estas situações em duas fazes distintas: na fase aguda de cólica, com alívio da dor e de controlo da situação; nos restantes momentos, pretendemos atuar na prevenção e diminuição do risco de cólica, de aparecimento de novos cálculos e na preservação da função renal. Assim, abordamos todas as fases da doença contribuído para a melhoria da qualidade de vida.

Além disso, oferecemos suporte educacional para que os nossos utentes possam compreender melhor a sua situação clínica e adotar medidas proativas para prevenir a formação de novas pedras.

 

Cirurgia para a Litíase Renal

Do ponto de vista cirúrgico, a equipa de Urologia atua em cada fase com uma abordagem cirúrgica direcionada. Na fase aguda, a fase de dor e mal-estar, pode ser necessária a realização de uma derivação urinária urgente, habitualmente com a colocação de um cateter ou stentureteral. Nesta fase, em casos devidamente selecionados, pode ainda proceder-se diretamente à destruição e remoção do cálculo com recurso a um laser de alta frequência.

Nas fases sem dor nem obstrução ativa, a utilização da Inteligência Artificial permite um aumento significativo da qualidade diagnóstica e tem um impacto importante no planeamento cirúrgico. Atualmente já é possível realizar esta cirurgia com recurso a um robô que aumenta de forma muito marcada a segurança para o utente e a eficácia do tratamento.

O grande objetivo desta equipa é, portanto, o tratamento dos cálculos renais, atuando de forma preventiva e impedindo o aparecimento das cólicas renais, com todo o desconforto e riscos a elas associados. A adoção desta tecnologia, associado ao know-how e à perícia dos urologistas, permite-nos oferecer hoje condições de excelência cirúrgica que anteriormente não existiam.

Quando procurar a ajuda de um nefrologista?

A litíase renal, conhecida como “pedras nos rins”, pode ser abordada por urologistas e nefrologistas. No entanto, há situações específicas em que a intervenção de um nefrologista é fundamental:

  1. Recorrência frequente de “pedras nos rins”

As pessoas que desenvolvem repetidamente “pedras”, podem ter uma predisposição subjacente que requer avaliação metabólica detalhada. O nefrologista investigará as causas metabólicas como, hiperparatiroidismo, distúrbios do metabolismo do cálcio, oxalato ou ácido úrico.

  1. Histórico de doenças renal crónica ou deterioração da função renal

Quando o doente apresenta uma história de doença renal crónica, alterações anatómicas ou evidência de deterioração da função renal associadas à formação de cálculos, a avaliação nefrológica é essencial. O nefrologista pode ajustar o tratamento para proteger a função renal ao longo do tempo.

  1. Complicações associadas à Litíase Renal

Em casos de nefrocalcinose (depósito de cálcio nos rins) ou infeções urinárias recorrentes relacionadas com as “pedras”, o nefrologista pode ajudar a gerir essas complicações, bem como a prevenir futuras ocorrências.

Tratamento da litíase renal

O tratamento consiste, na fase aguda, no controlo sintomático da crise de cólica (que pode implicar intervenção urológica), mas normalmente não trata a doença a longo prazo.

Se não forem corrigidas as condições metabólicas e se a pessoa não alterar os seus hábitos de vida, nomeadamente alimentares, sendo muitas vezes necessária terapêutica farmacológica coadjuvante, ao fim de um ou dois anos, pode repetir-se nova crise.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
4 de março | Dia Mundial da Obesidade
Federação Mundial de Obesidade estima que, em 2035, uma em cada quatro pessoas a nível global viverá com obesidade.

Viver com obesidade é um caminho para a vida toda e não se define pela perda de peso. É no âmbito do Dia Mundial da Obesidade, assinalado anualmente a 4 de março, que a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) apela às entidades de saúde em Portugal para a implementação de mudanças urgentes nas suas políticas, nomeadamente no que diz respeito à comparticipação do tratamento da obesidade, combate ao estigma associado a esta doença crónica,  e à mudança do ambiente obesogénico atual através de intervenções que envolvam a indústria alimentar, a publicidade e os media

"A obesidade é uma doença crónica que requer uma abordagem integrada e multidisciplinar, mas ainda há muito estigma associado. Durante muito tempo, as respostas à crise da obesidade centraram-se apenas nas pessoas. É altura de mudar o foco para os sistemas que estão a falhar. Quem tem obesidade tem o direito a ser tratado como qualquer outro doente crónico, beneficiando de novos fármacos que podem mudar o curso da doença evitando complicações futuras, e isso não invalida a necessidade de politicas mais eficazes na mudança ambiental e prevenção desta pandemia.", afirma Carolina Neves, endocrinologista da APDP. "É fundamental que continuemos a trabalhar em conjunto com as autoridades de saúde para garantir que os doentes tenham acesso às melhores opções de tratamento disponíveis, incluindo terapias farmacológicas quando clinicamente indicadas."

A APDP defende que a comparticipação do tratamento da obesidade é uma medida essencial para garantir o acesso equitativo aos cuidados de saúde e reduzir o impacto da doença na saúde pública. Estudos recentes têm demonstrado que estes fármacos, além de promoverem a perda de peso, também têm benefícios significativos na prevenção e tratamento de outras doenças associadas à obesidade, como a doença hepática e a síndrome da apneia obstrutiva do sono. Dispomos de evidência robusta que demonstra que o tratamento farmacológico da obesidade reduz em 20% o risco de morte cardiovascular e eventos cardiovasculares em pessoas com excesso de peso ou obesidade sem diabetes e com histórico prévio de eventos cardiovasculares. Este dado e ainda  a demonstrada redução de 19% na mortalidade por todas as causas e de 18% na insuficiência cardíaca. 1 justificam a comparticipação destes fármacos já que impactam a mortalidade e o prognóstico deste grupo de pessoas.A obesidade é uma doença complexa e multifatorial que afeta milhões de portugueses e está associada a um elevado risco de desenvolvimento de outras patologias graves, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doença hepática e apneia do sono. Existem atualmente cerca de 2 milhões de pessoas adultas com obesidade, um valor que aumenta para 67,6% da população portuguesa quando somadas as pessoas com excesso de peso. Apesar da sua gravidade, a obesidade continua a ser frequentemente desvalorizada e estigmatizada, o que dificulta o acesso equitativo a terapêuticas eficazes.

"É essencial que a obesidade seja encarada como a doença crónica que é, que requer tratamento e acompanhamento médico adequados", frisa José Manuel Boavida, presidente da APDP, rematando: "Acreditamos que, trabalhando em conjunto, podemos melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas que vivem com obesidade em Portugal e a APDP está disponível para contribuir ativamente para a resolução deste problema de saúde pública."

A APDP apela, assim, a todas as entidades de saúde que repensem as medidas para o tratamento da obesidade, tendo em conta a evidência científica disponível e o impacto da doença na saúde pública. Este é também um passo fundamental para reduzir o peso global de outras doenças crónicas, incluindo a diabetes, as doenças cardíacas e o cancro e construir um futuro mais saudável para as pessoas em todo o mundo.

1https://cardio4all.pt/artigos/ensaio-clinico-select-semaglutido-reduz-o-risco-de-eventos-cardiovasculares-em-doentes-obesos-sem-diabetes-com-antecedentes-de-evento-cardiovascular

Programa de Cirurgia Robótica
A Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal (ULSAS) realizou, esta semana, as primeiras cirurgias robóticas, dando início ao...

Foram realizadas, ao longo da semana, quatro cirurgias – duas sigmoidectomias, a dois utentes oncológicos, de 73 e 51 anos, por uma das equipas do Serviço de Cirurgia Geral, integrada no Centro de Referência do Cancro do Reto, uma prostatectomia radical e uma nefrectomia parcial, ambas em doentes oncológicos, realizadas pelo Serviço de Urologia.

As equipas multidisciplinares da ULSAS foram acompanhadas nestes procedimentos por especialistas de referência, com reconhecimento e projeção internacional - Laura Mora (nas duas sigmoidectomias), Kris Maes (prostatectomia radical) e David Subirá (nefrectomia parcial), garantindo os mais elevados padrões de exigência e qualidade.

“O arranque do Programa de Cirurgia Robótica é um marco extraordinariamente importante para a ULSAS e, sobretudo, para os utentes que servimos, bem como para os profissionais. Graças a profissionais de excelência e a este programa, que reflete uma aposta clara na inovação, a ULSAS passa a prestar cuidados de saúde de última geração, em diversas especialidades”, destaca Pedro Correia Azevedo, Presidente do Conselho de Administração da ULSAS. “Importa, ainda, referir que a aposta na inovação nos torna mais competitivos e mais atrativos, o que é fundamental para reter e cativar novos profissionais”, remata.

O Programa de Cirurgia Robótica da ULSAS distingue-se de outros já implementados no país por abranger, desde o início, especialidades para além da Urologia, como sejam a Cirurgia Geral, a ORL e a Ginecologia.

Do ponto de vista do utente, comparativamente com as técnicas tradicionais, a cirurgia robótica permite maior precisão no ato cirúrgico, menor sangramento, menor risco de infeção, redução da dor pós-operatória, redução do tempo de internamento hospitalar, menor necessidade de transfusões, entre outras vantagens.

“A Medicina evolui e nós também. Com a implementação da cirurgia robótica conseguimos prestar cuidados ainda mais seguros", resume Miguel Carvalho, Diretor do Serviço de Urologia e coordenador da Comissão de Cirurgia Robótica da ULSAS.

O primeiro robot da ULSAS para realização de cirurgia robótica assistida (sistema robótico da Vinci Xi) foi instalado a 10 de outubro de 2024, em resultado de um investimento de 1,9 milhões de euros, financiado pela União Europeia – NextGenerationEU. Desde então, tem estado a ser realizada formação de profissionais, estando já formados 18 cirurgiões e 24 enfermeiros. A formação abrangeu, ainda, a anestesia, técnicos auxiliares de saúde, esterilização e serviço de instalações e equipamentos.

A utilização deste novo sistema de cirurgia robótica permite a estandardização de procedimentos, a realização de uma cirurgia de excelência e a redução de uma curva de aprendizagem em relação à laparoscopia tradicional.

4 de março | Dia Mundial da Obesidade
O tratamento da obesidade, um dos maiores desafios de saúde global, exige cada vez mais uma abordagem personalizada e deve ter...

Em vésperas de mais um Dia Mundial da Obesidade, a investigadora salienta que a obesidade não é uma condição única, mas um conjunto de desordens com diferentes causas e manifestações. “Embora tenha como fator comum a adiposidade, os mecanismos subjacentes variam: desde alterações na saciedade até inflamação crónica, resistência à insulina ou metabolismo dos lípidos. Para um tratamento eficaz, é essencial considerar a genética, o metabolismo e a microbiota de cada doente”, afirma.

De acordo com o estudo "O Custo e a Carga do Excesso de Peso e Obesidade em Portugal"*, mais de 67% da população adulta portuguesa apresenta excesso de peso ou obesidade, com uma prevalência de obesidade de 28,7%. Os custos diretos associados a estas condições rondam os 1,2 mil milhões de euros anuais, o que corresponde a cerca de 0,6% do PIB e 6% das despesas totais em saúde no país.

“A obesidade é uma doença complexa que implica rever e alterar, quando necessário, os estilos de vida. Contamos com a eficácia da cirurgia bariátrica e ainda com os recentes avanços da terapêutica farmacológica. No entanto, apesar de tudo, o maior desafio estará na falha da adesão, nas pessoas que não respondem ao tratamento e na manutenção da perda de peso ao longo do tempo. O desafio é perder peso à custa do tecido adiposo e não do músculo”, refere Conceição Calhau.

Neste contexto, a investigação tem destacado um fator determinante na regulação do peso: a microbiota intestinal. Segundo a investigadora, há estudos que mostram que a composição bacteriana do intestino difere entre pessoas com obesidade e aquelas com peso saudável, influenciando diretamente mecanismos essenciais como a regulação do apetite, o armazenamento de gordura e a absorção de nutrientes.

Uma das descobertas mais promissoras neste campo é o papel da bactéria Hafnia alvei na regulação do apetite. Esta bactéria produz ClpB, uma proteína que mimetiza a alfa-MSH, um neurotransmissor envolvido na saciedade. Investigações pré-clínicas revelaram que a suplementação com Hafnia alvei (HA4597) pode levar à perda de peso ao reduzir a ingestão alimentar e estimular a lipólise, processo pelo qual a gordura acumulada é mobilizada para ser utilizada como energia”, revela.

Estudos clínicos também reforçam este potencial. Um ensaio multicêntrico, duplo-cego e controlado por placebo, envolvendo 236 indivíduos com excesso de peso, demonstrou que a suplementação com HA4597 durante 12 semanas resultou na perda de peso e melhoria do controlo glicémico. Estes resultados corroboram a hipótese de que a modulação da microbiota intestinal pode ser uma ferramenta eficaz na abordagem da obesidade.

Dieta mediterrânica e microbiota: uma parceria essencial

Fatores como alimentação, exercício físico, sono, stresse e medicamentos são bem conhecidos como moduladores da microbiota. Para Conceição Calhau, a dieta mediterrânica é a que tem evidenciado mais impacto benéfico em termos de alimentação, devido, sobretudo, à presença de alimentos pré-bióticos, ricos em fibra, e de alimentos fermentados (probióticos). “Perdemos o hábito de ingerir com regularidade as leguminosas e hortícolas, bem como as oleaginosas e o peixe, 3-5 vezes por semana. Ou seja, sabemos que em Portugal a adesão à dieta mediterrânica é baixa e que os hábitos alimentares inadequados, associados à baixa prática de exercício físico, são condições que comprometem a saúde no topo da lista”, alerta.

A dieta mediterrânica, o exercício físico, dormir o suficiente e a gestão do stresse são condições muito importantes para manter a diversidade da microbiota. A investigadora frisa, no entanto, que o probiótico na forma de suplemento (e não de alimento, como será, por exemplo, o iogurte ou kefir), deve estar sustentado por estudos científicos. “Não basta ler ‘probiótico’ num rótulo e achar que faz bem. Os probióticos não são todos iguais, não são todos cientificamente testados e conhecidos e nem significa que o mesmo serve para todas as condições”, explica. Acrescenta ainda que, quando se toma um antibiótico deve ser associada a toma de probiótico adequado, para não existir (também) impacto nas bactérias benéficas.

A abordagem não cirúrgica para a obesidade ou mesmo estádios anteriores de excesso de peso, devem passar no mínimo pela correção da disbiose (desequilíbrio) intestinal, quando esta ocorre. Mesmo com os avanços nas ferramentas farmacológicas, a intervenção, para ser efetiva, passa necessariamente por abordagens que integram as várias dimensões. Temos já avanços, quer em correções específicas, como a Hafnia alvei, quer com casos mais difíceis com transplante de microbiota fecal, ainda em fase de investigação”, conclui. Seja qual for a solução, o intestino faz parte da equação.

*Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE), Evigrade-IQVIA e Sociedade Portuguesa. Estudo da Obesidade (SPEO). Estudo “O Custo e a Carga do Excesso de Peso e Obesidade em Portugal”. Outubro de 2021.

Opinião
Março foi o mês escolhido para se falar de obesidade.

Esta doença metabólica é responsável por várias complicações, e está associada a inúmeras doenças como sejam a asma, a apneia do sono, a patologia degenerativa osteoarticular, algumas doenças de pele, a doença de refluxo gastroesofágico, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes e cancro.  As pessoas obesas ou com excesso de peso correm um maior risco de desenvolver cancro do intestino (cólon e reto), rim, esófago, pâncreas e vesícula, cancro da mama na mulher após a menopausa, cancro do útero (endométrio) e dos ovários.

Todas estas consequências resultam do excesso de tecido adiposo, e em particular da gordura visceral, e por isso definir a obesidade apenas pelo peso ou pelo índice de massa corporal é simplificar esta condição clínica.

Também definir como objetivo de tratamento da Obesidade atingir o peso perfeito ou ideal, é minimizar a doença. Reduzir o excesso e a acumulação de gordura, e com isso melhorar a saúde e a qualidade de vida do doente, deve ser o alvo a atingir.

As opções terapêuticas atualmente disponíveis, para além das modificações do estilo de vida, são cirúrgicas e farmacológicas. Nenhuma dá garantia de 100% de sucesso e a associação de diferentes tratamentos parece ser a melhor solução. Seja qual for a escolha, esta deve ser sempre individualizada e ajustada a cada doente.

Os medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade, pela redução de peso que causam e pela melhoria das patologias associadas, são fundamentais para o seu combate. Na prática clínica, nem todos os obesos têm acesso a essa terapêutica pelo seu preço elevado. O estigma que o doente obeso sofre na vida quotidiana continua quando tem de pagar o seu tratamento. Não ter os medicamentos comparticipados, dificulta o seu uso prolongado, necessário para a manutenção da perda de peso, que é um dos maiores desafios desta doença. O reganho ponderal é uma frustração para quem trata e para quem vive a doença, sendo por isso desejável a redução do custo destes medicamentos inovadores.

Novos tratamentos se perspetivam, e o que se deseja é que o seu efeito seja eficaz e duradouro.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Opinião
No próximo dia 3 de março, celebra-se o Dia Mundial da Audição, uma iniciativa da Organização Mundia

E, francamente, é preciso mesmo mudar mentalidades. Porque, sejamos sinceros, muita gente acha que "não ouvir bem" não é um problema grave.

"Ah, estás só a fazer-te de desentendido", dizem. "Isso é da idade", atiram. "É só um bocadinho de cera!", garantem com a confiança de um especialista de YouTube.

Vivemos num mundo onde as pessoas aceitam de bom grado usar óculos quando começam a ver mal, mas quando se trata de perder audição… “Ah, não, isso é diferente!”, dizem, enquanto continuam a fazer leitura labial como se fossem concorrentes do The Voice, versão silenciosa.

“Não preciso de aparelhos auditivos, só preciso que falem mais alto!”
“Não sou surdo, as pessoas é que murmuram muito!”
“Isso de próteses auditivas é para velhos.”

Pois, meu caro leitor, aqui está o problema da mentalidade. O resultado? Milhares de pessoas fingem que ouvem, fazem aquele sorriso de concordância universal e seguem a vida sem perceber metade do que lhes dizem.

E assim, milhões de pessoas ignoram o problema e seguem a vida a sorrir e acenar... principalmente porque não ouviram bem o que foi dito. Mas chega de negação! A perda auditiva não é um detalhe pitoresco da velhice, nem um charme exótico para apimentar as conversas. É uma barreira real que isola, confunde e, muitas vezes, faz com que as pessoas respondam “sim” a perguntas como:

“Quer mais piri-piri no prato?”

“Tem a certeza de que aceita os termos e condições sem ler?”

“Podemos contar consigo para liderar a reunião de amanhã?”

É por isso que precisamos de falar sobre reabilitação auditiva. Mas antes, deixem-me contar como é a jornada de quem decide que talvez esteja na hora de ouvir como deve ser. Vamos falar da dura realidade de quem, um dia, percebe que "se calhar, ouvir melhor não era má ideia".

Primeira Etapa: A Grande Negação – Ou Como a Nossa Família (ou Amigos) Nos Diagnostica

A história de quase toda a gente com perda auditiva começa da mesma maneira: não são eles que percebem, é a família que se passa dos nervos.

“Já te disse MIL VEZES!”

“O volume da televisão está a chamar baleias do Atlântico!”

“Tu ouves o que te convém, isso é que é!”

Mas a pessoa nega. Sempre. E encontra as desculpas mais criativas para explicar a sua dificuldade em ouvir:

“Este restaurante tem uma acústica péssima.”

“As pessoas hoje em dia falam para dentro.”

“Esse médico não percebe nada. Tenho audição seletiva!”

A negação dura até ao momento de humilhação social, quando alguém faz uma pergunta e a resposta sai completamente ao lado.

“O senhor quer fatura com contribuinte?”

“Sim, sim, com gelo e limão, por favor.”

Silêncio. Aquele silêncio em que o cérebro grita "FAZ DE CONTA QUE ESTÁS A GOZAR!", mas já é tarde.

Segunda Etapa: A Consulta e a Realidade Cruel dos Testes Auditivos

Finalmente, depois de muita pressão, lá se marca consulta com um Médico Otorrinolaringologista.

Primeiro, perguntas difíceis:

“Sente que ouve pior?”

“Tem dificuldades em perceber a fala?”

“Ouviu o que acabei de perguntar?”

Depois, o exame. Entramos numa cabine isolada, pomos uns auscultadores gigantes e dizem-nos:

“Carregue no botão sempre que ouvir um som.”

Os primeiros apitos são óbvios. Depois vêm aqueles quase impercetíveis, e o pânico instala-se. Carregamos no botão às cegas, com medo de falhar. O audiologista olha-nos com ar suspeito. Sabemos que ele sabe que estamos a inventar.

O resultado é um audiograma, um gráfico que parece o batimento cardíaco de um peixe morto.

A sentença? Perda auditiva moderada a severa.

E a resposta? "QUÊ?!"

 

Terceira Etapa: A Escolha da Tecnologia – Ou Como Se Tenta Fugir da Evidência

Agora vem a decisão: próteses auditivas ou implante coclear?

Se a perda auditiva ainda permite, começam a sugerir próteses auditivas. Mas ninguém quer aceitar logo. Primeiro, há a fase do choque financeiro:

“ESPERA LÁ, QUANTO?!”

“Mas isso é feito de ouro?”

“Não posso só usar legendas em tudo?”

Mas, eventualmente, a pessoa rende-se e escolhe as próteses. O momento de experimentação é… mágico. A pessoa OUVEEEE! Mas, em vez de celebrar, faz cara feia:

“Porque é que os meus passos são tão barulhentos?”

“Sempre respirei assim alto?”

“MAS ESTA CASA SEMPRE TEVE ESTE TANTO DE RUÍDO?!”

Se a perda auditiva já está noutro nível, a única solução pode ser um implante coclear.

Quarta Etapa: O Implante Coclear – De Surdo a Cyborg

A ideia de ter um dispositivo eletrónico dentro da cabeça pode parecer coisa de ficção científica, mas é uma dádiva moderna.

A cirurgia dura 2 a 3 horas, e saímos com um belo penso na cabeça, prontos para a transição de "ser humano" para "versão 2.0".

Mas eis a verdade: o implante não funciona na hora. No dia da ativação, estamos à espera de um "milagre auditivo", mas o que ouvimos é... ruído estranho e vozes robóticas.

“Doutor, isto é normal?”

“Sim, o cérebro precisa de tempo para reaprender a ouvir.”

“Ah... E agora vou viver num episódio de Star Wars?”

Segue-se a fase da adaptação, que é basicamente um treino auditivo para que o cérebro aprenda a interpretar os sons corretamente. Há semanas e meses de terapia auditivo-verbal, onde:

As primeiras palavras parecem vir de um robô asmático.

Sons básicos, como a água a correr, soam a explosões nucleares.

Pessoas queridas, como a mãe ou o cônjuge, soam... estranhas.

Mas, pouco a pouco, a audição melhora. Um dia, do nada, percebemos uma conversa de costas viradas, e a epifania acontece:

OUVIR É INCRÍVEL!

Conclusão: Então e Agora?

Passam-se semanas e meses. Aos poucos, o cérebro adapta-se. Ouvimos melhor. Voltamos a participar em conversas sem medo de responder a perguntas erradas. Descobrimos que as vozes das pessoas afinal não eram robóticas, apenas diferentes daquilo que nos lembrávamos.

E um dia, quando alguém fala connosco de costas viradas e conseguimos perceber tudo sem precisar de ler os lábios, vem a verdadeira epifania: OUVIR É INCRÍVEL!

Agora? Agora não há desculpas.

Se tem dificuldade em ouvir, vá ao médico. Se precisa de um aparelho auditivo, use-o sem vergonha. Se precisa de um implante, não tenha medo.

A perda auditiva não deve ser um obstáculo para a vida. A tecnologia existe para mudar isso.

Então, se está desse lado, em silêncio forçado ou num estado de "hein?" constante, siga o conselho da OMS:

Capacite-se. Ou melhor, reabilite-se!!!

Porque ouvir não é só um detalhe. Ouvir é viver! E ninguém merece ficar preso no silêncio… a menos que esteja a evitar uma chamada do seu banco. Nesse caso, ignore tudo.

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Opinião
O inverno não afeta apenas a pele!

Descubra como os tratamentos avançados e cuidados diários adequados podem ajudar a combater os efeitos do inverno e cuidar da sua saúde capilar durante esta estação.

 

1. O impacto do frio no cabelo e no couro cabeludo:

Cabelo fragilizado: O ar seco, típico do inverno, tanto no ambiente externo quanto em locais aquecidos, pode afetar a humidade natural dos fios de cabelo, tornando-os mais propensos à quebra.

Couro cabeludo sensível: Baixas temperaturas podem afetar o couro cabeludo, causando descamação ou caspa.

Redução da circulação sanguínea: O frio pode reduzir a circulação sanguínea no couro cabeludo, afetando a saúde dos folículos capilares.

 

2. Cuidados específicos para o cabelo no inverno:

Hidratação intensiva: Utilizar máscaras capilares e produtos com ingredientes hidratantes como óleos naturais e pantenol.

Proteção térmica: Evitar a exposição do cabelo a ventos frios e apostar em chapéus ou gorros com tecidos que não causem atrito.

Evitar água demasiado quente: Lavar o cabelo com água morna para não ressecar os fios e o couro cabeludo.

 

3. Alimentação e suplementação no inverno:

Além dos tratamentos profissionais, a saúde do cabelo também depende de um estilo de vida equilibrado e de uma alimentação rica em nutrientes essenciais. Vitamina B7 (Biotina): essencial para o crescimento dos fios de

cabelo.

  • Vitaminas C e E: protegem contra os danos oxidativos e melhoram a circulação sanguínea no couro cabeludo. Consumir essas vitaminas por meio de alimentos específicos ou suplementos indicados por um especialista contribui para cabelos mais fortes e brilhantes.

Dicas práticas:

  • Vitamina A: regula a produção de sebo e previne que ressequem. Encontrada em cenouras, espinafre e peixes gordurosos.
  • Vitamina D: estimula a circulação e melhora a saúde dos folículos; sintetizada com exposição solar ou encontrada no salmão e sardinha.
  • Vitamina E: melhora a circulação e combate os radicais livres; presente em abacate e nozes.

O inverno pode ser desafiante para a saúde capilar mas, com os cuidados certos, é possível manter os fios de cabelo saudáveis e bonitos durante a estação mais fria do ano.

Cuidar do cabelo no inverno significa ir além da simples hidratação superficial.

Tratamentos como PRP e Mesoterapia agem diretamente nas causas da queda e nos folículos, fortalecendo o couro cabeludo de dentro para fora. O inverno é o momento ideal para começar esse processo, garantindo resultados a longo prazo.

 

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Opinião
O Dia Mundial das Doenças Raras é celebrado mundialmente no último dia do mês de fevereiro.

E qual o objectivo de existir este dia?

Neste dia destacam-se várias dificuldades atravessadas pelas pessoas com doença rara e pelos que as rodeiam.

  • Obtenção de um diagnóstico atempado e correcto

Enquanto médicos somos treinados a pensar primeiro no que é frequente. “Se ouves o barulho de cascos pensa em cavalos e não em zebras”. Em média, as pessoas com doença rara têm um atraso de 4 a 5 anos até ao diagnóstico da sua doença, sendo que não raramente este atraso no diagnóstico atinge décadas de vida. Em Portugal um quarto dos doentes espera 5 a 30 anos pelo diagnóstico após o aparecimento dos primeiros sintomas da doença. São décadas de sofrimento, isolamento, incompreensão e por vezes décadas de atraso na instituição de um tratamento adequado, com perda significativa de qualidade e anos de vida.

  • Dificuldade no acesso a profissionais com experiência na sua doença

Mesmo após o estabelecimento de um diagnóstico é muitas vezes difícil de encontrar um plano de seguimento e tratamento adequado. Continua a existir dificuldade de acesso a centros com experiência no seguimento e tratamento de uma imensidão de doenças raras. E enquanto comunidade médica, como é que podemos adquirir conhecimentos em doenças sobre as quais tão pouco está documentado? É essencial o incentivo à publicação científica de qualidade e à criação de registos nacionais e internacionais em doenças raras (e ao seu acesso).

  • Dificuldade no acesso a tratamentos adequados

Mesmo após a obtenção de um diagnóstico, a disponibilização de terapêutica farmacológica para as doenças raras é frequentemente morosa, difícil e dispendiosa (isto quando existe algum tipo de terapêutica farmacológica, uma vez que cerca de 95% das doenças raras não tem nenhuma terapêutica farmacológica comercializada). E o acesso a outros tipos de terapêutica (terapia ocupacional, terapia da fala, fisioterapia, psicoterapia, entre outras) continua a ser uma realidade longe do alcance de muitos doentes. As respostas sociais são frequentemente insuficientes com necessidade de recorrer a instituições e serviços privados, com custos elevados e inatingíveis para uma grande parte da população.

  • Perda de qualidade de vida dos doentes e dos seus cuidadores

Muitas doenças raras são incapacitantes, conduzindo a perda de autonomia com prejuízo marcado da qualidade de vida dos doentes e dos seus cuidadores.

Enquanto comunidade devemos neste dia exigir que as pessoas com doenças raras sejam tratadas de forma justa, de acordo com as suas necessidades, ou seja, equidade. Neste mês de fevereiro, e em particular no Dia Mundial das Doenças Raras, vamos divulgar estas doenças-zebra. Porque acreditamos que divulgá-las é o primeiro passo para a equidade no diagnóstico, tratamento, e oportunidades na saúde e sociais.

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BREATHE
O consórcio de investigação Blocking Respiratory Exacerbations: AI and data-driven Technology for Health Enhancement(BREATHE),...

Em concreto, a equipa de investigação está a testar a utilização de um dispositivo que permite medir a Fração Exalada de Óxido Nítrico (FeNO) em casa, um método não invasivo que permite avaliar a inflamação pulmonar de forma rápida. Atualmente, esta monitorização é feita principalmente em ambiente hospitalar ou clínico, através da utilização de dispositivos como o Evernoa, um sistema que foi criado por uma das entidades parceiras do consórcio, a empresa especializada em tecnologia médica everSens. 

A utilização móvel deste novo sistema inspirado no dispositivo Evernoa vai permitir “que os doentes monitorizem facilmente os seus níveis de FeNO no domicílio, garantindo intervenções atempadas e uma gestão mais eficaz da doença”, explica a equipa de investigação da UC. Para fazer esta monitorização, os doentes devem “utilizar o dispositivo para realizar medições diárias, seguindo um processo simples e intuitivo”, elucidam os investigadores. A medição é, então, registada automaticamente na aplicação móvel do sistema, que vai armazenar os dados e permitir a análise dos padrões ao longo do tempo. No futuro, “estes dados, conjugados com outras variáveis clínicas, poderão contribuir significativamente para a gestão atempada e prevenção das crises”, acrescentam.

Esta versão móvel do Evernoa, que depois da sua validação clínica será futuramente disponibilizada, está a ser feita com recurso a inteligência artificial. Estão a ser usados modelos preditivos que permitem “analisar os padrões das medições de FeNO, cruzando-os com outros dados clínicos e ambientais”, partilha a equipa de investigação. 

“Acreditamos que este dispositivo para utilização domiciliária pode impactar positivamente o dia a dia de pessoas diagnosticadas com asma e outras doenças obstrutivas pulmonares, podendo vir a reduzir até 55% as suas crises respiratórias, prevenindo, assim, mais de 1,2 milhões de hospitalizações anuais na Europa e libertando cerca de 8 milhões de dias de ocupação hospitalar”, avança a equipa do projeto BREATHE. Atualmente, as doenças respiratórias crónicas “afetam mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo e são uma das principais causas de incapacidade e morte”, recordam os investigadores.

Neste momento, a Universidade de Coimbra e a Unidade Local de Saúde de Coimbra (ULS Coimbra) estão a implementar um estudo clínico multicêntrico, envolvendo Portugal e Espanha (Hospital Clínic de Barcelona), para avaliar a performance da versão domiciliar do dispositivo Evernoa em doentes com asma grave. Durante este estudo, os investigadores vão acompanhar os participantes ao longo de seis meses, recolhendo dados sobre a utilização do dispositivo e a evolução do seu estado clínico. Desta forma, o estudo vai permitir “analisar a adesão dos doentes à tecnologia, avaliar a viabilidade do uso regular do dispositivo e compreender de que forma esta metodologia inovadora pode impactar a gestão da asma na vida real”, contextualiza a equipa portuguesa. 

Além da UC, da ULS Coimbra, da everSens e do Hospital Clínic de Barcelona fazem parte deste consórcio de investigação a AstraZeneca Espanha, a GENESIS Biomed, consultora especializada em inovação biomédica, e a Fundação de Investigação Clínica de Barcelona - Instituto de Investigações Biomédicas August Pi i Sunyer. A investigação é financiada pela rede EIT Health com um milhão de euros até 2026.

A equipa da Universidade de Coimbra é liderada pelo docente da Faculdade de Medicina (FMUC) e investigador do Coimbra Institute for Clinical and Biomedical Research (iCBR), António Jorge Ferreira, fazendo também parte da equipa o investigador do iCBR, Ricardo Leitão. Já do lado da ULS Coimbra participam os clínicos Cláudia Loureiro e Diogo Canhoto, que são também docentes e investigadores da FMUC.

SPPCV
A Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV) anuncia que estão abertas as candidaturas para a Bolsa de...

Esta bolsa tem como propósito distinguir investigadores que apresentem um projeto original de investigação básica relacionado com a patologia da coluna vertebral, sendo a avaliação baseada na inovação da proposta e no seu potencial impacto na prática clínica ou na saúde pública.

“Acreditamos que esta iniciativa contribuirá para impulsionar a investigação no nosso país e será um excelente complemento ao trabalho científico já desenvolvido, que anualmente é apresentado no nosso congresso nacional”, destaca Nelson Carvalho, presidente da SPPCV.

No momento da candidatura, os projetos submetidos devem estar em andamento ou prestes a iniciar-se. Cada investigador ou equipa de investigação poderá apresentar apenas uma proposta por ano. Caso a candidatura não seja selecionada, o projeto poderá ser revisto e reapresentado no ano seguinte, desde que continue ativo e a investigação não esteja concluída.

Para mais informações, consultar o Regulamento disponível aqui.

Hospital de Santa Maria
O Hospital de Santa Maria - Porto, unidade de saúde privada localizada no centro da cidade do Porto, implementou um conjunto de...

Com essas mudanças, o hospital reduziu drasticamente a compra de garrafas plásticas e a sua deposição no lixo, diminuindo não apenas a quantidade de resíduos gerados, mas também a pegada de carbono, evitando a emissão de quase 11 toneladas de CO₂ associadas à produção e transporte das garrafas descartáveis.

Estas medidas permitiram uma redução de cerca de 63% na compra de garrafas plásticas em comparação com o ano anterior. A implementação do projeto foi gradual ao longo de 2024, com a conclusão nas unidades de internamento entre setembro e outubro. Os resultados já demonstram um impacto expressivo na sustentabilidade da instituição e prevê-se que em 2025 o impacto seja ainda mais significativo, dado que será o primeiro ano completo com todas as soluções em pleno funcionamento, ampliando os benefícios para a sustentabilidade da instituição.

"O setor da saúde gera uma grande quantidade de resíduos plásticos diariamente, em todas as suas áreas, e esta foi uma solução prática e eficaz para mitigar esse impacto. Estamos orgulhosos dos resultados alcançados e esperamos poder ser um exemplo a seguir por outras instituições", afirmou Lurdes Serra Campos, diretora geral do Hospital de Santa Maria - Porto.

Com esta iniciativa, o Hospital de Santa Maria – Porto reafirma o seu compromisso com práticas ambientalmente responsáveis, demonstrando como ações sustentáveis podem ser incorporadas na rotina hospitalar sem comprometer a qualidade do atendimento aos doentes ou dos serviços de saúde prestados.

 

Opinião
A creatina é um dos suplementos mais estudados e com eficácia comprovada em várias áreas da saúde, b

O seu principal benefício está na capacidade de regenerar rapidamente o ATP (trifosfato de adenosina), a principal fonte de energia celular, permitindo um melhor desempenho muscular, motivo pelo qual este suplemento é amplamente utilizado a nível mundial. 

Para além dos benefícios no desempenho físico, há evidências de que a creatina tem um papel importante na produção de energia no cérebro, podendo contribuir para a melhoria das funções cognitivas, como a memória, o tempo de reação e a capacidade mental. 

Contudo, o aumento da popularidade deste suplemento trouxe consigo algumas dúvidas, nomeadamente sobre uma possível relação entre a sua toma e a queda de cabelo, bem como os potenciais efeitos da suplementação na saúde capilar.

A relação entre a creatina e a calvície 

A possível relação entre a queda de cabelo e a creatina surgiu em 2009, após a publicação de um estudo de van der Merwe J, publicado no Clinical Journal of Sport Medicine. O estudo avaliou os possíveis efeitos secundários do consumo de creatina num grupo de jogadores de rugby. 

Os resultados deste estudo indicaram que o consumo recorrente de creatina levou a um aumento de mais de 50% na concentração de diidrotestosterona (DHT) nestes jogadores, uma hormona ligada à calvície androgenética. No entanto, não existem pesquisas conclusivas que atestem que a creatina, por si só, cause queda de cabelo. 

Mitos e verdades sobre a creatina e a saúde capilar

  • Mito: A creatina causa calvície. 
  • Verdade: Pode aumentar levemente os níveis de DHT, mas não há provas de que isso resulte, diretamente, em queda capilar. 
  • Mito: Mulheres devem evitar creatina pelo risco de queda de cabelo. 
  • Verdade: O impacto nos níveis hormonais femininos é pequeno. 

A creatina aumenta os níveis de DHT

O DHT é um subproduto da testosterona e pode acelerar a miniaturização dos folículos capilares em indivíduos geneticamente predispostos à calvície. Apesar de alguns estudos terem mostrado esta correlação entre a toma de creatina e o aumento de DHT, são necessárias mais pesquisas que comprovem uma ligação direta entre esta relação e a queda efetiva de cabelo. 

A creatina pode influenciar ligeiramente os níveis hormonais. Algumas mulheres relatam uma melhoria na qualidade dos fios de cabelo, possivelmente devido ao seu efeito na retenção de água, que pode contribuir para a hidratação do cabelo e da pele. 

As mulheres têm menores níveis de testosterona do que os homens, o que reduz a conversão para DHT, portanto, a preocupação com a queda de cabelo relacionada à creatina no público feminino é menor. Se houver, no entanto, histórico de alopecia androgenética, o acompanhamento médico especializado é recomendado. 

Suplementos que causam queda de cabelo

Alguns suplementos estão associados ao agravamento da queda de cabelo, como: 

  • Esteroides anabolizantes 
  • DHEA (desidroepiandrosterona) 
  • Proteína em excesso, sem equilíbrio nutricional 

Se percebeu um aumento na queda de cabelo após iniciar o uso de creatina, reveja outros fatores como o stress, deficiências nutricionais e histórico familiar de calvície. Caso a queda persista, consulte um especialista, que avaliará a sua situação de forma personalizada e individualizada e recomendará o melhor tratamento. 

Minoxidil e creatina

O minoxidil é um tratamento tópico que estimula o crescimento capilar e pode ser usado por quem percebeu um aumento da queda de cabelo. O seu uso combinado com creatina é considerado seguro. 

Como prevenir a queda de cabelo ao usar creatina

Hidratação e alimentação equilibradas e ricas em vitaminas essenciais 

  • Evitar exageros na suplementação 
  • Acompanhamento especializado, por profissionais médicos 
  • Redução do stress  
  • Promoção de um sono de qualidade 

Tratamentos capilares para quem usa creatina: 

  • PRP (Plasma Rico em Plaquetas): utiliza recursos naturais do próprio corpo, como fibrila, fibronectina, beta catenina, fatores de crescimento e antioxidantes, para estimular a regeneração capilar, fortalecendo e promovendo o crescimento saudável do cabelo. 
  • Mesoterapia capilar: tratamento não invasivo de bioestimulação que nutre e fortalece o cabelo através da aplicação de vitaminas, minerais e aminoácidos essenciais com resultados visíveis ao longo do tempo. 

Uso de champôs adequados: para suprir as necessidades específicas de cada tipo de cabelo.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
MovSaúde lança nova campanha
Iniciativa marca o arranque do Mês Europeu da Luta Contra o Cancro do Intestino a 01 de março e decorre até 30 de junho.

A MovSaúde – Associação Pela Prevenção da Doença Oncológica lança, pelo segundo ano consecutivo, a campanha nacional de Rastreio do Cancro Colorretal a 01 de março, dia em que se inicia o Mês Europeu de Luta Contra o Cancro do Intestino. Esta iniciativa visa sensibilizar a população para a importância da deteção precoce do cancro colorretal, incentivando à realização do rastreio de uma doença que ocupa o primeiro lugar da lista dos cancros mais incidentes em Portugal, com cerca de 10.575 novos casos registados anualmente. Equivale a, aproximadamente, 30 novos diagnósticos por dia.

A Campanha de Rastreio do Cancro Colorretal é destinada à população com idades compreendidas entre os 45 e os 74 anos, que não apresentem quaisquer sinais ou sintomas associados à doença e que aceitem fazer o teste de pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF).

Com cobertura em Portugal Continental e Ilhas, este ano, a MovSaúde alargou a parceria a mais laboratórios, o que vai permitir aumentar a capacidade e o alcance do rastreio. A parceria com a Europacolon mantém-se, colaboração relevante e muito valorizada no acompanhamento prestado aos participantes no rastreio com resultado positivo da análise PSOF realizada. 

Os interessados em participar no rastreio devem fazer a inscrição, já disponível no  no site da MovSaúde (https://www.movsaude.pt), durante o período de vigência desta campanha, ou seja, até 30 de junho.

Segundo Patrícia Ramalho, presidente da Direção da MovSaúde, “Apesar de ser um dos cancros mais fatais, o cancro colorretal é também um dos mais curáveis se for detetado precocemente. Daí a importância da realização do rastreio e da sua regularidade. É a conjugação da evolução silenciosa da doença com a reduzida adesão ao rastreio que culmina numa elevada percentagem de diagnósticos em fase avançada. Por analogia, podemos dizer que, diariamente, ‘desaparece’ uma equipa de futebol. O diagnóstico tardio leva a cerca de 11 mortes por dia. 

 

A MovSaúde é um projeto colaborativo que envolve diversas entidades, que visam enfrentar os desafios sociais mais prementes na área da prevenção em saúde em Portugal e representa uma mudança de paradigma na forma como as empresas cooperam, demonstrando a necessidade de uma abordagem mais profunda e colaborativa.

Dia Mundial das Doenças Raras assinala-se a 28 de fevereiro
Assinala-se a 28 de fevereiro o Dia Mundial das Doenças Raras. Nesta data, que pretende sensibilizar a população para este tipo...

Teresa Martin, da SPP, começa por explicar que “a alfa-1 antitripsina é uma proteína produzida no fígado cuja função principal é proteger os pulmões da inflamação. No DAAT, esta proteína é defeituosa, acumulando-se no fígado e aumentando o risco de doença hepática, como cirrose e carcinoma hepático. A sua ausência, ou presença em níveis reduzidos no pulmão, torna o tecido pulmonar mais vulnerável a danos, resultando na sua destruição progressiva e levando ao desenvolvimento de enfisema, uma das componentes da doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC)”.

Tosse crónica, expetoração, falta de ar (progressivamente a esforços cada vez menores) são sintomas que podem surgir quando o DAAT leva ao desenvolvimento de doença respiratória. Além disso, o DAAT aumenta a suscetibilidade a infeções respiratórias . A doença não tem, atualmente, cura e o seu tratamento “baseia-se na abordagem standard da DPOC e, em alguns casos, pode estar indicada a terapia de reposição de alfa-1 antitripsina humana”, refere a médica pneumologista.

No âmbito desta efeméride, Teresa Martin, em representação da SPP, relembra que “o conhecimento sobre as doenças raras pode fazer uma diferença significativa na vida dos doentes, sendo muito importante que os profissionais de saúde se mantenham atentos e informados sobre as doenças raras de modo a conseguirem identificar sinais precoces e evitar atrasos no diagnóstico”.  O desconhecimento clínico, que resulta no subdiagnóstico ou num diagnóstico tardio, continua a ser a principal barreira nas doenças raras -  “muitos doentes passam anos sem um diagnóstico correto, o que afeta a sua qualidade de vida e pode comprometer o prognóstico. No caso do DAAT, o diagnóstico é realizado através de uma simples análise de sangue”.

Para a especialista, a formação dos profissionais de saúde, aliada à educação da população, ao desenvolvimento de campanhas de sensibilização e à criação de centros de referência, “são essenciais para garantir um diagnóstico precoce e uma abordagem adequada, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos doentes”. A criação de grupos de trabalho dentro das sociedades científicas nacionais e internacionais, como a Comissão de Trabalho de DAAT da SPP, “tem desempenhado um papel fundamental na melhoria do acesso ao conhecimento e à tentativa de disponibilização equitativa das terapias”, reforça a médica pneumologista. Acrescenta ainda que “temos assistido a um progresso significativo na divulgação das doenças raras, muito impulsionado pelas sociedades científicas, associações de doentes e uma maior aposta dos meios de comunicação social. No entanto, o desconhecimento generalizado ainda persiste, mesmo entre os profissionais de saúde, o que pode resultar em subdiagnóstico ou diagnósticos tardios, atrasando o início de um acompanhamento adequado”.

Além de deixar uma mensagem de esperança para os doentes e familiares, pois, no campo das doenças raras, “apesar dos desafios, temos assistido a avanços na investigação e no desenvolvimento de novas terapias”, Teresa Martin reforça que “medidas como a cessação tabágica, a reabilitação respiratória, a vacinação para prevenção de infeções respiratórias e o aconselhamento genético, são fundamentais nas pessoas com esta condição”.

É com o intuito de aumentar a consciencialização sobre esta doença rara junto dos profissionais de saúde e da população que a SPP vai desenvolver nos seus canais de comunicação, no âmbito do Dia Mundial das Doenças Raras, uma campanha de sensibilização para o défice de alfa-1 antitripsina. 

Desafios do diagnóstico, tratamento e apoio às pessoas afetadas
A Sociedade Americana de Encefalomielite Miálgica e Síndrome de Fadiga Crónica estima que cerca de 17 a 24 milhões de pessoas...

Encefalomielite Miálgica (EM), também conhecida como Síndrome da Fadiga Crónica (SFC), é um transtorno caracterizado por uma sensação de cansaço extremo e incapacitante, sem nenhuma causa aparente capaz de justificá-lo. Tal sintoma que pode persistir por mais de seis meses, piora com esforço físico ou tensão psicológica e não regride com repouso. É reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma condição neurológica incapacitante.

“Na Universidade Católica Portuguesa no Porto, estamos atentos a esta realidade premente, e por isso juntamos a nossa voz ao apelo por ações concretas e urgentes. É imperativo o reconhecimento oficial da EM/SFC como doença crónica incapacitante, em consonância com os critérios da OMS. Urge a criação de diretrizes nacionais para o diagnóstico e tratamento, a implementação de campanhas de sensibilização e formação para profissionais de saúde, a criação de centros de referência no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com equipas multidisciplinares capazes de oferecer cuidados integrados”, realça Paulo Alves, diretor adjunto da Faculdade de Ciências da Saúde e Enfermagem e diretor da Escola de Enfermagem (Porto) da Universidade Católica Portuguesa.

De forma a perceber mais e melhor este tema um painel de especialistas multidisciplinar vai abordar os mecanismos multisistémicos da EM/SFC, as mais recentes estratégias de tratamento e a importância de uma abordagem multidisciplinar para a melhoria da qualidade de vida dos doentes.

Este seminário é dirigido a profissionais de saúde, investigadores, estudantes e público geral.

Mais informações: 1º Seminário | Encefalomielite Miálgica /Síndrome da Fadiga Crónica | Escola de Enfermagem (Porto) - Católica

 

UC integra projeto internacional
Mais de dois milhões de novos casos de cancro colorretal são diagnosticados anualmente em todo o mundo. Um projeto...

De acordo com Gabriel Falcão, professor do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) e investigador do Instituto de Telecomunicações (IT) de Coimbra, «este tipo de cancro pode muitas vezes ser detetado precocemente graças à identificação de pólipos existentes no trato digestivo. Em muitos países, os rastreios começam por volta dos 45 ou 50 anos, sendo uma ferramenta essencial na prevenção e diagnóstico precoce».

Atualmente, procedimentos como a cápsula gastrointestinal, que gera cerca de 10 horas de imagens, e a colonoscopia, que produz uma grande quantidade de dados em apenas 20 a 30 minutos, criam desafios significativos na análise de dados. «Num cenário ideal, se conseguíssemos fazer uma monitorização em massa de uma grande parte da população, o volume de dados gerado seria tão grande que nenhum computador clássico seria capaz de processar toda essa informação de forma eficiente», explica o responsável pelo projeto em Portugal.

É aqui que entra a computação quântica. Diferente dos computadores clássicos, esta tecnologia é capaz de processar um grande volume de dados em tempo real, algo crucial para a análise de imagens e deteção de anomalias. A FCTUC vai desenvolver novos algoritmos de IA adaptados às capacidades da computação quântica.

«O objetivo final é criar algoritmos de IA que possam diferenciar de forma precisa imagens normais de imagens com patologias. Embora a tecnologia atual já permita detetar algumas diferenças, acreditamos que a computação quântica pode ser decisiva para aumentar a eficiência e precisão dos diagnósticos», conclui o docente.

O projeto G-quAI iniciou em janeiro de 2025 e conta com o apoio do Open Quantum Institute (OQI), da Suíça, em parceria com o Geneva Science and Diplomacy Anticipator (GESDA), além da colaboração da Organização Mundial da Saúde (OMS). Este projeto enquadra-se nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas: Saúde de Qualidade.

O OQI tem como objetivo principal explorar o potencial da computação quântica na aceleração de soluções que permitam atingir os ODS, unindo forças de investigadores, das Nações Unidas, de Organizações Não-Governamentais (ONGs), e de investidores espalhados pelo mundo.

Para mais informações, consultar o site do OQI.

27 de fevereiro | Dia Mundial da Esterilização Animal
A esterilização continua a ser um tema envolto em mitos e desinformação, levando muitos cuidadores a adiar ou até evitar o...

A esterilização é um procedimento com múltiplos benefícios para os animais de companhia e para a sociedade. Para além de prevenir a reprodução descontrolada, apresenta vantagens significativas ao nível da saúde, comportamento e bem-estar animal.

Saúde e longevidade – A esterilização é uma das formas mais eficazes de prevenir doenças graves nos animais. No caso das fêmeas, reduz drasticamente o risco de infeções uterinas, como a piómetra, e de tumores mamários, cuja incidência pode ser significativamente menor quando a esterilização é realizada antes do primeiro cio. Nos machos, diminui a probabilidade de desenvolver problemas prostáticos e elimina completamente o risco de tumores testiculares, contribuindo para uma vida mais duradoura e saudável.

Comportamento equilibrado – Muitos problemas comportamentais associados aos instintos reprodutivos podem ser minimizados com a esterilização. Os machos tendem a apresentar menos comportamentos agressivos e reduzem a marcação territorial com urina. Além disso, a procura incessante por parceiros pode levar a tentativas de fuga, expondo os animais a perigos como atropelamentos ou confrontos com outros animais. Com a esterilização, estes impulsos naturais são significativamente atenuados, proporcionando uma convivência mais harmoniosa.

Redução do abandono e da sobrepopulação – A superpopulação de animais de companhia é uma das principais causas do abandono e do elevado número de animais em abrigos. Todos os anos, inúmeros cães e gatos são abandonados ou recolhidos por associações sobrelotadas. A esterilização é uma medida essencial para evitar ninhadas indesejadas e, consequentemente, reduzir o número de animais sem lar, promovendo um controlo populacional mais responsável.

Menos animais em sofrimento – Muitos dos animais resultantes de ninhadas indesejadas acabam por enfrentar condições de vida adversas, seja na rua, onde ficam expostos à fome, doenças e maus-tratos, seja em abrigos com poucos recursos para lhes proporcionar uma vida digna. A esterilização é uma forma direta e eficaz de evitar este sofrimento, assegurando que menos animais enfrentem situações de negligência e abandono.

“A decisão de esterilizar um animal de companhia deve ser tomada com base em informação correta e aconselhamento veterinário. A esterilização não é apenas um ato de responsabilidade, mas também um investimento na saúde e qualidade de vida dos nossos animais”, destaca Dra. Sofia Alves, diretora clínica do AniCura Vasco da Gama Hospital Veterinário.

Caso clínico: A luta da Pipoca contra a piómetra

A história da Pipoca, uma gata de cinco anos, ilustra a gravidade das complicações que podem ocorrer em fêmeas não esterilizadas. Encaminhada para o AniCura Vasco da Gama Hospital Veterinário em estado crítico, foi diagnosticada com uma piómetra fechada – uma infeção uterina severa que pode ser fatal. Apresentava febre elevada, desidratação acentuada e um abdómen severamente distendido. Os exames laboratoriais revelaram uma infeção grave, exigindo internamento imediato para estabilização com fluidoterapia e antibioterapia. Foi submetida a uma cirurgia de urgência para remoção do útero e ovários, que, devido à infeção, totalizavam 1,8 kg. No pós-operatório, a Pipoca permaneceu internada sob monitorização e tratamento intensivo, enfrentando desafios como anemia e hipoalbuminemia. Felizmente, evoluiu favoravelmente e, ao fim de dois dias, teve alta para recuperação em casa, sob medicação contínua. Casos como o da Pipoca reforçam a importância da esterilização como medida preventiva essencial para a saúde e bem-estar dos animais.

Mitos e verdades sobre a esterilização

  • “A esterilização deixa os animais obesos.” Mito! O ganho de peso está relacionado com a alimentação e o nível de atividade, não com a esterilização em si.
  • “As fêmeas devem ter pelo menos uma ninhada antes de serem esterilizadas.” Mito! Não há qualquer benefício comprovado em permitir que uma fêmea tenha uma ninhada antes da esterilização.
  • “A esterilização muda completamente a personalidade do animal.” Mito! O animal pode ter algumas mudanças comportamentais, mas continua com a sua personalidade própria.
  • “A cirurgia é perigosa.” Mito! Como qualquer procedimento cirúrgico, há riscos, mas é uma operação comum e segura quando realizada por um veterinário qualificado.
Opinião
Hoje, 25 de fevereiro, assinala-se o Dia Internacional do Implante Coclear, uma data que celebra um

Este ano, a efeméride ganha ainda mais significado em Portugal, pois assinala-se o 40.º aniversário da primeira cirurgia de implante coclear realizada no nosso país. Foi em 1985, na cidade de Coimbra, que uma equipa liderada pelos médicos otorrinolaringologistas e irmãos Dr. Manuel Filipe e Dr. Fernando Rodrigues efetuou com sucesso o primeiro procedimento, abrindo um novo caminho para a saúde auditiva em Portugal.

Mas, apesar dos avanços, ainda há muitos desafios a superar. O acesso ao implante coclear, os custos envolvidos, a manutenção do dispositivo e a acessibilidade para os utilizadores continuam a ser temas críticos que exigem atenção. Neste artigo, aprofundamos a importância do implante coclear, o processo de candidatura e adaptação, e a realidade atual da reabilitação auditiva no nosso país.

O Que é o Implante Coclear e Quem Deve Colocá-lo?

O implante coclear é um dispositivo médico eletrónico indicado para pessoas com perda auditiva neurossensorial severa a profunda (pode ser unilateral ou bilateral, consoante a patologia associada à surdez), para quem já não obtém benefícios significativos com próteses auditivas convencionais. Diferente dos aparelhos auditivos, que amplificam (e processam) o som, o implante coclear substitui a função do ouvido interno, transformando os sinais sonoros em impulsos elétricos que estimulam diretamente o nervo auditivo.

Os candidatos ao implante incluem:

Crianças nascidas com surdez profunda, idealmente implantadas antes dos 3 anos, para facilitar o desenvolvimento da linguagem.

Adultos e idosos que perderam a audição ao longo da vida e não conseguem obter benefícios das próteses auditivas.

O processo de seleção para um implante coclear passa por uma avaliação médica e audiológica rigorosa, conduzida por uma equipa multidisciplinar composta por otorrinolaringologistas, audiologistas, terapeutas da fala e psicólogos.

Como Funciona o Processo?

A cirurgia para colocação de um implante coclear é realizada em hospitais de referência e segue várias etapas:

1. Avaliação inicial – Exames auditivos, testes psicológicos e imagiologia (TAC ou RM) para verificar a viabilidade do implante.

2. Cirurgia – Realizada sob anestesia geral, dura cerca de 2 a 3 horas. O cirurgião introduz os elétrodos do implante no ouvido interno (cóclea) e posiciona a parte interna do dispositivo sob a pele.

3. Ativação do implante – Cerca de 3 a 4 semanas após a cirurgia, o processador externo é ligado e começa-se a calibrar o som.

4. Reabilitação auditivo-verbal – O cérebro precisa de tempo para aprender a interpretar os novos estímulos sonoros. O acompanhamento audiológico complementado com terapia da fala, que é essencial para a adaptação e otimização da audição.

Quais os Custos e a Realidade do Acesso ao Implante Coclear em Portugal?

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) financia a cirurgia de implante coclear para crianças e adultos elegíveis, mas as listas de espera são longas, e nem sempre há cobertura total para manutenção e atualização do dispositivo.

Os custos para quem recorre ao setor privado podem variar:

Cirurgia de implante coclear: Entre €20.000 e €30.000, dependendo do hospital e do fabricante do dispositivo.

Processador externo (substituição necessária a cada 5-7 anos): €6.000 a €10.000.

Peças de manutenção (baterias, cabos, antenas, microfones): Entre €500 e €1.500 anuais.

A necessidade de substituição da parte interna do implante surge, em média, após 15 a 20 anos, especialmente quando há avanços tecnológicos que justificam uma nova cirurgia.

Apesar do apoio do SNS, muitos utilizadores enfrentam dificuldades financeiras para manter e atualizar o dispositivo. Esta realidade torna urgente a criação de um plano de financiamento para cobrir os custos da manutenção e atualização dos processadores externos.

Centros de Referência em Portugal para Implante Coclear

Atualmente, há hospitais de referência para colocação de implantes cocleares, incluindo:

Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC)

Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (Hospital de Egas Moniz)

Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (Hospital de Santa Maria)

Centro Hospitalar Universitário do Porto (Hospital de Santo António)

Centro Hospitalar de São João (Porto)

Hospital de Braga 

Hospital Pediátrico de Coimbra (para crianças)

(Entre outros, começa a existir uma rede considerável em Portugal!)

Estes centros têm equipas especializadas e realizam cirurgias regularmente. Contudo, a disparidade geográfica e as listas de espera continuam a ser um desafio, especialmente para pacientes de regiões mais afastadas, ou interiores, no Sul do país, ou nos Açores (na Madeira, já existe!).

Acessibilidade para Pessoas com Implante Coclear: O Que Falta Fazer?

Embora a tecnologia tenha evoluído, os utilizadores de implantes cocleares ainda enfrentam desafios no dia a dia. Entre as principais barreiras encontram-se:

Falta de legendagem em conteúdos audiovisuais – Essencial para complementar a perceção auditiva.

Ausência de sistemas de indução magnética e Bluetooth Auracast em locais públicos (teatros, cinemas, aeroportos).

Dificuldade na integração profissional e no ambiente escolar – Muitos empregadores, professores, desconhecem as necessidades dos utilizadores de implantes cocleares.

Burocracia e falta de apoios financeiros para manutenção e atualização dos processadores externos.

Portugal precisa de uma estratégia nacional de acessibilidade auditiva, garantindo que as pessoas com implantes cocleares possam participar plenamente na sociedade sem limitações.

Conclusão: 40 Anos de Conquistas, Mas Ainda Muito a Fazer…

Desde a primeira cirurgia em Coimbra, há 40 anos, o implante coclear tem mudado vidas em Portugal. No entanto, o acesso ao dispositivo ainda é desigual, e muitos utilizadores enfrentam dificuldades económicas e estruturais para garantir uma audição plena e eficaz.

As autoridades de saúde precisam de reforçar o financiamento para a manutenção dos implantes, reduzir as listas de espera, e implementar medidas de acessibilidade para que os utilizadores possam integrar-se plenamente na sociedade.

O som é um direito fundamental, e ninguém deveria ficar preso no silêncio por falta de recursos. O Dia Internacional do Implante Coclear deve ser um momento não só de celebração, mas também de reflexão e compromisso para garantir que mais pessoas possam beneficiar desta tecnologia transformadora.

Porque ouvir é viver!

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
PREVENIR
A PREVENIR, entidade sem fins lucrativos dedicada à prevenção e promoção da saúde, alerta para a necessidade urgente de...

Para Margarida Barbosa, CEO da PREVENIR, "estes dados são preocupantes e refletem a urgência de uma abordagem nacional mais robusta na promoção da saúde mental. É fundamental continuar a debater este tema e implementar medidas eficazes para garantir que mais pessoas possam ter uma vida emocionalmente saudável e equilibrada."

E acrescenta: “Investir na saúde mental não pode ser apenas uma resposta a situações de crise, mas sim um compromisso contínuo com a prevenção, capacitando crianças, jovens e adultos a desenvolverem resiliência emocional e estratégias eficazes para lidar com o stress e a ansiedade. Mais do que tratar, é necessário reduzir fatores de risco que impactam negativamente a saúde mental da população."

Os dados do relatório final do Patient Reported Indicators Surveys (PARis), apresentados recentemente, e que, em Portugal envolveram mais de 12.000 pessoas e 91 centros de saúde, revelaram que apenas 67% dos utentes avaliaram positivamente a sua saúde mental. Este valor fica 26 pontos percentuais abaixo dos Estados Unidos, país melhor classificado entre os 19 analisados, com 93%.

Opinião
A empregabilidade das pessoas com deficiência tem sido, ao longo dos anos, uma questão de extrema re

A acessibilidade ao emprego para pessoas com deficiência continua a ser um desafio que Portugal ainda não conseguiu superar. Se, por um lado, o país regista um número recorde de contribuintes para a Segurança Social – atualmente, mais de 5 milhões –, por outro, as barreiras burocráticas, a falta de incentivos reais e a escassa informação sobre medidas de apoio continuam a perpetuar uma realidade de exclusão e desigualdade. As quotas de contratação de pessoas com deficiência, por exemplo, são obrigatórias apenas para médias e grandes empresas que ultrapassam um determinado número de colaboradores, deixando de fora uma grande fatia do tecido empresarial português, composto essencialmente por pequenas e médias empresas. Essa limitação compromete significativamente o impacto dessas políticas de inclusão, dado que a maioria das oportunidades de emprego no país advém de empresas de menor dimensão.

Além disso, os incentivos à contratação são ainda insuficientes e demasiado burocráticos. A exigência de inscrição no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) como requisito para aceder a estas medidas pode representar, por si só, um obstáculo para muitas pessoas com deficiência. O processo moroso, a escassez de benefícios tangíveis para as empresas e a falta de sensibilização para as potencialidades destes profissionais fazem com que muitas oportunidades de emprego nunca se concretizem. A adaptação dos postos de trabalho, frequentemente apontada como um custo extra pelas empresas, deveria ser totalmente assumida pelo Estado, eliminando assim qualquer desculpa que justifique a não contratação. Num cenário ideal, a criação de linhas de financiamento específicas para a adaptação dos espaços de trabalho e a introdução de apoios técnicos e tecnológicos melhoraria substancialmente a empregabilidade destas pessoas.

O problema não é a existência de apoios, mas sim a forma como são estruturados. A ideia de que o Estado deve suportar integralmente o custo salarial das pessoas com deficiência para que estas possam trabalhar não só é irrealista, como desvaloriza a competência e o contributo que estas pessoas podem efetivamente trazer para as empresas. O que se exige não é caridade, mas sim um compromisso sério e eficaz para integrar estes cidadãos no mercado de trabalho de forma justa e equitativa. As políticas públicas devem ser ajustadas para garantir que as pessoas com deficiência são vistas como profissionais qualificados e valorizados pelo seu mérito e capacidades, e não apenas como beneficiários de medidas compensatórias.

Nesta altura do ano, assinalam-se datas importantes para a comunidade com deficiência auditiva, nomeadamente o Dia Internacional do Implante Coclear a 25 de fevereiro e o Dia Mundial da Audição a 3 de março. Enquanto presidente e sócio fundador da Associação OUVIR, reforço a necessidade de promover uma maior consciência sobre as necessidades das pessoas com deficiência auditiva, especialmente daquelas que recorrem a tecnologias de reabilitação auditiva para ouvir. Infelizmente, existe ainda um grande desconhecimento sobre a importância destes dispositivos e sobre a forma como podem facilitar a comunicação e a integração no meio profissional. A tecnologia evoluiu significativamente nos últimos anos, permitindo que muitas pessoas que antes estavam excluídas de ambientes comunicativos possam agora participar ativamente na sociedade e no mundo do trabalho. Contudo, a acessibilidade a essas tecnologias ainda não é universal e muitas pessoas enfrentam dificuldades económicas para obter ou manter aparelhos auditivos e implantes cocleares em condições ideais de funcionamento.

As pessoas com deficiência auditiva não precisam de ouvir ou falar com a mesma qualidade de um ouvinte para serem profissionais competentes e produtivos. A concentração, o rigor e a capacidade autodidata são apenas algumas das características que muitas dessas pessoas desenvolvem ao longo da vida e que podem ser altamente valorizadas no ambiente de trabalho. Com o avanço tecnológico, os meios de comunicação tornaram-se mais acessíveis do que nunca, permitindo uma participação plena e ativa de pessoas com deficiência auditiva na sociedade e no mercado de trabalho. Ferramentas como legendagem automática, aplicativos de transcrição em tempo real e sistemas de som adaptados são apenas alguns exemplos de como a tecnologia pode contribuir para uma comunicação mais eficaz. Contudo, sem políticas públicas e empresariais que incentivem a adoção destas soluções, muitas oportunidades continuam a ser desperdiçadas.

É fundamental desconstruir mitos e preconceitos que continuam a marginalizar as pessoas com deficiência. A sociedade não pode continuar a encarar a deficiência como um entrave absoluto ao desempenho profissional, mas sim como uma realidade que, com as adaptações e apoios certos, pode ser plenamente integrada no tecido laboral. Portugal tem agora uma oportunidade única para transformar a inclusão em ação concreta, utilizando o aumento das contribuições à Segurança Social como um motor para converter o desemprego entre as pessoas com deficiência em empregos dignos, justos e motivadores. É necessário um esforço conjunto entre o Estado, as empresas e a sociedade civil para criar condições reais de inclusão, garantindo que ninguém fica para trás por falta de oportunidades ou por barreiras evitáveis.

No final de contas, a inclusão laboral das pessoas com deficiência não é apenas uma questão de justiça social, mas também de desenvolvimento económico e inovação. A diversidade no local de trabalho traz benefícios a todos, fomentando um ambiente mais dinâmico, criativo e produtivo. Assim, apelo a todos – governantes, empresários, instituições e cidadãos – para que assumam um compromisso real com a inclusão, pois só assim conseguiremos construir uma sociedade mais justa, equitativa e preparada para responder aos desafios do futuro.

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

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