Estudo inédito
Uma investigação pioneira conduzida pela Ipafasia e ULS de Matosinhos para compreender e melhorar o acompanhamento dos doentes.

A afasia, uma perturbação da linguagem que afeta milhares de pessoas que sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC), continua a ser subdiagnosticada e pouco compreendida. Para enfrentar este desafio, a IPAFASIA - Instituto Português da Afasia, em parceria com a Unidade Local de Saúde de Matosinhos, vai desenvolver um estudo pioneiro para analisar a incidência e impacto da condição nos sobreviventes de AVC. 

O estudo, que conta com a colaboração da Unidade de AVC do Hospital Pedro Hispano, pretende caracterizar o impacto psicossocial da afasia em sobreviventes de primeiro AVC residentes nos concelhos de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim, internados naquela Unidade em 2023. 

Os principais objetivos incluem determinar a prevalência de afasia após um primeiro episódio de AVC, identificar as necessidades dos sobreviventes de AVC com afasia e dos seus familiares relativamente a serviços de reabilitação e suporte e determinar o grau de satisfação relativamente aos serviços de saúde e reabilitação a que tiveram acesso desde a admissão hospitalar até ao presente. Só assim será possível identificar lacunas nos serviços disponíveis e propor possíveis soluções, considerando barreiras e facilitadores à sua implementação. 

A investigação será baseada na consulta das bases de dados institucionais para identificar utentes com afasia e mapear o seu percurso clínico. Após a recolha de todas as informações, será realizada uma análise estatística detalhada, cujos resultados serão divulgados em 2026, em formato de relatório e infografias. 

"Este estudo permitirá obter dados concretos sobre a realidade da afasia em Portugal e contribuir para o desenvolvimento de melhores estratégias de acompanhamento e reabilitação", explica Paula Valente, Diretora Executiva da IPAFASIA. 

Até 40% dos sobreviventes de AVC desenvolvem afasia 

A afasia, uma perturbação da linguagem que afeta a capacidade de falar, compreender, ler e escrever, é uma consequência frequente do AVC, mas continua a ser subdiagnosticada e subvalorizada no sistema de saúde. Estima-se que até 40% dos sobreviventes de AVC desenvolvam algum grau de afasia, impactando diretamente a sua qualidade de vida, autonomia e inclusão social. 

Com esta investigação, a IPAFASIA pretende sensibilizar para a necessidade de um acompanhamento mais especializado e acessível, promovendo uma maior integração dos doentes e a melhoria das respostas clínicas disponíveis.  

15 de fevereiro | Dia Internacional da Criança com Cancro
A propósito do Dia Internacional da Criança com Cancro, que se assinala a 15 de fevereiro, recordamos, através do Blog da...

O talco é um mineral composto por magnésio, silício e oxigénio, utilizado há décadas para manter a pele seca e prevenir irritações cutâneas. No entanto, a sua segurança tem sido alvo de debate, sobretudo devido à possibilidade de conter amianto, uma substância que, quando inalada, pode causar cancro. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC), da Organização Mundial da Saúde (OMS), classifica o pó de talco como potencialmente cancerígeno quando utilizado na região genital feminina, sendo sugerida uma possível associação com o cancro do ovário.

Para além do cancro do ovário, têm sido desenvolvidas investigações sobre a relação do pó de talco com outros tipos de cancro. Alguns estudos indicam uma possível ligação com o cancro do endométrio, particularmente após a menopausa, embora os resultados sejam inconclusivos. No caso do cancro do colo do útero, uma análise de 2021 não encontrou qualquer associação relevante. Quanto ao cancro do pulmão, a principal preocupação incide sobre trabalhadores expostos à inalação de partículas de talco contendo amianto, embora não haja evidências claras de risco acrescido para consumidores que usam pó de talco cosmético. Já no que toca ao cancro da mama, os estudos disponíveis não sugerem qualquer relação entre o seu desenvolvimento e a utilização deste produto.

Apesar das dúvidas existentes, os estudos científicos não são definitivos e a comunidade médica continua a investigar os seus possíveis efeitos na saúde. Neste dia, sublinhamos a importância da investigação científica e do acesso a informação fidedigna. A prevenção e o diagnóstico precoce são essenciais para aumentar a taxa de sobrevivência das crianças com cancro e melhorar a qualidade de vida das famílias afetadas.

Até 30 de junho de 2025
A Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV) anuncia a abertura do período de candidaturas para as bolsas de...

O objetivo principal deste programa de bolsas promovido pela SPPCV é incentivar o desenvolvimento profissional e a especialização dos seus membros em áreas técnicas ligadas à patologia da coluna vertebral. As bolsas visam apoiar financeiramente estágios de formação em instituições nacionais ou internacionais com expertise na área, sendo exigida uma duração mínima de um mês.

“Defendemos que a formação contínua é essencial, e, por isso, estamos muito satisfeitos por viabilizar estas bolsas, que representam uma excelente oportunidade de qualificação, crescimento e especialização na patologia da coluna vertebral”, afirma Nelson Carvalho, presidente da SPPCV.

Todos os anos, serão concedidas até duas bolsas, no montante individual de €2.500,00. Uma delas será atribuída a internos de formação específica e a outra a jovens especialistas, desde que cumpram os critérios de elegibilidade estabelecidos no regulamento.

Para se candidatarem, os interessados devem ser sócios efetivos ou extraordinários da SPPCV e ter as quotas regularizadas até ao ano anterior à candidatura. No caso da bolsa destinada a internos de formação específica, é necessário que os candidatos estejam nos dois últimos anos do internato num serviço em Portugal no momento da candidatura. Já os concorrentes à bolsa para jovens especialistas devem ter obtido o título de especialista há menos de cinco anos relativamente ao ano de candidatura.

Para mais informações, consulte o regulamento aqui.

Dia Mundial da Rádio
O Dia Mundial da Rádio celebra-se hoje, 13 de fevereiro, e para marcar a data, a CM Rádio e a Associação Alzheimer Portugal...

Com a criatividade da agência FCB Lisboa, o projeto reforça o poder da música e da rádio na preservação das histórias de vida.

A primeira canção do projeto, "As Voltas do Viver", inspira-se na história de José Figueiredo. A música foi composta por Fred Pinto Ferreira, da produtora de áudio Salva, e interpretada pela fadista Filipa Biscaia, trazendo a intensidade e a alma do fado para eternizar as lembranças do protagonista.

Os ouvintes poderão escutar a canção no site da CM Rádio, durante a programação da estação e em plataformas digitais.

Além disso, a música será apresentada ao vivo, no Museu do Fado, num evento especial para José Figueiredo e a sua família.

Com esta iniciativa, a CM Rádio destaca o papel da música e da rádio na valorização das histórias de vida e na sensibilização para as demências, utilizando o fado como elo entre passado e presente.

 

 

13 de fevereiro - Dia Mundial da Consciencialização sobre a Anemia
Hoje assinala-se o Dia Mundial da Consciencialização sobre a Anemia, uma condição de saúde pública que afeta 20% da população...

É uma epidemia silenciosa, com efeitos devastadores e que apresenta uma série de sintomas que, na sua generalidade, podem passar despercebidos, mas que, através uma análise comum ao sangue, facilmente se conseguem detectar. A anemia por deficiência de ferro é a mais comum, mas não é única, e obriga sempre a procurar a respetiva causa.

Neste contexto, o Anemia Working Group Portugal (AWGP) alerta para a necessidade urgente de uma implementação mais abrangente da abordagem Patient Blood Management (PBM) em Portugal, como forma de responder à necessidade de valorizar o doente e a gestão do seu próprio sangue. O PBM é uma estratégia baseada em evidência científica que reduz em até 50% a necessidade de transfusões sanguíneas, diminui em 10% o tempo de internamento hospitalar e pode gerar uma poupança anual de 68 milhões de euros para o SNS.

Apesar de existir suporte institucional, a adoção do PBM continua irregular e insuficiente no país. Por isso, o AWGP lança hoje um conjunto de recomendações para incentivar a implementação deste modelo, destacando:

  • A valorização do sangue do próprio doente, o que permite uma deteção atempada da anemia e a redução da dependência de transfusões e cujo impacto é muito positivo nos desfechos clínicos.
  • A sua base científica e os benefícios comprovados que, de acordo com a estratégia sustentada em evidências, comprovam a melhoria dos cuidados de saúde e a eficiência hospitalar.
  • A necessidade e importância de sensibilizar os Conselhos de Administração, através da formação e capacitação dos gestores hospitalares para acelerar a implementação do PBM.
MAR Shopping Matosinhos
O MAR Shopping Matosinhos vai entregar à Associação de Apoio a Pessoas com Cancro (AAPC) um donativo de 7.000€, que será usado...
De acordo com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, é importante que uma pessoa com cancro tenha cuidados adicionais no seu dia a dia, nomeadamente fazer uma alimentação saudável e equilibrada, praticar exercício físico (desde que não haja contraindicação médica) e, dentro do possível, manter as atividades diárias. Quanto à alimentação, o organismo precisa de calorias suficientes para manter um peso adequado, bem como proteínas, para manter a força; comer bem pode ajudar os doentes a sentirem-se melhor e a ter mais energia. Desta consciência surge o projeto da Associação de Apoio a Pessoas com Cancro (AAPC), fundada em 2005, especialmente direcionado para dar a conhecer aos seus cerca de 300 utentes uma alimentação mais saudável e apropriada à sua doença.
 
Todo o valor angariado fruto da iniciativa do MAR Shopping Matosinhos servirá para implementar o projeto Nutrir + Saúde, que consiste na renovação de um espaço na sede da AAPC para realização de workshops, palestras e showcooking de comida saudável e nutrição oncológica abertos à população. Este é o objetivo da Dra. Susana Pires Duarte, diretora do Departamento Social da AAPC, “sensibilizar a população em geral para a importância da alimentação equilibrada e aquisição de estilos de vida saudáveis para prevenir o aparecimento da doença oncológica, por outro, munir os doentes oncológicos de conhecimentos benéficos sobre a alimentação, capazes de melhorar a vivência da doença.”, explica a responsável.
 
Entre 28 de novembro de 2024 e 6 de janeiro deste ano, o MAR Shopping Matosinhos disponibilizou às crianças que visitaram o Meeting Place um “Reino do Natal”, que incluía um photo booth, um workshop para criar enfeites de Natal e uma minipista de patinagem em gelo sintético, cuja entrada de 1€ reverteu para esta causa. Com o apoio desta iniciativa, o MAR Shopping Matosinhos vai entregar à AAPC um donativo de 7.000€.
Sandra Monteiro, diretora-geral do MAR Shopping Matosinhos, relembra que “apoiar esta causa da AAPC, cujo trabalho com esta população conhecemos, entendemos como essencial para
De Augusto Brázio a Inês D’Orey
A P28 – Associação para o Desenvolvimento Criativo e Artístico anuncia “Cura”, exposição coletiva de fotografia em celebração...

A exposição “Cura” inaugura dia 25 de fevereiro às 18h00, e está patente até dia 5 de abril, na Galeria do Pavilhão 31 (Hospital Júlio de Matos | Av. do Brasil, n.º 53).

Pela primeira vez em Portugal, apresenta-se uma grande exposição de fotografia dedicada à cura, no âmbito da comemoração dos 45 anos do SNS. A curadoria reflete sobre a importância do Estado Social, indispensável para garantir a equidade e justiça social, tanto no presente quanto para as futuras gerações.

A convite do Ministério de Saúde, a P28 reuniu 15 dos melhores artistas portugueses da atualidade para um exercício de reflexão, reconhecimento e celebração do direito fundamental no acesso universal e gratuito aos serviços de saúde. Os artistas convidados utilizam a fotografia como meio privilegiado de expressão, pretendendo despertar uma diversidade de perspetivas sobre o processo da cura.

As fotografias em exposição são uma diversa e completa imersão na ampla ideia de Cura. As obras debruçam-se sobre os grandes temas da saúde, do tempo ou da morte. De um retrato a preto e branco que é a imagem e a representação do luto, ao registo mais documental com foco em materiais comuns como seringas e cateteres, até ao enquadramento feito a lenços usados por motociclistas como amuletos da sorte e proteção contra acidentes.

A exposição coletiva de fotografia conta com a participação de António Júlio Duarte, Augusto Brázio, Catarina Botelho, Duarte Amaral Netto, Inês D’Orey, João Mota da Costa, João Paulo Serafim, José Maçãs de Carvalho, Luísa Ferreira, Luís Campos, Manuela Marques, Pedro Ventura, Rita Robalo, São Trindade e Valter Vinagre, uma seleção de autores que inclui valores incontornáveis do circuito artístico português. Todos juntos, por um objetivo comum: refletir a relevância do Serviço Nacional de Saúde.

“Os desafios enfrentados pelo SNS, incluindo restrições financeiras e a crónica demanda por serviços, não ofuscam a sua crucial importância nem a dedicação e o esforço dos profissionais de saúde em garantir cuidados de qualidade, independentemente da condição socioeconómica de cada indivíduo. Esta exposição é uma poderosa ferramenta de reflexão do valor do SNS em Portugal”, refere a P28 a propósito desta iniciativa.

25 anos a promover as artes

Com praticamente 25 anos de trabalho ininterrupto desenvolvido no Hospital Júlio de Matos (HJM), a P28 vem mantendo a única galeria de arte nacional a apresentar uma programação contínua e regular de parcerias entre artistas profissionais e artistas com experiência de doença mental.

Fundada em 2009 e localizada no pavilhão n.º 31 do HJM desde 2012, a galeria da P28 possibilitou um espaço de continuidade para um projeto que já contava com vários trabalhos de relevo desenvolvidos com centenas de artistas em dezenas de exposições coletivas noutros espaços devolutos do parque hospitalar. A P28 tem ainda desenvolvido uma forte intervenção extra-muros, com iniciativas de arte pública de caráter massivo e gratuito, tal como o projeto OUTDOOR – com a apropriação e manipulação de suportes de publicidade de grandes dimensões  para manifestações de arte contemporânea – ou CONTENTORES – projeto emblemático da P28 de instalações artísticas com contentores marítimos. Entre 2010 e 2022 realizaram-se 10 edições deste projeto em múltiplos locais em Lisboa, além de uma dupla itinerância em 2012, pela Guimarães – Capital Europeia da Cultura e pela Bienal de Liverpool.

A P28 é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes, no âmbito do Programa de Apoio Sustentado às Artes, Biénio 2025-26, e conta com o apoio do Município de Lisboa e da Unidade Local de Saúde de São José / Hospital Júlio de Matos.

Exposição: “CURA”

Morada: Galeria do Pavilhão 31 (Hospital Júlio de Matos | Av. do Brasil, nº 53)

25 de fevereiro a 5 de abril

Dia Mundial do Cancro
A propósito do Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, que se assinalou a 4 de fevereiro, o médico onco

1.      Qual é a importância do rastreio no diagnóstico precoce do cancro da próstata e como é que pode impactar as taxas de sobrevivência?

O rastreio do cancro da próstata permite detetar a doença num estádio mais precoce, aumentando a probabilidade do tratamento ser mais eficaz. Vários estudos, em especial o European Randomized Study of Screening for Prostate Cancer (ERSPC), demonstraram que o rastreio pode reduzir a mortalidade por cancro da próstata em até 20%. Contudo, estes estudos também demonstraram que o rastreio está associado a falsos positivos e a sobrediagnóstico, o que pode causar ansiedade e levar os homens a serem submetidos a métodos de diagnóstico invasivos e a tratamentos desnecessários. Assim, a realização do rastreio na idade recomendada é uma estratégia que permite uma deteção precoce do cancro da próstata, evitando o sobrediagnóstico do mesmo.

 

2.     Atualmente, recomenda-se o rastreio a partir dos 50 anos, ou dos 45 com histórico familiar. Considera que estas idades são adequadas face à realidade atual, ou defende uma revisão para rastreio mais precoce em determinados grupos?

A Associação Europeia de Urologia recomenda o rastreio a todos os homens a partir dos 50 anos ou a partir dos 45 anos se existir história familiar. Por outro lado, a Associação Americana de Urologia recomenda que todos os homens devam realizar o rastreio a partir dos 45 anos ou a partir dos 40 anos se existir história familiar. Apesar de existir cancro da próstata em homens com idade inferior a 50 anos, sou da opinião que esse número é bastante reduzido e que não será custo-efetivo a realização de rastreio de cancro da próstata em homens com idade inferior a 50 anos sem história familiar.

 

3.     Quais os exames de rastreio mais eficazes para detetar o cancro da próstata numa fase inicial e assintomática? Deve ser dada prioridade a algum exame específico?

O valor do PSA isolado não é um bom método de rastreio dado que o PSA pode estar aumentado em doenças prostáticas não oncológicas como é o caso da prostatite ou da hiperplasia benigna da próstata. Desta forma, os exames de rastreio mais eficazes são a combinação do PSA com métodos de imagem, como a ressonância magnética ou a ecografia prostáticas. Desta forma consegue-se determinar a densidade do PSA que corresponde ao quociente entre os níveis de PSA e o volume prostático. Quando este quociente é superior a 11%, há um maior risco de se tratar de cancro da próstata, estando nestes casos recomendada a realização de biópsia prostática.

 

4.     Existem fatores de risco, além do histórico familiar e da idade, que devam ser considerados para recomendar o rastreio do cancro da próstata de forma mais precoce?

A raça negra aparenta ter maior tendência para desenvolver cancro da próstata comparativamente com homens de outras raças. 1 em cada 4 homens negros terá cancro da próstata durante a sua vida. Desta forma, várias sociedades médicas recomendam que os homens negros devam iniciar o rastreio do cancro da próstata a partir dos 45 anos.

 

5.     Que estratégias podem ser implementadas para aumentar a adesão dos homens ao rastreio do cancro da próstata e ultrapassar eventuais barreiras como o medo ou o desconforto?

A principal estratégia passa pela literacia em saúde através de campanhas de consciencialização sobre a importância do rastreio, como palestras, distribuição de folhetos informativos ou a divulgação por meios de comunicação social.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Universidade de Coimbra
Uma equipa de investigadores do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade...

Este avanço, publicado na revista Bioactive Materials, pretende superar as limitações dos stents metálicos tradicionais, que frequentemente causam rejeição pelo organismo e podem levar à reobstrução dos vasos sanguíneos devido ao crescimento excessivo de células.

«Os stents metálicos utilizados na prática clínica, embora eficazes, são permanentes e não biodegradáveis, o que pode causar complicações como a estenose — um fenómeno em que ocorre uma nova obstrução ao fluxo sanguíneo. Além disso, os metais utilizados nesses dispositivos não são compatíveis com o organismo humano, aumentando o risco de rejeição e de toxicidade», explica Ana Paula Piedade, professora do DEM e investigadora no Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos (CEMMPRE).

De acordo com os investigadores, recentemente, começou a surgir a ideia de utilizar stents temporários biodegradáveis, feitos de biopolímeros e não derivados de petróleo, que o organismo consegue degradar ao longo do tempo. No entanto, estes dispositivos também apresentam algumas limitações, tais como serem invisíveis nos exames de imagiologia médica, pois possuem propriedades semelhantes aos tecidos humanos, dificultando a sua monitorização.

Para solucionar este problema, a equipa utilizou o fabrico aditivo (impressão 3D) para o desenvolvimento dos stents e a pulverização catódica para revestir os stents com metais biodegradáveis, tais como o zinco (Zn) e o magnésio (Mg).

«O revestimento metálico trouxe avanços importantes, nomeadamente radiopacidade, que permite que os stents sejam visíveis, não só durante a colocação, mas também em exames médicos; propriedades antibacterianas, avaliadas com a colaboração das colegas de Microbiologia do CEMMPRE, em que o revestimento de Zn se mostrou eficaz contra infeções bacterianas; redução de trombos, os stents revestidos de Zn não promovem a formação de coágulos sanguíneos, ao contrário dos revestidos com Mg; e melhorias mecânicas, o revestimento de Zn aumentou a resistência dos stents em relação aos modelos poliméricos não revestidos», revelam os especialistas.

Ambas as tecnologias utilizadas, impressão 3D e pulverização catódica, são consideradas sustentáveis, pois minimizam o desperdício de materiais e utilizam processos eficientes em termos energéticos.

«O próximo passo, dependendo de financiamento, será realizar testes de compatibilidade com células humanas, alinhando-se às exigências da União Europeia de reduzir os testes em animais. Caso os resultados sejam positivos, esperamos avançar para ensaios clínicos», concluem.

O artigo científico “Evaluation of the interface of metallic-coated biodegradable polymeric stents with prokaryotic and eukaryotic cells” está disponível para consulta aqui

25 e 26 de fevereiro, MAAT, Lisboa
Vai decorrer, entre os dias 25 e 26 de fevereiro, no MAAT, em Lisboa, o 1.º Simpósio Internacional sobre NeuroUrbanismo e...

A saúde mental é um pilar fundamental do bem-estar humano, conforme reconhecido pela Organização Mundial da Saúde que alerta para o impacto crescente dos ambientes urbanos nos nossos estados emocionais e, por conseguinte, no nosso comportamento e bem-estar. Nesse contexto, neste Simpósio serão apresentados os resultados do eMOTIONAL Cities, um projeto financiado pela Comissão Europeia que investiga os efeitos do ambiente urbano na saúde mental e no bem-estar. Segundo a equipa do projeto, "a investigação feita permitiu demonstrar que o meio urbano pode impactar negativamente a saúde mental, ao contrário de ambientes não-urbanos. Determinados fatores urbanos desencadeiam reações neurais e físicas que podem ser patogénicas, originando condições de doença".

Com base em evidência científica, o eMOTIONAL Cities identifica como determinados parâmetros urbanos (tais como a presença de espaços verdes, a largura dos passeios, a manutenção e o tipo de fachadas dos edifícios, a organização espacial do mobiliário urbano, a sinalética, entre outros) afetam a nossa saúde mental. O objetivo é criar um modelo que possa ser adaptado a vários tipos de cidades e permita medir e mapear as emoções. A geração deste tipo de conhecimento permite que a gestão das cidades seja mais eficiente em termos de criar comunidades mais saudáveis e sustentáveis, promotoras de bem-estar.

O primeiro dia do Simpósio será dedicado ao espaço público, mais propriamente ao impacto que as ruas, as praças, os parques urbanos, os edifícios, a qualidade do ar, o ruído e os transportes têm na perceção e comportamento humano. Já o segundo dia abordará um outro domínio científico: a NeuroArquitetura, no qual se discute o impacto dos espaços interiores, a biofilia e a iluminação no bem-estar das pessoas.

Em ambos os dias do evento poderá participar no debate em mesas-redondas - por parte de especialistas em matéria de planeamento, urbanismo, mobilidade, saúde, políticas públicas, arquitetura -, em workshops sobre o uso da tecnologia de apoio à investigação científica e haverá ainda oportunidade de networking em torno do futuro das cidades e da saúde.

Para mais informações/inscrições, visite a página do evento.  

Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) volta a consciencializar para o enfarte agudo do miocárdio. Esta...

“Em 2019, desenvolvemos esta iniciativa com o objetivo de reforçar a consciencialização para a prevenção e o tratamento das doenças cardiovasculares, com ênfase no enfarte agudo do miocárdio. O enfarte agudo do miocárdio é uma das principais causas de morte em Portugal, afetando mais de 10.000 pessoas por ano. A sobrevivência e a recuperação dependem diretamente da rapidez com que se atua após o aparecimento dos sintomas”, explica Rita Calé Theotónio, presidente da APIC.

E acrescenta: “Seis anos depois temos novos desafios, mas o nosso objetivo é o mesmo: consciencializar para a prevenção e o tratamento precoce das doenças cardiovasculares. Além disso, queremos que as pessoas saibam que a Via Verde Coronária e os laboratórios de hemodinâmica estão a funcionar 365 dias por ano, 24 horas por dia, de forma a assegurar o tratamento, por angioplastia primária, de doentes com enfarte agudo do miocárdio”, explica Rita Calé Theotónio, presidente da APIC.

“Apesar de um maior conhecimento sobre os sintomas, muitos doentes ainda não agem de forma imediata, o que pode ser fatal. Dor no peito, que pode irradiar para o braço esquerdo, costas ou pescoço, acompanhada de suores, náuseas, vómitos, dificuldade em respirar e ansiedade, são sinais que não podem ser ignorados, perante os quais é fundamental ligar imediatamente para o 112 e esperar pela ambulância”, alerta João Brum Silveira, Coordenador Nacional das iniciativas Stent Save a Life e Cada Segundo Conta (APIC).

Segundo os dados do Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção (RNCI), em 2024, foram realizadas mais de 4 mil angioplastias primárias, para o tratamento de enfarte agudo de miocárdio, em Portugal. Este número tem aumentado, desde 2002 (data de início do registo), reflexo do aumento da abrangência da Via Verde Coronária no território nacional.

O enfarte agudo do miocárdio ocorre quando uma artéria do coração fica obstruída, interrompendo o fornecimento de oxigénio e nutrientes a uma parte do músculo cardíaco.

Para prevenir o enfarte, é essencial adotar um estilo de vida saudável: não fumar, reduzir os níveis de colesterol, controlar a tensão arterial e a diabetes; manter uma alimentação saudável, praticar exercício físico de forma regular, controlar o peso e minimizar o stress.

Em 2019, a APIC desenvolveu a campanha de consciencialização “Cada Segundo Conta”, com os objetivos de promover o conhecimento e a compreensão sobre o enfarte agudo do miocárdio e os seus sintomas; e alertar para a importância do diagnóstico atempado e tratamento precoce. Esta iniciativa conta com o apoio do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), do Alto Patrocínio do Presidente da República e da iniciativa Stent Save a Life, da APIC. Para mais informações consulte: www.cadasegundoconta.pt

 

Iniciativas ANGEL Portugal para o dia 15 de fevereiro
Por ocasião do Dia Internacional da Síndrome de Angelman (DISA), que se celebra no próximo sábado, 15 de fevereiro, a ANGEL...

Com representantes de todo o mundo, o CAB é um recurso essencial para o avanço da investigação e melhoria da qualidade de vida das pessoas com SA e suas famílias. Este grupo global orienta o desenvolvimento da terapêutica e investigação, promove a sua acessibilidade, e reforça a voz da Comunidade Angelman junto de decisores políticos, investigadores e da indústria farmacêutica.

Ainda no âmbito do DISA, a ANGEL Portugal promove no próximo sábado um conjunto de três iniciativas de grande impacto, em Portugal: a caminhada solidária Walk’IN ANGEL; o lançamento oficial do livro infantojuvenil “O Planeta dos Sorrisos”; e a adesão dos municípios portugueses à iniciativa internacional Light It Blue, para iluminar edifícios emblemáticos de azul, a cor associada à Síndrome de Angelman (SA).

Iniciativa 1: Walk’IN ANGEL:  Na manhã do dia 15 de fevereiro, Lisboa e Vila do Conde acolhem a quarta edição da Walk’IN ANGEL, uma caminhada aberta a toda a comunidade, com início às 10h15.

Para a caminhada de Vila do Conde, o Ponto de Encontro será, na Avenida Infante Dom Henrique, atrás da Igreja Paroquial de Nosso Senhor dos Navegantes. Em Lisboa, será em Belém, no Passeio Carlos do Carmo, com Ponto de Encontro na Estação Fluvial de Belém. A participação é gratuita, sendo apenas pedido que os participantes usem uma peça de roupa azul, em solidariedade com a causa.

Quem por algum motivo não se consiga juntar a nenhuma das caminhadas, em Belém ou em Vila do Conde, pode igualmente a fazer uma caminhada nesse fim de semana, individual ou em pequenos grupos, usando uma peça de roupa AZUL, e partilhar o seu testemunho nas redes sociais, identificando a ANGEL Portugal (Facebook @AngelmanPT ou Instagram @angelmanportugal).

Iniciativa 2: Lançamento do livro “O Planeta dos Sorrisos”: Nesta mesma data, a Associação promove o lançamento oficial do livro “O Planeta dos Sorrisos”, uma obra infantojuvenil que sensibiliza as crianças e os mais jovens para a Síndrome de Angelman.  O evento contará com a presença da editora Betweien, em Lisboa, e vai decorrer às 12h00 no MAAT central (Museum of Art, Architecture and Technology). Em Vila do Conde a leitura do livro será feita pelo escritor e tio de uma menina com Síndrome de Angelman, Xavier Cristelo, na Biblioteca de Vila do Conde, também ao meio-dia do dia 15 de fevereiro.

Iniciativa 3: Light It Blue: Portugal ilumina-se de azul:  Pelo quinto ano consecutivo, a ANGEL Portugal junta-se a mais de cinquenta organizações internacionais congéneres, para promover a iniciativa Light It Blue, convidando os 308 municípios e diversas entidades nacionais a iluminarem edifícios e monumentos icónicos de azul, no dia 15 de fevereiro.

Esta iniciativa que une Portugal a cidades e monumentos de todo o mundo, incluindo as Cataratas do Niágara (Canadá), a Fonte de Cibeles (Espanha), a A’DAM Toren (Holanda) e o Burj Khalifa (Emirados Árabes Unidos), tem como objetivo contribuir para a chamada de atenção para esta doença que, sendo rara, é pouco conhecida. No seguimento da iluminação, cada Câmara e entidade aderente é convidada a emitir um comunicado a justificar o uso da cor azul.

Recorde-se ainda que a ANGEL Portugal tem estado desde o início do mês a mobilizar esforços para assinalar o Dia Internacional da Síndrome de Angelman (DISA), que se celebra a 15 de fevereiro. Foram lançadas iniciativas como a exibição de vídeos informativos apresentando as características da SA em unidades de saúde e em espaços públicos diversos, juntamente com as campanhas de sensibilização na imprensa (“Já Sorriu hoje?”) e de angariação de fundos com a rede SIBS (“Doenças raras merecem gestos raros!”)

Estudo
Cerca de 90% dos portugueses nunca ouviram falar de hipertensão arterial pulmonar (HAP), uma doença cardiopulmonar grave que...

Um estudo nacional realizado pela GfK Portugal, uma empresa multinacional de estudos de mercado, revela que, após saberem as consequências da doença, as pessoas abdicariam em média de 6 anos das suas vidas para não terem esta doença. A Associação Portuguesa de Hipertensão Pulmonar recorda que esta é uma doença rara, incurável, invisível e altamente incapacitante, com sintomas como o cansaço extremo, a falta de ar, dor no peito, tonturas constantes e desmaios.

“A hipertensão arterial pulmonar é uma sentença para os afetados. Além de ser uma doença sem cura, afeta significativamente a rotina do doente, que deixa de conseguir praticar desporto, realizar tarefas domésticas básicas, ter uma vida íntima com o seu parceiro ou até de brincar com os seus filhos. O impacto, infelizmente, não fica por aqui, uma vez que a maioria dos doentes têm também dificuldades na vida profissional, como incapacidade de trabalhar ou de manter um emprego a tempo inteiro.”, lamenta Cátia Rodrigues, presidente da Associação Portuguesa de Hipertensão Pulmonar (APHP). Os resultados do estudo realizado pela GfK corroboram as preocupações manifestadas pela presidente da APHP. De acordo com os dados, 95% dos entrevistados indicaram que, se diagnosticados com HAP, os sintomas teriam um impacto negativo nas suas atividades diárias básicas. Além disso, 94% dos participantes afirmaram que seriam obrigados a mudar de profissão.

A hipertensão arterial pulmonar é uma doença que tem maioritariamente consequências ao nível do coração, acabando por vezes em situações de falência cardíaca que levam à morte do doente. Afeta pessoas de todas as idades, embora se verifique que afeta mais jovens adultas. É geralmente diagnosticada por volta dos 36 anos e estima-se que mais de 90% das pessoas diagnosticadas tenham menos de 60 anos.

“Falamos de uma doença com uma esperança de média de vida de seis a sete anos, que são vividos em sofrimento, e que tem um impacto na produtividade de pessoas, na sua maioria, em idade laboral, que deixam de conseguir trabalhar. É crucial haver uma maior aposta em estratégias de diagnóstico precoce, mas também uma melhor resposta para o tratamento destes doentes, muitas vezes esquecidos.”, defende.

Os dados do estudo, resultantes de 801 entrevistas realizadas entre 22 e 29 de novembro de 2024, indicam que, após terem conhecimento do que é a HAP e das suas consequências, os portugueses não têm dúvidas acerca do elevado impacto da doença na qualidade de vida, sendo que 87% consideram que a vida pessoal seria a componente mais afetada, sobretudo devido à possibilidade de dependência de terceiros para realizar as tarefas básicas (75%). As conclusões do estudo revelam ainda que 67% consideram que se existisse um tratamento que ajudasse a controlar os sintomas da doença, a atrasar a sua progressão e a melhorar a sua qualidade de vida, mudariam a forma como veem o impacto da doença e 83% afirmam que deveria ser dada urgência à comparticipação deste.

Alerta Amarelo!
É difícil ignorar o amarelo vibrante que pinta as margens de estradas e linhas de água, montanhas, e outras paisagens nesta...

As espécies de acácias, como a mimosa (a que os cientistas chamam Acacia dealbata), a austrália (Acacia melanoxylon), a acácia-de-espigas (Acacia longifolia), entre outras, foram introduzidas em território nacional para fins ornamentais, para controlo da erosão e outros fins. Contudo, “estas plantas são agora uma das maiores ameaças à biodiversidade em Portugal”, assevera. “Elas substituem as espécies autóctones, alteram o solo, reduzem a disponibilidade de água e criam um monopólio verde que sufoca a diversidade natural”, prossegue.

Mas “os impactes das acácias vão para além da ecologia”, explica Hélia Marchante. “O pólen destas é alergénico, afetando a saúde respiratória de muitos cidadãos. Para quem sofre de rinite ou asma e vive/trabalha perto de acácias, esta pode ser uma época especialmente difícil. Além disso, os custos económicos associados à remoção destas plantas e ao impacte em setores como a floresta são significativos, reforçando a necessidade de intervenções coordenadas e continuadas.” Embora todas as acácias integrem a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Decreto-Lei n.º 92/2019), sendo proibida a sua detenção, cultivo, comercialização, etc., “o problema continua a ser grave!”, remata.

E agora, o que podemos fazer?

Hélia Marchante acredita, porém, que “apesar do cenário preocupante, cada cidadão pode fazer a diferença”. “Não é preciso ser cientista ou técnico florestal para combater esta invasão – basta ter um olhar atento e vontade de agir”, afirma, enumerando algumas formas de o fazer:

•            Transforme-se num “Explorador Verde”: Participe numa “caça ao tesouro” ambiental; Identifique acácias na sua região e ajude a colocá-las no mapa através de aplicações de ciência cidadã gratuitas como o iNaturalitst/BioDiversity4All; No site invasoras.pt pode aprender a distinguir as acácias que temos em Portugal; E no projeto “invasoras.pt” criado no iNaturalitst/BioDiversity4All, pode consultar os registos já existentes. Esta informação é crucial para definir estratégias de gestão eficazes e entender melhor o comportamento destas espécies no nosso território.

•            Diga NÃO ao uso de acácias: Evite plantar estas espécies em jardins ou propriedades privadas; em vez delas, opte por árvores autóctones que sustentam a biodiversidade e ajudam a preservar os ecossistemas locais. Colher raminhos floridos pode ser atrativo, mas vai levar as alergias para dentro de casa!

•            Apoie ações de controlo: Muitas entidades têm vindo a organizar iniciativas para remover acácias (e outras plantas invasoras); procure informação junto da sua Câmara Municipal ou de organizações de defesa do ambiente e participe ativamente. Na “Semana sobre Espécies Invasoras: Portugal & Espanha”, que decorrerá este ano de 3 a 11 de maio, haverá muitas atividades! Organize a sua ou participe noutra atividade programada: https://www.speco.pt/sei

•            Exija mais das entidades competentes: A solução para o problema das espécies invasoras não depende apenas de ações individuais; todos devemos exigir das autoridades uma resposta mais firme e coordenada. É essencial investir em políticas públicas que promovam uma melhor gestão destas espécies, garantindo a conservação dos nossos ecossistemas e o bem-estar das comunidades.

O caso da acácia-de-espigas: o seu controlo biológico colocou Portugal na linha da frente da Europa

Entre as espécies de acácias invasoras, merece destaque a acácia-de-espigas. Esta pequena árvore invade dunas costeiras e outros habitats sensíveis, substituindo a vegetação nativa e comprometendo o equilíbrio dos ecossistemas. Contudo, uma solução inovadora tem sido implementada: o uso de controlo biológico.

Um pequeno inseto australiano, a vespa-formadora-de-galhas Trichilogaster acaciaelongifoliae, foi introduzido em Portugal em 2015, depois de 12 anos de testes em laboratório e análises de risco realizados por uma equipa que reúne investigadores da ESAC-IPC e do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra. Este inseto deposita os seus ovos nos botões florais da acácia-de-espigas, impedindo-a de produzir flores e, consequentemente, sementes. Sem capacidade de reprodução eficaz, a expansão da acácia-de-espigas está assim a ser travada de forma natural e sustentável.

“Os resultados têm sido encorajadores. Observamos uma redução significativa na produção de sementes e no vigor das populações de acácia-de-espigas em várias áreas de invasão”, salienta Hélia Marchante. Segundo a especialista, “este exemplo demonstra que soluções baseadas na natureza podem ser eficazes no combate às plantas invasoras, mas requerem monitorização e cooperação entre cientistas, gestores de ecossistemas e a comunidade”. No âmbito do projeto de ciência cidadã “Trichilogaster acaciaelongifoliae in Iberian Peninsula”, muitos cidadãos têm ajudado a mapear a expansão deste pequeno ajudante no controlo da acácia-de-espigas. Hélia Marchante desafia todos os que ainda não o fazem a também registar as galhas que observam no iNaturalist/BioDiversity4All.

Existem igualmente diferentes agentes de controlo biológico que estão a ser explorados para outras acácias, mas estão ainda em fase de teste.

“O controlo das plantas invasoras é uma causa urgente”, insiste. “Cada passo conta para devolvermos o equilíbrio aos nossos ecossistemas e para garantirmos um futuro mais saudável e sustentável para todos”. A professora da ESAC desafia-o a, da próxima vez que vir o amarelo brilhante de uma acácia em flor, perguntar-se: “o que posso fazer hoje para proteger a nossa paisagem e saúde?”. “Junte-se a nós nesta batalha!”, incita.

Se quiser saber mais sobre como controlar as acácias, o Manual de Boas Práticas para a Gestão e Controlo de Plantas Invasoras Lenhosas em Portugal Continental, publicado recentemente por Liliana N. Duarte, Elizabete Marchante e Hélia Marchante, inclui esta espécie. Um exemplar pode ser seu após um clique ou pedindo um pelo correio. Veja como em https://invasoras.pt/pt/gestão-de-plantas-invasoras.

 

Universidade de Coimbra
Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver, em...

O projeto “Chem4LungCare”, financiado pela Fundação para Ciência e Tecnologia, tem como objetivo a criação de novos fotossensibilizadores baseados em corróis funcionalizados (compostos orgânicos da família dos tetrapirrólicos, semelhantes às porfirinas).

«Através de uma abordagem química inovadora, conseguimos sintetizar macrociclos tetrapirrólicos com propriedades otimizadas. Estas novas classes de corróis, quando testadas em células de cancro do pulmão demonstraram uma elevada eficácia fotodinâmica, comparável ao Foscan — um fotossensibilizador já utilizado clinicamente —, mas com menor toxicidade e maior estabilidade», revela Teresa Pinho e Melo, docente do Departamento de Química da FCTUC e investigadora do Centro de Química.

Os macrociclos tetrapirrólicos são estruturas químicas formadas por quatro anéis pirrólicos interligados, geralmente através de pontes de carbono. Esses compostos desempenham um papel fundamental na bioquímica, principalmente devido à sua capacidade de se ligar a metais e atuar como cofatores em processos biológicos essenciais.

«Os estudos mostraram que a inclusão do grupo funcional hidrazona nos corróis melhorou significativamente a sua atividade fotodinâmica. Estes resultados são promissores para o avanço desta terapêutica, uma abordagem que usa luz para ativar os fotossensibilizadores, que, na presença de oxigénio, leva à destruição das células cancerígenas sem danificar os tecidos saudáveis circundantes», considera a cientista. 

Além disso, a equipa demonstrou que a presença conjunta, na mesma estrutura molecular do macrociclo pirrólico e da hidrazona, é fundamental para a eficácia destes compostos. «Provámos que a combinação do macrociclo com este grupo funcional estratégico resulta numa atividade fotodinâmica significativamente superior ao modelo sem esse grupo funcional», explica.  

Com estes resultados promissores, o próximo objetivo do projeto é avançar para estudos pré-clínicos mais aprofundados. A equipa acredita que esta nova classe de fotossensibilizadores pode oferecer uma alternativa mais eficaz e segura para o tratamento do cancro do pulmão no futuro. 

Os detalhes desta investigação foram publicados no artigo científico “Hydrazone-Functionalizedtrans A2B‑Corroles: Effective Synergyin Photodynamic Therapy of Lung Cancer” no Journal of Medicinal Chemistry, tendo sido selecionado para capa da revista, e está disponível para consulta aqui

Opinião
Celebramos o Dia Mundial do Doente a 11 de fevereiro, por iniciativa do Papa João Paulo II em 1992.

Cuidar dos outros e, em especial, dos doentes é uma tarefa nobre e enriquecedora e a missão de todos os Internistas e da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).

Mas tratar de doentes é uma tarefa complexa e que implica um compromisso global, dos prestadores directos como os médicos e enfermeiros, mas também dos gestores, políticos e de toda a sociedade civil.

Todos os anos aumentamos a percentagem do PIB para a saúde, mas não temos o equivalente benefício nos serviços prestados. Apesar de sermos um país pequeno temos muita variabilidade no acesso à Saúde, na possibilidade de escolha do doente, na adequação da prestação de cuidados, seja por excesso seja por defeito. É um sistema complexo e multidisciplinar que precisa de ser mais produtivo, eficaz e focado no benefício para o doente.

Para a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) é fundamental a melhoria da produtividade e uma reforma do sistema de Saúde que coloque o doente no centro da decisão e o principal objectivo de todo o sistema. Objectivamente, precisamos de enfermarias nos hospitais sem divisões por especialidade, com as especialidades generalistas, como a Medicina Interna, na liderança da gestão do doente, organizadas em Unidades multidisciplinares em que as especialidades mais técnicas estejam mais livres para a consultoria e realização dessas mesmas técnicas. Precisamos que a Medicina Geral e Familiar no ambulatório e a Medicina Interna nos hospitais comuniquem eficazmente e sejam as principais responsáveis pela promoção da Saúde e gestão da doença, com objectivos que tenham ganhos reais na saúde dos doentes. Isto consegue-se com sistemas informáticos integrados, tecnologicamente actualizados e com uma gestão profissional e com objectivos discutidos com os serviços e respectivos directores, adaptados à realidade local, sempre em conjunto e nunca de forma isolada, com auditorias, publicação de resultados e esforço continuo de melhoria.

Para a SPMI não há dúvidas, apesar da legitimidade e benefício das terapêuticas complexas e ultra-especializadas, o que todos precisamos é de produtividade e eficiência, com médicos generalistas organizados em departamentos e de forma multidisciplinar, focados nas necessidades dos doentes, em que cada euro gasto seja um investimento real na Saúde de todos nós.

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Plataforma ‘Cancro da Bexiga sem Reticências’
A plataforma ‘Cancro da Bexiga sem Reticências’ apresenta o Manual do Cuidador, um recurso essencial para quem cuida de pessoas...

O cancro da bexiga representa um desafio significativo, não apenas para o doente, mas também para quem o acompanha. Este manual aborda as dificuldades específicas enfrentadas pelos cuidadores, oferecendo orientação prática e apoio emocional para que possam percorrer este caminho complexo com mais segurança e serenidade.

Dividido em três secções, o manual oferece um suporte completo, abordando:

  • Cuidados e Responsabilidades: Onde estão detalhadas as tarefas e responsabilidades quotidianas associadas aos cuidados de um doente com cancro da bexiga. Prepara os cuidadores para o que podem esperar, oferecendo informações práticas sobre a gestão das diversas situações que podem surgir no dia a dia.
  • Desafios Emocionais: Ao reconhecer o impacto emocional inerente à prestação de cuidados, esta secção explora sentimentos comuns como o stress, a ansiedade e a exaustão. O manual oferece estratégias de coping e validação as emoções, frequentemente complexas, que emergem neste contexto, ajudando os cuidadores a lidar com os seus próprios sentimentos.
  • Cuidar de Si Próprio(a): Destaca a importância do autocuidado, esta secção encoraja os cuidadores a priorizar o seu próprio bem-estar. O manual oferece dicas práticas para manter um equilíbrio saudável entre as responsabilidades da prestação de cuidados e as necessidades pessoais, prevenindo o esgotamento e promovendo a resiliência, crucial para o bem-estar do cuidador e, consequentemente, do doente.

 O Manual do Cuidador está disponível para download grátis no site “Cancro da Bexiga sem Reticências”, uma plataforma da Astellas Farma criada para informar todos aqueles que tenham dúvidas sobre esta patologia, com a contribuição de vários profissionais de saúde portugueses.

A plataforma também disponibiliza conteúdos explicativos elaborados por especialistas reforçando o compromisso com a educação e o suporte a doentes e cuidadores. O Dr. Rui Amorim e Prof. Belmiro Parada (Urologistas), Dra Joana Marinho e Dr. João Gramaça (Oncologistas) e Ana Carolina Martins (Enfeira Estomaterapeuta) são alguns dos especialistas convidados, que abordam ‘O que é o Cancro da Bexiga’, ‘O papel da quimioterapia no tratamento do Cancro da Bexiga’, ‘Diagnóstico, sinais e sintomas’, ‘Tratamento Cirúrgico do Cancro da Bexiga’ e ‘Prevenção e estilo de vida saudável’.

APIC
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) vai promover uma edição do “Curso Avançado em Abordagem Precoce do...

“A gestão precoce do enfarte exige atualização constante, de forma a que os cuidados prestados aos doentes sejam os de maior rigor e qualidade. Com este curso, pretendemos proporcionar aos profissionais a oportunidade de reforçar conhecimentos e competências essenciais na gestão desta doença cardiovascular, em que a rapidez de intervenção é determinante", explica Rita Calé Theotónio, presidente da APIC.

O curso contará com apresentações de especialistas sobre temas como: “Diagnóstico e abordagem inicial das SCA”, “Interpretação de ECG”, “STEMI: estratégias de reperfusão miocárdica”, “Terapêutica antitrombótica”, “Prevenção e tratamento de complicações elétricas”, “Abordagem ao choque cardiogénico”, “Comunicação e Transporte” e “Via Verde ‘desconstruída’”. O momento final será dedicado à apresentação e discussão de casos clínicos.

A inscrição é gratuita, mas obrigatória. Para mais informações: https://www.apic.pt/formacao/cursos/curso-steminem/

O projeto educacional STEMINEM – integrado na iniciativa Stent Save a Life (SSL) da APIC – foi criado em 2016, com o propósito de disponibilizar aos profissionais de emergência médica cursos de formação e atualização sobre a gestão precoce do enfarte do miocárdio no pré-hospitalar e a nível da urgência hospitalar.

Em 2024, o “Curso Avançado em Abordagem Precoce do Enfarte Agudo do Miocárdio com Supra de ST” contou com várias edições, realizadas em diferentes regiões do país, tais como Cova da Beira, Peniche e Viseu Dão-Lafões.

 

Ispa
Estudar comportamentos ciberseguros dos jovens portugueses, com idades compreendidas entre os 16 e os 25 anos, é o objetivo do...

Os dados estão a ser recolhidos junto de escolas, universidades e associações desportivas, com o apoio do Instituto Português do Desporto e Juventude e da Direção-Geral da Educação, através de um inquérito online, assegurando o anonimato e confidencialidade dos participantes e das suas contribuições.

“Este estudo é pioneiro na avaliação das variáveis que explicam as decisões dos jovens para serem mais ou menos ciberseguros. A minha experiência profissional permite concluir que existem vários riscos online que são um desafio para o desenvolvimento saudável, com impacto na saúde mental das nossas crianças e jovens. Desde as burlas românticas, até ao cyberbullying, exposição a discursos de ódio, tudo isto online, no telemóvel, a grande maioria das vezes sem partilha e sem um pedido de ajuda. Sabemos da investigação que temos realizado que os jovens, quando algo de incómodo lhes acontece online, não falam com ninguém. Corremos o risco de, se não fizermos nada, validarmos estas vivências negativas online”, sublinha Ivone Patrão, Professora do Ispa e responsável pelo estudo. 

De acordo com os dados recolhidos pelo Observatório de Cibersegurança e apresentados no “Relatório Cibersegurança em Portugal – Riscos e Conflitos – 2024”, no último ano, destacaram-se como ameaças mais relevantes o ransomware, o phishing e smishing e outras formas de engenharia social, burlas online e o comprometimento de contas. No âmbito das principais conclusões deste relatório, Sofia Rasgado, do CNCS, desataca que “quer os utilizadores, quer as organizações têm níveis elevados de exposição aos riscos do ciberespaço, relacionada com o elevado uso de certos serviços digitais, além de que algumas ciberameaças ligadas à exploração do fator humano têm índices crescentes de presença em artigos de media e, principalmente, nas pesquisas online. É neste contexto que este relatório sugere fazer acompanhar a literacia digital nas escolas e noutros contextos educativos por uma literacia para a Cibersegurança, aumentando o alcance das ações de sensibilização”.

Os dados do projeto CyberYoung Security serão recolhidos até maio deste ano e os resultados do estudo serão posteriormente divulgados através de comunicações em congressos, palestras e/ou artigos científicos.

Opinião
Ontem, como todas as sextas-feiras, estive em consulta com pessoas com epilepsia.

A Maria tem 32 anos e, há uma década, sofreu uma encefalite autoimune. No início, teve crises epiléticas caracterizadas por ausência de resposta, gestos automáticos com as mãos e a boca, seguidos de um período de confusão. No entanto, o tratamento foi eficaz, e há cinco anos que deixou a medicação sem recorrência de crises. Ontem teve alta. Casos como o do Maria mostram que a epilepsia pode, em algumas situações, desaparecer ao longo do tempo. Estima-se que cerca de 50% das pessoas, sobretudo quando a doença surge na infância, possam suspender a medicação para as crises epiléticas e ficar curadas.

O Hélder, de 72 anos, começou a ter epilepsia apenas há dois anos, após um AVC. As suas crises iniciavam-se com tremores no braço esquerdo, mas evoluíram para episódios de perda de consciência e convulsões. O Helder tem uma epilepsia focal, causada por uma lesão cerebral, e as suas manifestações dependem da área do cérebro afetada. No entanto, desde que iniciou a medicação, que vai ter de fazer toda a vida, o Helder ficou sem crises epiléticas. Este controlo da epilepsia é comum: cerca de dois terços das pessoas com epilepsia são controladas com um único medicamento anticrises epiléticas. Esta medicação deve ser a mais adequada para o tipo de epilepsia e escolhida para se adaptar ao perfil de cada doente. Há, atualmente, mais de 20 medicamentos anticrises epiléticas que podem ser utilizados.

Ontem também vi o Manuel, um jovem que teve a primeira convulsão aos 20 anos. Saiu à noite, dormiu em casa de um amigo e, ao acordar, teve o episódio sem qualquer aviso. Não se lembra de nada, apenas de ter acordado no hospital com dores no corpo e a língua mordida. O amigo contou-lhe que o viu a "tremer todo". O eletroencefalograma confirmou o diagnóstico de epilepsia.

O Manuel é um jovem como todos os outros, na altura estava a meio do seu curso superior e não tinha nenhum outro problema neurológico. Ele tem outros familiares próximos com epilepsia, mas nunca pensou que lhe fosse acontecer também a ele.  O Manuel tem uma epilepsia a que chamamos generalizada. Neste tipo de epilepsia todo o cérebro é responsável pela crise. São epilepsias muito frequentemente com causa genética. A adaptação do Manuel a este diagnóstico foi difícil. Teve de fazer várias adaptações na sua vida, inclusivamente deixar de conduzir até estar com a epilepsia controlada há pelo menos 1 ano. Mas no tipo de epilepsia do Manuel, a medicação é muito eficaz e as crises são também muito bem controladas. É preciso cumprir a medicação e ter hábitos de vida saudáveis, nomeadamente evitando a privação de sono e o consumo de álcool ou outras drogas.

Também observei a Helena, que tem crises epiléticas desde os 10 anos, sempre à noite, acordando com movimentos estranhos nos braços e pernas, como se pedalasse no ar. Por vezes, evoluem para convulsões. Já tomou vários medicamentos e, apesar de estar atualmente com três, continua a ter crises semanais. A medicação causa-lhe sonolência, desequilíbrio e problemas de memória. As crises são incapacitantes, podendo durar mais de uma hora; já se queimou ao cozinhar e cai frequentemente, usando capacete para proteção. Devido a dificuldades cognitivas associadas à displasia cortical congénita, que afetam cerca de 80% das pessoas com epilepsia crónica, teve ensino adaptado e dificuldades em encontrar emprego.

Cerca de 30% dos doentes têm epilepsia refratária, que não se controla com medicação. Nestes casos, a orientação para centros especializados é essencial, pois algumas podem ser tratadas cirurgicamente, removendo a área do cérebro responsável pelas crises. Outras podem beneficiar de estimulação cerebral, como a do nervo vago ou a estimulação profunda. Cerca de 50% dos operados ficam sem crises, e a estimulação ajuda a controlá-las em 50-60% dos restantes.

A epilepsia é uma doença neurológica muito incapacitante, se pensarmos que afeta pessoas durante muito anos, nomeadamente em fases ativas da vida. Se tem epilepsia ou suspeita desse diagnóstico, procure ajuda especializada. Há soluções que podem mudar vidas.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

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