Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica
Assinala-se a 14 de fevereiro o Dia de S. Valentim. Neste que é o dia mais romântico do ano, a Sociedade Portuguesa de...

Uma vez que algumas alergias podem causar preocupações especiais, especialmente quando se refere a gestos românticos, conheça algumas das principais e o que fazer para as evitar:

Alergia alimentar: um beijo romântico a alguém que consumiu um alimento alergénico pode causar reações alérgicas como edema dos lábios, garganta, erupções cutâneas no corpo e dificuldade em respirar. Na escolha do menu, uma alergia alimentar, como alergia aos crustáceos, frutos secos, entre outros, pode estragar o jantar e comprometer a celebração deste dia.

Alergia a pólenes: as flores são um presente icónico neste dia, mas muitos podem ser alérgicos ao pólen ou outras substâncias presentes nas flores. Sintomas desde conjuntivite alérgica (olhos vermelhos, lacrimejo), rinite (salvas de espirros, rinorreia) ou asma pedem atenção ao escolher as flores a oferecer.

Alergia de contacto: as alergias de contato podem causar desconforto no Dia dos Namorados. Cosméticos, perfumes e produtos de higiene pessoal podem conter substâncias que desencadeiam alergias de contato. Escolher produtos hipoalergénicos, com ou sem fragrância, pode evitar estas reações. Bijuterias e joias de metais que contêm níquel ou outros alérgenos podem causar reações alérgicas. Opte por metais hipoalergénicos, como ouro ou prata pura. Alguns tecidos e tinturas de roupa de cama ou lingerie podem provocar alergias de contato. Escolha itens de algodão orgânico ou outros materiais naturais e sem tinturas agressivas. Certos lubrificantes e preservativos podem conter substâncias que causam alergias de contato. Escolha produtos sem látex ou com fórmulas hipoalergénicas.

Asma: pessoas com asma alérgica precisam tomar algumas precauções extras para evitar crises asmáticas neste dia. Flores, perfumes, cheiros de velas aromáticas e certos alimentos podem desencadear crises asmáticas. O ideal é tentar escolher presentes e locais que não contenham esses alérgenos. É importante escolher bem o local onde celebrar este dia, um espaço limpo, sem ácaros e sem pó. Se planearem atividades ao ar livre muito cuidado - escolher locais com baixa concentração de pólen e evitar áreas com muito tráfego de veículos. Para que não haja surpresas, é importante que a asma esteja bem controlada, e que sejam portadores dos medicamentos necessários para controlar, se necessário, uma crise de asma.

Sexualidade: a doença alérgica pode ser um desafio, mas não precisa atrapalhar a intimidade no Dia dos Namorados. O ambiente ideal, livre de alérgenos, o conhecimento das doenças alérgicas e sempre com os medicamentos necessários à mão, como os antihistamínicos, inaladores ou a caneta autoinjetora de adrenalina. O relaxamento é essencial, para reduzir o estresse e a ansiedade, que podem desencadear crises asmáticas com o exercício físico intenso.

Para evitar problemas, é importante conhecer as alergias do seu parceiro e escolher presentes e gestos que não possam desencadear reações adversas. Se você ou seu parceiro tiverem alergias, é uma boa ideia oferecer neste dia tão especial uma consulta com um alergologista para obter orientações específicas.

Neste Dia dos Namorados não deixe que a alergia o atrapalhe.

 

Hospitais de São João e Santa Maria pioneiros
Novo sistema de estimulação cerebral profunda de circuito fechado, que se adapta automaticamente e em tempo real às...

O Hospital de São João, no Porto, e o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, são os primeiros centros em Portugal a utilizar o único sistema de estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS) de circuito fechado, com a tecnologia BrainSense, uma inovação que maximiza a precisão e a eficiência no tratamento da doença de Parkinson.

Durante 30 anos, as pessoas com doença de Parkinson têm beneficiado da estimulação cerebral profunda (DBS), uma tecnologia que transmite sinais elétricos ao cérebro para interromper certos movimentos indesejados. Com o novo sistema de estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS), com BrainSense, as pessoas com doença de Parkinson podem beneficiar de uma terapia adaptativa em tempo real, que ajusta de forma dinâmica a estimulação em função da atividade cerebral de cada pessoa, tanto em ambientes clínicos, como na vida quotidiana¹. Em simultâneo, a nova funcionalidade de identificação de elétrodo, designada por Electrode Identifier (EI), pode melhorar a programação da DBS, garantindo uma seleção de contacto inicial ideal num menor período².

Esta tecnologia foi concebida para registar e analisar os sinais cerebrais, o que permite terapias ajustadas aos padrões neurológicos únicos de cada doente¹ (em doentes selecionados de DBS para o tratamento da Doença de Parkinson.). A Medtronic tem estado na vanguarda da incorporação da tecnologia de interface cérebro-computador (BCI) na terapia de DBS, com o propósito específico de realizar avanços na prevenção, deteção, diagnóstico, reabilitação e recuperação para doentes com patologias neurológicas complexas. O sistema de estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS) de circuito fechado, com a tecnologia BrainSense, leva o tratamento para o nível seguinte, calibrando a estimulação com base nos próprios sinais cerebrais do doente¹.

O Identificador de Elétrodos (EI) BrainSense aumenta a precisão e a eficiência do tratamento, fornecendo uma visão detalhada dos sinais cerebrais de cada doente com Parkinson e guiando os médicos até à localização exata do sinal mais forte numa fração do tempo necessário para as revisões monopolares padrão². Esta tecnologia exclusiva identifica a localização ideal do contacto, aproveitando os potenciais de campo local (LFP) e a atividade alfa-beta para orientar uma programação otimizada e eficaz em comparação com o padrão de cuidados, a revisão monopolar². Para mais informações sobre esta terapia, fale com o seu médico neurologista.

A doença de Parkinson afeta mais de 1,2 milhões de doentes só na Europa e mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. Tem consequências significativas na mobilidade, na fala, na concentração, no sono, na independência e na capacidade geral dos doentes, impedindo-os assim de participar plenamente nas suas atividades laborais, familiares e sociais. Tarefas simples do dia a dia, como tomar uma chávena de café, ou dar as mãos a um ente querido, podem tornar-se um desafio para quem vive com doença de Parkinson. Para os cônjuges e cuidadores, isto pode ser imensamente exigente e angustiante3,4.

 

Referências:

  1. Thompson, J., Radcliffe, E., Ojemann, S.,et al. Monopolar sensing improves the efficiency of DBS programming in Parkinson's disease [abstract]. Mov Disord. 2024; 39 (suppl 1). https://www.mdsabstracts.org/abstract/monopolar-sensing-improves-the-efficiency-of-dbs-programming-in-parkinsons-disease/. Accessed 11/15/2024.
  2. Stanslaski S, Summers RLS, Tonder L, et al. Sensing data and methodology from the Adaptive DBS Algorithm for Personalized Therapy in Parkinson's Disease (ADAPT-PD) clinical trial. NPJ Parkinsons Dis. 2024;10(1):174
  3. OECD/European Commission (2024), Health at a Glance: Europe 2024: State of Health in the EU Cycle, OECD Publishing, Paris, https://doi.org/10.1787/b3704e14-en(opens new window).
  4. Parkinson's Foundation. (2025). Statistics: Get informed about Parkinson's disease with these key numbers. Retrieved from https://www.parkinson.org(opens new window).

 

IV Encontro Nacional do NEEco
O IV Encontro Nacional do Núcleo de Estudos de Ecografia (NEEco) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) reunirá...

José Mariz, coordenador do NEEco, destaca que o foco principal deste encontro será a formação em Point-Of-Care Ultrasound (POCUS), com especial atenção à análise de casos clínicos integrados com a ecografia à cabeceira do doente. "A ecografia à cabeceira do doente é uma ferramenta crucial para o médico assistente, ajudando-o a tomar decisões mais informadas no momento de avaliar o doente, não só no auxílio ao raciocínio clínico, mas também em técnicas invasivas, como na realização de toracocentese", explica.

No entanto, a integração da ecografia nas rotinas diárias da Medicina Interna enfrenta alguns desafios. Para o coordenador do NEEco, os principais obstáculos são a disponibilidade de aparelhos, a necessidade de domínio técnico e a falta de formação específica. "É essencial construir uma comunidade que aplique POCUS no dia a dia e que seja capaz de discutir casos de forma eficaz. O encontro pretende promover essa comunicação entre pares, incentivando o networking e a formação contínua", refere o coordenador.

Em relação à utilização da ecografia no diagnóstico e acompanhamento de doenças crónicas, a área da insuficiência cardíaca é um dos exemplos mais relevantes. "A ecografia tem mostrado ser extremamente útil na avaliação inicial da insuficiência cardíaca, especialmente no Serviço de Urgência, onde pode ajudar a determinar o grau de congestão e a identificar diagnósticos concorrentes, como pneumonia. Além disso, na monitorização da congestão durante o internamento, a ecografia é um recurso fundamental, já que o exame físico tem limitações nesta avaliação", afirma.

No que diz respeito à formação contínua, o IV Encontro do NEEco mantém o modelo de cursos de POCUS aplicados a situações agudas, como o choque e a hipotensão, com base em protocolos validados, como o RUSH e o eFAST. "Este é um dos pilares do nosso trabalho, e no futuro gostaríamos de desenvolver centros para avaliar as competências dos profissionais, embora sejamos conscientes de que este é um caminho ainda longo", sublinha o coordenador.

O IV Encontro Nacional do NEEco representa, assim, uma oportunidade única para os profissionais de saúde de todas as especialidades que utilizem POCUS aprofundarem os seus conhecimentos, discutirem casos clínicos e aprimorarem as suas competências, contribuindo para o avanço da prática da ecografia na Medicina Interna em Portugal.

Inscrições em: https://www.spmi.pt/iv-encontro-anual-do-nucleo-de-estudos-de-ecografia/

Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos
Estudo piloto pretende avaliar a fibrose miocárdica em dois grupos de doentes com insuficiência cardíaca.

O cardiologista João Borges Rosa foi distinguido com o Prémio de Investigação Clínica da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), um galardão atribuído em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Este reconhecimento destaca a excelência da investigação realizada pelo Dr. João Borges Rosa na área da imagem molecular aplicada à fibrose miocárdica. A atribuição deste prémio sublinha a importância da investigação na inovação clínica e no desenvolvimento de novas estratégias para melhorar o diagnóstico e tratamento da insuficiência cardíaca.

O projeto premiado, intitulado Imagem molecular de fibrose miocárdica: estudo piloto com 68Ga-FAPI PET/CT em doentes com insuficiência cardíaca, explora uma abordagem inovadora para a deteção precoce e monitorização da fibrose miocárdica, um fator-chave na progressão da insuficiência cardíaca.

A insuficiência cardíaca é uma patologia de prevalência e incidência crescentes, com morbimortalidade significativa e elevado impacto económico nos sistemas de saúde, apesar dos avanços terapêuticos das últimas décadas. A fibrose miocárdica é uma etapa final comum a diferentes patologias que causam insuficiência cardíaca, pelo que a fibrose miocárdica é um alvo terapêutico apetecível, necessitando de exames não invasivos que permitam a sua deteção, monitorização e melhor compreensão. Estudos recentes demonstraram que a identificação de fibrose miocárdica através da realização de um exame de imagem não invasivo, a PET/CT (tomografia de emissão de positrões/tomografia computorizada) com o radiofármaco 68Ga-FAPI (inibidores da proteína de ativação de fibroblastos marcado com galio-68), poderá ser mais específica e identificar fibrose miocárdica mais precocemente, em relação aos achados sugestivos de fibrose miocárdica detetados por ressonância magnética cardíaca (RMC).

O objetivo primário deste estudo piloto, observacional, prospetivo e de centro único, consiste na avaliação da fibrose miocárdica em dois grupos de doentes com insuficiência cardíaca (fração de ejeção reduzida e fração de ejeção preservada), através de 68Ga-FAPI PET/CT, comparando a captação deste radiofármaco com as alterações na RMC. Como objetivos secundários, pretende correlacionar a carga de fibrose miocárdica com marcadores séricos de doença cardíaca e com eventos cardiovasculares.

Opinião
O mês de fevereiro é um momento de reflexão sobre a saúde e o bem-estar dos doentes em todo o mundo,

O carcinoma hepatocelular é um tipo de cancro que tem origem nos hepatócitos, as células principais que constituem o fígado. Representa cerca de 75% dos casos de cancro primário do fígado em adultos, tornando-se um tema central no âmbito da saúde hepática. A sua prevalência é maior em regiões onde doenças crónicas do fígado, como a hepatite B e C, são mais comuns. Contudo, fatores como o consumo excessivo de álcool, obesidade, diabetes e a esteatose hepática não-alcoólica também contribuem significativamente para o aumento do risco.

O fígado desempenha funções essenciais para a vida, incluindo a produção de proteínas, a desintoxicação do organismo e o armazenamento de nutrientes. Assim, o diagnóstico de carcinoma hepatocelular traz consigo desafios significativos para os doentes, tanto a nível físico como emocional. Os sintomas na maioria das vezes aparecem tardiamente, incluindo perda de peso inexplicada, dor abdominal, icterícia e fadiga. Este atraso no diagnóstico sublinha a importância de campanhas de sensibilização, especialmente em populações de risco, sendo o rastreio, que deve ser realizado de forma sistemática nesses casos, a única forma de tornar possível o diagnóstico precoce.

O tratamento do carcinoma hepatocelular depende do estádio da doença, da saúde geral do doente e da função hepática. As opções podem incluir cirurgia, terapias locorregionais (como a ablação por radiofrequência e a quimioembolização trans-arterial) e terapias-alvo, nomeadamente a imunoterapia. Em casos mais avançados, o transplante hepático pode ser a única solução viável. No entanto, a acessibilidade e a eficácia dos tratamentos variam.

A vivência com um diagnóstico de carcinoma hepatocelular é um percurso desafiante. Para além das dificuldades físicas impostas pela doença e pelos tratamentos, os doentes enfrentam frequentemente um impacto significativo no seu bem-estar psicológico e social. Neste contexto, o apoio multidisciplinar, que inclui médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e grupos de apoio, é fundamental para melhorar a qualidade de vida.

No Dia Mundial do Cancro e no Dia Mundial do Doente, é crucial reforçar a importância de políticas de saúde que promovam o diagnóstico precoce, o acesso equitativo aos tratamentos e o apoio integral aos doentes e suas famílias. Estas datas lembram-nos da necessidade de continuar a investir em investigação, prevenção e educação, para que, juntos, possamos combater o impacto devastador do cancro do fígado e garantir uma abordagem mais humana e solidária na gestão da doença.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Duas novas campanhas até 15 de fevereiro
No âmbito do Dia Internacional da Síndrome de Angelman (DISA), que se assinala a 15 de fevereiro, a Associação ANGEL Portugal...

A ANGEL Portugal lança, hoje, uma campanha de imprensa com o mote “Já sorriu hoje?” e, no dia 10 de fevereiro, uma ação solidária nos ATMs com o slogan “Doenças raras merecem gestos raros!”, convidando-se o público, respetivamente, a conhecer melhor a Síndrome de Angelman (SA) e a contribuir para os projetos de apoio direto às famílias e de investigação que a Associação promove ativamente.

Através destas campanhas, pretende-se não só sensibilizar a sociedade para a realidade das famílias, mas também angariar fundos para projetos de apoio direto às mesmas e de investigação científica na área da SA.

Com presença garantida desde hoje e até 15 de fevereiro, em diversos meios de comunicação social, a campanha “Já sorriu hoje?” destaca o sorriso constante das pessoas com SA. Mais do que uma expressão facial, esse sorriso reflete a sua personalidade facilmente excitável, uma das características mais marcantes da Síndrome de Angelman.

Entre 10 e 15 de fevereiro a ANGEL Portugal beneficiará da campanha Ser Solidário, promovida com a SIBS, permitindo donativos através de um QR Code no ecrã das caixas automáticas (ATMs) da rede Multibanco, que remete para o MB WAY. Esta iniciativa oferece ao público uma forma simples e acessível de apoiar a associação e os seus programas, reforçando a importância da solidariedade para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com SA.

Recorde-se que desde o início de fevereiro e por ocasião do DISA, a ANGEL Portugal tem estado a promover os seguintes conjuntos de iniciativas de sensibilização pública, para aumentar o conhecimento sobre a Síndrome de Angelman e melhorar o apoio prestado às famílias:

Unidades de Saúde – “Síndrome de Angelman, sabe o que é?” Exibição de um vídeo informativo em hospitais e centros de saúde, que foram desafiados para sensibilizar profissionais e utentes sobre os sintomas e desafios da SA.

Balcões de Inclusão – Informação partilhada e acessível para promover um apoio mais eficaz. Divulgação de vídeo e de materiais informativos nos Balcões de Inclusão, para garantir um melhor encaminhamento das famílias para os apoios adequados para casos de SA.

Divulgação em meios de comunicação e espaços públicos (Out of Home) O vídeo informativo da ANGEL Portugal exibido em centros comerciais, espaços empresariais, ginásios e outros, como o exemplo de Meio que possui suportes em hospitais particulares, alcançando um público alargado.

Além destas iniciativas, que envolvem várias dezenas de entidades aderentes, com potencial para alcançar e sensibilizar milhares de pessoas nestas semanas que antecedem o DISA, a Associação convidou os Associados a fazer sessões de leitura do livro O Planeta dos Sorrisos - que pode ser adquirido na Loja Solidária, no site da ANGEL Portugal - em escolas ou centros de apoio à deficiência frequentados pelos seus filhos, e desafiou a comunidade e o público interessado a participar ativamente nas caminhadas solidárias promovidas.

Indústria famacêutica
A Recordati, anuncia a integração de Sónia Gonçalves como nova Diretora de Recursos Humanos em Portugal, sucedendo a Ana Teresa...

Sónia Gonçalves traz para a Recordati mais de duas décadas de experiência no setor de Recursos Humanos, destacando-se pela sua abordagem holística e estratégica. Licenciada em Psicologia e pós-graduada em Gestão da Mudança, tem ainda formação executiva em SROI e igualdade de género. A sua carreira inclui um papel relevante na criação e desenvolvimento da área de Sustentabilidade da Randstad Portugal, com impacto em 39 países, e uma forte contribuição para as estratégias de diversidade, inclusão e responsabilidade social da empresa.

“Estou entusiasmada por abraçar este desafio na Recordati e por poder contribuir para a continuidade do trabalho desenvolvido nesta organização de referência. Acredito que os recursos humanos desempenham um papel fundamental na criação de ambientes organizacionais sustentáveis, inclusivos e inovadores, e é com esse compromisso que inicio este novo ciclo”, declara Sónia Gonçalves.

Ana Teresa Porfírio, que liderou a gestão de Recursos Humanos da Recordati desde 2015, passa agora a desempenhar funções como Global HR Director para a unidade de negócio SPC – Specialty & Primary Care da Recordati SpA, sediada em Milão. Nesta nova função, Ana Porfírio irá fazer parte da equipa global de liderança da SPC, trabalhando de perto com os Responsáveis de Negócio e os Recursos Humanos, regionais e locais de cerca de 30 países e mais de 2.000 profissionais, facilitando a execução de estratégias e projetos de recursos humanos alinhados com os objetivos da companhia.

“Ao longo dos últimos anos, foi um privilégio contribuir para a evolução da Recordati e para o crescimento das nossas equipas. Deixo Portugal com a certeza de que o legado construído continuará a ser impulsionado por uma profissional de excelência como a Sónia Gonçalves”, afirma Ana Teresa Porfírio.

Com esta transição, a Recordati reforça o seu compromisso com a valorização dos seus profissionais e a continuidade de uma estratégia de desenvolvimento organizacional sólida e alinhada com os objetivos globais do grupo. A elevada qualidade, compromisso e dedicação dos recursos humanos são fatores essenciais para o sucesso da missão da companhia. Todos os colaboradores partilham os valores da empresa, promovendo uma cultura de rigor ético e científico, bem como de responsabilidade social, que reafirma a vocação da Recordati como uma empresa de referência no setor farmacêutico.

 

Associação Nacional de Centros de Diálise
Durante o mês de fevereiro, a Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) vai realizar sessões de esclarecimento sobre...

A iniciativa faz parte do lançamento do jogo educativo “À descoberta dos nossos rins”, desenvolvido pela Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR), com o apoio da ANADIAL. Este recurso, disponibilizado gratuitamente a várias escolas do país, já chegou a cerca de 3.000 alunos e visa complementar os conteúdos curriculares relacionados com o estudo das funções vitais do corpo humano, em particular o sistema urinário.

Durante as sessões, profissionais de saúde irão apresentar o funcionamento do jogo e sensibilizar os alunos para a importância da prevenção da doença renal crónica. O objetivo é ampliar o conhecimento sobre a doença e incentivar a sua prevenção desde a infância.

A doença renal crónica é uma doença provocada pela deterioração lenta e irreversível da função renal. Como consequência da perda de função, existe retenção no sangue de substâncias que normalmente seriam excretadas pelo rim, levando à acumulação de produtos metabólicos tóxicos no sangue (azotemia ou uremia). Doenças como a hipertensão arterial, diabetes e doenças hereditárias podem provocar lesões nos rins e causar insuficiência renal crónica. Nos estádios mais avançados, os portadores desta doença precisam de efetuar tratamentos de substituição da função renal regularmente, como a hemodiálise, a diálise peritoneal ou o transplante renal.

O jogo “À descoberta dos nossos rins” inclui um dossier completo com instruções, cartas de jogo, um póster educativo e fichas de atividades. Os materiais encontram-se disponíveis online, através do seguinte link: https://www.apir.org.pt/publicacoes/jogo-a-descoberta-dos-nossos-rins/

Conferência "Inovação e Criatividade na Saúde
Especialistas da indústria farmacêutica, pioneiros do empreendedorismo social e líderes do contexto clínico vão estar no Porto...

"Esta conferência pretende ser um espaço de reflexão e partilha sobre as tendências emergentes na saúde, promovendo um diálogo entre diferentes agentes do setor. Acreditamos que a inovação e a criatividade são fundamentais para a construção de soluções sustentáveis e eficazes para os desafios atuais da saúde", afirma o Paulo Alves, diretor da Escola de Enfermagem (Porto) da Universidade Católica Portuguesa.

A conferência tem como objetivo explorar como a inovação e a criatividade estão a redefinir o setor da saúde, desde o desenvolvimento de soluções tecnológicas até ao impacto do empreendedorismo social. Estão confirmadas as intervenções de representantes de organizações como AstraZeneca, Medtiles, Sonae MC, DivisionCare e Instituto Português da Afasia, entre outros.

O programa inclui quatro sessões temáticas que abordarão a inovação na indústria da saúde, a acessibilidade e sustentabilidade nos cuidados de saúde, o papel do empreendedorismo social e o impacto da educação transformadora. Na conferência serão também destacados os projetos inovadores desenvolvidos por estudantes da Escola de Enfermagem (Porto), reforçando o compromisso da academia na formação de profissionais preparados para liderar a mudança no setor.

A participação no evento é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia.

Mais informações: Conferência "Inovação e Criatividade na Saúde: Novas Fronteiras e Impactos Reais" | Escola de Enfermagem (Porto) - Católica

 

Opinião
O cancro não é apenas uma doença.

Com a sua sombra a pairar sobre milhões de pessoas em todo o mundo, o cancro é um dos principais flagelos da humanidade. No entanto, nunca estivemos tão bem preparados para o combater. Entre estatísticas alarmantes e avanços promissores, Portugal e o mundo enfrentam esta batalha de forma cada vez mais eficaz. Mas será suficiente?

 

O Peso dos Números: A Epidemia do Século XXI

O cancro é uma das principais causas de morte a nível mundial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020 registaram-se mais de 19,3 milhões de novos casos e quase 10 milhões de mortes associadas à doença. Até 2040, estima-se que o número de diagnósticos possa ultrapassar 30 milhões por ano.

Em Portugal, o cenário não é menos preocupante. Dados do Registo Oncológico Nacional apontam para cerca de 60 mil novos casos de cancro por ano, sendo os mais comuns o cancro do cólon e reto, mama, pulmão e próstata. Destes, aproximadamente 28 mil resultam em morte, tornando-se a segunda principal causa de morte no país, logo a seguir às doenças cardiovasculares.

Os números são avassaladores, mas escondem uma verdade essencial: por trás de cada estatística há uma história, uma família afetada, uma batalha travada muitas vezes em silêncio.

 

O Cancro Infantil: Uma Realidade Chocante em Portugal

Portugal enfrenta uma triste realidade que deveria envergonhar-nos enquanto sociedade. Somos o país da União Europeia com a maior incidência de cancro infantil. Todos os anos, cerca de 400 crianças e adolescentes são diagnosticados com cancro, um número que, embora pequeno face aos casos em adultos, tem um impacto devastador.

As causas para esta elevada incidência ainda não são completamente compreendidas. Fatores ambientais, exposição a químicos e até predisposição genética podem desempenhar um papel. O que sabemos é que a investigação e o investimento em novos tratamentos são essenciais para inverter esta tendência.

Felizmente, cerca de 80% das crianças diagnosticadas com cancro conseguem sobreviver, um reflexo dos avanços na oncologia pediátrica. No entanto, a cura muitas vezes vem acompanhada de sequelas físicas e emocionais que perduram para toda a vida.

A Ciência Contra-ataca: O Progresso no Combate ao Cancro

Se há algumas décadas o diagnóstico de cancro era quase uma sentença de morte, hoje a ciência tem reescrito essa narrativa. Os avanços são inegáveis:

· Taxas de sobrevivência: Em países com bons sistemas de saúde, mais de 50% dos doentes oncológicos sobrevivem por pelo menos cinco anos após o diagnóstico. Em certos tipos de cancro, como o da mama, próstata ou testículo, esse número ultrapassa os 90%.

· Terapias personalizadas: A oncologia de precisão permite que os tratamentos sejam ajustados ao perfil genético de cada tumor, aumentando a eficácia e reduzindo os efeitos secundários.

· Imunoterapia: Esta abordagem revolucionária estimula o sistema imunitário a combater as células cancerígenas. Em cancros agressivos, como o melanoma metastático, a imunoterapia já permitiu prolongar a vida de doentes que, há poucos anos, teriam poucas opções.

· Terapias-alvo e nanotecnologia: Com técnicas cada vez mais sofisticadas, é possível atingir apenas as células tumorais, poupando os tecidos saudáveis e reduzindo a toxicidade dos tratamentos.

Mas há uma inovação que merece destaque: as vacinas contra o cancro.

 

Vacinas contra o Cancro: Um Sonho Cada Vez Mais Próximo

A palavra "vacina" remete-nos para a prevenção de doenças como o sarampo ou a gripe, mas a ciência está a alargar essa definição. As vacinas terapêuticas contra o cancro já são uma realidade, e Portugal está na linha da frente deste desenvolvimento.

Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto encontra-se a desenvolver um protótipo de vacina inovadora baseada em açúcares presentes nas células tumorais. O objetivo? Ensinar o sistema imunitário a reconhecer e destruir as células cancerígenas, prevenindo a recidiva da doença.

Se tudo correr como previsto, esta vacina poderá ser testada em humanos dentro de cinco anos. Com financiamento adequado e apoio da comunidade científica, Portugal poderá estar prestes a dar um contributo crucial na luta contra o cancro.

 

A Prevenção: A Primeira Arma nesta Guerra

Por muito que a ciência avance, há uma verdade incontornável: 40% dos casos de cancro podem ser evitados com mudanças no estilo de vida. Sim, o cancro não é apenas uma questão genética ou uma fatalidade inevitável. Há fatores que estão ao nosso alcance:

· Tabaco: O tabagismo é responsável por cerca de 22% das mortes por cancro. Quem fuma tem um risco 15 a 30 vezes maior de desenvolver cancro do pulmão.

· Alimentação: O consumo excessivo de carnes processadas, açúcar e gorduras trans aumenta significativamente o risco de vários tipos de cancro.

· Sedentarismo: O exercício físico regular reduz o risco de cancro da mama e do cólon em até 25%.

· Álcool: O consumo excessivo está diretamente ligado a cancros da boca, fígado, esófago e mama.

· Exposição solar: O cancro da pele é um dos mais evitáveis. O uso de protetor solar e a moderação na exposição ao sol podem reduzir drasticamente o risco.

A prevenção não é um luxo, é uma necessidade. O cancro não escolhe idades, géneros ou classes sociais. Mas podemos, com pequenas mudanças, reduzir significativamente as nossas hipóteses de sermos apanhados por ele.

 

Conclusão: A Luta Contra o Cancro é de Todos Nós

O cancro não é apenas um problema médico. É um problema humano. É um pai que deixa os filhos demasiado cedo. É uma criança que perde a infância entre hospitais. É uma família que vê a sua vida virar do avesso.

Neste Dia Mundial do Cancro, a pergunta que devemos fazer não é "o que a ciência pode fazer por nós?", mas sim "o que podemos nós fazer por esta causa?".

· Podemos ser mais conscientes e apostar na prevenção.

· Podemos apoiar a investigação, porque sem ela, não há cura.

· Podemos exigir melhores políticas de saúde e rastreios mais acessíveis.

· Podemos estar ao lado daqueles que enfrentam esta luta, oferecendo-lhes apoio, compreensão e dignidade.

A luta contra o cancro não é apenas dos médicos, dos investigadores ou dos doentes. É de todos nós.

E, juntos, podemos fazer a diferença.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Um novo estudo, co-liderado por uma investigadora da Fundação Champalimaud, aponta potenciais terapias para prevenir o...
Uma equipa internacional, co-liderada por Adriana Sánchez-Danés, investigadora principal do Laboratório de Biologia do Cancro e das Células Estaminais da Fundação Champalimaud, em Lisboa, demonstrou pela primeira vez o importante papel da Survivina – uma proteína que tem funções chave na regulação da divisão celular e na inibição da apoptose (morte celular programada) – na iniciação e formação do carcinoma basocelular, ou basalioma, o mais comum cancro da pele humano. Os seus resultados acabam de ser publicados na edição impressa de 8 de janeiro de 2025 da revista Cell Discovery.
 
“O carcinoma basocelular é, de longe, o cancro de pele mais frequente nos seres humanos”, diz Sánchez-Danés. “Todos nós conhecemos pessoas que já tiveram um cancro deste tipo, quando não fomos nós próprios.” O carcinoma basocelular raramente metastiza e é normalmente tratado com uma simples cirurgia. Mas também pode, em alguns casos, tornar-se metastático ou localmente muito agressivo. “É por isso que é tão importante compreender as diferentes fases e etapas que levam à formação, bem como à progressão desta doença”, acrescenta a investigadora.
 
Em 2016, Sánchez-Danés – também em colaboração com o coautor do novo estudo Cédric Blanplain, da Universidade Livre de Bruxelas – publicou um estudo na Nature que mostrava que as células estaminais da pele dão origem ao carcinoma basocelular, mas não outras células, chamadas células progenitoras, que são as descendentes imediatas das células estaminais.
 
Isso levou estes investigadores a analisar mais em pormenor o que está na origem dessa diferença no potencial de iniciação do cancro. “A nova questão era: quais são os mecanismos que medeiam a competência para a iniciação do cancro nas células estaminais, mas não nas células progenitoras? Existem mecanismos específicos nas células estaminais que as tornam competentes?”, explica Sánchez-Danés.
 
Para responder a esta questão, a equipa realizou, em modelos animais, um “perfil transcricional” de células da pele, estaminais e progenitoras, que expressavam oncogenes. Mais precisamente, os investigadores compararam os genes activos nas células estaminais e progenitoras da pele de ratinho cujos genes causadores de cancro tinham sido activados. E conseguiram assim identificar vários genes cuja expressão estava aumentada nas células estaminais activadas. Foi assim que deram com... o gene da Survivina, também conhecido por BIRC5. “Esse foi o gene que mais nos chamou a atenção”, diz Sánchez-Danés.
 
Desvendar os mecanismos de iniciação e progressão do carcinoma basocelular
De facto, o gene da Survivina encontra-se sobre-expressado em muitos dos cancros humanos – tais como o do pulmão, do pâncreas e da mama –, em relação aos tecidos normais; e é um gene anti-apoptótico (pró-sobrevivência) que desempenha um papel fundamental durante a divisão celular. “Em seguida, quisemos perceber se a expressão do gene da Survivina nas células estaminais activadas estava a desencadear a sobrevivência dessas células e o aumento da sua proliferação, resultando num carcinoma basocelular”, explica ainda a investigadora.
 
Para determinar se a Survivina desempenha realmente um papel na iniciação – e formação – do carcinoma basocelular nas células estaminais, a equipa decidiu eliminar o gene da Survivina nas células estaminais de ratinhos geneticamente manipulados após a ativação dos genes causadores de cancro. A sua hipótese era que, se a Survivina fosse necessária para a formação de tumores, a sua eliminação tornaria as células estaminais incapazes de gerar um tumor. E foi exatamente isso que se verificou.
 
A questão seguinte que a equipa colocou foi: será que a sobre-expressão do gene da Survivina iria também tornar as células progenitoras capazes de iniciar um tumor? “Para isso, criámos um novo modelo genético de ratinho que nos permitiu sobre-expressar o gene da Survivina”, diz Sánchez-Danés. O que efectivamente tornou as células progenitoras capazes de criar carcinomas basocelulares. A sobre-expressão do gene da Survivina desencadeou a proliferação dessas progenitoras e, ao mesmo tempo, impediu a apoptose e a diferenciação, levando à formação do cancro.
 
Por outro lado, os investigadores também descobriram que a inibição da Survivina em lesões pré-neoplásicas, utilizando inibidores desta proteína, impedia a conversão das lesões em tumores invasivos. “Isto mostrou que a Survivina é necessária não só para a iniciação e a formação de lesões pré-neoplásicas, mas também para a sua conversão em cancro invasivo”, salienta Sánchez-Danés.
 
“Já foi demonstrado que a sobre-expressão do gene da Survivina, que se verifica em muitos tumores humanos, é importante para o crescimento e manutenção do tumor. Mas esta é a primeira vez que é descrito o seu papel na iniciação do tumor”, sublinha Sánchez-Danés. “Além disso, a descoberta de que a Survivina é necessária para a conversão de lesões pré-neoplásicas em tumores invasivos é relevante, uma vez que pode ser explorada terapeuticamente.”
 
Potencial terapêutico
De facto, os resultados têm potenciais implicações terapêuticas, uma vez que vários inibidores da Survivina têm sido desenvolvidos e estão atualmente a ser testados em ensaios clínicos. “Os nossos dados também mostram que a administração a curto prazo de um inibidor da Survivina leva à diminuição e eliminação de lesões pré-neoplásicas e previne a progressão do carcinoma basocelular”, escrevem os investigadores.
 
No entanto, o inibidor da Survivina neste estudo era algo tóxico para os animais. “Isto levou-nos a encontrar uma estratégia alternativa”, diz Sánchez-Danés. “Em vez de utilizarmos um inibidor da Survivina, recorremos a um inibidor de uma proteína chamada SGK1 (“serum and glucocorticoid-regulated kinase 1 em inglês), que também impediu que as lesões pré-neoplásicas evoluíssem para um tumor.”
 
Recentemente, foram desenvolvidos e descritos vários inibidores da SGK1 que, isoladamente ou em combinação com outras opções de tratamento, conduzem à redução do tumor numa variedade de tipos de cancro, observam os autores no seu artigo. “Os nossos dados mostram que a inibição da SGK1 pode prevenir a conversão de lesões pré-neoplásicas em tumores invasivos, representando uma alternativa à utilização de inibidores da Survivina na prevenção da progressão do carcinoma basocelular”.
 
Na verdade, ambas as estratégias poderiam, em princípio, ser utilizadas em seres humanos, porque os inibidores da Survivina poderiam ser aplicados na pele sob a forma de creme, tendo portanto menos efeitos secundários do que a administração sistémica de um fármaco, como foi o caso no estudo com os modelos experimentais de ratinhos.
 
“O nosso principal resultado é que a Survivina pode ajudar-nos, no futuro, a evitar a geração de carcinomas basocelulares invasivos”, afirma Sánchez-Danés.
 
“Para mim, a parte mais interessante do nosso estudo foi descobrir que a Survivina também pode induzir células que são resistentes à formação de cancro a tornarem-se competentes nesse sentido”, conclui. “É uma mensagem muito forte. Não tínhamos a certeza se seria esse o caso quando começámos o projecto, mas acabou por ser verdade. Foi uma descoberta entusiasmante”.

 

Dia Mundial do Cancro, 4 de fevereiro
No dia 4 de fevereiro assinala-se o Dia Mundial do Cancro. Assim como nos seres humanos, o cancro é uma das principais causas...
Estudos indicam que cerca de 1 em cada 4 cães desenvolverá cancro ao longo da vida, e aproximadamente metade dos cães com mais de 10 anos desenvolverão um tumor. Para os gatos, acredita-se que os números sejam semelhantes1.
Os tumores variam em tipo, frequência e gravidade entre cães e gatos. Entre os tumores mais frequentes nos animais de companhia, encontramos os seguintes:
 
  • Tumores mamários, particularmente frequentes em fêmeas não esterilizadas, são o tipo de tumor mais comum em cadelas, com cerca de 50% dos casos classificados como malignos2. Em gatos, os tumores com origem nas glândulas mamárias representam o terceiro tipo mais comum de cancro felino, depois do linfoma e do cancro da pele. Mais de 95% dos casos ocorrem em fêmeas, sendo que aproximadamente 85% dos tumores mamários felinos são adenocarcinomas malignos, frequentemente diagnosticados em gatos com mais de 10 anos3.
  • Linfomas, são um tumor dos linfócitos e podem manifestar-se em várias partes do corpo, incluindo baço e medula óssea. Estes representam aproximadamente 7-24% de todos os cancros nos cães4 e 30% nos gatos5. São os tumores mais prevalentes nos gatos, muitas vezes associados ao vírus da leucemia felina (FeLV)6.
  • Tumores cutâneos estão entre os tumores caninos mais frequentemente enviados para avaliação histopatológica e, entre estes, o mastocitoma é uma das neoplasias mais frequentemente diagnosticadas, representando 16% a 21% de todas as ocorrências7. Nos gatos, o carcinoma de células escamosas afeta principalmente a pele e a cavidade oral, representando cerca de 15% dos tumores cutâneos8.
 
“Apesar do cancro ser uma palavra assustadora, os avanços na Medicina veterinária, como cirurgias minimamente invasivas, tratamentos de quimioterapia e radioterapia, têm ampliado significativamente as opções e os prognósticos para os nossos pacientes”, afirma o Prof. Dr. Joaquim Henriques, médico veterinário do AniCura Atlântico Hospital Veterinário e presidente fundador da recém-criada Sociedade Portuguesa de Oncologia Veterinária (SPOV).
Os cuidadores devem estar atentos a alguns sinais como o aparecimento de nódulos ou feridas persistentes, perda de peso ou apetite sem motivo aparente, mudanças no comportamento ou níveis de energia injustificadas, diarreia ou vómito crónico, feridas que não cicatrizam e dificuldade em respirar, engolir ou evacuar.
 
“No caso de deteção de algum destes sintomas, é crucial procurar um médico veterinário imediatamente”, acrescenta o Prof. Joaquim Henriques. A deteção precoce pode fazer toda a diferença na qualidade de vida e no sucesso do tratamento.
 
Caso de sucesso: Tieta, um exemplo de longevidade e superação
Tieta, nascida há 19 anos, em abril de 2013 começou a perder peso sem motivo aparente. Após exames detalhados, incluindo uma ecografia abdominal, foi identificada uma lesão tumoral de 5cm no rim esquerdo. Além disso, foi diagnosticada com hipertiroidismo e comprometimento da função renal. A citologia ecoguiada revelou tratar-se de um carcinoma renal. A realização de uma TAC trouxe uma boa notícia: não havia sinais de metástases. No entanto, a função renal já debilitada tornava inviável uma cirurgia tradicional para remoção do rim, que poderia comprometer gravemente a qualidade e a esperança de vida da Tieta. Para tratar o cancro sem prejudicar a sua saúde, foi realizada uma termoablação por micro-ondas, um procedimento inovador na medicina veterinária em Portugal. Esta abordagem menos agressiva permitiu uma recuperação rápida e eficaz e, dois anos após o tratamento, a Tieta está curada.
"O tratamento do cancro nos animais segue os mesmos princípios que na medicina humana: diagnóstico preciso e adaptação da terapêutica a cada paciente em função do seu estado de saúde, tipo de tumor e extensão do mesmo. Na grande maioria dos casos os animais toleram bem a terapia oncológica, pois o objetivo na medicina veterinária é aumentar a esperança de vida com qualidade", finaliza o médico veterinário.
A prevenção desempenha um papel fundamental. Exemplo disso é que a prevalência de linfomas agressivos em gatos tem diminuído com a vacinação contra o FeLV. Além disso, a esterilização precoce em cães e gatos é eficaz na redução do risco de tumores mamários e testiculares. Consultas regulares e check-ups anuais permitem a deteção precoce de alterações suspeitas, aumentando a probabilidade de um tratamento bem-sucedido.
 
Referências
1American Veterinary Medical Association. Cancer in Pets. Disponível em https://www.avma.org/resources/pet-owners/petcare/cancer-pets [Consultado em janeiro de 2025]
2Zheng HH, Du CT, Yu C, Zhang YZ, Huang RL, Tang XY, Xie GH. Epidemiological Investigation of Canine Mammary Tumors in Mainland China Between 2017 and 2021. Front Vet Sci. 2022 Jun 22; 9:843390. doi: 10.3389/fvets.2022.843390. PMID: 35812867; PMCID: PMC9257276.
3Cornell Feline Health Center. Disponível em https://www.vet.cornell.edu/departments-centers-and-institutes/cornell-f... [Consultado em janeiro de 2025]
4Mary K. Klein, DVM, MS, DACVIM, DACVR. Lymphoma in dogs and cats (Proceedings). November 1, 2010. Disponível em https://www.dvm360.com/view/lymphoma-dogs-and-cats-proceedings [Consultado em fevereiro de 2025]
5Malcolm Weir, DVM, MSc, MPH; Catherine Barnette, DVM. Lymphoma in Cats. Disponível em https://vcahospitals.com/know-your-pet/lymphoma-in-cats [Consultado em janeiro de 2025]
6College of Veterinary Medicine. Feline Leukemia Virus. Disponível em https://www.vet.cornell.edu/departments/cornell-feline-health-center/hea... [Consultado em janeiro de 2025]
7Morris Animal Foundation. Mast Cell Tumors – A Common Skin Cancer in Dogs. Disponível em https://www.morrisanimalfoundation.org/article/mast-cell-tumors-in-dogs [Consultado em janeiro de 2025]
8Murphy S. Cutaneous Squamous Cell Carcinoma in the Cat: Current understanding and treatment approaches. Journal of Feline Medicine and Surgery. 2013;15(5):401-407. doi:10.1177/1098612X13483238

 

Comunicação e Cancro
O IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia – desafiou os estudantes finalistas do curso de...

O projeto teve como objetivos explorar a situação do cancro em Portugal e no mundo, sublinhando o papel essencial da comunicação na prevenção e no tratamento. Através da divulgação de informações baseadas em evidências científicas, procurou-se sensibilizar para a importância do diagnóstico precoce e das medidas preventivas. Este enfoque reflete a missão da Unidade Curricular: desenvolver competências no jornalismo digital e explorar a comunicação de saúde como um vetor de mudança social.

A parceria com a LPCC-NRS proporcionou aos alunos acesso a dados estatísticos atualizados e a fontes secundárias que enriqueceram as reportagens.

“Ao trazer o tema do cancro para o contexto das Ciências da Comunicação, este projeto reforça o compromisso do IADE com a formação de profissionais capazes de abordar temas complexos com criatividade, rigor e responsabilidade social”, afirma o professor Élmano Ricarte, responsável no IADE pela iniciativa. Destacou ainda que “o envolvimento e o entusiasmo dos alunos ao longo do projeto resultaram em trabalhos excelentes, capazes de contribuir para a promoção da literacia em saúde e para o debate público sobre um tema tão relevante como o cancro”.

Entre os 20 trabalhos desenvolvidos pelos estudantes, destacam-se temas como o cancro pediátrico, o cancro do ovário e o cancro da mama, explorados através de reportagens hipermédia. Cada peça combinou multimédia, fact-checking e interatividade, com o objetivo de oferecer ao público um conteúdo acessível e impactante.

As reportagens foram disponibilizadas em plataformas digitais, reforçando a importância da comunicação digital na sensibilização sobre o cancro:

4 de fevereiro | Dia Mundial do Cancro
A dia 4 de fevereiro assinala-se, mundialmente, o Dia do Cancro, sendo cada vez mais importante refo

O cancro oral representa hoje 2,8% de todos os cancros diagnosticados a nível global, registando-se já, aproximadamente 300 mil casos por ano, com um aumento expressivo de 25% na última década. Em Portugal, estima-se que surjam cerca de 1600 novos casos anualmente, sendo um dos cinco tumores mais frequentes no sexo masculino. Este cenário é agravado pelo facto de quase um terço da população não visitar o médico dentista regularmente, dificultando o diagnóstico precoce e, consequentemente, as probabilidades de cura.

A doença pode afetar diversas áreas da boca, como lábios, céu da boca, língua e espaço sublingual, gengivas e bochechas. Relativamente aos sintomas, os iniciais podem ser subtis e indolores, tais como manchas brancas ou avermelhadas (leucoplasia e eritroplasia), úlceras persistentes (aftas que não cicatrizam em 2-3 semanas), nódulos ou massas endurecidas. Com a progressão da doença surgem sinais mais preocupantes e dolorosos, como mobilidade dentária, perda de sensibilidade, dificuldade em engolir (disfagia), dor de ouvidos e aumento dos gânglios linfáticos.

Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, segundo o PIPCO – Projeto de Intervenção Precoce do Cancro Oral, a taxa de sobrevivência ao fim de 5 anos é de apenas 40%, o que espelha, uma vez mais, a urgência de se abordar este carcinoma.

Neste contexto, a Clínica Médis destaca algumas informações essenciais:

·        Fatores de risco: o tabagismo é o principal. Além deste, o consumo de álcool e uma exposição solar excessiva dos lábios podem levar ao surgimento de cancro oral.

·        Prevenção: as consultas regulares com o médico dentista permitem a identificação precoce de lesões suspeitas, aumentando significativamente as probabilidades de cura. É importante que o doente agende uma visita no caso de notar alguma alteração nas mucosas orais, que persista por mais de 15 dias, pois este pode ser um sinal de alerta.

·        Diagnóstico: observação clínica, seguido, caso necessário, de biópsia para exame histológico.

·        Tratamento: é planeado por uma equipa multidisciplinar e geralmente inclui cirurgia para remoção da lesão.

Recomendações:

·        Opte por uma dieta rica em frutas, vegetais e antioxidantes que promovam um sistema imunitário forte;

·        Visite o médico dentista pelo menos duas vezes por ano. O dentista desempenha um papel vital na prevenção, diagnóstico e encaminhamento para tratamento, sendo um aliado fundamental na luta contra esta tipologia de cancro.

·        Proteja os lábios da exposição solar;

·        Evite o consumo de álcool e o tabagismo;

O cancro oral é um carcinoma silencioso e oculto e os dados revelam a necessidade de continuar a sensibilizar a população para a importância do cuidado com a sua saúde oral. A adoção de hábitos saudáveis e a atenção aos sinais de alerta são fundamentais na prevenção deste tipo de cancro.

Fonte: 
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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
O que são?
Os linfomas não Hodgkin (LNH) são doenças tumorais do tecido linfático e são o tipo de linfomas mais

Os linfocitos B têm origem na medula, passam para o sangue e localizam-se depois em diferentes zonas dos gânglios linfáticos, onde vão adquirir características particulares, nomeadamente o aparecimento de determinadas proteínas à sua superfície - antigénios -, designados por CD, que permitem a sua identificação; uma das caracteristicas dos linfocitos B é serem CD20 positivos. 

Os linfocitos T amadurecem no timo e circulam depois no sangue, localizando-se também em alguns orgãos; caracterizam-se por serem CD3+.

A transformação tumoral vai levar a um crescimento não controlado dos linfocitos e/ou  à diminuição da morte celular; como consequência há acumulação dessas células com aumento dos gânglios, podendo frequentemente existir infiltração da medula óssea e de outros orgãos.

Há vários tipos de linfoma não Hodgkin?

Existem dezenas de tipos de LNH que estão relacionados com a zona do gânglio onde ocorre a transformação maligna do linfocito. Ao longo dos anos têm surgido diferentes classificações, que são cada vez mais extensas e complexas, mas do ponto de vista clínico podemos dividir os linfomas em dois grandes grupos: baixo grau e alto grau de malignidade.

Baixo grau de malignidade, ou indolentes - têm um crescimento lento e em alguns casos pode não ser necessário iniciar de imediato o tratmento; respondem bem à terapêutica, mas há frequentemente recaídas. Os mais frequentes são:

  • Linfoma folicular
  • Linfoma difuso de pequenas células
  • Linfoma da zona marginal - Linfoma MALT
  • Linfoma do manto - alguns sub-tipos
  • Macroglobulinémia de Waldenstrom
  • Linfomas cutãneos

Alto grau de malignidade, ou agressivos - o crescimento é rápido, por vezes colocando em risco a vida e necessitam de tratamento urgente; a resposta ao tratamento é geralmente boa. Os mais frequentes são:

  • Linfoma difuso de grandes células
  • Linfoma anaplásico
  • Linfoma do manto 
  • Linfoma de Burkitt 
  • Linfoma T periférico
  • Linfoma do sistema nervoso central
  • Linfoma associado ao VIH

Qual é o tratamento?

O tratamento dos linfomas pode incluir diversos tipos de medicamentos - quimioterapia e outros fármacos - e radioterapia. A opção terapêutica mais adequada será discutida pelo médico e pelo doente, de acordo com o tipo de linfoma e a sua situação clínica. 

Alguns dos medicamentos mais utilizados no tratamento dos linfomas não Hodgkin.

Quais são as complicações do tratamento?

Os efeitos secundários podem ser controlados e são na sua maioria, reversíveis. Deve sempre relatar esses sintomas à equipe que o trata, para que actuem rápidamente e se evitem situações mais graves.

Sintomas habituais resultantes do tratamento:

É habitual a sensação de cansaço e falta de apetite.

A quimioterapia vai agravar a anemia pelo que podem ser necessárias transfusões de sangue.

Com o tratamento diminuem ainda mais os globulos brancos e portanto é maior o risco de infecções, que nos linfomas é já importante.  As infecções, particularmente as pneumonias, são a causa de morte mais frequente nestas doenças. Deve recorrer ao seu médico se surgirem febre ou outros sintomas, como arrepios, tremores, tosse, expectoração, falta de ar, queixas urinárias ou diarreia, e deve evitar contacto com pessoas com gripe ou outras doenças contagiosas. Uma das infecções frequentes é a "zona" provocada pelo vírus herpes-zoster, que se manifesta por dor ou sensação de queimadura numa zona da pele, com aparecimento de pequenas vesículas e que requer tratamento imediato.

Podem surgir pequenas hemorragias na pele, ou nódoas negras, assim como hemorragias do nariz ou gengivas pela diminuição das plaquetas (trombocitopénia). Se o valor for muito baixo pode ter de levar transfusões de plaquetas.

A quimioterapia provoca muitas vezes enjoo e vómitos, mas actualmente existem medicamentos muito eficazes para combater estes sintomas.

A queda de cabelo é reversível e muitas vezes o cabelo nasce mais forte. A pele fica mais sensível e deve evitar exposição ao sol. É importante manter a pele hidratada e tratar as infecções da pele ou das unhas.

Podem surgir aftas ou lesão da mucosa da boca – mucosite.

A diarreia ou prisão de ventre são frequentes.

Os corticoides aumentam o risco de infecções e levam a um maior apetite com aumento de peso e o aparecimento de “ cara de lua cheia”; este efeito é, regra geral, completamente reversível. Aumentam também a glicémia, a retenção de liquidos e a tensão arterial. Por vezes causam irritabilidade e insónias e pode necessitar de medicação para controlar estas situações.

Esta é uma doença mais frequente nos mais idosos, mas pode ocorrer em pessoas mais jovens. Neste caso devem ser tomadas medidas anticoncepcionais, pois o risco de malformações no feto, provocadas pelo tratamento, é muito elevado. Estas medidas aplicam-se não só às doentes do sexo feminino, como também aos doentes do sexo masculino que tenham uma companheira em idade fértil.

Alguns citostáticos têm efeitos secundários particulares:

  • Ciclofosfamida - alteração da cor da pele, cistite hemorrágica
  • Doxorrubicina – alterações cardíacas
  • Vincristina – neuropatia periférica. Diminuição do sódio no sangue (hiponatrémia)
  • Bleomicina - fibrose pulmonar

Posso fazer a minha vida normal?

É muito importante que mantenha uma vida activa, com alimentação saudável, hidratação adequada e aconselha-se vivamente que deixe de fumar!

Deve ter especial atenção à prevenção e tratamento precoce das infecções, que são a principal causa de hospitalização e podem ser muito graves, pondo em risco a sua vida. Evite ambientes frios e húmidos, assim como demasiado aquecidos, locais com muita gente e contacto com pessoas infectadas.

Fale com o seu médico sobre a possibilidade de ter um antibiótico em casa, para a eventualidade de surgir febre, tosse, ou outros sintomas, e como poderá contactar rápidamente a equipe que o trata se for necessário.

Deve abordar a possibilidade de fazer algumas vacinas, como a da gripe e a vacina antipneumocócica. Outra medida que pode ser aconselhável é a de ginástica respiratória, particularmente se foi fumador ou se já teve infecções respiratórias de repetição.

Nalguns casos em que a produção de anticorpos está muito diminuida, pode estar indicada a administração endovenosa de imunoglobulinas, para evitar a possibilidade de infecções.

Não deve esquecer o risco de outras neoplasias, fazendo o rastreio indicado para os tumores do tubo digestivo, pele e do foro ginecológico.

O apoio psicológico, familiar e o de outros doentes é fundamental e a APCL está ao seu dispor para os esclarecimentos e ajuda que necessitar. Pode encontrar algumas indicações úteis em “ Viver Melhor”.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Fique a saber
O linfoma é um tipo de cancro que tem início nas células designadas por linfócitos que fazem parte d

Se no momento do diagnóstico e até 6 meses após o mesmo o linfoma se encontrar localizado apenas à pele, designa-se por linfoma cutâneo. Este tipo de linfomas é raro e na maioria dos casos tem um crescimento lento, não afetando a esperança média de vida, podendo assemelhar-se mais a uma doença prolongada de pele (doença crónica). Se o linfoma se desenvolver nos gânglios linfáticos e se propagar para a pele, não será um linfoma cutâneo, mas será identificado de acordo com o tipo de células afetadas e o local onde se desenvolve inicialmente e não para onde se irá propagar.
São vários os tipos de linfoma cutâneo, pelo que, é fundamental saber o subtipo de forma a que seja possível saber qual o tratamento mais adequado. Os dois tipos mais comuns de LCCT são:

Micose Fungoide

Sintomas:
• Lesões vermelhas que podem descamar
• Nódulos que podem criar ferida
• Dermatite e descamação do corpo inteiro (eritrodermia)

Estas lesões na pele que podem se espalhar pelo corpo todo, mas geralmente desenvolvem-se no tronco ou nas nádegas

Síndrome de Sézary (SS)

Sintomas:
• Prurido intenso
• Descamação cutânea
• Perda de cabelo
• Febre e cansaço
• Perda de peso
• Aumento dos gânglios linfáticos

Diagnóstico:
As primeiras indicações para o diagnóstico poderão ser através de um exame físico para analisar as lesões da pele e verificar se os gânglios linfáticos estão inchados.
A confirmação do diagnóstico terá de ser através de uma biópsia à pele, no entanto, nem sempre é um processo óbvio e poderá haver a necessidade de realizar outras biópsias à pele nas semanas ou meses seguintes.
Através do historial médico de como e quando surgiu o problema de pele, de um exame físico completo, o resultado das biópsias e análises ao sangue vai ser possível diagnosticar o tipo de linfoma e o estágio em que se encontra.

Tratamento:
O objetivo do tratamento é colocar o linfoma cutâneo em fase de remissão, tratando as lesões da pele, reduzindo o número de células T no sangue (no caso da síndrome de Sézary) e aliviando os sintomas. Adicionalmente, os pacientes reagem melhor aos tratamentos quando mantêm uma dieta saudável e um regime de exercício regular e quando comunicam aos médicos todos os sintomas que surgem durante o tratamento.
Os tratamentos diferem consoante o paciente, considerando os sintomas, o estágio da doença, os tratamentos feitos anteriormente e o seu perfil pessoal.

Os tratamentos dividem-se em duas categorias, consoante são tratamento para:
• A pele (tratamentos tópicos/dirigidos à pele)
• O corpo inteiro (terapias sistémicas)

Em muitos casos iniciais da doença, as realizações de tratamentos tópicos são eficazes. Para casos de linfoma cutâneo onde se desenvolvem doenças de pele resistentes e que se propagam para o sangue ou para os órgãos internos é necessária a utilização de terapias sistémicas.

Poderá haver a necessidade de tratamentos mais agressivos numa fase posterior da doença, quando as células T malignas se propagarem para além da pele.

Por vezes é necessário recorrer mais do que uma vez ao mesmo tipo de tratamento, como a fototerapia e a radiação, pois frequentemente, o tratamento que resultou anteriormente voltará a resultar.

Tipos raros de linfoma cutâneo de células T – Sintomas, diagnóstico e tratamento.

Linfoma subcutâneo de células T do tipo paniculítico (LSCTTP)

Sintomas.
• Aparecimento de uma ou mais placas ou nódulos, mais frequentemente nas pernas
• Febre e cansaço
• Perda de peso
• Contagem reduzida de glóbulos sanguíneos

Apresenta crescimento lento e que pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum em mulheres. Responde bem ao tratamento com esteroides orais, que poderá ser o único tratamento necessário. Existindo a necessidade de outro tipo de tratamento, este poderá ser realizado sob a forma de radioterapia local ou de quimioterapia com doxorrubicina. Se apresentar um crescimento rápido, sugere-se o tratamento com uma combinação de medicamentos quimioterápicos, como CHOP, ou um transplante de medula óssea.

Linfoma extraganglionar de células T/NK do tipo nasal

Sintomas:
· Por vezes, é detetado na pele, mas poderá desenvolver-se noutro órgão e propagar-se para a pele.
Um tipo de linfoma de crescimento rápido. Na maioria dos casos, este tipo de linfoma é tratado com um regime quimioterápico sistémico (no corpo inteiro), como o SMILE (dexametasona, metotrexato, ifosfamida, l-asparaginase e etoposido), combinado com radioterapia no local afetado.

 Linfoma cutâneo primário de pequenas e médias células T CD4+

Sintomas:
Aparecimento de uma única placa ou nódulo na face, no pescoço ou na parte superior do tronco
Este linfoma é de crescimento lento. Na maioria dos casos, o tratamento consiste na remoção cirurgica da placa ou o nódulo ou tratá-lo com radioterapia. Se o linfoma se encontrar mais disseminado, o tratamento sugerido poderá ser um medicamento quimioterápico, chamado ciclofosfamida, ou um medicamento de imunoterapia, interferão alfa.

Linfoma cutâneo primário de células T gama-delta

Sintomas:
• Manchas/placas nos braços e nas pernas
• Suores noturnos
• Febre
• Perda de peso
• Redução na contagem de glóbulos sanguíneos
• Aumento do fígado e do baço

Um tipo de linfoma de crescimento rápido que, geralmente, ocorre em adultos. O tratamento poderá ser uma combinação de medicamentos quimioterápicos ou, em algumas circunstâncias, um transplante de medula óssea

Linfoma cutâneo primário agressivo epidermotrópico de células T CD8+

Sintomas:
· Borbulhas dispersas (pápulas)
· Placas ou tumores na pele
· Poderá ulcerar as zonas afetadas

Este é um tipo de linfoma de crescimento rápido que ocorre maioritariamente em adultos. O tratamento consiste em uma combinação de medicamentos quimioterápicos ou, em algumas circunstâncias, o transplante de medula óssea.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dia Mundial do Cancro celebra-se a 4 de fevereiro
A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) assinala amanhã o Dia Mundial do Cancro e afirma estar preparada para implementar o...

O Presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Vitor Veloso, assegura que não obstante a grande dimensão logística e financeira implícita à implementação do alargamento, a LPCC está em condições de avançar já este mês com o rastreio do cancro da mama de base populacional às novas faixas etárias. “A Liga Portuguesa Contra o Cancro dispõe de equipas experientes e de infraestruturas em todo o país, que desde sempre promovem este rastreio, em estreita colaboração com o Serviço Nacional de Saúde, e, apesar da complexidade do desafio, encontra-se preparada para avançar”, adiantou.

Os dados mais recentes sobre o cancro da mama em Portugal, publicados pelo Global Cancer Observatory da Organização Mundial de Saúde, referentes a 2022, estimam que cerca de 9.000 mulheres foram diagnosticadas com cancro da mama e mais de 2.000 morreram com esta doença. O cancro da mama apresenta uma taxa de cura superior a 90%, quando diagnosticado e tratado precocemente.

 

Campanha Global ‘Unidos Por Cada Um’ arranca no Dia Mundial do Cancro

Assinala-se amanhã o Dia Mundial do Cancro, uma data instituída pela União Internacional de Controlo do Cancro, da qual a Liga Portuguesa Contra o Cancro é full member desde 1983. A criação da efeméride em 2000 teve como objetivo sensibilizar a população para a doença, melhorar a educação e promover a ação pessoal e coletiva na luta contra o cancro.

Este ano, sob o lema ‘Unidos Por Cada Um’ (United by Unique), a União Internacional de Controlo do Cancro lança uma campanha global de três anos que incita à mudança de paradigma no tratamento do cancro em todo o mundo, priorizando a singularidade da experiência de cada um na prevenção, no diagnostico e também no tratamento.

Em Portugal, a comunicação nacional da campanha vai ter expressão nas redes sociais e no site da LPCC, envolvendo figuras públicas como os atores Gonçalo Dinis e Sofia Ribeiro, a influencer ‘Tia Cátia’, a radialista Joana Cruz e a apresentadora Bárbara Guimarães, entre outras. A campanha reforça a importância de colocar as pessoas no centro dos sistemas de saúde e de percecionar cada experiência com o cancro como única, sublinhando as necessidades específicas de cada doente que tem também uma história única para contar. Contudo, apesar das particularidades vivenciadas individualmente, ‘Unidos Por Cada Um’ salienta ainda a importância da união global dos doentes oncológicos no propósito de ver implementadas políticas de saúde mais eficazes e que resultem em vidas mais longas e com qualidade.

Indústria Farmacêutica
João Paulo Nascimento acaba de ser eleito presidente da Equalmed – Associação Portuguesa de Medicamentos pela Equidade em Saúde...

O novo dirigente, em representação da Towa Pharmaceutical, S.A., sucede a Maria do Carmo Neves da Farmoz – Sociedade Técnico Medicinal, S.A., que agora ocupará a vice-presidência, juntamente com Glenn Luís, da Fresenius Kabi Portugal.

A nova direção compromete-se a promover a equidade em saúde, dimensão indispensável para a otimização de políticas mais sustentáveis nos cuidados terapêuticos e no desenvolvimento da indústria transformadora nacional. Neste propósito, os medicamentos genéricos, biossimilares e de valor acrescentado devem estar no centro da equação, já que promovem a acessibilidade no sistema de saúde e são instrumentos elementares que aportam valor económico através da soberania nacional e do equilíbrio da balança comercial.

A Equalmed, representada pelo seu novo presidente, João Paulo Nascimento, considera que “é prioritário continuar o trabalho convergente com as várias entidades tutelares e com os representantes institucionais da saúde. Considerando os diversos desafios relativos ao aumento da longevidade, ao diagnóstico cada vez mais precoce das patologias e à evolução da carga de doença, a Equalmed tem um papel central enquanto stakeholder na colaboração estreita com os decisores políticos e com as autoridades de saúde para a defesa e capacitação do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

O mesmo representante defende que “a política do medicamento no mercado ambulatório e hospitalar tem de continuar a promover a acessibilidade, mas também a sustentabilidade dos vários agentes do setor, sobretudo no contexto pós-pandémico e geopolítico que vivemos atualmente”, sendo essencial “o crescimento deste setor que representa os medicamentos genéricos, biossimilares e de valor acrescentado (VAM)”, aponta o novo presidente da associação.

Com a intenção de salvaguardar o melhor acesso a cuidados de saúde de qualidade, a Equalmed sublinha que “a revolução clínica não se limita apenas às novas descobertas terapêuticas, mas que deve, igualmente, garantir que os tratamentos mais eficazes chegam àqueles que mais deles necessitam, colocando o futuro da saúde em primeiro”, conclui o mesmo responsável associativo.

João Paulo Nascimento é atualmente Diretor Geral dos países mediterrâneos da Towa Pharmaceutical, e conta com mais de 30 anos de experiência na indústria farmacêutica. Nos últimos 20 anos, desenvolveu a sua atividade profissional no segmento dos medicamentos genéricos, assumindo responsabilidades de gestão em empresas nacionais e multinacionais. É licenciado em Gestão e Marketing e pós-graduado na área do Marketing.

4 de fevereiro | Dia Mundial do Cancro
O cancro continua a ser uma grande ameaça para a saúde na Europa, continente que regista 25% dos casos globais e mais de 20%...

Por ocasião do Dia Mundial do Cancro (4 de fevereiro), a Organização Europeia de Patentes (OEP) acaba de publicar o segundo estudo sobre as tecnologias relacionadas com o cancro, que fornece uma análise aprofundada dos domínios tecnológicos que registam mais rápido crescimento. Entre estes estão a imunoterapia celular (onde o número de pedidos de patentes cresceu a uma taxa média anual de 37,5% entre 2015 e 2021), a terapia genética (+31%) e a análise de imagem (+20%).

 

Contributo de Portugal nas inovações tecnológicas relacionadas com oncologia

Portugal ocupa o 19º lugar no que diz respeito ao número de patentes de invenção dedicadas ao combate ao cancro. Este resultado vem na sequência de um crescimento consistente ao longo de quatro períodos consecutivos de três anos das famílias de patentes internacionais (FPI) relacionadas com o cancro, de 2010 a 2021, atingindo um total de 96 FPI.

 

FPIs em tecnologias relacionadas com o cancro por país europeu entre 2010 e 2021

O relatório, Novas Fronteiras da Oncologia, revela que a Europa está a perder quotas nos pedidos de patentes nas áreas de elevado crescimento no domínio do cancro, em comparação com os EUA e a China, caindo em média 5 pontos percentuais nos três domínios de crescimento mais rápido. No entanto, o estudo conclui também que a Europa acolhe o maior número de startups relacionadas com a oncologia, com cerca de 1500 entidades, em comparação com as 1325 nos EUA.

“À luz do relatório de Mario Draghi sobre o futuro da competitividade europeia, as conclusões deste estudo constituem um sinal de alerta para o sistema europeu de inovação em oncologia”, afirma António Campinos, presidente da OEP. “À medida que as tecnologias de combate ao cancro evoluem rapidamente e avançam em direções inesperadas, a Europa tem de reagir para manter a sua vantagem competitiva na inovação dos cuidados de saúde e salvar vidas. O vibrante ecossistema de startups europeias no domínio da oncologia é um foco de esperança no futuro, mas as empresas precisam de investimento e apoio para aumentar a escala das suas invenções.”

 

Startups europeias mais fortes nas fases iniciais de crescimento

O estudo revela que, entre os estados-membros da OEP, o Reino Unido lidera com 290 startups relacionadas com a oncologia, seguido da França com 246 e da Alemanha com 208. No entanto, surge um forte contraste noutras fases de maturação das empresas. Enquanto a Europa tem mais startups e empresas em fase inicial de crescimento, os EUA ultrapassam significativamente a Europa no que diz respeito à expansão das empresas em fase final de crescimento. Cerca de 40% das startups americanas relacionadas com o cancro atingiram esta fase avançada, em comparação com apenas 24% na UE e menos de 27% noutros Estados-Membros da OEP, o que realça os desafios que as startups europeias enfrentam para se expandirem com êxito.
 

iLoF - Uma startup portuguesa de combate ao cancro, orientada para a fotónica e a IA

O Intelligent Lab on Fiber (iLoF), é uma empresa de biotecnologia que nasceu global com escritórios em Portugal, na Grã-Bretanha e nos EUA, em 2019. A empresa avança uma nova combinação de fotónica e Inteligência Artificial (IA) para se concentrar em novas abordagens aos biomarcadores. Com esta abordagem, o iLoF procura reduzir consideravelmente o custo e o tempo dos ensaios clínicos, permitindo que a indústria farmacêutica acelere a descoberta e o desenvolvimento de novos produtos. A empresa registou três pedidos de patentes PCT - Tratado de Cooperação em matéria de Patentes -, designando a OEP, e figura no EPO Deep Tech Finder, ferramenta da OEP onde podem ser encontradas outras spin-offs e universidades portuguesas que apostam na inovação em oncologia.

 

Centros de investigação e universidades desempenham um papel fundamental na inovação sobre o cancro

Quase metade de todas as patentes dos países da UE entre 2010 e 2021 teve origem em universidades, organismos públicos de investigação ou hospitais. Além da atividade direta de registo de patentes, mais de 12% dos pedidos de patentes da UE relacionados com o cancro têm origem em instituições de investigação, mas foram apresentados por empresas. Noutros estados-membros da OEP, as instituições de investigação contribuíram com quase 30% de todas as patentes, tendo 6,4% sido de iniciativa empresarial.

Portugal com ACNUR alerta
Novos recordes de pessoas deslocadas, um subfinanciamento que põe em causa direitos básicos e a existência de emergências...

Para a Portugal com ACNUR, 2025 começa com uma certeza preocupante: “a crise humanitária a nível global continuará a agravar-se, acentuando a situação dramática em que vivem centenas de milhões de pessoas deslocadas em todo o mundo”, afirma Joana Feliciano, Responsável de Comunicação e Relações Externas. “Com menos de um mês decorrido desde o início do ano, já pudemos assistir à destruição causada por mais um ciclone em Moçambique e pelo crescer da violência no país que, em conjunto, levaram milhares de pessoas a fugir das suas casas; testemunhámos também novos fluxos de deslocações forçadas em massa na República Democrática do Congo devido ao intensificar dos conflitos internos; e estamos a acompanhar o desenrolar da situação na Síria, portanto, infelizmente só podemos prever um agravar do panorama humanitário em 2025”, explica.

Um novo recorde histórico de pessoas deslocadas à força devido ao intensificar dos conflitos e da violência e ao crescente impacto das alterações climáticas, o subfinanciamento das emergências que põe em causa a assistência prestada pelo ACNUR no terreno ou a impossibilidade de construir soluções reais e duradouras que permitiam resolver estas crises humanitárias são alguns dos principais motivos apontados pelo parceiro nacional da Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) para explicar este agravamento.

 

Número de pessoas deslocadas poderá atingir os 140 milhões em 2025

Cerca de 140 milhões de pessoas deslocadas: é esta a previsão do ACNUR para 2025. O alerta chega-nos de Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados: “Ao perspetivarmos os próximos meses, sabemos que surgirão muitas crises ainda desconhecidas e emergências que não podemos prever”. Só no último ano, a Agência da ONU para os Refugiados geriu 43 declarações de emergência ativas em 25 países, incluindo 26 novas emergências declaradas em 2024 e 17 crises em curso desde 2023. Para Grandi, este aumento reflete uma situação muito preocupante e com características muito particulares com “fluxos de deslocação forçada bastante complexos à medida que as pessoas continuam a fugir da violência e, cada vez mais, dos efeitos das alterações climáticas”.

 

Joana Feliciano da Portugal com ACNUR revela que “cerca de metade de todas as pessoas deslocadas à força veem-se afetadas tanto por conflitos como pelos efeitos adversos das alterações climáticas”. E alerta: “As alterações climáticas estão a acentuar os desafios que as pessoas deslocadas enfrentam, aumentando assim o risco de deslocações prolongadas, recorrentes e sucessivas. Basta olharmos para o que está a acontecer no Sahel ou no Corno de África, onde o conflito foi muitas vezes o motor inicial das deslocações forçadas, mas foram os efeitos da crise climática que impediram estas pessoas de se estabelecerem, obrigando-as a fugir novamente.”

 

Grande número de emergências e escassez de financiamento põem em causa direitos mais básicos

Este elevado número de pessoas forçadas a fugir e a existência de tantas emergências a requerer assistência urgente colocam também dificuldades acrescidas ao financiamento das operações no terreno. “O subfinanciamento é neste momento o nosso maior desafio, uma vez que nos impede de dar resposta a todas as necessidades mais básicas apresentadas e de garantir que os direitos fundamentais destas pessoas são respeitados”, realça Joana Feliciano. De acordo com os dados do ACNUR, para 2025 e tendo em conta esta estimativa de 140 milhões de pessoas deslocadas, a Organização prevê necessitar de um orçamento na ordem dos 10 mil milhões de dólares a nível global para garantir proteção, assistência e soluções para as existentes e novas crises humanitárias.

Ucrânia, Líbano, Etiópia e Sudão são as operações que requererão maior financiamento para fazer face às complexas necessidades apresentadas. Além disso, este orçamento tem ainda em conta o elevado volume de reinstalações que deverão ter lugar em 2025, cerca de mais meio milhão do que no ano anterior. “As reinstalações de pessoas deslocadas têm sido uma estratégia eficaz desenvolvida pelo ACNUR para retirar pressão de comunidades de acolhimento onde os recursos já estão no limite e para dar resposta a novas emergências em contexto de deslocação forçada resultantes do impacto climático”, explica a Responsável de Comunicação da Portugal com ANUR. A Agência da ONU para os Refugiados estima que cerca de 2,9 milhões de refugiados necessitarão de ser reinstalados em 2025.

 

Myanmar, Afeganistão, República Democrática do Congo, Sudão, Síria: as emergências prolongadas sem soluções à vista que poderão sofrer novo revés

Num ano que se apresenta tão desafiante, a Portugal com ACNUR avança algumas das emergências que requererão maior atenção e intervenção por parte do ACNUR: Myanmar, Afeganistão, República Democrática do Congo, Sudão e Síria. “Falamos de emergências que duram há vários anos e que assistiram recentemente a um agravamento das crises humanitárias em curso, quer devido ao intensificar de conflitos ou ao impacto das alterações climáticas, quer pelo regresso em massa de refugiados para contextos muito vulneráveis e fragilizados”, esclarece Joana Feliciano.

Em Myanmar, assistimos desde outubro de 2023 ao recrudescimento do conflito, que, juntamente com os fenómenos meteorológicos extremos que têm assolado a região, levaram ao aumento das deslocações no interior do país e a novos fluxos de refugiados, tornando as perspetivas de proteção e humanitárias para 2025 cada vez mais suscetíveis de se agravarem. Situação semelhante é vivida na República Democrática do Congo, onde o escalar da violência já forçou 237 mil pessoas a fugir só neste primeiro mês do ano. Esta é uma das crises humanitárias mais alarmantes do mundo, embora ainda pouco divulgada, marcada por violações generalizadas dos direitos humanos e deslocações forçadas em massa e epicentro da recente epidemia de Mpox.

Também no Sudão, um novo surto de cólera está a ameaçar as populações deslocadas no país e respetivas comunidades de acolhimento e a trazer novas dificuldades para um contexto já de grande fragilidade. A Portugal com ACNUR adianta que, “se a guerra continuar e as deslocações prosseguirem, as já vastas necessidades humanitárias aumentarão em 2025 e será impossível cobrir até as necessidades mais básicas, em especial no que diz respeito ao fornecimento de água e instalações de saneamento, o que por sua vez agravará a situação sanitária no terreno”. O escalar desta guerra está a provocar grandes impactos também a nível regional que se estendem a países como o Chade, Egito, Etiópia, Sudão do Sul, Líbia e Uganda, dificultando ainda mais a intervenção do ACNUR, sendo que alguns deles apresentavam já emergências em curso.

Já na Síria e no Afeganistão, o agravamento da situação humanitária prende-se sobretudo com o regresso em massa de refugiados e as vastas necessidades de reinstalações. O Afeganistão continuará a ser em 2025 uma das crises mais urgentes do mundo. Com mais de meio milhão de refugiados afegãos a necessitarem de ser reinstalados em 2025, o ACNUR irá reforçar as suas operações no terreno para prestar assistência crítica e proporcionar simultaneamente o acesso a serviços básicos, a soluções sustentáveis de abrigo e habitação e a meios de subsistência, com especial foco nas mulheres e raparigas.

A Síria assistiu também nos últimos meses a um regresso em massa de refugiados ao país em consequência do novo regime instalado e também dos conflitos no Líbano, uma tendência que se deverá manter em 2025 e que acarreta novas preocupações. “Trata-se de uma das crises mais duradouras – perdura há 14 anos – e que provocou um maior número de deslocações forçadas, algo que não será resolvido em 2025. Aliás, o ACNUR estima que este ano a Síria registe 7,2 milhões de pessoas deslocadas internamente e 6,2 milhões de refugiados, além de ser o país com as maiores necessidades de reinstalação de refugiados a nível mundial. Portanto, as perspetivas para 2025 são profundamente preocupantes, tendo em conta a grande incerteza em torno de uma solução pacífica para esta crise e os conflitos crescentes na região, juntamente com o financiamento limitado e a diminuição do apoio humanitário e da resiliência”, alerta a Portugal com ACNUR.

 

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