Dia Mundial da Água
Falta de energia, de concentração ou menor resistência muscular podem ser consequências da acidifica

O valor de acidez ou alcalinidade de um alimento ou líquido é definido pelo seu pH, que pode variar entre 1 (para o máximo de acidez) e 14 (o valor máximo de alcalinidade).

Para se manter vivo, o organismo humano tem de ser capaz de manter constante o valor do pH sanguíneo que se situa em 7.365 – um valor ligeiramente alcalino, tendo em conta que o valor ácido-base é 7 (o pH neutro).

Na realidade, o pH do nosso corpo funciona como regulador de todas as funções do organismo.

Nos processos metabólicos celulares normais são produzidos ácidos que são eliminados para o espaço entre as células, nos tecidos (o chamado espaço intercelular). Daqui passam para a corrente sanguínea que, rapidamente, os expulsa do organismo, essencialmente, através da urina.

Sabe-se que uma alimentação rica em alimentos alcalinos ajuda o organismo, em todo este processo, uma vez que contribui para a regulação do pH sanguíneo.

Por oposição, os alimentos processados, o meio ambiente, bem como o processo normal de envelhecimento contribuem para que o organismo acumule bastantes compostos ácidos.

Para os eliminar, o nosso organismo está constantemente a trabalhar, podendo dar origem a uma sobrecarga.

Quando tal acontece, pode dizer-se que o organismo está em sofrimento. As células têm dificuldade em desempenhas as suas funções. Mas não só!

Vários especialistas referem que um organismo demasiado ácido tem, como consequência, um desempenho físico e mental deficiente.

Para além de falta energia ou menor resistência muscular, também o aumento de peso, dores musculares e articulares ou doenças degenerativas e oncológicas lhe parece estar associadas.

A verdade é que, quando a quantidade de ácidos produzidos no nosso organismo se torna demasiado elevada, são ativados vários mecanismos de compensação. Uma vez que o cálcio é um mineral com capacidade de alcalinizar o sangue, a forma mais eficiente de proceder a esta compensação é ir buscá-lo aos ossos. A osteoporose é uma das consequências.

De acordo com vários nutricionistas e naturopatas, a ingestão de água alcalina é uma forma de compensar a acidificação do organismo, ajudando a recuperar a vitalidade orgânica e a sensação de bem-estar.

É que um ambiente alcalino é menos propício à inflamação, o que pode reduzir as probabilidades de se vir a sofrer de doenças inflamatórias ou degenerativas, por exemplo.

Sendo uma excelente fonte de antioxidantes ajuda ainda a retardar os sinais do envelhecimento e a hidratar e rejuvenescer a pele.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Investigadores de Coimbra concluíram que a lesão mais frequentemente provocada pela quimioterapia no tecido hepático é...

A descoberta surgiu no âmbito do primeiro estudo clínico realizado em Portugal sobre “as consequências da quimioterapia sobre o fígado dos doentes com metástases de cancro colorretal e o seu impacto sobre as complicações pós-operatórias”, anunciou a Universidade de Coimbra (UC).

A investigação, que vai continuar a ser desenvolvida, pretende detetar o motivo pelo qual a quimioterapia causa lesões no fígado de doentes com metástases de cancro colorretal (que é “um dos tumores com maior incidência em Portugal”), impedindo o sucesso da cirurgia hepática, a razão pela qual a quimioterapia é responsável pela principal lesão e qual é o padrão de incidência das lesões.

As metástases são “uma das principais causas de morte por cancro do cólon, surgindo em cerca de 60% dos casos, sendo que o fígado é um dos órgãos mais afetados pela disseminação (metastização) deste tipo de tumor”, sublinha a UC, numa nota hoje divulgada.

“A cura pode passar pela ressecção cirúrgica, ou seja, pela remoção de parte do órgão”, mas “só 20% dos pacientes são candidatos a cirurgia desde o início”.

Os restantes doentes têm de efetuar quimioterapia, criando “o grande problema”.

Se, por um lado, “a quimioterapia aumenta bastante a possibilidade de cirurgia”, por outro pode causar “lesões graves no tecido hepático, desencadeando um conjunto de complicações pós-operatórias”, como insuficiência hepática, refere a UC.

A equipa de investigadores da UC “verificou que a lesão mais frequentemente provocada pela quimioterapia no tecido hepático, síndrome de obstrução sinusoidal (SOS), é responsável pelo aumento do risco de complicações pós-operatórias, impedindo a regeneração do fígado”, embora nem todos os doentes tenham desenvolvido a lesão, explica o coordenador do estudo, Henrique Alexandrino.

A chave para resolver o problema “poderá estar na mitocôndria, organelo celular responsável pela produção de energia”, acrescenta o cirurgião e investigador da Faculdade e Medicina da UC.

“As mitocôndrias são fundamentais para a regeneração do fígado, mas podem estar a ser prejudicadas pela lesão do tipo SOS, impedindo assim a adequada recuperação do fígado e do doente”, sublinha Henrique Alexandrino.

Perceber como a lesão SOS condiciona a função das mitocôndrias é o próximo passo da investigação, estando já em curso experiências em modelos animais, no Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC.

Os resultados obtidos noutros estudos clínicos “são muito promissores”, salienta Henrique Alexandrino.

“Além de revelarem a importância das mitocôndrias na regeneração do fígado, abrem caminho não só para o desenvolvimento de novos fármacos para melhorar a regeneração hepática, como também para o avanço de novas estratégias cirúrgicas, aperfeiçoando técnicas que possibilitem aumentar o número de pacientes candidatos à cirurgia hepática, assegurando uma recuperação eficaz”, acrescenta o investigador.

Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
O coordenador da Unidade de Transplantação Hepática Pediátrica e de Adultos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra...

"Há possibilidades de expandir ainda um pouco a atividade na nossa unidade, mas isso é o salto qualitativo e quantitativo para outro patamar que falta dar", disse o cirurgião Emanuel Furtado, que há quatro anos retomou o programa de transplantes hepáticos desativado naquela unidade desde 2011.

Desde 2012 que foram realizados mais de 40 transplantes em crianças, numa média de 10 a 12 por ano, e quase 200 em adultos, "resultados perfeitamente comparáveis com aquilo que se faz de bom no mundo", revelou o coordenador da unidade.

Segundo Emanuel Furtado, "os 71 transplantes realizados em 2013 são o exemplo de um esforço enorme e da conjugação de uma série de fatores que contribuíram para que, de uma forma favorável, se conseguisse um número que nunca tinha sido feito".

"Ao longo dos anos há uma variabilidade muito grande nesta atividade de transplantação, porque ela depende de fatores que não controlamos, nomeadamente nas unidades cuja atividade se baseia na utilização de órgãos de dador cadáver", explicou.

Neste momento, disse o cirurgião, a Unidade de Transplantação Hepática Pediátrica e de Adultos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) consegue colocar duas equipas a trabalhar ao mesmo tempo, "que é algo que não se conseguia antes e, portanto, é um avanço muito grande".

"Não consegui ainda completamente ter três equipas a funcionar porque se registou a saída de um cirurgião já formado. A equipa voltou atrás em termos de formação, mas felizmente que já tínhamos mais duas cirurgiãs numa fase avançada de formação e temos três pessoas que estão numa fase muito avançada da sua autonomia em termos de transplantação", disse Emanuel Furtado.

O coordenador da unidade frisa que a equipa tem concentrado a sua capacidade toda no atendimento aos doentes e na prossecução dos objetivos puramente assistencial e de formação, mas que tem "um défice na produção científica, investigação, nas instalações, e no atendimento aos doentes, no que diz respeito aos tempos de espera”.

"Aspetos que são extremamente importantes e que de uma maneira geral nos nossos hospitais e na unidade que coordeno não estão suficientemente bem cuidados. O passo seguinte é saltar para esse patamar", referiu o cirurgião, salientando que estes quatro anos serviram para "construir a capacidade de resposta da atividade assistencial para poder dar o salto para outro nível".

A taxa de sobrevivência ao ano nos transplantes chega a estar acima de 90%, embora Emanuel Furtado saliente que "há grupos muito diferentes dentro da transplantação", com taxas de sobrevida diferenciadas consoante a tipificação dos doentes.

"As taxas que são aceitáveis para pediatria são muito diferentes das aceitáveis para adultos. Hoje em dia em pediatria ter sobrevida ao ano inferiores a 92% é inaceitável, enquanto para os adultos não é assim, porque as doenças são muito diferentes e a capacidade de resistir a uma doença e a um procedimento são diferentes", sublinhou.

O presidente do conselho de administração do CHUC considerou o programa de transplantes um caso de sucesso e recordou que "há quatro anos as crianças tinham de ser transplantadas em Espanha, com custos para as famílias, para os doentes e para os contribuintes".

"Os últimos quatro anos foram de muito trabalho dos nossos profissionais, sempre focados em princípios de responsabilidade, de ambição e de competência, que transformaram o CHUC num dos mais importantes centros nacionais, com resultados comparáveis aos melhores centros de transplantação europeus", sublinhou Martins Nunes.

Universidade de Aveiro
A bactéria chama-se "Enterobacter cloacae" e, até agora, era apenas controlada através do uso de antibióticos. Mas a...

Na Universidade de Aveiro (UA) uma equipa de investigadores conseguiu eliminar estas bactérias com recurso à terapia fágica, escreve o Sapo. Inócua para os seres humanos e muito mais barata de aplicar do que os antibacterianos, a terapia utiliza a ação de vírus específicos que destroem apenas as bactérias.

O trabalho abre as portas a um futuro onde as bactérias nefastas para a saúde humana, muitas das quais resistentes a antibióticos, possam ser eliminadas de forma rápida, eficaz e sem efeitos secundários.

"A nossa investigação prova que o Enterobacter cloacae, uma das bactérias mais frequentemente implicadas nas infeções urinárias, pode ser inativada pelos fagos [vírus que destroem somente as bactérias e que são inofensivos para a saúde humana]", explica Adelaide Almeida, investigadora do Laboratório de Microbiologia Aplicada e Ambiental da academia de Aveiro e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da UA e coordenadora do trabalho publicado no último número da revista Virus Research.

Pelos mesmos mecanismos estudados na UA, com os quais os fagos infetam o Enterobacter cloacae e usam o seu metabolismo para se replicarem até o inativar, também outras bactérias similares, resistentes ou não a antibióticos, causadoras tanto de infeções urinárias como de outro tipo, poderão ser eliminadas através desses vírus isolados especificamente para o efeito.

No futuro, o paciente poderá receber o tratamento fágico por administração epidérmica ou via oral.

"Esta tecnologia, que inativa tanto bactérias resistentes a antibióticos como bactérias não resistentes, pode ser uma alternativa aos antibióticos, nomeadamente quando as bactérias que causam a infeção são resistentes aos antibióticos", aponta a investigadora. E caso as bactérias desenvolvam resistência aos fagos, garante, "é fácil isolar novos fagos no ambiente". Por outro lado, "as bactérias que desenvolvam essa resistência crescem mais lentamente e não são tão patogénicas como as não resistentes".

A elevada eficiência na inativação bacteriana através do recurso a fagos, associada à sua segurança e aos longos períodos de sobrevivência destes vírus, mesmo em amostras de urina utilizadas pelos investigadores, aponta Adelaide Almeida, "abre caminho para estudos mais aprofundados, especialmente in vivo, para controlar infeções do trato urinário e evitar o desenvolvimento de resistências por estirpes de Enterobacter cloacae a nível hospitalar".

Cirurgia de ambulatório
Médicos anestesiologistas de mais de 20 unidades hospitalares criaram uma proposta intitulada "Recomendações para a...

"Esta proposta, destinada a todos os profissionais de saúde envolvidos em programas de cirurgia de ambulatório, decorre do crescente aumento da população idosa e obesa em Portugal que obrigam a cuidados especiais, nomeadamente no que à anestesia diz respeito", explica Vicente Vieira, média anestesiologista e membro da Direção da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA).

"É necessário uma avaliação pré-operatória rigorosa dos doentes e a seleção da técnica anestésica mais segura para cada doente", acrescenta.

"O paciente obeso apresenta frequentemente outras patologias associadas, nomeadamente respiratórias, cardiovasculares e endócrino-metabólicas que exigem cuidados especiais. Por exemplo, estima-se que 70% a 80% destes pacientes tenham síndrome da apneia obstrutiva do sono e que esta ocorrência aumenta a probabilidade de complicações no pós-operatório", refere a especialista.

"Nos idosos é necessária especial atenção ao histórico clínico de doenças cognitivas e é fundamental a avaliação e otimização clínica de um vasto número de outras patologias. Neste grupo o principal objetivo é promover o rápido regresso do idoso ao seu ambiente familiar, através de uma adequada profilaxia das náuseas e vómitos e de uma analgesia eficaz, uma vez que isso implica uma menor disfunção cognitiva e uma mais rápida reabilitação", indica ainda.

Ambulatório representa 60% de toda a atividade cirúrgica
A cirurgia de ambulatório representa atualmente 60% de toda a cirurgia programada em Portugal, devido, em grande parte, à evidência científica de uma baixa taxa de complicações pós-operatórias - como infeções - e um elevado índice de satisfação por parte dos utentes, escreve o Sapo.

O trabalho em questão tem sido desenvolvido desde o último trimestre de 2015 e tem procurando estratégias comuns e consensuais na abordagem peri-operatória destes doentes.

Este grupo conta com o patrocínio científico de várias Sociedades Médicas, nomeadamente da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA), do Clube de Anestesia Regional (CAR) e da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia (SPA).

O resultado preliminar da Recomendações foi apresentado no passado dia 11 de março, no Congresso da SPA que decorreu na Figueira da Foz e vai agora ser disponibilizado para consulta e discussão pelos restantes anestesiologistas do país nos sites destas Sociedades Científicas.

Entregue na Assembleia da República
O documento foi entregue na Assembleia da República pela Associação Vegetariana Portuguesa e o Partido PAN - Pessoas, Animais e...

A Associação Vegetariana Portuguesa (AVP) entregou, na Assembleia da República, uma petição pela inclusão de opções vegetarianas nas cantinas públicas tendo sido recolhidas, segundo o Sapo, 15 mil assinaturas.

O PAN que se uniu à AVP nesta iniciativa explicou que a petição surgiu em fevereiro do ano passado por um membro da AVP e que representa a vontade de muitos portugueses que seguem regimes de alimentação que diferem da norma – alimentação ovo lacto-vegetariana ou estritamente vegetal – tal como, da necessidade de resposta a uma realidade que o país precisa de acompanhar.

Das 15 mil assinaturas recolhidas, 12 mil foram validadas e entregues na Assembleia para que a medida possa ser discutida e introduzir, posteriormente, opções vegetarianas nas escolas, universidades e hospitais portugueses.

O PAN deu entrada também, no final de janeiro, de um projeto de lei pela inclusão de opção vegetariana em todas as cantinas públicas.

Dia Mundial da Água
A água da torneira tem qualidade e os consumidores não necessitam de equipamentos purificadores, ao contrário do que as...

"Tem-se verificado nos últimos anos que algumas empresas tentam comercializar purificadores de água recorrendo a uma experiência enganadora e tentando assim convencer os consumidores da necessidade de tratamento adicional da água da torneira", disse Luís Simas.

"Quando existe acesso à rede de distribuição não há necessidade de fazer tratamento à água", alertou o responsável.

O diretor do departamento da Qualidade da Água da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR) falava a propósito do Dia Mundial da Água, que hoje se assinala, e que foi escolhido para a apresentação da sua nova imagem institucional.

Os três elementos que constituem o novo logótipo da ERSAR estão associados aos serviços regulados, ou seja, o abastecimento de água, o saneamento de águas residuais e a gestão de resíduos urbanos.

A entidade reguladora tem recebido vários pedidos de esclarecimento da parte dos consumidores sobre a necessidade, ou não, de instalarem equipamentos para tratamento da água da rede de distribuição.

Por isso, vem reforçar a informação de que o indicador de água segura em Portugal é de 98% e "pode ser bebida sem quaisquer adições, de tratamento ou de coisa alguma".

"Acima de tudo, pretendemos informar o consumidor que esses equipamentos não são necessários quando são servidos pela água da rede de distribuição, portanto não têm qualquer necessidade de fazer tratamento adicional", insistiu Luís Simas.

E salientou a necessidade de esclarecer "a forma utilizada para convencer o consumidor que é a realização de uma experiência com um impacto visual muito grande, mas depois utilizada de uma forma errada do ponto de vista técnico".

Assim, "a experiência leva, às vezes, o consumidor a tomar uma decisão que não está fundamentada" e aquilo que "nos preocupa é induzirem o consumidor em erro", acrescentou o diretor do departamento da Qualidade da Água.

A ERSAR salienta mesmo que "estes equipamentos produzem uma água de composição mineral desequilibrada e que em nada ajuda na proteção da saúde humana".

Além dos pedidos de informação dos consumidores, a ERSAR também é contactada por operadores a transmitir que "estas empresas atuam nas suas áreas utilizando o argumento de que a água da rede não tem qualidade adequada e têm um equipamento resolve os problemas todos".

Somente a pequena parte da população que não tem água da rede pública, porque vive em zonas isoladas, deve preocupar-se com a qualidade de água que lhes chega à habitação.

A taxa de cobertura da rede está acima de 95% e "o que é razoável do ponto de vista técnico já foi atingido".

Nestes casos, especificou, os consumidores podem contar com as autoridades de saúde locais, o regulador e o operador que está nesse concelho para ajudarem a estabelecer mecanismos de controlo e tratamento da água.

Governo vai anunciar
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior disse que "nunca houve um programa" mas "apenas uma intenção...

"Estamos a trabalhar com a própria comunidade médica e com o Ministério da Saúde. Nunca houve nenhum programa, houve uma intenção e estamos a trabalhar. [Novidades,] ainda esta semana", disse Manuel Heitor à margem da iniciativa "União Europeia- 30 anos, dez debates", que esta tarde decorreu na Faculdade de Engenharia, no Porto.

Em causa está um programa criado há um ano, por iniciativa do Governo PSD-CDS/PP, para incentivar a investigação médica de excelência.

A 5 de outubro, um dia depois das eleições Legislativas, foi publicado o regulamento do Programa Investigador Médico, a iniciativa mais ambiciosa, e a primeira a arrancar, de um programa mais vasto, intitulado Programa Integrado de Promoção da Excelência em Investigação Médica.

Contudo, no início de janeiro, um mês depois de o novo Governo PS ter tomado posse, após a queda do segundo Governo de direita, liderado por Pedro Passos Coelho, o Programa Integrado de Promoção da Excelência em Investigação Médica passou a constar na lista de iniciativas suspensas da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), cujos concursos estavam "em apreciação pela tutela".

Esta tarde, confrontado pelos jornalistas sobre se este projeto estaria "bloqueado", Manuel Heitor disse que "anunciará ainda esta semana" novidades.

ARS Centro
A Administração Regional de Saúde do Centro anunciou que o projeto para reduzir o sal no pão abrange atualmente 1,5 milhões de...

Por outro lado, 80% dos 336 consumidores auscultados no âmbito de um inquérito em padarias que integram o “pão.come” consideram este projeto “de muito interesse para a sua saúde”, afirma em comunicado o gabinete de relações públicas e comunicação da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro.

No estudo de opinião, realizado em 2015 pela equipa coordenadora do programa “minorsal.saúde”, que inclui o projeto “pão.come”, foi possível concluir que “a maioria das pessoas inquiridas (58%) não notou a diferença” da redução do sal no pão.

Desenvolvido desde 2007 pelo Departamento de Saúde Pública (DST) da ARS do Centro, o “pão.come” está integrado no programa estratégico de redução do cloreto de sódio na alimentação, o “minorsal.saúde”, e tem vindo a utilizar “uma metodologia gradativa de diminuição do teor do sal na confeção do pão”, propondo como objetivo final 0,8 gramas deste ingrediente por 100 gramas de pão.

O “pão.come” começou há oito anos, com 322 padarias aderentes em 26 concelhos do Centro, e já abrange 950 padarias em 73 concelhos.

“Até ao momento, já contabiliza 7.429 análises realizadas, contando, para esse efeito, com a rede instalada de serviços de saúde pública, assim como laboratórios de saúde pública da região”, segundo aquela nota.

O projeto deverá terminar em 2020 e “envolve uma vasta equipa” de médicos e enfermeiros de saúde pública, técnicos de saúde ambiental, nutricionistas, engenheiros sanitaristas, técnicos de laboratório e padeiros.

Distinguido com um prémio na categoria “promoção da saúde”, em 2009, e com uma menção honrosa dos Nutrition Awards, em 2010, o projeto integra a Estratégia Nacional para a Redução do Consumo de Sal na Alimentação, da Direção-Geral de Saúde, e “contribui de uma forma inequívoca para a melhoria da saúde da população”.

Os parceiros do “pão.come” são a Associação do Comércio e da Indústria da Panificação, Pastelaria e Similares e a Fundação Portuguesa de Cardiologia.

Governo
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, revelou que 13 centros de saúde, em Lisboa e no Alentejo, vão...

“Pretendemos, ao longo destas experiências-piloto, e serão 13 nesta primeira fase, iniciar a integração de médicos dentistas nos cuidados de saúde primários, de modo a que os utentes tenham uma acessibilidade fácil a cuidados de saúde oral e possamos prestar uma resposta com qualidade”, salientou o governante.

Fernando Araújo, que hoje se deslocou ao centro de saúde de Portel, no distrito de Évora, uma das unidades abrangidas pelo projeto-piloto, afirmou que a saúde oral é “uma área de fragilidade” no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Apesar do programa ‘cheque-dentista’ que temos tido ao longo destes últimos oito anos e para além de toda a política na área da prevenção e na promoção da saúde oral, continuamos a ter uma área de fragilidade, no sentido do acesso a cuidados de saúde oral”, disse.

Por isso, com esta iniciativa, que vai abranger, por enquanto, dois centros de saúde no Alentejo (Portel e Montemor-o-Novo) e 11 na zona de Lisboa, o Ministério da Saúde vai afetar profissionais de saúde oral àquelas unidades de cuidados de saúde primários.

“Os dentistas e os assistentes de medicina dentária irão estar, em presença física, nos centros de saúde e os utentes vão poder ser orientados”, pelos seus médicos de família, “para estes profissionais, de modo a termos uma resposta com qualidade em saúde oral”, afiançou o secretário de Estado.

O governante referiu que o objetivo é que, até final do 1º semestre deste ano, o projeto-piloto possa arrancar “com os profissionais a poderem tratar os doentes”, seguindo-se, “durante um ano”, a monitorização e avaliação para a experiência ser, depois, alargada a outras zonas do país.

A escolha das unidades de saúde, nesta fase inicial, regeu-se por dois critérios, segundo o secretário de Estado: centros de saúde que “já tivessem condições físicas próprias para esse fim”, para que a experiência “pudesse ser iniciada mais rapidamente”, e locais onde não houvesse “tanta oferta de cuidados de saúde”.

“Portel é um bom exemplo disso. Temos um centro de saúde com ótimas instalações” e num concelho “onde a população terá menos oferta de cuidados de saúde oral”, indicou, defendendo que é preciso que “os utentes confiem no SNS, nos médicos e na equipa de família” e que possam encontrar “vários tipos de resposta” e “com qualidade” ao nível dos cuidados de saúde primários.

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, José Robalo, explicou que, nesta área da saúde oral, vão ser privilegiadas “pessoas que já têm outras patologias e que necessitam mesmo de cuidados de uma forma mais rápida”.

“Estamos a falar por exemplo de um doente diabético”, que, nestes centros de Saúde, vai “ter acesso a todo o tratamento dentário”, indicou, explicando também que, tanto para Portel como para Montemor-o-Novo, vão ser encaminhados doentes de unidades de cuidados primários de concelhos vizinhos.

No Centro
Mais de 90% das escolas e infantários do Centro do país estão abrangidos pelo programa “sope.come”, criado há cinco anos pela...

“90% das escolas dos 1,º, 2,º e 3,º ciclos da região Centro e 96% dos jardins-de-infância estão abrangidos pelo projeto”, informou o gabinete de relações públicas e comunicação da ARS do Centro, em comunicado.

No momento, o programa “chega também às cantinas e refeitórios de 91% das instituições particulares de solidariedade social (IPSS)” da região.

Integrado no “minorsal.saúde”, programa estratégico de redução do sal na alimentação da população desenvolvido pelo Departamento de Saúde Pública (DSP) da Administração Regional de Saúde (ARS), o “sopa.come” reúne “as sete maiores empresas nacionais de restauração coletiva”.

O projeto tem-se revelado “de todo o interesse pela oportunidade de interação com as instituições aderentes”, segundo a nota.

“A articulação entre o DSP e as referidas empresas tem permitido desenvolver uma intervenção estratégica em conjunto que, na atualidade, abrange milhares de crianças, pessoas ativas e idosos”, adianta.

Além do trabalho de monitorização do teor do sal nas sopas de todos os estabelecimentos incluídos no projeto (refeitórios escolares, IPSS, hospitais e alguns restaurantes), “existe um grande trabalho de sensibilização para a problemática da redução do sal na confeção das refeições com o objetivo de prevenir doenças, nomeadamente as cardiovasculares e cerebrovasculares”, destaca a ARS do Centro.

Infarmed
A Agência Europeia de Medicamentos iniciou uma revisão de segurança para avaliar o risco de deposição de gadolínio nos tecidos...

Os meios de contraste contendo gadolínio incluem as seguintes substâncias ativas: ácido gadobénico, gadobutrol, gadodiamida, ácido gadopentético, ácido gadotérico, gadoteridol, gadoversetamida e ácido gadoxético. Em Portugal, estão comercializados os meios de contraste MultiHance, Gadovist, Omniscan, Magnevist, Dotarem, Optimark e Primovist.

Estes medicamentos podem ser administrados antes ou durante a ressonância magnética para intensificação do contraste, ajudando a obter melhores imagens dos órgão e tecidos. Após administração, os meios de contaste contendo gadolínio são maioritariamente eliminados pelos rins mas alguns estudos indicam que este elemento pode acumular-se em certos tecidos e órgãos, incluindo fígado, rins, músculos, pele e ossos.

Publicações recentes1-7 relatam que estes meios de contraste também se podem acumular no tecido cerebral. Em Janeiro de 2016, o Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância (PRAC) da EMA reviu estas publicações.

Apesar de não terem sido notificados efeitos adversos relacionados com a deposição de gadolínio no cérebro, o PRAC irá realizar uma revisão de segurança para avaliar este risco.

Conforme divulgado na Circular Informativa nº 128/CD de 02/08/2010, também já foi feita uma revisão a estes meios de contrate, para avaliar o risco de Fibrose Sistémica Nefrogénica (FSN).

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e o Infarmed continuarão a acompanhar e a divulgar todas as informações pertinentes relativas a esta matéria.

1Errante Y, Cirimele V, Mallio CA, Di Lazzaro V, Zobel BB, Quattrocchi CC. Progressive increase of T1 signal intensity of the dentate nucleus on unenhanced magnetic resonance images is associated with cumulative doses of intravenously administered gadodiamide in patients with normal renal function, suggesting dechelation. Investigative radiology 2014;49(10):685-90.
2Kanda T, Fukusato T, Matsuda M, Toyoda K, Oba H, Kotoku J, et al. Gadolinium-based Contrast Agent Accumulates in the Brain Even in Subjects without Severe Renal Dysfunction: Evaluation of Autopsy Brain Specimens with Inductively Coupled Plasma Mass Spectroscopy. Radiology 2015;276(1):228-32.
3Kanda T, Ishii K, Kawaguchi H, Kitajima K, Takenaka D. High signal intensity in the dentate nucleus and globus pallidus on unenhanced T1-weighted MR images: relationship with increasing cumulative dose of a gadolinium-based contrast material. Radiology 2014;270(3):834-41.
4Kanda T, Osawa M, Oba H, Toyoda K, Kotoku J, Haruyama T, et al. High Signal Intensity in Dentate Nucleus on Unenhanced T1-weighted MR Images: Association with Linear versus Macrocyclic Gadolinium Chelate Administration. Radiology 2015;275(3):803-9.
5McDonald RJ, McDonald JS, Kallmes DF, Jentoft ME, Murray DL, Thielen KR, et al. Intracranial Gadolinium Deposition after Contrast-enhanced MR Imaging. Radiology 2015;275(3):772-82.
6Quattrocchi CC, Mallio CA, Errante Y, Cirimele V, Carideo L, Ax A, et al. Gadodiamide and Dentate Nucleus T1 Hyperintensity in Patients With Meningioma Evaluated by Multiple Follow-Up Contrast-Enhanced Magnetic Resonance Examinations With No Systemic Interval Therapy. Investigative radiology 2015;50(7):470-2.
7Radbruch A, Weberling LD, Kieslich PJ, Eidel O, Burth S, Kickingereder P, et al. Gadolinium retention in the dentate nucleus and globus pallidus is dependent on the class of contrast agent. Radiology 2015;275(3):783-91.

Infarmed
O Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância da Agência Europeia de Medicamentos emitiu recomendações provisórias para...

O Zydelig está autorizado na União Europeia para o tratamento de leucemia linfocítica crónica (LLC) e linfoma folicular e está a ser alvo de uma revisão de segurança devido ao aumento da ocorrência de eventos adversos graves incluindo mortes em três ensaios clínicos. A maioria das mortes deveram-se essencialmente a pneumonias por Pneumocystis jirovecii, infeções por citomegalovirus e outros eventos respiratórios.

Até que a avaliação esteja concluída, o Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância (PRAC) emitiu as seguintes medidas de precaução provisórias:

Profissionais de Saúde
- O Zydelig não deve ser administrado como primeira linha em doentes com LLC cujas células cancerígenas tenham deleção em 17p ou mutação da TP53, ou em doentes com infeção sistémica;
- O Zydelig pode continuar a ser utilizado em combinação apenas com o rituximab em doentes com LLC que receberam, pelo menos, uma terapêutica prévia, e em monoterapia em doentes com linfoma folicular que sejam refratários a duas linhas de tratamento;
- Os doentes que estejam a fazer terapêutica com Zydelig para LLC devem ser reavaliados e o tratamento só deve ser continuado se os benefícios superarem os riscos;
- Os doentes que estejam a fazer terapêutica com Zydelig devem fazer tratamento profilático da pneumonia por P. jirovecii e ser monitorizados para os sintomas e sinais respiratórios. 
- Nos doentes que estejam a fazer terapêutica com Zydelig devem ser monitorizadas regularmente:
- função respiratória;
- infeção por citomegalovírus;
- deteção de neutropenia.

  • No caso de o doente apresentar uma neutropenia moderada ou grave, o tratamento com Zydelig deve ser reavaliado podendo ser interrompido.

- Os doentes devem ser informados sobre o risco de infeções graves com Zydelig;

Informação para o doente
- Se estiver a tomar Zydelig é necessário detetar e tratar precocemente algumas infeções para permitir que o tratamento seja seguro. Para isso, é necessário a utilização de antibióticos para prevenir um tipo de pneumonia e a monitorização da ocorrência de infeções.
- Se tiver febre, tosse ou dificuldade em respirar deve contactar imediatamente o seu médico;
- Deve continuar a tomar o medicamento de acordo com as indicações do seu médico, a quem deve recorrer em caso de dúvida.

Os profissionais de saúde irão receber por escrito mais detalhes sobre as medidas provisórias e a informação do medicamento será atualizada em conformidade.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e o Infarmed continuarão a acompanhar e a divulgar todas as informações pertinentes relativas a esta matéria.

Infarmed
O Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância da Agência Europeia de Medicamentos concluiu a avaliação do risco de...

Os corticosteroides são uma classe de medicamentos que, quando usados por via inalatória, reduzem a inflamação nos pulmões facilitando a respiração. Estes medicamentos são utilizados no tratamento da doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) com recurso a dispositivos para inalação.

Em Portugal, corticosteroides para inalação disponíveis são o budesonida e a fluticasona com indicação para o tratamento da DPOC por via inalatória.

O Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância (PRAC) considera que, apesar de os doentes com DPOC tratados com corticosteroides para inalação apresentarem maior risco de desenvolver pneumonia, os benefícios destes medicamentos continuam a ser superiores aos riscos. Adicionalmente, não foram identificadas diferenças no risco de pneumonia entre os vários corticosteroides avaliados.

Com base na avaliação realizada, o PRAC considerou que a informação destes medicamentos deve ser atualizada para incluir a referência à necessidade de os médicos e doentes com DPOC estarem atentos aos sinais e sintomas de pneumonia, uma vez que estes se podem confundir com os da exacerbação da doença subjacente.

A recomendação do PRAC será remetida para o Comité dos Medicamentos de Uso Humano (CHMP) para adoção de uma opinião.

Infarmed
A Agência Europeia de Medicamentos iniciou uma revisão de segurança dos antivirais de ação direta, utilizados no tratamento da...

Os antivirais de ação direta1 autorizados na União Europeia são: Daklinza (daclatasvir), Exviera (dasabuvir), Harvoni (ledipasvir + sofosbuvir), Olysio (simeprevir), Sovaldi (sofosbuvir) e Viekirax (ombitasvir + paritaprevir + ritonavir).

Esta revisão surge na sequência da notificação de casos de reativação da hepatite B em doentes infetados com vírus da hepatite B e C e que tinham sido tratados com antivirais de ação direta para a hepatite C.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) irá agora avaliar a extensão da reativação da hepatite B em doentes tratados com antivirais de ação direta para o tratamento da hepatite C e analisar a necessidade de tomar medidas adicionais para otimizar o tratamento.

Até que esteja concluída a avaliação, os doentes devem continuar a tomar os medicamentos de acordo com as indicações do seu médico, a quem devem recorrer em caso de dúvida.

A EMA e o Infarmed continuarão a acompanhar e a divulgar todas as informações pertinentes relativas a esta matéria.

1Os medicamentos Exviera e Viekirax não se encontram comercializados em Portugal.

Estudo
A crise teve um impacto na saúde mental dos portugueses, em particular nos desempregados, idosos e pessoas com baixos...

Dois estudos que integraram o projeto Smaile registam um impacto da crise na saúde mental da população portuguesa, em especial nos desempregados, idosos e pessoas com baixos rendimentos, bem como pessoas com maior probabilidade de isolamento social, como é o caso de viúvos, divorciados e solteiros.

Um desses estudos, que analisa as consultas e internamentos em serviços de psiquiatria nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, refere que, entre 2007 e 2012, registou-se um aumento de consultas em psiquiatria nos solteiros (45%), nos viúvos (30%), nos desempregados (63%), estudantes (63%), nos reformados (27%) e nos sem atividade (38%).

Nas consultas, registou-se ainda um aumento em ambos os géneros, e em especial nos grupos etários dos 30 aos 49 anos (mulheres 11% e homens 22%) e dos utentes com mais de 65 anos (mulheres 42% e homens 47%).

Essa investigação, a que a agência Lusa, teve acesso refere ainda que no mesmo período houve um incremento de internamentos para o grupo etário dos 50 aos 64 anos (17,7%), para o grupo dos divorciados (19,2%) e para os desempregados (43%).

A psiquiatra e uma das investigadoras do estudo, Graça Cardoso, sublinha que "em momentos de crise, há que garantir serviços e apoios para minimizar" os efeitos da mesma, afirmando que em Portugal "cortou-se a eito, com pouco cuidado e deixando desprotegidas as pessoas que já estavam mais vulneráveis".

Segundo a investigadora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, seria necessário um reforço dos serviços de saúde mental na comunidade e de cuidados primários, acompanhado por "políticas sociais dirigidas para os grupos mais vulneráveis".

Os resultados alcançados nos diferentes estudos integrados no Smaile "sugerem o impacto da crise na saúde mental da população", registado "na utilização dos serviços de saúde, nas condições económico-financeiras reportadas pelos indivíduos com pior saúde mental e na associação entre os padrões geográficos de mortalidade por suicídio e de privação material", sublinha a investigadora Paula Santana, coordenadora do projeto que procurou analisar a relação entre a crise e a saúde mental em Portugal.

Um dos estudos, que consistiu num questionário a 1.066 pessoas de Amadora, Lisboa, Mafra e Oeiras, feito entre 2014 e 2015, conclui que os inquiridos com rendimentos mais baixos e em situação de desemprego registam pior saúde mental.

"Além dos rendimentos e da condição perante o trabalho", existem outros fatores identificados neste inquérito que influenciam a saúde mental da população, sublinha a investigadora e coordenadora do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território (GEGOT) da Universidade de Coimbra.

Pessoas "do sexo feminino, com menor escolaridade, sem atividade física, com excesso de peso ou obesidade, com familiares desempregados, que expressaram ter dificuldades em pagar despesas, revelam maior risco de pior saúde mental", salienta Paula Santana.

O projeto Smaile (Saúde Mental - Avaliação do Impacte das condicionantes Locais e Económicas) reúne diversos estudos centrados no impacto da crise na saúde mental em Portugal, tendo sido financiado pelo Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Estudo
Um projeto coordenado pelo Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra, aponta para...

Um dos estudos integrados no projeto Smaile (Saúde Mental - Avaliação do Impacte das condicionantes Locais e Económicas) que analisou as consultas e internamentos em serviços de psiquiatria nas Áreas Metropolitanas de Lisboa (AM) e do Porto aponta para um incremento de 67% de utentes com ideias suicidas em consultas nos serviços de psiquiatria de Lisboa e do Porto, entre 2007 (antes da crise) e 2012 (em crise).

A investigação, que procura analisar os efeitos da crise na saúde mental da população, aponta também para um aumento de 52% de consultas nos cuidados psiquiátricos das AM de Lisboa e do Porto de pessoas que realizaram pelo menos uma tentativa de suicídio nesse ano.

Nos doentes internados nos serviços de psiquiatria da área referida, comparando 2007 e 2012, o mesmo estudo refere que os grupos de utentes com tentativa de suicídio em que se registou um maior aumento de internamentos foram o das mulheres entre os 50 e os 64 anos (com um aumento de 52% dos internamentos) e o dos homens entre os 30 e os 49 anos (aumento de 34%).

Nos internamentos com ideação de suicídio, o grupo que registou um maior incremento foram também mulheres, entre os 50 e os 64 anos.

De acordo com a psiquiatra e investigadora deste estudo, Graça Cardoso, esse impacto particular nas mulheres pode estar relacionado com o facto de Portugal ter "uma alta taxa de ocupação [profissional] das mulheres", em comparação com os restantes países europeus.

"Aspetos como redução de salários, despedimentos e dificuldades na gestão do orçamento familiar poderão ter tido um efeito particularmente intenso neste grupo", refere o estudo do projeto SMAILE, sublinhando que as dificuldades económicas "aliadas ao papel social que as mulheres desempenham" podem-nas tornar "num grupo mais vulnerável", quando as famílias são afetadas pela crise.

Outro estudo presente no projeto Smaile, com base num inquérito a 1.609 residentes dos municípios da Amadora, Lisboa, Mafra e Oeiras, conclui que jovens (com menos de 35 anos) desempregados e com um nível de escolaridade mais elevado "são os que reportam pior saúde mental".

Uma das possibilidades, refere o investigador Pedro Pita Barros, centra-se nas "expectativas criadas com o acesso à formação superior, que sendo mais elevadas constituem um choque maior quando se dá a situação de desemprego".

No entanto, o investigador da Nova School of Business and Economics sublinha que deverá ser realizado "trabalho futuro para perceber melhor se é uma questão de expectativas ou se é outra justificação".

O projeto de investigação SMAILE, coordenado por Paula Santana do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território (GEGOT) da Universidade de Coimbra, procurou avaliar "o efeito das condicionantes locais e económicas na saúde mental e no uso dos serviços de saúde mental em tempos de crise".

Reunindo diversos estudos no mesmo projeto, os diferentes resultados sugerem "uma relação entre a crise a saúde mental", disse Paula Santana.

O projeto foi financiado pelo Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Doar o corpo à ciência
Faculdades registam cada vez mais inscritos a quererem dar o corpo para que médicos e alunos aprendam.

"O meu corpo tem alguma coisa diferente dos outros. Há já muitos anos que os médicos me disseram que tinha um mioma e me perguntaram como tive dois filhos. Acho que deve ser estudado. De todo o modo, ele não presta para nada, para que serviria, para estar debaixo da terra?" Adelaide completou em fevereiro 102 anos e foi há nove que decidiu apanhar o autocarro e dirigir-se à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Nova, em Lisboa, para garantir que o seu corpo, quando morresse, seria usado em nome da medicina. "Os médicos têm de estudar, eles precisam". No lar lisboeta onde se encontra há mais de dez anos, muitos idosos assinaram esta opção. Como eles, mais de cinco mil portugueses guardam a carta a ditar o seu destino para o final de vida.

Adelaide sente-se mais cansada, diz, a recuperar de uma infeção respiratória que levou ao seu internamento. Nessa altura, os médicos aproveitaram para pedir umas análises e exames. "Para quê? Eu já disse que não iam encontrar nada. Nunca encontram". Até há pouco calcorreava o lar, ajudava outros idosos a comer e até dava as suas escapadelas. Agora nem tanto. "Já me sinto mais cansada, nem tenho ido ao teatro ou à ginástica". Mas apesar de o coração estar mais cansado, o que a transtorna mais é mesmo ter dores nas pernas e problemas de circulação, escreve o Diário de Notícias.

Todos os dias fala com os dois filhos e mantém alguns pequenos prazeres como o café - que guarda no seu roupeiro - ou o queijinho. Vai à missa e ao Terço, gosta de companhia e de falar, até porque a televisão lhe diz pouco. Sobre a ida para o lar, onde já dava uma ajudinha, diz que "ninguém a mandou. Vim quando quis. Era um sábado, nem fui jantar. Fiz as mudanças, trouxe fotografias e pouco mais."

A decisão de doar o corpo à ciência foi igual. "Foi uma amiga que me falou nisso e eu fui logo lá, nem esperei. Depois contei à família. O meu filho até perguntou "a mãe sabe o que está a fazer?" E eu respondi que cada um sabe do seu corpo. Eu ainda tenho juízo".

Altruísmo e falta de recursos
Há seis faculdades a desenvolver programas de doação cadavérica, embora com algumas diferenças. Para o fazer, basta contactar as faculdades. A família idealmente deve ser informada, para ter conhecimento deste desejo e para o cumprir. "O processo é sigiloso e a doação ocorre depois de cumpridos os atos religiosos [para quem o quiser]. O corpo depois para no tempo", diz João O"Neill que dirige o departamento de anatomia da FCM, o que regista maior atividade nesta área.

O corpo é embalsamado e neste organismo, com uma "técnica única, o cadáver pode durar meses ou anos, mas temos dado vazão com o número de cursos". No final, a família é informada. Como em todas as faculdades contactadas, as despesas com a cremação, enterro e transporte, são cobertas.

O motivo principal das doações é ajudar a ciência a progredir, dizem os responsáveis dos departamentos de anatomia, já que além de haver dissecção de cadáveres nas aulas de anatomia, os corpos são usados na formação pós-graduada. Há aqueles que, por vezes, e porque o otimismo pode durar uma vida, "contactam-nos porque sabem que estão doentes e querem evitar problemas vindouros" diz um responsável do Instituto Abel Salazar, mas aqui não fazemos investigação". João O"Neill discorda. Aprendemos sempre coisas novas. Por vezes encontramos situações raras que tratamos como se estivéssemos na prática clínica".

Mas há quem queira minorar o sofrimento da família ou garantir que os familiares não gastarão fortunas num funeral. Mais raro, e em época de crise, sobretudo, há quem o faça porque a família não tem dinheiro para as despesas do funeral.

A Faculdade de Ciências Médicas deu início ao programa de doação cadavérica há 35 anos, com um único corpo. Este ano, a lista já vai em 2591 inscritos. "Recebemos 300 a 350 doações por ano e até já tivemos de restringir a nossa área de influência a 100 quilómetros", refere João O"Neill.

Todos os anos entram 40 a 60 novos cadáveres na faculdade, fruto desta dádiva, recursos que eram tão escassos antes que não chegavam para as necessidade de formação de quem estudava. Foi por essa razão que se criou uma legislação que enquadra estas matérias, seja na doação, seja na forma como os cadáveres e as peças humanas podem ser utilizadas.

Dulce Madeira, diretora do departamento de anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, lembra que até à lei de 1999, o habitual era usar corpos que vinham da medicina legal ou que não eram reclamados. E isso deixou de ser possível, até porque as pessoas não sabiam disso. A lei definiu quem pode fazer uma doação, os seus moldes e de que forma um corpo pode ser usado e dissecado para formação. O destino final, geralmente a cremação, também vem estipulado na lei.

Mais mulheres a doar
A maior de todas as regras será a impossibilidade de comprar ou vender um corpo. "Já tivemos pedidos um pouco estranhos, de pessoas que perguntam quanto pagamos, mas são raros, geralmente é pelas razões que é suposto". Esta faculdade iniciou o programa em 1980, mas foi em 2000 que teve um incremento progressivo, até rondar as cerca de cem doações por ano.

Depois da FCM, com 2591 inscritos, o departamento associado ao Hospital de São João é o que tem maior atividade, com 1286 inscritos, seguida da Faculdade de Medicina de Lisboa, com 500, ou a de Coimbra com 430. O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto, tem uma atividade mais reduzida, com 230 inscritos. A Universidade do Minho não respondeu ao DN, tal como a da Beira Interior, esta última sem atividade nesta área atualmente.

As mulheres são quem mais toma a iniciativa nesta área, que nada tem a ver com a doação de órgãos. Mas a pessoa que se inscreve pode desistir em qualquer momento da sua vida. Geralmente, são idosos ou pessoas acima dos 50 a assina r a dádiva, que pode ser feita pessoalmente, através de telefone, carta ou email," depende das unidades. "Mas é engraçado que há cada vez mais pessoas mais jovens. Temos pessoas com 19 anos, estudantes de medicina", acrescenta Dulce Madeira. Só no serviço do Porto há sete inscritos com menos de 20 anos e 66 com menos de 30.

Francisco Correia, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, diz que a unidade retomou a atividade depois das obras há cerca de dois anos, tendo mais inscrições. "Há muitas pessoas com 20 ou 30 anos. Antes a maior parte não era religiosa, mas isso também começa a mudar, querem ajudar, não querem ir para debaixo da terra".

Nada substitui o corpo no ensino
"Quem consertará uma máquina ignorando as peças de que é feita? Como se podem curar as doenças não conhecendo os órgãos que atacam?" Assis Leite era professor de anatomia da Real Casa Pia no século XVIII e já escrevia assim e pensava . Como hoje, só se aprende verdadeiramente anatomia dissecando, observando e descobrindo. Uma descoberta que remonta sobretudo à Escola de Alexandria, 300 anos antes de Cristo, quando houve estudos de dissecção que trouxeram conhecimento profundo do corpo humano. Este é o método de excelência, mas nem sempre é possível ou tanto como o desejável perante a falta de cadáveres.

O professor O"Neill explica que nem sempre a matéria deve ser o cadáver. "Depende da curva de aprendizagem. Há modelos perfeitos, para fins comerciais, e os fantomas [simuladores] que repercutem grosseiramente o corpo humano, podendo ser usados para massagem cardíaca ou canalizar uma veia".

Os simuladores - também há em Portugal - são evoluídos e dispendiosos, "mas não têm simulações infinitas e baseiam-se na média e não nas particularidades. Simuladores simulam, não são reais. E mesmo os modelos animais não são humanos. E cada pessoa é um caso diferente. Quando fazemos cursos avançados só os podemos fazer com material humano". Todos os anos, os cursos da faculdade envolvem 250 a 300 médicos e 80 a 100 formadores. Só no ano passado houve 15 cursos pós-graduados.

Em Coimbra, o professor e cirurgião António Bernardes diz que a unidade tem 12 corpos congelados e que faz "uma dissecção uma vez por ano nas aulas para 300 alunos, além dos cursos pós-graduados. Faltam cadáveres para incrementar a formação. "Acredito que talvez nem sempre a família cumpra a vontade de quem quer doar, porque recebemos três ou quatro cadáveres por ano". Mas as doações continuam a crescer.

Nos hospitais
Os médicos tarefeiros ou prestadores de serviços podem ser pagos por ato que praticam nos hospitais públicos, neste caso por...

Esta forma de contratação já era usada excecionalmente no Serviço Nacional de Saúde - o modelo previsto na lei é o pagamento à hora -, mas vem agora referida, pela primeira vez, num despacho publicado na semana passada. Segundo o documento, os hospitais devem converter o pagamento em horas trabalhadas e os diretores clínicos terão de validar as contratações.

Exemplos são o Hospital Amadora-Sintra, que em dezembro de 2015 no âmbito do plano de contingência da gripe decidiu pagar aos médicos por doentes observado, escreve o Diário de Notícias. Neste caso, o modelo que ainda está em vigor determinou o pagamento entre oito e 35 euros na urgência, de acordo com a cor da pulseira do doente. Mas há mais casos nos sites dos hospitais. Em Évora, por exemplo, há um pagamento de 30 euros por sessão de hemodiálise. A Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo pagava 30 euros por uma primeira consulta de endocrinologia e 25 euros pelas seguintes, pagando ainda cirurgias de acordo com o estipulado pela tabela do SIGIC (sistema integrado de gestão de inscritos para cirurgia) no caso da oftalmologia.

O Centro Hospitalar do Barreiro-Montijo pagava por ato na área da gastroenterologia e o de Coimbra pela codificação de processos clínicos, modalidade que uma fonte de uma ARS admite ser comum.

A legislação determina que o pagamento seja no máximo de 30 euros à hora por um especialista e 25 a não especialista, valores que descem cinco euros no caso de clínicos recém-formados.

Uma fonte ligada ao Ministério da Saúde admite que este despacho abre de alguma forma a porta a este modelo, a que é necessário recorrer devido à falta de recursos humanos, mas diz que não é o mais desejável pelos valores em causa e por estimular sobretudo o volume em detrimento da qualidade, por vezes. Já os profissionais tendem a preferir este modelo de pagamento, porque é mais rentável. A mesma fonte ligada à tutela explica que este pagamento pode ser "mais comum em exames e cirurgias, mas também em consultas".

Mais cinco mil horas por semana
Em 2015, o despacho que estabelece o limite de horas de prestação de serviços nas administrações regionais de saúde (ARS) não referia quaisquer pagamentos ao ato, apenas à hora. Agora, já o prevê, determinando que "excecionalmente e por motivos especialmente fundamentados, sempre que a prestação tinha por base a contratação ao ato, as instituições do SNS devem proceder à conversão da respetiva atividade em volume de horas".

O despacho é claro quanto à natureza de exceção das prestações de serviços na saúde. Aliás, o ministro Adalberto Campos Fernandes referiu por diversas vezes que há um objetivo de pôr um fim a estes cuidados em prol de modelos mais estáveis de contratação. No entanto, estava já em curso a negociação de um acordo quadro há vários meses, que agora entrou em vigor.

A legislação definiu um máximo de horas semanais que as regiões de saúde podem contratar por semana, que agora terão de ser distribuídas pelas diversas unidades hospitalares. E este ano há um aumento de quase 9% nas horas, que são mais cinco mil em todo o País.

Fazendo contas, só na ARS de Lisboa e Vale do Tejo há um limite de 23 237 horas por semana, o que significa que seriam necessários 581 profissionais, entre eles médicos, para dar resposta a esta necessidade, tendo por base horários de 40 horas semanais. O despacho prevê outras mudanças, como a necessidade de o diretor clínico do hospital validar a proposta de contratação ou renovação, não só analisando se é adequada e necessária, mas também para assegurar que há qualidade dos serviços.

Poucos médicos no acordo
O novo acordo quadro prevê que os médicos possam novamente prestar serviços a título individual e não apenas quando em empresas, como acontecia até 2015. No entanto, avaliando as listas presentes no acordo, há muitos poucos a integrar a lista de fornecedores do SNS. Apesar das tentativas por parte do Diário de Notícias, não existiram esclarecimentos relativamente a este assunto por parte dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. Uma fonte da tutela admitiu que o processo é burocrático, mas que houve várias formações na Ordem dos Médicos para esclarecer os clínicos.

Entre 2014 e 2015
Entre abril de 2014 e dezembro de 2015 foram registados no Serviço Nacional de Saúde 99 casos de mutilação genital feminina....

A maior parte das vítimas destas práticas que atentam contra os direitos fundamentais das mulheres e põem em risco a sua saúde são da Guiné-Bissau e Guiné Conacri e todas residem na região de Lisboa e Vale do Tejo.

De acordo com um relatório da Direção- Geral da Saúde, os 99 registos foram introduzidos na Plataforma de Dados de Saúde (PDS) por profissionais que trabalham nas unidades da região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo e observaram estas mulheres em contexto de consultas, internamento, gravidez ou puerpério, escreve o Jornal de Notícias.

Atualmente estas mulheres têm em média 30 anos. Contudo, a maioria sofreu a mutilação genital ainda em criança. "Em 83 casos (84% do total da amostra) a idade média em que foi realizada foi de 5,9 anos, variando entre 1 e 28 anos", refere o documento. Em cinco casos foi registada como "desconhecida" a idade da realização da prática e em 11 foi registada a idade zero.

De acordo com os registos efetuados "todas estas práticas foram realizadas fora do país e nenhuma durante a estadia da família em Portugal", acrescentam os relatores.

Mais de 50% das mulheres foram submetidas a esta prática na Guiné-Bissau, Guiné-Conacri e Senegal, países onde está descrita uma elevada prevalência da mutilação genital feminina (96% na Guiné Conacri, 50% na Guiné-Bissau e 26% no Senegal).

Números que, segundo o relatório, condizem com a distribuição das comunidades imigrantes residentes em Portugal e a prevalência estimada da mutilação genital feminina nesses países.

Em relação ao tipo de mutilação encontrada, de acordo com uma classificação da Organização Mundial de Saúde, 34% eram do tipo I (remoção parcial ou total do clítoris), 62% do tipo II (remoção parcial ou total do clítoris e dos pequenos lábios, com ou sem excisão dos grandes lábios) e 4% do tipo III (estreitamento do orifício vaginal através da criação de uma membrana selante, pelo corte e aposição dos pequenos lábios e/ou dos grandes lábios, com ou sem excisão do clítoris). Foram registadas complicações em 41 mulheres, sendo as psicológicas as que têm maior frequência de registos, seguidas das de resposta sexual e obstétricas.

Para a Organização Mundial da Saúde, a mutilação genital feminina constitui uma grave violação dos direitos fundamentais da mulher, comprometendo a sua saúde, em particular a saúde sexual e reprodutiva, o bem-estar físico e psicológico.

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