Relatório revela
A mortalidade por cancro em Portugal desceu ligeiramente em 2014, e continua abaixo da média europeia, mas o aumento do cancro...

Segundo o relatório “Portugal – Doenças Oncológicas em Números”, que é hoje apresentado, em 2014, a taxa de mortalidade padronizada por cancro passou para 151,5 por 100 mil habitantes, valor que vem diminuindo de forma gradual, pelo menos desde 2010.

Embora se assista a uma redução gradual da mortalidade, o documento sublinha que “os anos potenciais de vida perdidos continuam muito significativos”.

O cancro do pulmão continua a ser o mais letal em Portugal, tendo sido responsável, em 2014, por 3.927 óbitos, o que dá uma média superior a 10 mortes por dia.

Aliás, o tumor maligno da traqueia, brônquios e pulmão são os cancros que mais contribuem para os anos potenciais de vida perdidos, segundo dados do relatório da Direção-Geral da Saúde.

O documento vinca que Portugal, em comparação com os dados europeus de mortalidade, está numa “posição confortável”, até porque beneficia de um histórico de menor consumo de tabaco a que corresponde menor taxa de cancro do pulmão e menor mortalidade.

No entanto, para que esse efeito continue a manifestar-se, os responsáveis do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas aconselham a que as autoridades sejam mais ativas na promoção da cessação tabágica.

Além disso, em relação ao cancro do pulmão é necessário corrigir assimetrias regionais, como a “situação gritante” dos Açores, onde “urge tomar medidas”, visto que a incidência nesta região autónoma é praticamente o dobro do resto do país.

Também o cancro colo-retal é “uma prioridade indesmentível”, pelo aumento crescente de casos.

Ao nível da mortalidade, quando analisados os dados apenas referentes ao sexo masculino, Portugal encontra-se, a nível europeu, “no quartil de mais elevada mortalidade”, o que os autores do relatório consideram justificar uma “particular preocupação”.

“O cancro colo-retal é uma prioridade indesmentível, pelo aumento crescente e pela situação relativa do país, sendo ainda incipientes os rastreios no terreno. Só apostas na prevenção poderão modificar sensivelmente o atual panorama”, indica o documento.

Em relação aos rastreios do cancro colo-retal são apontadas assimetrias regionais e aconselhado o seu alargamento a nível nacional: “Embora se note um aumento dos programas de rastreio de cancro colo-retal, a expansão acelerada a todas as regiões é uma prioridade”.

Em escolas de todo o país
A Sociedade de Nefrologia Pediátrica alertou que, a cada ano, 15 novas crianças e adolescentes precisam de diálise ou...

Na próxima semana, a 10 de março, a Sociedade de Nefrologia Pediátrica (SNP), entidade que integra a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), vai assinalar o Dia Mundial o Rim através da sensibilização de alunos, professores e encarregados de educação para a importância da adoção de hábitos alimentares saudáveis na prevenção de diabetes, hipertensão e obesidade, fatores de risco de doença renal.

Com o lema "Doença Renal e a Criança - Agir cedo para prevenir", a SNP, em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Nefrologia, estará presente em 26 agrupamentos escolares, 24 cidades, abrangendo 25.000 crianças e adolescentes.

"Uma em cada dez pessoas no mundo sofre de doença renal. A doença renal crónica nas fases iniciais pode não ter qualquer sintoma. É importante estarmos atentos para diagnosticar e melhorar o tratamento, quanto mais precocemente melhor", explicou à agência Lusa a responsável pela coordenação da organização do Dia Mundial do Rim em Portugal, Ana Teixeira.

De acordo com a SNP o programa está a mobilizar centenas de profissionais de hospitais centrais e distritais que terão o desafio de explicar à comunidade escolar que, por exemplo, aqueles pacotes de batatas fritas apetecíveis que estão na prateleira do supermercado têm muito sal escondido atrás de palavras difíceis como "cloreto de sódio" ou "bicarbonato de sódio".

Ana Teixeira apontou que "a Organização Mundial de Saúde recomenda uma ingestão diária de sal inferior a cinco gramas mas os portugueses cada vez consomem mais sal, às vezes mais do dobro", daí que a SNP queira reforçar a mensagem sobre alimentação saudável.

Aliás também é objetivo da ida às escolas alertar que "a dieta mediterrânica representa um modelo alimentar completo e equilibrado com benefícios para a saúde, longevidade e qualidade de vida, mas que Portugal tem vindo gradualmente a afastar-se desta dieta tradicional".

"Em algumas escolas ainda é possível encontrar alimentos e refrigerantes nutricionalmente desadequados nos bufetes concessionados e nas ‘vending machines' a fazer concorrência às refeições oferecidas nos refeitórios", referiu a também pediatra no Centro Hospitalar São João, no Porto.

"Quando bebemos água os rins trabalham melhor e ficam mais satisfeitos. Devemos beber 1 a 1,5 litros de água por dia. Quando temos sede, água é o que devemos beber" - é uma dos conselhos que consta do folheto que será distribuído nas escolas.

Também integrado nas comemorações do Dia Mundial do Rim está a ser lançado um concurso de artes plásticas e cada agrupamento de escolas pode selecionar um trabalho para enviar até 15 de abril para a sede da SPP, estando a entrega do prémio agendada para 17 de maio, Dia Mundial da Hipertensão.

As ações contam com a colaboração da Associação Internacional de Nefrologia Pediátrica e da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais.

A SNP tem como "grande meta" a prevenção dos fatores de risco de doença renal e a melhoria dos cuidados a todas as crianças com doença renal, sendo outro "grande objetivo" desta sociedade o desenvolvimento e a promoção da atualização de bases de dados nacionais de doença renal em idade pediátrica, bem como uma comunicação e cooperação inter-hospitalar eficiente, com vista no desenvolvimento de estudos multicêntricos futuros.

Estudo da UPorto indica
Um estudo realizado pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto indica que mulheres menos ativas durante a gravidez têm...

Em depoimentos, a investigadora Paula Clara Santos, membro do Centro de Investigação em Actividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL) da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) e uma das responsáveis pelo projeto, disse que "uma mulher grávida deve praticar exercício físico de forma moderada a vigorosa, durante 30 minutos, cinco ou mais vezes por semana" para evitar um excessivo ganho ponderal da mãe durante a gravidez e o excesso de peso do bebé.

O estudo que deu origem a este resultado, intitulado "níveis de atividade física ao longo da gravidez e a sua influência no estado físico e psicológico da mulher, bem como nos parâmetros morfo-funcionais do feto", dividiu-se em dois períodos, com duas amostras de grávidas.

O primeiro, realizado nos centros de saúde da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), foi constituído por 118 participantes, avaliadas em todos os trimestres, através de questionários para a recolha de dados pessoais, obstétricos e clínicos.

No segundo momento, com auxílio do Hospital São João, avaliaram-se 133 mulheres no primeiro e no segundo trimestre gestacional (10-12 semanas e 20-24 semanas), no período pós-parto - através da acelerómetria e de ecografias, que permitiu obter informações sobre os parâmetros morfo-funcionais da criança -, e quando as crianças fizeram dois anos.

"Sabemos que a atividade física é um fator modificável e determinante para prevenir doenças crónicas não transmissíveis, como é o caso da hipertensão, da diabetes e das doenças cardiovasculares", refere a investigadora, também docente na Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto.

A gravidez é um "evento de longa duração que tem consequências durante toda a vida da mulher" e que devia ser encarada como uma oportunidade de alterar os hábitos de atividade física, como se alteram em relação à alimentação, ao tabagismo e ao álcool, acrescenta.

Paula Santos refere ainda que essas mudanças de comportamento deviam ser estimuladas pelos profissionais de saúde, cujas indicações médicas continuam "muito aquém" das normas de orientação clínica recomendadas pelo American College of Sports Medicine (ACSM).

Acredita que o decréscimo da atividade física ao longo da gravidez é provocada "por falta de informação, alguns tabus e ideias pré-concebidas que possam existir em termos culturais" e pela falta de tempo que possa ser dispensado para o exercício.

Este estudo pretende avaliar também a relação entre atividade física e a diabetes gestacional, a hipertensão e o ganho ponderal, a influência da atividade física na auto-estima da mulher e nos níveis de ansiedade e a relação entre atividade/inatividade física materna com os parâmetros morfo-funcionais do feto bem como com o peso, a altura à nascença e o índice de Apgar.

A investigação, iniciada em 2010 e financiada pela Fundação para Ciência e Tecnologia (FCT) em 2012, em cerca de 80 mil euros, foi concluída em 2015, estando agora a ser estudados os resultados obtidos nas diferentes variáveis.

Para além de Paula Santos, colaboraram neste projeto os investigadores Sandra Abreu, Carla Moreira, Rute Santos, Pedro Silva e Jorge Mota, do CIAFEL, Odete Alves, da ULSAM, e Nuno Montenegro, do Hospital São João.

Direção-Geral da Saúde
O diretor-geral da Saúde disse que vão ser transferidos 12 doentes do hospital da Régua, onde foi detetada a presença de ...

“O sistema de vigilância da qualidade da água identificou a presença da bateria ‘ legionella’ e, uma vez identificada, foram tomadas as medidas, sublinho, em termos de boas práticas, que devem sempre ser tomadas: reduzir o risco dos doentes aí presentes, e do pessoal, em contrair a infeção”, disse Francisco George.

O presidente da Câmara da Régua, distrito de Vila Real, Nuno Gonçalves, avançou na quarta-feira à noite ter sido informado de um surto de ‘legionella’ no hospital daquela cidade, uma situação que vai levar ao encerramento da unidade esta quinta-feira e à transferência de utentes e funcionários.

“A informação que temos também é pouca, mas o que nos informaram é que seria um surto de ‘legionella’ e que teriam de encerrar o hospital na quinta-feira, transferindo os doentes e o pessoal”, afirmou Nuno Gonçalves.

De acordo com Francisco George, a medida de desinfeção da unidade hospitalar foi tomada a tempo, uma vez que não há doentes com a doença dos legionários, avançando que 12 doentes já se encontram a ser transferidos.

“Os doentes e o pessoal de serviço já estão a ser transferidos, logo depois vão iniciar-se as operações de desinfeção da rede predial daquele estabelecimento, que se faz através de um choque de cloro ou de um choque térmico”, explicou Francisco George.

Para o responsável, a forma como se fará a desinfeção terá a ver com aquilo que a rede predial suportará, lembrando que as colónias de bactérias da ‘legionella’ “são eliminadas pelo calor, acima dos 60 graus”.

“Trata-se de uma medida de desinfeção que foi [tomada] ainda a tempo, uma vez que não há doentes com a doença dos legionários”, afirmou, sublinhando tratar-se de “um exemplo de boas práticas: foi identificado um risco e esse risco foi eliminado”.

O presidente da Câmara da Régua, Nuno Gonçalves, salientou que a comunicação sobre a “presença de ‘legionella’” no hospital de Peso da Régua foi feita à câmara municipal na quarta-feira pelo Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), onde a unidade de saúde está inserida.

Os doentes serão transferidos para outro hospital do CHTMAD, que agrega ainda as unidades de Vila Real, Lamego e Chaves.

O CHTMAD inclui os hospitais de Vila Real, Lamego, Chaves e Peso da Régua, unidade cujo encerramento esteve por diversas vezes em cima da mesa e que estava incluída na lista de hospitais que o Governo queria devolver às misericórdias.

A doença do legionário é uma pneumonia que afeta preferencialmente pessoas idosas, fumadoras, imunodeprimidas ou pessoas com doenças crónicas.

A pneumonia provocada pela bactéria ‘legionella’ pode provocar a morte.

Investigadores brasileiros
Um grupo de investigadores brasileiros anunciou a descoberta do vírus Zika nas glândulas salivares de um mosquito comum (Culex)...

A descoberta foi realizada por investigadores da Fundação Oswaldo Cruz (FOC), um laboratório público brasileiro, e anunciada durante um seminário sobre o Zika no Recife, a capital do Estado de Pernambuco, que é a região mais afetada pelo vírus.

A bióloga Constância Ayres explicou que a investigação se desenrolou em laboratório, com cerca de 200 mosquitos Culex, e por isso os resultados não são conclusivos. Mas, “há uma grande probabilidade de que o mosquito transmita o Zika aos humanos” afirmou a bióloga.

Os investigadores da FOC estão a capturar mosquitos comuns no seu habitat natural, em regiões afetadas pelo vírus, para perceber se o Culex também transporta o vírus na natureza.

Segundo a bióloga, o estudo de campo prolongar-se-á por mais seis a oito meses para que se possa chegar a um resultado final.

Até agora acreditava-se que o mosquito Aedes - confinado a climas tropicais - era o único que podia transmitir o Zika.

A presença do Culex em zonas urbanas, no Brasil, é 20 vezes mais comum que o Aedes, e encontra-se em várias zonas da América, África e Ásia, o que poderá aumentar a velocidade de propagação do vírus para lá do Continente Americano, segundo os investigadores.

Este mosquito, que está praticamente em todo o mundo, põe os seus ovos em poças de água suja, o que o diferencia do Aedes, que só se reproduz em água limpa.

O culex propaga-se especialmente em áreas urbanas com carências ao nível de saneamento básico, um problema comum nas zonas pobres de todas as grandes cidades brasileiras.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde revelou que está a renegociar o acordo com o laboratório que comercializa o medicamento inovador para a...

Adalberto Campos Fernandes falava aos jornalistas no final da reunião conjunta das comissões de Saúde e Orçamento sobre o Orçamento do Estado para 2016, durante a qual afirmou que a despesa com o tratamento de doentes com hepatite C contribuiu para a derrapagem orçamental em 2015.

De acordo com a nota explicativa do Orçamento do Estado para 2016, em 2015 foram gastos 40 milhões de euros com o tratamento destes doentes, estando prevista uma despesa de 85 milhões de euros para 2016.

O acordo firmado entre o anterior governo e o laboratório que comercializa o fármaco inovador previa um gasto de 100 milhões de euros em cinco anos, a um ritmo de 20 milhões de euros por ano.

Questionado sobre esta discrepância de valores, o ministro disse que está em curso uma renegociação deste acordo, a qual deverá estar concluída no final deste mês.

O ministro esclareceu que “não serão postas em causa as expetativas dos doentes” relativamente ao tratamento da hepatite C.

Autor Andrew Solomon diz
A depressão, não acompanhada como uma “doença séria”, pode transformar-se num problema económico grave, sobretudo em países que...

O autor do livro “O Demónio da Depressão – Um Atlas da Doença”, que foi traduzido para português, explica que existem “muitos conceitos políticos” na definição da enfermidade e que, em muitas circunstâncias, há uma tendência para encarar a depressão como uma simples fraqueza.

No entanto, diz Andrew Solomon, se a depressão for ”vista como uma doença”, as obrigações políticas têm de ser consideradas e o tratamento tem de ser assegurado pelo Estado, assim como têm de ser garantidas situações laborais especiais aos pacientes.

“Todo este tipo de apoio pode ficar caro e complicado e, por isso, haverá sempre uma componente económica relacionada com estas questões mas, na verdade, os custos da depressão não tratada podem ser muito mais elevados do que as depressões sujeitas a tratamento”, disse o escritor norte-americano.

No livro “O Demónio da Depressão”, Andrew Solomon, 53 anos, parte da ideia central de que a “depressão é a imperfeição do amor”, para depois organizar um “atlas da doença” ao longo da história, dos vários tipos de patologia, da análise de estatísticas e de entrevistas sobre a forma como a doença é encarada, nas várias geografias, mas sobretudo com base no próprio caso pessoal.

Questionado sobre situações de depressão relacionadas com a crise económica, como a que se verifica em Portugal, Solomon refere que, do ponto de vista coletivo, podem registar-se baixas de produtividade no trabalho e sublinha que os doentes que não são acompanhados são desempregados de longa duração, com problemas familiares que podem tornar-se graves.

“As pessoas que estão num estado de depressão são vistas como um fardo para a sociedade e encaradas como um aspeto pouco saudável para o ambiente onde estão inseridas, mas os custos podem ser enormes, caso não sejam tratadas”, sublinha, acrescentando que podem verificar-se situações singulares em que a depressão atinge as populações de forma generalizada.

“Eu creio que podem existir situações de depressão coletiva, esta doença não aparece por causa de um problema qualquer existente na água que as pessoas bebem. É verdade que há contextos sociais em que os coletivos têm esperança e outros em que a esperança está perdida”, afirma.

Como exemplo, refere-se ao que assistiu no Afeganistão, em 2002, quando a população sentiu que as mudanças podiam ser efetivas com a queda do regime taliban e a chegada dos militares norte-americanos e dos aliados europeus.

“Essa esperança estourou, atualmente a situação no Afeganistão é atroz e o que foi prometido nunca foi alcançado. A sociedade passou de um estado de felicidade, para uma situação oposta e, quando isto acontece, verifica-se uma espécie de luto coletivo e muitas pessoas acabam por atravessar, por causa disso, estados de melancolia e de depressão”.

Da mesma forma, a crise económica, indica, pode ser também uma situação extrema sendo que, na sociedade ocidental, a depressão ou é simplesmente desprezada ou sobrevalorizada.

Para Andrew Solomon, perante a crise económica, há pessoas que enfrentam situações de simples tristeza, que são medicadas mas que na verdade não estão deprimidas mas, por outro lado, há também pessoas que sofrem de depressão clínica que não estão a ser tratadas simplesmente porque “assumem” que fazem parte do contexto da própria crise.

“Eu fico mais preocupado com aqueles que não são tratados do que com aqueles que são tratados de forma excessiva. Há pessoas que perante as incertezas económicas desenvolvem um estado de ansiedade severa e que não são capazes de se levantar da cama e apertar os cordões dos sapatos, e isso é um problema clínico grave”, frisa Andrew Solomon.

O escritor, que venceu o National Book Award, em 2001, com o livro “O Demónio da Depressão”, conclui - através da longa pesquisa -, que a ciência, a filosofia, o direito, a psicologia, a literatura, a arte, a história e “muitas outras disciplinas” têm estudado a doença, mas que, no campo específico dos estudos da depressão, “faltava uma síntese”.

“Apesar de propor explicações e interpretações de ideias complexas, esta obra não pretende substituir um tratamento apropriado”, afirma o autor, sublinhando que “O Demónio da Depressão” é um livro “extremamente pessoal” e que não deve ser considerado, de modo nenhum, mais do que isso mesmo.

“O Demónio da Depressão – Um Atlas da Doença”, de Andrew Solomon (Quetzal Editores, 812 páginas), com tradução de Francisco Paiva Boléo e Constança Paiva Boléo, encontra-se nas livrarias portuguesas desde 15 de fevereiro.

Segundo especialista
Mulheres sofredoras da perturbação do distúrbio de ingestão alimentar compulsivo sujeitaram-se a um programa baseado na ...

Em entrevista, à margem do evento “Dias da Psicologia”, que começou na cidade do Porto, na Universidade Católica, José Pinto-Gouveia, presidente da Associação Portuguesa para o Mindfulness, referiu que os resultados recentes de um programa de dez sessões, realizado a mulheres com distúrbios de ingestão alimentar, foram “entusiasmantes” e que todas deixaram de comer compulsivamente.

Segundo o especialista José Pinto Gouveia, as mulheres que se submeteram ao programa começaram com o diagnóstico e com uma determinada frequência semanal de episódios de ingestão alimentar compulsiva, mas quando chegaram ao fim das dez sessões do programa, “nenhuma delas preenchia os critérios para diagnóstico”.

Por exemplo, pessoas comiam bolachas todas as noites, depois das sessões deixaram de as comer compulsivamente.

Para os resultados positivos, trabalhou-se com os princípios de educação alimentar, designadamente fazer cinco refeições por dia e não saltar refeições, mas o foco incidiu em lidar com as emoções negativas.

Ter emoções negativas não significa que nos temos de empanturrar, alerta José Pinto Gouvieia, explicando que há outras formas de lidar com o negativismo, não fazendo “tudo o que vem à cabeça”.

“A maioria destas doentes com perturbação alimentar e ingestão compulsiva são muito críticas, são muito boas a criticar-se quando falam, mas são muito más a cuidar de si. Elas não têm a noção do que é cuidar de si, nunca se perguntam o que é que eu preciso. Não respeitam as suas necessidades pessoais”, conta o presidente da Associação Portuguesa de Mindfulness.

José Pinto Gouveia reconhece que é fulcral ensinar as pessoas a mudar o tom interior.

“Há um tom interior com que falamos connosco e esse tom, habitualmente em pessoas com problemas psicológicos, é um tom crítico e frio e as pessoas não percebem que esse tom influencia enormemente a sua vida psicológica e o seu bem-estar”, explica, afirmando que as pessoas podem deixar de se auto criticar e podem ser mais compassivas, porque se tornam “muito mais eficazes quando são autocompassivas, do que quando se criticam”.

O ‘mindfulness’ “é a arte de prestar atenção à nossa experiência, momento a momento e não ajuizar sobre ela, ou seja se estou triste, estou triste, não ajuízo que é mau estar triste ou que não devo estar triste e percebo que a minha tristeza tem a ver com algumas coisa que me aconteceu”, explica aquele especialista.

Para José Pinto Gouveia é essencial “aceitar”, mas o que habitualmente as pessoas fazem “é correr logo para deitar a tristeza fora”.

“As emoções más fazem parte da nossa vida e portanto temos de estar com elas, em vez de ir logo empanturrar ou ir beber um copo, o melhor caminho é aceitar que estamos tristes, porque aconteceu alguma coisa na nossa vida, mas amanhã vão acontecer outras coisas e, se calhar, já não vamos estar tristes”, concluiu.

A pessoa que pratica ‘mindfulness’ vai mudando, mas não nota essa mudança, são normalmente os amigos que notam que a pessoas vão ficando menos reativas, mais aceitantes, começando a lidar melhor com a dor, conta.

“Eu não controlo o que penso, não posso afastar aquilo que não quero, pensar é perigoso, afinal o que posso fazer para controlar as coisas?”, questiona o especialista, para logo responder que é com o corpo que se pode ajudar a “tranquilizar as experiências piores”.

“No corpo podemos lidar com as coisas, no pensamento é muito difícil”.

“O ‘mindfulness’ promove a descentração em relação aos pensamentos negativos, promove a aceitação e o ‘anti-evitamento’. (…) Oferece-nos a possibilidade única de aprendermos a controlar a nossa mente em vez de sermos controlados por ela” e de agir em consciência e “não em piloto automático distraidamente”, afirma.

O primeiro dia dos “Dias da Psicologia" centrou-se no “Mindfulness e nas terapias de 3.ª geração”, dando destaque aos projetos desenvolvidos na Clínica Universitária de Psicologia (CUP) da instituição, mas o evento prolonga-se até à próxima sexta-feira, dia 04, na Faculdade de Educação e Psicologia na Universidade Católica do Porto.

João Paulo Guerra
O jornalista João Paulo Guerra lança em Lisboa um romance sobre as sequelas da Guerra Colonial, “Corações Irritáveis”, nome...

“Este livro é uma ficção que fala da guerra porque a guerra tem tantas sequelas que até a democracia em Portugal é um resultado da guerra. Foi da guerra que apareceram os homens que fizeram a democracia. Mas há também muitos ‘corações irritáveis’ e feridas que nunca cicatrizaram”, disse à Lusa João Paulo Guerra, 74 anos, que cumpriu o serviço militar em Moçambique e que publicou, como jornalista, inúmeros trabalhos de investigação sobre a Guerra Colonial (1961-1974).

O novo romance “anda à volta do destino de sete homens e tem quatro mulheres como figuras principais” sobretudo a mulher do protagonista, que faz “detonar” o enredo que se desenrola em Lisboa durante os anos 1990 e que tem as memórias e as consequências do conflito colonial como situação central.

“No livro, há uma mulher que afirma que o sofrimento também é próprio dos seres humanos e todos têm o direito de se horrorizarem com o sofrimento que eles próprios possam ter causado ou possam ter vivido e outra mulher a quem lhe perguntam se o marido fez a guerra tendo ela respondido: ‘Não. A guerra é que fez o meu marido’”, explicou o autor.

O livro relata a inquietação e perturbação dos soldados e a forma como a guerra afetou a vida de cada um em tempo de paz mantendo, disse João Paulo Guerra, as “feridas invisíveis e as cicatrizes que não se vêm à vista desarmada”.

O autor escreve que as personagens são ficcionadas e que as atuações extremas são também do domínio ficcional, mas têm como base situações reais vividas durante os combates em África e que - no limite – deixou milhares de homens afetados por uma doença que demora a ser compreendida pela sociedade.

“Esta doença é real e quando foi identificada, no século XIX (nos Estados Unidos) chamaram-lhe ‘coração irritável’, explicou o autor, referindo-se ao título da obra.

No livro, João Paulo Guerra recordou que a Perturbação Pós-Stresse Traumático de guerra foi reconhecida em Portugal, como doença, vinte anos após o fim da guerra nas colónias sob administração portuguesa, em 1995, e que nesse ano foi também lançada a base para a criação de uma rede de apoio a esses doentes, “estimados então na ordem das dezenas de milhares”.

Em 1999, foi legislado o regime de apoio aos ex-combatentes mas a regulamentação, refere o autor, foi sempre adiada e “deitou para as calendas” a entrada em funcionamento da Rede Nacional de Apoio aos militares e ex-militares vítimas da doença.

“Quando, finalmente, passou a vigorar, a burocracia exigida para que a doença fosse reconhecida em cada caso e o doente começasse a ser assistido tornou-se labiríntica, chegando a demorar década e meia”, refere o autor no final do livro sobre as consequências do conflito e que, do ponto de vista pessoal, encerra “o ciclo da guerra”.

“Há guerras que não acabam e por muitos acordos de cessar-fogo que sejam assinados há sempre um cessar-fogo que cada um tem consigo próprio e que não é assinado mas este livro para mim é o meu cessar-fogo”, disse à Lusa João Paulo Guerra.

Jornalista de profissão, João Paulo Guerra, 74 anos, foi premiado várias vezes ao longo da carreira, trabalhou no Rádio Clube Português, TSF e Antena 1, nos jornais Diário de Lisboa, A Capital, O Diário, Público, semanário O Jornal e no Diário Económico.

É autor, entre outros, de livros de investigação jornalística e histórica como a “Memória das Guerras Coloniais”, “O Regresso das Caravelas” ou “Savimbi, Vida e Morte” e do livro de ficção “Romance de uma Conspiração”.

“Corações Irritáveis”, do Clube do Autor, é lançado em Lisboa, com apresentação do coronel Carlos Matos Gomes, escritor e historiador, estando prevista a leitura de excertos da obra pela atriz Maria do Céu Guerra.

OE2016
O ministro da Saúde revelou no Parlamento que o regresso às 35 horas semanais vai custar às contas da Saúde entre 28 a 40...

Adalberto Campos Fernandes divulgou este valor durante a discussão do Orçamento do Estado para 2016, que decorre no âmbito de uma reunião conjunta das Comissões Parlamentares da Saúde e do Orçamento na Assembleia da República.

Segundo o ministro, este regresso às 35 horas semanais – que deverá ser acompanhado pelo recurso a outros profissionais ou a horas extraordinárias – custará, no cenário mais favorável, 28 milhões de euros e 40 milhões de euros, num cenário mais desfavorável.

As contas de Adalberto Campos Fernandes referem-se a um semestre, uma vez que esta reposição das 35 horas só deverá entrar em vigor nos últimos seis meses do ano.

OE2016
O Orçamento da saúde prevê uma despesa de 139 milhões de euros com pessoal para 2016. Aos deputados, o ministro da Saúde...

A alteração do período de horário deverá acontecer em junho, embora a data em que possa acontecer ainda não esteja claramente definida, escreve o Diário de Notícias. Adalberto Campos Fernandes já tinha afirmado que a medida aprovada seria aplicada na saúde e que esta teria provavelmente impacto nas equipas. Ou seja, a necessidade de mais pessoal que trabalha por turnos.

O orçamento em discussão prevê uma "almofada" para fazer face a esta despesa extra. "O orçamento prevê o uso de 139 milhões de euros, dividido em duas partes: 84 milhões destinam-se à reversão das remunerações e uma folga de 55 milhões de euros, para dar concretização aos acordos coletivos assinados pelo governo anterior, carreira médica e de enfermagem e para eventual provável contratação de mais recursos que tem a ver com entrada em vigor das 35 horas. Enfermeiros e assistentes operacionais", explicou o ministro.

Adalberto Campos Fernandes voltou a falar da discussão que é preciso fazer sobre o subfinanciamento para a saúde e sobre quais as escolhas que o país pretende fazer "para em matérias de saúde se poder ir mais longe".

Estudo
Investigadores da Reino Unido descobriram a causa dos cabelos brancos: segundo um estudo publicado na revista Nature...

"Encontramos um alelo [uma espécie de variante de um gene que determina o surgimento de características hereditárias diferentes] que predispõe para a existência de cabelos grisalhos", explica Kaustubh Adhikari, da University College London e principal autor do estudo.

"Nós já tínhamos identificado os genes responsáveis pela calvície e pela cor do cabelo, mas é a primeira vez que é definido um gene ligado ao envelhecimento do cabelo", acrescenta.

Para encontrar esse gene, escreve o Sapo, a equipa de investigadores internacionais estudou o ADN de mais de 6.000 pessoas de diferentes origens que vivem na América Latina.

"O alelo do envelhecimento é essencialmente observado entre os europeus", explica o cientista. "A idade média do surgimento dos cabelos brancos está por volta dos 35 anos para os caucasianos, um pouco antes dos quarenta para os asiáticos e apenas por volta dos 45 anos para as pessoas de origem africana", conclui.

O gene IRF4 já era conhecido dos cientistas pela sua implicação na produção e armazenamento da melanina, o pigmento que determina a cor dos cabelos, da pele e dos olhos.

"Compreender como o IRF4 influencia o embranquecimento dos cabelos pode permitir modificar este processo", explica Kaustubh Adhikari à agência de notícias France Presse. "A edição dos genes recai sobre questões éticas, mas poderíamos vislumbrar a manipulação do IRF4 para adiar o envelhecimento capilar".

OE2016
Menos impostos, mais gastos com medicamentos e exames, como as colonoscopias, mais camas para cuidados continuados e a...

De acordo com a nota explicativa do Ministério da Saúde sobre o Orçamento do Estado para 2016, que está a ser debatido em reunião conjunta das Comissões da Saúde e do Orçamento, a previsão da execução para o ano de 2015 aponta para um défice de 259 milhões de euros.

O documento identifica um agravamento de 229 milhões de euros face à previsão inicial, o qual é explicado com, entre outros motivos, o decréscimo dos impostos indiretos: menos 102 milhões de euros.

Esta descida é justificada pela “reduzida cobrança através da contribuição extraordinária da indústria farmacêutica”.

“Verificou-se uma maior adesão das empresas ao Acordo com a APIFARMA, o que teve como consequência a contribuição da indústria concretizar-se, sobretudo, através da emissão de créditos (notas de crédito) com impacto na redução da despesa com compras de medicamentos dos hospitais”, lê-se no documento.

Também as compras de medicamentos aumentaram 114 milhões de euros, face ao orçamento de 2015, o que reflete “o impacto do financiamento do programa para o tratamento da Hepatite C crónica que não estava previsto no orçamento inicial de 2015 (os compromissos assumidos em 2015 foram de 100 milhões de euros), e da introdução de novas moléculas que fazem parte da inovação terapêutica nomeadamente, na área oncológica”.

Outra área que contribuiu para esta derrapagem foi a dos subcontratos, na qual se verificou “um acréscimo significativo em relação à previsão para 2015 de 174 milhões de euros, que se justifica com um aumento dos medicamentos de ambulatório, com a alteração dos preços dos exames de colonoscopias, tendo sido incluída nestes exames a sedação para maior conforto e segurança do doente e ainda a contratualização de mais camas para a rede de cuidados continuados”.

A despesa de capital é superior à execução prevista em 44 milhões de euros, “o que resulta da necessidade urgente de substituição de equipamento pesado em fim do seu período de vida útil”.

Nesta nota explicativa lê-se que “o desvio verificado no ano de 2015 aumentou o nível da despesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) de 8,6 mil milhões de euros para 8,9 mil milhões de euros. São cerca de 230 milhões de euros adicionais que têm que ser acomodados no OE 2016”.

O ministro da Saúde, que está a ser ouvido nesta reunião conjunta das Comissões da Saúde e do Orçamento, dissera antes, em audição na Comissão Parlamentar da Saúde, que o seu Ministério da Saúde foi surpreendido com esta derrapagem.

Estudo
O leite e a carne orgânicos diferem dos produzidos convencionalmente na quantidade de certos nutrientes, em particular os...

“A composição de ácidos gordos é definitivamente melhor”, disse Carlo Leifert, professor de Agricultura Ecológica da Universidade de Newcastle, em Inglaterra, e líder de uma equipa internacional que realizou a revisão.

A Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, e a Sheepdrove Trust, uma instituição de caridade britânica que apoia a pesquisa de agricultura e agropecuária orgânicas, pagaram pela análise, que custou cerca de 600 mil dólares, escreve o Diário Digital.

No entanto, a questão de saber se essas diferenças se traduzem numa saúde melhor para quem consome carne e leite orgânicos ainda é algo discutível.

“Não temos essa resposta agora. Com base na composição, parece que são melhores para nós”, disse Richard P. Bazinet, professor de Ciências Nutricionais da Universidade de Toronto, que não estava envolvido na pesquisa.

Os dois novos trabalhos científicos, publicados na revista especializada The British Journal of Nutrition, não são resultado de novas experiências; empregaram uma técnica estatística chamada meta-análise que tenta tirar conclusões mais concretas de muitos estudos díspares.

E certamente vão agitar o debate dos alimentos orgânicos; são ou não mais saudáveis? Alguns cientistas afirmam que orgânicos e convencionais são nutricionalmente indistinguíveis, e outros encontram benefícios significativos nos primeiros.

Os níveis mais elevados de ômega 3, um tipo de gordura polinsaturada benéfica para a redução do risco de doenças cardíacas, não vêm de atributos normalmente associados aos alimentos orgânicos – animais que não recebem antibióticos, hormonas ou alimentação geneticamente modificada –, mas sim da exigência que animais criados organicamente passem tempo ao ar livre.

O leite e a carne orgânicos provêm de gado criado no pasto, enquanto que a maioria dos convencionais vem do animal alimentado por ração.

Não há nada mágico. Tudo está relacionado com a alimentação dos animais.

Vários especialistas
A Comissão de Reforma do modelo de Assistência na Doença aos Servidores do Estado entra em funções, integrando vários...

De acordo com o despacho publicado em Diário da República na segunda-feira, a Comissão foi criada na dependência do secretário de Estado da Saúde e tem como objetivo “ponderar a adoção de medidas de reformulação do sistema, na vertente jurídica, institucional, estatutária e financeira” e apresentar até 30 de junho propostas nesse sentido.

A Comissão é composta por nove “individualidades de reconhecido mérito” que renunciaram a qualquer remuneração, entre elas o professor de Economia Pedro Pita Barros, o especialista em farmacêutica José Aranda da Silva e o professor de saúde pública Alexandre Abrantes, escreve o Diário Digital.

O despacho do ministro da saúde justifica a criação da comissão com a necessidade de cumprir o Programa do Governo e as recomendações do Tribunal de Contas, mantendo os critérios de sustentabilidade, equidade e eficiência.

O dirigente da Federação Sindical da Administração Pública José Abraão lamentou que os representantes dos beneficiários não tivessem sido convidados para a integrar a Comissão de Reforma.

“É lamentável que os representantes dos trabalhadores, que são os beneficiários da Assistência na Doença aos Servidores do Estado (ADSE), não possam integrar a comissão que vai propor as medidas para a revisão do sistema”, disse o sindicalista.

Anterior governo previa 30 ME
O ministro da Saúde reconheceu que as contas do setor tiveram um fecho pior do que o esperado, em parte devido aos medicamentos...

Adalberto Campos Fernandes falava na Comissão Parlamentar da Saúde, numa audição solicitada pelo PCP para debater o reforço da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e pouco antes do início de uma reunião conjunta das comissões da Saúde e de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa sobre o Orçamento do Estado para 2016.

Inicialmente, o ministro esperava fechar as contas de 2015 com um défice de 30 milhões de euros, segundo as contas previstas pelo anterior governo, mas os encargos associados à terapêutica inovadora para o tratamento da hepatite C, não previstos no orçamento inicial, bem como outros medicamentos oncológicos, ajudaram a disparar esse valor para os 259 milhões de euros.

O ministro mostrou-se confiante no regresso dos médicos reformados através da medida que permite a estes clínicos auferirem 75% sobre a pensão que recebiam no momento de saída.

Para Adalberto Campos Fernandes, não é o só o dinheiro que justificará este regresso, mas sim algumas condições, como a possibilidade de escolherem o número de horas que pretendem trabalhar, bem como uma ou meia lista de utentes ao seu encargo.

“Fomos tão longe quanto podíamos”, disse o ministro, acrescentando que, pelos “sinais no terreno” que tem recebido, “muitos médicos” deverão voltar ao SNS. “O retorno parece evidente”, disse.

Sobre este regresso, Adalberto Campos Fernandes disse concordar com a deputada social-democrata Fátima Ramos, para quem a substituição de um médico com experiência por um outro com menos anos de trabalho não é a mesma coisa.

“Médicos qualificados tratam melhor os doentes” e, logo, “os indicadores de saúde melhoram”, disse o ministro.

Na mesma resposta à deputada Fátima Ramos, que questionou Adalberto Campos Fernandes sobre o valor a pagar por hora extraordinária aos profissionais de saúde, o qual baixou durante o programa de assistência, este começou por dizer que “o anterior modelo foi errado”, nomeadamente porque visava “compensar baixos salários com recurso excessivo ao trabalho extraordinário”.

Para o ministro, as horas extraordinárias devem ser isso mesmo: extraordinárias. Nesse sentido, pretende que representem 3 a 4% da despesa com recursos humanos e não os atuais 12%.

Lançamento de livro
Uma lesão na medula por inalação de monóxido de carbono deixou Marta Canário numa cadeira de rodas, um caso raro que há 25 anos...

O dia 11 de março de 1991 ficou marcado na sua vida, como o dia em que tudo mudou. “Foi o terminar de um ciclo e o início de outro, como se alguém tivesse pegado nas cartas da minha vida e as baralhasse para um novo jogo”, escreve Marta Canário no livro “Ser feliz é uma escolha”, que é lançado na quinta-feira.

Nesse dia, estava um “frio de rachar” e Marta, na altura com 15 anos, decidiu ir tomar banho, levando um dos seus dois cães porque “não se davam muito bem”.

“Fechei a porta, a janela da casa de banho, liguei um aquecedor e comecei a tomar banho. A certa altura, o cão começou a ladrar, a querer sair. Desliguei a água, saí da casa de banho, deixei-o lá fora e voltei para tomar banho”, começou por contar.

A certa altura, começou a sentir-se zonza. Desligou a água e sentou-se à espera que aquela sensação passasse. A partir daí não se lembra de mais nada.

Duas horas e meia depois, Marta foi encontrada pela irmã e transportada para o hospital. “Acordei do coma cinco horas depois, com muita dor de cabeça, mas a raciocinar bem, só não sentia as pernas”, lembra.

Depois de alguns exames e “montanhas de avaliações” os médicos concluíram que a paralisia se devia a uma lesão na medula devido à inalação de monóxido de carbono.

"Fui caso único no mundo, pelo menos que os meus médicos tivessem conhecimento”, escreve no livro, adiantando que este facto alimentava a esperança de que tudo iria voltar ao normal.

“Mesmo que alguns médicos de Alcoitão me dissessem que as rodas da cadeira iriam ser as minhas pernas, nós não encarávamos isso dessa forma”, adiantou Marta, assessora de imprensa há 17 anos.

Marta deslocou-se a Londres, onde “dois reputados neurologistas” lhe disseram que os tratamentos de lesões medulares estavam a ser estudados em ratinhos em laboratório e não sabiam se a solução ia demorar um ano, 30 anos ou nunca ia ser encontrada.

"Comecei a fazer a minha vida normal, os meus amigos pegavam em mim, levavam-me para a praia, saíamos à noite, era tudo normal, com a diferença de que fazia tudo sentada”, conta, com graça.

Aos 29 anos, Marta enfrentou um novo obstáculo, uma septicemia quase fatal, que a fez “evoluir imenso como pessoa” e aprender “a respeitar a dor dos outros”, as suas limitações e fragilidades.

"Se não tivesse ficado de cadeira de rodas e não tivesse tido uma septicemia brutal, hoje seria uma pessoa completamente diferente. Não estou a dizer que seria uma pessoa pior, mas aquilo que me tornei agrada-me”, confessa Marta, agora com 40 anos.

Com o livro, Marta espera motivar outras pessoas: “É um livro positivo, que tem histórias duras, mas todas elas superadas”.

Sobre o dia do acidente, diz que mais do que lhe ter “roubado algo”, deu-lhe “a oportunidade de começar de novo”.

“Fez-me ganhar resistência, coragem e ainda o tempo necessário para parar e perceber que todos os dias podemos melhorar um pouco e tentar fazer a diferença na vida de alguém”.

Relatório “Vacinómetro”
Mais de 63% dos portugueses com 65 ou mais anos foram vacinados contra a gripe neste inverno, segundo estimativas divulgadas no...

No mesmo documento estima-se também que foram vacinados 30% das pessoas com doenças crónicas, e mais de metade (55,7%) dos profissionais de saúde com contacto direto com os doentes.

Foram ainda vacinados 34% dos portugueses com idades compreendidas entre os 60 e os 64 anos.

Em concreto, segundo o documento, foram vacinadas mais de 1,5 milhões de pessoas com mais de 60 anos, um número semelhante ao registado no ano passado.

Os dados, no conjunto, indicam que quase metade da população estudada, 49,4%, foi vacinada, com uma percentagem quase idêntica de homens e mulheres (ligeiro aumento de homens).

Ainda de acordo com o relatório, calcula-se que sete por cento das pessoas pertencentes aos grupos prioritários para vacinação foram vacinadas pela primeira vez.

O “Vacinómetro” é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, com o apoio de uma farmacêutica, e acontece nos últimos sete anos.

Permite, diz-se no documento, “monitorizar em tempo real, a taxa de cobertura da vacinação contra a gripe em grupos prioritários recomendados pela Direção-Geral da Saúde (DGS)”: pessoas com idades entre os 60 e os 64 anos, com 65 e mais anos, portadores de doenças crónicas e trabalhadores em instituições de saúde.

Para se chegar aos resultados agora anunciados são feitos questionários telefónicos ao universo dos grupos prioritários (1.500 pessoas no total), que no ano passado indicaram uma muito maior adesão à vacina dos doentes crónicos (55,3% contra os 30% deste ano) mas uma menor dos profissionais de saúde (51,7 no ano passado contra os 55,7 deste ano).

Robalo Cordeiro, ex-presidente da SPP, disse que a quebra na vacinação de doentes crónicos é o mais negativo do relatório, por se tratar de uma população de “alto risco”.

“Não estamos a chegar a estes doentes e fazem parte de um dos grupos de risco fundamentais. A estratégia para o próximo ano deve ter em conta os doentes crónicos”, disse o especialista.

Os aspetos positivos, salientou, foi a manutenção de um número elevado de pessoas vacinadas com mais de 65 anos, que “cumpre e até ultrapassa a meta da DGS”, e um aumento nos profissionais de saúde.

Portugal está em condições de chegar à meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde de vacinação de 75% das pessoas com 65 e mais anos em 2020, salientou.

E - acrescentou - “há outro excelente indicador que é o dos profissionais de saúde, que dão o exemplo e que estão empenhados em promover a prevenção”.

Robalo Cordeiro também salientou que sete por cento dos inquiridos tivesse dito que se tinha vacinado pela primeira vez. “Se todos os anos tivermos um aumento assim estamos no bom caminho”, disse, notando que a vacina da gripe “claramente tem funcionado”.

Cientistas desenvolvem
Cientistas russos criaram chocolate com carne de ouriço, estrela-do-mar e limão que melhora o metabolismo e prolonga o número...

“O extrato de ouriço e estrela-do-mar retarda o envelhecimento e corrige os processos metabólicos, melhorando a qualidade de vida e contribuindo para a longevidade”, anunciou, em comunicado, a Academia de Ciências da Rússia (ACR).

Cientistas do Instituto de Química Orgânica, ligado à Universidade Federal do Extremo Oriente russo, consideram que o novo chocolate vai ser muito mais benéfico para o organismo.

Este instituto estuda há mais de 40 anos a estrutura e as propriedades médico-biológicas das substâncias marinhas naturais, criando fármacos e suplementos alimentares.

Os mesmos cientistas apresentaram há alguns meses, em Moscovo, alimentos feitos de algas rodofíceas e laminárias da costa do Oceano Pacífico tais como saladas, gelatina, pão e salsichas.

Serviço Nacional de Saúde
O secretário de Estado da Saúde determinou que as revistas pessoais a trabalhadores e doentes do Serviço Nacional de Saúde são...

“Intervenção do PCP leva Governo a assumir que ‘revistas pessoais aos trabalhadores, doentes visitantes e demais utilizadores dos serviços e organismos do Ministério da Saúde são ilegais e colidem com os direitos, liberdades e garantias daqueles’”, refere, em comunicado, a Organização Regional do Porto do PCP.

Em causa está uma informação divulgada em janeiro de que, segundo uma norma aprovada no final de 2015, instituto de oncologia do Porto iria “passar a revistar, com a ajuda da PSP se necessário, malas, sacos, e carros de doentes, visitantes e funcionários”.

A administração do IPO/Porto garantiu então que "nunca foi necessário implementar” a revista, dizendo esperar “que assim continue”.

O PCP explica em comunicado que “ao tomar conhecimento da aprovação de um regulamento interno do IPO que contemplava revistas pessoais a visitantes, utentes e trabalhadores daquela instituição - que a própria administração reconheceu publicamente - o Grupo Parlamentar do PCP questionou o governo sobre o conhecimento que tinha desse referido regulamento”.

“Que medidas vão ser tomadas pelo Governo no sentido garantir que os direitos dos trabalhadores, dos doentes e dos visitantes não sejam violados com este procedimento?”, perguntou também o PCP no documento enviado ao Ministério da Saúde no final de janeiro e onde consideravam que aquela “medida oferece sérias dúvidas quanto à legalidade”.

Em resposta à pergunta feita pelo PCP, no qual os deputados comunistas alertaram ainda que estas revistas estavam a ser feitas por elementos de empresas de segurança privada, o governo “vem reconhecer que tais procedimentos são inaceitáveis”.

Numa “circular Informativa para conhecimento de todos os serviços e organismos integrados no SNS” sobre o “Controlo de Saída de Bens e Equipamentos nos Serviços e Organismos Integrados no SNS”, a Secretaria-Geral do Ministério da Saúde informa que “as revistas que redundam numa restrição dos direitos dos trabalhadores, doentes, visitantes e demais utilizadores de uma qualquer instalação (…) são ilegais”.

Segundo o PCP, a decisão do Governo confirma ainda “que o âmbito de atuação dos trabalhadores das empresas de segurança privada não se aplica ao definido no Regulamento interno do IPO”.

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