Investigação
Estar acima do peso pode aumentar a probabilidade de ser diagnosticado com cancro do estômago e do aparelho digestivo, assim...

Um relatório publicado na revista New England Journal of Medicine adiciona oito tipos de tumor à lista de doenças oncológicas já conhecidas por serem mais comuns entre pessoas com excesso de peso.

Em 2002, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS), com sede em França, afirmou que ter peso a mais poderia aumentar o risco de cancro do cólon, esófago, rins, mama e útero.

Agora, a IARC adicionou os tumor do estômago, fígado, vesícula, pâncreas, ovário e tiróide, assim como um tipo de tumor cerebral conhecido como meningioma e o mieloma múltiplo, um tipo de cancro do sangue, lê-se no relatório.

Os investigadores analisaram mais de 1.000 estudos sobre excesso de peso e riscos de cancro e concluíram que limitar o ganho de peso ao longo de décadas pode ajudar a reduzir o risco deste tipo de doenças.

"A incidência do cancro provocada pelo excesso de peso ou obesidade é mais extensa do que o pensado", disse o presidente do grupo de trabalho da IARC, Graham Colditz, da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis.

O cancro muitas vezes surge sem explicação. As suas causas incluem vírus, poluentes, fatores genéticos e radiações. Certos fatores do estilo de vida, como o tabagismo e o excesso de peso, também podem tornar uma pessoa mais propensa a esta doença.

Acredita-se que cerca de 9% dos casos cancro entre as mulheres da América do Norte, Europa e Oriente Médio estejam ligados à obesidade, acrescenta o relatório. O excesso de gordura pode promover inflamações no organismo e levar a uma superprodução de estrogénio, testosterona e insulina, que podem impulsionar o aumento do cancro, acrescentou o estudo.

Cerca de 640 milhões de adultos e 110 milhões de crianças no mundo são obesos. "Fatores relacionados com o estilo de vida, uma dieta saudável, manter um peso saudável e fazer exercício, além de não fumar, podem ter um impacto significativo na redução do risco de cancro", disse Colditz.

Gabinete de Monitorização
A rede de prestadores convencionados da Direção-Geral de Proteção Social aos Trabalhadores em Funções Públicas (ADSE) vai ser...

De acordo com um despacho publicado na edição de hoje do Diário da República, este gabinete irá, além de gerir a rede de prestadores convencionados, analisar a candidatura de prestadores à celebração de convenção, acordo, protocolo ou, ainda, à prestação de novos cuidados.

Caberá a este gabinete propor “a celebração, revisão, suspensão e denúncia de convenções, acordos e contratos com prestadores de cuidados de saúde, organizar e instruir os respetivos processos”.

“Divulgar os preços dos cuidados de saúde a praticar pelos prestadores convencionados” e “realizar estudos sobre a prestação de cuidados de saúde, designadamente sobre os preços e novos cuidados de saúde” são outras das funções do gabinete.

O novo órgão irá “desenvolver ações de monitorização e controle interno, visando a deteção de factos ou situações condicionantes da prossecução da missão da ADSE” e “realizar ações de monitorização e controle bem como inspeções a beneficiários, prestadores convencionados e farmácias”.

“Proceder à instrução de processos de averiguações, de inquéritos, de sindicância e disciplinares” são outros dos objetivos do gabinete.

Estudo
Jovens que sofrem lesões cerebrais traumáticas provocadas, por exemplo, por traumatismos cranioencefálicos, como concussões,...

O estudo foi realizado com base em dados de 100.000 crianças e adolescentes na Suécia que nasceram entre 1973 e 1985 e que sofreram pelo menos uma lesão cerebral traumática (TBI) antes dos 25 anos.

Os investigadores compararam os participantes com os seus irmãos saudáveis, acompanhando-os em média até aos 41 anos.

"Descobrimos que uma TBI previu consistentemente um risco maior de mortalidade prematura, internamento psiquiátrico, visita ambulatória psiquiátrica, pensão por invalidez  e baixo nível de escolaridade", ressalta o estudo liderado por Seena Fazel, da Universidade de Oxford.

"Os efeitos foram mais fortes para aqueles com lesões de maior gravidade ou reincidência", acrescentou.

A TBI é a principal causa de lesão e morte entre pessoas com menos de 45 anos em todo o mundo, de acordo com o estudo.

Acredita-se que 9% dos jovens sofrem de algum tipo de TBI ao longo da sua vida, de acordo com uma análise que se baseou em registos suecos de saúde de mais de um milhão de pessoas.

Num artigo que acompanha o estudo, os investigadores Donald Redelmeier e Sheharyar Raza, do Departamento de Medicina da Universidade de Toronto, advertem que os riscos relativos descritos no estudo são resultado de uma comparação entre dois grupos de pessoas.

Este risco é, portanto, diferente do risco absoluto que reflete as hipóteses de um indivíduo desenvolver um determinado problema ou doença durante a vida, e que é em geral uma percentagem menor.

"A maioria das pessoas parece recuperar-se completamente" e "não experimentam resultados adversos", escrevem os cientistas.

O estudo também não prova que as lesões cerebrais foram a causa dos problemas apresentados mais tarde, mostra apenas que existe uma associação entre ambas.

Bragança
Um estudo da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste revela que mais de 70 por cento dos estudantes do ensino secundário do...

No estudo hoje divulgado, a equipa de Saúde Escolar da ULS do Nordeste questionou 1.122 estudantes dos 5.º, 7.º, 10.º e 12.º anos para fazer um diagnóstico dos comportamentos com implicações na saúde dos alunos das escolas da região.

De acordo com as respostas dadas, embora todas as faixas etárias estejam bem informadas, os hábitos nocivos vão aumentando com a idade e nos 10º e 12º anos “72% dos estudantes refere que consome bebidas alcoólicas” em festas e saídas noturnas, considerando esta e outras substâncias como o tabaco e as drogas “calmantes” e “fundamentais para se divertirem”.

“Apesar de estarem conscientes dos perigos, acham que se consumirem vão divertir-se mais”, conclui o estudo.

O consumo de bebidas alcoólicas é admitido também “por 12% dos alunos” do 7º ano, com quatro por cento dos inquiridos neste grupo a assumirem que “fumar é um hábito" e destes "26% fumam diariamente”.

Os jovens foram questionados, segundo informou a ULS do Nordeste, sobre os seus conhecimentos e os seus comportamentos relativos a hábitos do dia-a-dia, como a higiene, a alimentação, o exercício físico, o número de horas de sono, bem como o consumo de álcool, tabaco e drogas, consoante a faixa etária abrangida por cada nível de ensino.

A avaliação aos alunos do 5.º ano, a maioria com idades entre os 10 e os 11 anos, concluiu que “esta faixa etária tem bons conhecimentos ao nível dos hábitos mais adequados de higiene oral, da importância de tomar o pequeno-almoço e de comer fruta e legumes, de praticar exercício físico e de dormir entre oito a nove horas diariamente”.

Relativamente à higiene, em nenhuma das escolas dos inquiridos há o hábito de lavar os dentes, prática que todos apontaram realizar em casa.

No que toca à alimentação, a maioria toma o pequeno-almoço e consome legumes e frutas. O exercício físico também está presente nos hábitos destes jovens.

Do inquérito sobressaem ainda algumas “ideias erradas”, nomeadamente na avaliação efetuada aos alunos do 10.º e 12.º anos, em que foi abordado o tema da Educação Sexual.

O estudo constatou que “apesar de 87% dos inquiridos terem conhecimento que o método mais eficaz para prevenir as doenças sexualmente transmissíveis é o preservativo, ainda há 10% que considera que a pílula tem a mesma função”.

Entre os inquiridos, “30% dos jovens admite que não utiliza proteção para prevenir as doenças sexualmente transmissíveis, de forma contínua e assertiva”.

Esta avaliação, levada a cabo no âmbito do Programa Nacional de Promoção da Saúde Escolar, “irá permitir à equipa de Saúde Escolar da ULS Nordeste direcionar as ações de sensibilização e de promoção da saúde para incentivar as crianças e jovens do distrito de Bragança a adotarem hábitos mais saudáveis, capacitando-os para se tornarem responsáveis pela sua saúde e bem-estar”.

Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro
O mais velho velejador nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o argentino Santiago Lange, de 54 anos, conquistou a medalha de...

A vitória chegou à 6.ª participação olímpica e menos de um ano depois de estar livre de um cancro do pulmão depois de uma cirurgia ao tórax.

O velejador argentino foi o mais velho em competição no Rio 2016 e foi o primeiro argentino a ganhar uma medalha de ouro na vela na classe Nacra 17, ao lado de Cecília Carranza Saroli, na terça-feira (16/08).

Em abril de 2015, foi-lhe diagnosticado um tumor maligno num pulmão. Ainda tentou evitar ser operado mas sentia-se cada vez mais cansado. Mesmo depois do diagnóstico inicial não deixou o mar.

Com cinco participações olímpicas no currículo, o engenheiro naval encarou a presença no Rio de Janeiro como uma motivação extra para vencer a doença.

O velejador regressou ao mar apenas cinco dias depois de lhe ser retirado metade do pulmão esquerdo, uma cirurgia que aconteceu a 22 de setembro de 2015, dia do seu aniversário.

No entanto, mais do que subir ao pódio, o objetivo do velejador argentino era acompanhar os dois filhos, Yago e Klaus, também eles atletas olímpicos que competiram na classe 49er.

Santiago Lange, ou Santi como é conhecido na Argentina, já tinha duas medalhas olímpicas no bolso: ambas de bronze, conquistadas na classe Tornado, em Atenas 2004 e Pequim 2008.

Investigação
As crianças dos Estados Unidos comem três vezes mais açúcares adicionados do que deveriam, alertou um grupo de investigadores...

Os bebés e as crianças com menos de dois anos não devem comer nenhum alimento com adição de açúcar e as restantes crianças devem ingerir uma quantidade de açúcar equivalente a, no máximo, 100 calorias por dia, de acordo com as recomendações da American Heart Association (AHA).

Isso significaria nada de bolos, biscoitos ou gelados para as crianças até ao seu segundo aniversário e menos de seis colheres de chá (25 gramas) por dia de açúcar adicionado para as restantes até aos 18 anos. Isso também implicaria que a maioria das crianças comesse apenas um terço do açúcar que consome atualmente, lê-se nas novas orientações desta associação publicadas na revista Circulation.

As crianças e os adolescentes norte-americanos comem em média 19 colheres de chá de açúcar adicionado por dia, segundo o relatório da AHA.

"Comer alimentos ricos em açúcares adicionados durante a infância está associado ao desenvolvimento de fatores de risco relacionados com doenças cardíacas, como a obesidade e a tensão arterial elevada", lê-se no estudo.

As novas diretrizes pretendem oferecer uma recomendação mais simples do que a declaração anterior da AHA, de 2009, que pediu limites diferentes de acordo com as faixas etárias.

"Tem havido uma falta de clareza e consenso sobre a quantidade de açúcar adicionado que é considerada segura para as crianças, por isso os açúcares continuam a ser um ingrediente adicionado a alimentos e bebidas, e o consumo geral por crianças continua elevado", comenta a autora Miriam Vos, professora de pediatria na Escola de Medicina da Universidade Emory, em Atlanta, Geórgia.

"A criança americana típica consome cerca do triplo da quantidade recomendada de açúcares adicionados", acrescentou à agência de notícias France Presse.

Os primeiros anos de idade são particularmente importantes porque é quando as crianças desenvolvem as suas preferências de sabor. Ou seja, as crianças podem vir a optar por alimentos mais saudáveis se não forem expostas a doces durante essa fase, segundo o relatório.

Os açúcares adicionados podem ser incorporados durante o processamento do alimento ou em casa, na forma de mel ou colheres de açúcar.

A partir de julho de 2018, a quantidade de açúcares adicionados em produtos industrializados deverá ser discriminada nos rótulos dos alimentos nos Estados Unidos.

"Até lá, a melhor maneira de evitar a adição de açúcares na dieta do seu filho é servir principalmente alimentos de alto valor nutricional, como frutas, legumes, cereais integrais, produtos lácteos com baixo teor de gordura, carnes magras, aves e peixes e limitar os alimentos com baixo valor nutricional", disse Vos.

Relatório
Um relatório publicado recentemente pelo Instituto Sueco para a Economia da Saúde trouxe pela primeira vez boas notícias no que...

A especialista refere que o relatório "Comparação de Acesso dos Pacientes aos Medicamentos para o Cancro na Europa" demonstra que nem tudo está mal e que, apesar de haver muito trabalho pela frente, muito já foi feito para garantir que todos os doentes que precisam de tratamento o recebem de forma adequada ao seu caso específico e atempadamente.

O documento refere que a incidência do cancro continua a aumentar de forma transversal na Europa (30% entre 1995 e 2012), mas o mesmo ocorre com a percentagem de doentes que vivem cinco anos após o diagnóstico, agora 54% dos casos.

O aumento do número de sobreviventes das doenças oncológicas deve-se sobretudo à mudança gradual do paradigma dos tratamentos clássicos com quimioterapia para terapêuticas direcionadas, com mecanismos de ação cada vez mais específicos.

“Um facto que, aliado à melhoria nos métodos de diagnóstico precoce tem permitido uma melhoria das taxas de sobrevivência em muitos tumores”, sublinha a médica.

Estudo indica
Cerca de 37% das crianças do Grande Porto apresentam carência de iodo, "um nutriente essencial para o desenvolvimento...

Este resultado foi obtido através de uma avaliação feita a 2018 crianças, com idades compreendidas entre os seis e os 12 anos, de 83 escolas do Grande Porto, do Tâmega e de Entre Douro e Vouga, de acordo com um comunicado desta instituição de ensino superior.

O IoGeneration, que teve a duração de um ano, foi liderado por uma equipa do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) da FMUP, contando com a colaboração da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU) e da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Noruega (NTNU).

Em declarações à Lusa, a coordenadora do projeto, Conceição Calhau, indicou que as crianças do Grande Porto, comparativamente às das outras duas regiões, correm "50% mais risco de sofrer carência de iodo", não tendo sido identificados os motivos para tal.

Em termos, a avaliação aos alunos, feita através de testes de coeficiente de inteligência (QI), da análise da urina e de amostras de sal que levaram para a escola, indica que, no norte do país, 29% dos rapazes e 34% das raparigas apresentam níveis deficitários de iodo.

Segundo a investigadora, as escolas ignoraram a indicação da Direção-Geral de Educação que, em 2013, com base em estudos realizados anteriormente, orientava para a utilização de sal iodado na preparação das refeições escolares. Das monitorizadas, "nenhuma estava a usar da com iodo no momento da avaliação".

O IoGeneration revela que 68% dos pais inquiridos "nunca tinha ouvido falar de sal iodado" e, quando questionados sobre o produto utilizado em casa, 35% não sabia se continha iodo, enquanto 8% indicou usar sal enriquecido com esse nutriente. No entanto, após verificação, os investigadores concluíram que "menos de um quinto" (17%) destes últimos usava, de facto, este tipo de sal.

Um estudo sobre a falta de iodo na gravidez, igualmente anterior ao IoGeneration, mostrou que as grávidas avaliadas revelavam uma deficiência "muito grande" do nutriente.

No sentido de combater essa carência, também a Direção-Geral da Saúde, em 2013, elaborou um documento sobre a necessidade de as grávidas tomarem um suplemento de iodo, da mesma forma que recorrem à suplementação do ácido fólico.

Para a investigadora, este método não resultou como o previsto devido ao "ceticismo dos médicos em relação à prescrição da suplementação do iodo", ao facto de as grávidas só irem à primeira consulta quando o feto já tem seis ou semanas e, muitas vezes, as que recorrem a esse suplemento são, normalmente, as que menos necessitam.

"O objetivo último do IoGeneration é mudar a legislação quanto à utilização do iodo", indicou a coordenadora, acrescentando que o "pouco que se tem feito não tem tido impacto".

A Organização Mundial de Saúde (OMS) apela à fortificação do sal com iodo para o consumo humano, medida já implementada em outros países mas que em Portugal sofre "muita resistência" devido à "preocupação do uso excessivo de sal", referiu ainda.

O iodo, presente em alimentos como a cavala, o mexilhão, o bacalhau, o salmão, a pescada, o camarão, o leite e os ovos, é um "microelemento essencial à síntese das hormonas da tiroide e ao pleno desenvolvimento neurológico", lê-se no comunicado.

Diário da República
A legislação que regula a gestação de substituição, por mulheres sem útero ou com lesão e doença que impeça gravidez, entra em...

A lei que regula o recurso à gestação de substituição foi hoje publicada em Diário da República e determina que esta é uma “situação em que a mulher se disponha a suportar uma gravidez por conta de outrem e a entregar a criança após o parto, renunciando aos poderes e deveres próprios da maternidade”.

“A celebração de negócios jurídicos de gestação de substituição só é possível a título excecional e com natureza gratuita, nos casos de ausência de útero, de lesão ou de doença deste órgão que impeça de forma absoluta e definitiva a gravidez da mulher ou em situações clínicas que o justifiquem”, de acordo com a lei.

Para esta técnica terá de existir “gâmetas de, pelo menos, um dos respetivos beneficiários, não podendo a gestante de substituição, em caso algum, ser a dadora de qualquer ovócito usado no concreto procedimento em que é participante”.

A legislação define que “é proibido qualquer tipo de pagamento ou a doação de qualquer bem ou quantia dos beneficiários à gestante de substituição pela gestação da criança, exceto o valor correspondente às despesas decorrentes do acompanhamento de saúde efetivamente prestado, incluindo em transportes, desde que devidamente tituladas em documento próprio”.

Também “não é permitida a celebração de negócios jurídicos de gestação de substituição, quando existir uma relação de subordinação económica, nomeadamente de natureza laboral ou de prestação de serviços, entre as partes envolvidas”.

“A criança que nascer através do recurso à gestação de substituição é tida como filha dos respetivos beneficiários”, lê-se no diploma publicado hoje em Diário da República.

As disposições a observar em caso de ocorrência de malformações ou doenças fetais e em caso de eventual interrupção voluntária da gravidez devem constar no contrato escrito, estabelecido entre as partes e supervisionado pelo Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA).

O mesmo contrato não pode impor restrições de comportamentos à gestante de substituição, nem impor normas que atentem contra os seus direitos, liberdade e dignidade.

Segundo a lei, “o assento de nascimento não pode, em caso algum, incluindo nas situações de gestação de substituição, conter indicação de que a criança nasceu da aplicação de técnicas” de procriação medicamente assistida (PMA).

A lei entra em vigor no início de setembro, mas o governo tem ainda 120 dias para aprovar a respetiva regulamentação.

Livro sobre comunicação clínica
A falta de tempo e a pouca participação dos doentes nos seus processos clínicos são as principais dificuldades na relação entre...

“Comunicação clínica e relação de ajuda”, publicado pela editora Lidel, é uma obra de Carlos Sequeira, coordenador da Escola Superior de Enfermagem do Porto, para quem é importante preservar “o lado humano da relação (profissional de saúde-utente)”.

Isso nem sempre é fácil e, em declarações à agência Lusa, Carlos Sequeira referiu que a falta de tempo e a pouca participação dos doentes na discussão dos seus processos clínicos são os principais obstáculos a esta comunicação.

“É preciso sensibilizar os profissionais para a importância da comunicação”, disse o docente, reconhecendo que “o tempo não chega para tudo”.

“Quando um médico tem cinco minutos para uma consulta, só um diagnóstico adequado leva mais que isso e a comunicação acaba por ficar prejudicada”, adiantou.

O autor admite que há uns temas e notícias que são mais difíceis de dar, mas recordou que para as mesmas existem normas, inclusive internacionais, como, por exemplo, para comunicar a alguém que tem cancro.

“Há muitas coisas simples que se podem fazer e que são importantes do ponto de vista clínico e sem custos, como tratar o doente pelo seu nome”, disse.

Por outro lado, os profissionais de saúde nem sempre se identificam devidamente, explicando ao doente o que são e qual a sua função.

Do lado dos profissionais, o autor identifica uma certa “postura altiva” que leva a que estes prestem pouca informação ao doente, mas identifica algumas causas possíveis para esta atitude, como evitarem um envolvimento maior com o doente e as suas famílias.

“As pessoas hoje reivindicam mais a informação. Dantes, em Portugal, eram poucos os doentes que queriam saber do seu processo clínico”, acrescentou, recordando que “a informação é do doente”.

No livro podem ler-se formas de procedimento que o profissional deve ter, como no início da consulta “receber o paciente à porta, cumprimentar o doente, saber qual o nome pelo qual o paciente quer ser chamado, apresentar-se (nome e profissão), garantir que o doente está confortável”.

Introduzir um tema neutro para facilitar a interação e reduzir a ansiedade, analisar as preocupações do paciente, identificar os principais motivos da consulta ou as principais queixas, explicar os objetivos e o procedimento da consulta e obter o consentimento para se realizar a consulta são algumas das ideias escritas nesta obra e que se recomendam ao profissional de saúde para o início de uma consulta.

Nascer Cidadão
No início de Julho, o ministro da Saúde admitiu que ainda havia cerca de 1,2 milhões de pessoas sem médico de família e...

Foi preciso mais de um ano para que a promessa de dar um médico de família a todas as crianças à nascença em Portugal fosse regulamentada para poder entrar em vigor. Agora, a data está marcada: a partir do próximo dia 1 de Setembro, todos os recém-nascidos ficam automaticamente inscritos, pela unidade de saúde em que nascem, na lista de utentes do médico de família da mãe ou do pai, no âmbito do projecto “Nascer Cidadão”.

Prometida ainda pelo anterior Governo, esta medida é uma prática já habitual em muitos centros de saúde, que entendem que as crianças devem ter prioridade na inscrição, mas só agora fica regulamentada.

O médico de família da mãe prevalece, no caso de os pais se encontrarem inscritos em diferentes listas de utentes, segundo o despacho do Ministério da Saúde que vem regulamentar a forma como a atribuição dos médicos de família aos recém-nascidos será efectuada. No despacho publicado na passada sexta-feira em Diário da República, estipula-se ainda que a mãe e o pai devem ser inscritos na lista de utentes do médico de família da criança “logo que possível”.

Se nenhum dos pais tiver um médico de família atribuído (e ainda é substancial a fatia da população nessa situação), a instituição onde o bebé nasceu terá de comunicar a “Notícia de nascimento” ao coordenador do centro de saúde mais próximo da residência da criança.

Nestas situações, caberá ao coordenador da unidade funcional do centro de saúde mais próximo – onde os profissionais estão organizados ou em Unidade de Saúde Familiar (USF) ou em Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados  (UCSP) – proceder à inscrição da criança na lista de utentes de um médico de família, "preferencialmente" de uma USF, a não ser que um dos pais "declare expressamente preferência" por uma UCSP. As USF são unidades constituidas voluntariamente por um grupo de profissionais e têm autonomia.

A promessa de dar um médico de família a todas as crianças é ainda do anterior Governo e foi publicada no final de Julho de 2015. Mas ficou então estabelecido que apenas entraria em vigor com a do Orçamento do Estado para 2016. A lei da Assembleia da República estipulava que “nenhuma criança fica privada de médico de família” e adiantava que a medida seria possível através do reforço do número de médicos de família. Acrescentava, então, que o Governo ia fazer um “levantamento exaustivo" de todas as crianças sem médico de família e que ia criar para os futuros recém-nascidos “um processo automático de atribuição de médico de família, a requerimento dos seus representantes legais”.

Esse direito também abrange as crianças estrangeiras residentes em Portugal, referia o diploma, que garante que, “em nenhuma circunstância, outros cidadãos serão privados” do mesmo. No início de Julho passado, o ministro da Saúde admitiu que ainda havia cerca de 1,2 milhões de cidadãos sem médico de família e anunciou que tenciona reduzir este número para metade até ao final do ano.

Investigação
A possibilidade de uma pessoa ficar doente depende de um grande número de fatores que vão desde a alimentação, a qualidade do...

Esta é a conclusão de um estudo da Universidade de Cambridge que provou que é de manhã que os vírus podem ter um impacto mais nocivo para a saúde.

Segundo os investigadores, citados pela BBC, em causa está o facto das células que combatem e sofrem com os vírus mudarem consoante o relógio biológico da pessoa, ficando mais fracas de manhã.

Publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, o estudo teve por base testes feitos em ratos de laboratório, que foram submetidos à infiltração do vírus da gripe e do vírus do herpes. Aqueles que foram infetados de manhã apresentaram níveis virais dez vezes maiores do que aqueles que tiveram em contacto com o vírus à tarde.

Diz ainda o estudo que é de manhã que o relógio biológico dá mais espaço de manobra aos vírus, o que, para os investigadores, pode ser uma explicação para o facto das pessoas que trabalham por turnos serem mais propensas a ficar doentes do que aquelas que têm uma rotina constante.

Atendimento hospitalar
O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes anunciou hoje que espera acabar até ao fim do ano com a lista de espera das primeiras...

Em comunicado, o Centro Hospital de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) revela que estas consultas, inseridas num “programa específico” iniciado em junho, se realizam “num sábado de cada mês, entre as 08:00 e as 20:00”.

“Até ao final deste ano, serão efetuadas cerca de mil primeiras consultas, o que levará ao desaparecimento total da lista de espera das primeiras consultas desta especialidade”, refere o CHTMAD.

De acordo com aquela unidade hospitalar, “em média são realizadas 150 primeiras consultas por mês ao abrigo deste programa”.

O CHTMAD acrescenta que a iniciativa foi determinada “com a estreita colaboração e acordo de todos os profissionais de saúde da especialidade”, que “disponibilizaram o seu tempo, sem retribuição, para a resolução do problema”.

“O Serviço de Neurologia do CHTMAD E.P.E iniciou, desde junho, um programa específico para reduzir a lista de espera das primeiras consultas”, descreve o centro hospitalar, referindo que o problema estava “por resolver desde 2013”.

O CHTMAD espera, “com este trabalho de equipa”, aumentar a “capacidade de resposta” da especialidade de Neurologia e “melhorar os cuidados de saúde prestados nesta região”.

 

Cirurgias
Mais de 7.000 doentes foram transferidos para outros hospitais, também do Serviço Nacional de Saúde (SNS), onde realizaram a...

Segundo este organismo, as transferências de doentes entre hospitais do SNS ascenderam a 7.235 até meados de agosto de 2016.

Este valor representa “uma duplicação do fluxo de utentes entre instituições do SNS face ao período homólogo do ano anterior”.

“Este aumento surge na sequência da criação do Programa de Incentivo à Realização de Atividade Cirúrgica dentro do SNS, que teve início em maio de 2016, e que conta já com a participação de 62 serviços cirúrgicos de 18 instituições hospitalares do SNS”, lê-se na nota da ACSS.

Também foi registado um aumento da produção cirúrgica interna dos hospitais do SNS durante o primeiro semestre de 2016: mais 3,9 por cento.

A cirurgia de ambulatório cresceu sete por cento em relação ao período homólogo.

O Programa de Incentivo à Realização de Atividade Cirúrgica no SNS visa rentabilizar a capacidade cirúrgica instalada na rede de estabelecimentos públicos e está aberto a todas as instituições hospitalares do SNS que “reúnam condições para responder com eficácia e de forma atempada à população, de forma a cumprir os tempos máximos de resposta garantidos”.

 

Hospitais
Gestor de caso pode ser o médico de família, um enfermeiro ou psicólogo. Em 2015, mais de dois milhões de doentes que foram às...

Ter um gestor de caso, uma espécie de tutor, para acompanhar os doentes que vão com muita frequência aos Serviços de Urgência (SU) é uma das hipóteses que a tutela está a estudar para combater um problema há muito tempo diagnosticado em Portugal, mas que continua por resolver e até se agravou no primeiro semestre deste ano — o excessivo recurso às urgências hospitalares em Portugal.

“O gestor de caso poderá ser o médico de família, um enfermeiro ou um psicólogo”, adiantou ao PÚBLICO a presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), Marta Temido, que lembra que esta estratégia já foi ensaiada noutros países. Será, sublinha, “alguém que sinaliza e reforça o acompanhamento nos cuidados de saúde primários [centros de saúde] deste tipo de população de maior risco e que por isso necessita de ter um apoio diferenciado”. Alguém a quem o doente possa telefonar quando tem problemas de descompensação de doenças crónicas, exemplifica. Por utilizador frequente entende-se o doente que vai mais de quatro vezes por ano aos SU e ainda há o chamado “hiperfrequentador” — o que suplanta uma dezena de episódios de urgência anuais.

A proposta do gestor de caso que avançará em projecto-piloto deve ser anunciada em Setembro, mas a ACSS ainda está a estudar o perfil destes doentes que representam uma fatia importante do trabalho e da despesa nos SU. Em 2015, os gastos com urgências hospitalares ascenderam a 350 milhões de euros para um total de mais de 6,1 milhões de atendimentos, revela esta entidade que gere os recursos do Serviço Nacional de Saúde.

Em simultâneo, a ACSS está a preparar a introdução de incentivos em 2017, nos cuidados de saúde primários, para os centros de saúde que consigam um maior controlo dos seus doentes crónicos, a fim de evitar a descompensação e agudização dos seus problemas, porque se sabe que é este tipo de fenómeno que muitas vezes os leva a ter de recorrer aos SU. Isto significa introduzir nos centros de saúde, como já se fez nos hospitais este ano, estímulos financeiros para evitar o aparecimento dos tais utilizadores frequentes.

Ao mesmo tempo, a ACSS está a tentar identificar situações problemáticas, por exemplo, em lares de idosos, que possam ter respostas nos cuidados continuados, em vez de nos hospitais. “Portugal tem um problema de sobreconsumo das urgências, é preciso continuar a apostar em campanhas de informação, mas alguma coisa está a falhar nos cuidados de saúde programados”, considera Marta Temido. “É  verdade que temos de educar a população, mas é preciso em simultâneo dar-lhe alternativas”, enfatiza.

Outra medida já em curso passa pela contratação de novos médicos de família (e serão quase três centenas só entre este mês e Setembro), a maior parte dos quais vão para a região de Lisboa e Vale do Tejo, onde “mais de 600 mil pessoas” ainda não têm clínico assistente, diz.

Mais 135 mil atendimentos

Esta é a resposta da tutela aos últimos indicadores sobre os serviços de urgência em Portugal, que apontam para uma evolução que vai no sentido contrário ao que tinha sido anunciado pelo ministro da Saúde — Adalberto Campos Fernandes pretendia diminuir em 3,7% o número de urgências (menos 225 mil) e em 10% a despesa (menos 48 milhões de euros) até ao final de 2016. Nos primeiros seis meses deste ano fizeram-se quase 3,2 milhões de atendimentos em SU, mais cerca de 135 mil do que no mesmo período do ano passado.

O problema é que uma parte substancial destes pacientes podiam ter sido atendidos nos centros de saúde ou outros locais. Em 2015, mais de 2 milhões de urgências  (2.018.403), cerca de um terço do total, eram, em teoria, desnecessárias, porque os doentes foram triados com pulseiras brancas (falsa urgência), azuis (não urgente) ou verdes (pouco urgente), segundo a triagem de Manchester que é feita à entrada do SU. Só os doentes que são triados com pulseiras amarela e a laranja são considerados casos urgentes e muito urgentes. A cor vermelha fica reservada para as emergências (risco de vida).

Os brancos, verdes e azuis são assim doentes que poderiam ter sido vistos nos centros de saúde ou outros serviços sem a complexidade e o custo dos SU hospitalares. Marta Temido não concorda, porém, que se classifiquem estes atendimentos como  “falsas urgências”. “Estamos a tratar doentes como se fossem falsários”, critica.

Os dados revelam que o comportamento dos doentes varia muito de região para região e de hospital para hospital — por exemplo, metade das pessoas que no primeiro semestre deste ano recorreram ao serviço de urgência do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN) foram triadas como casos não urgentes.  No Hospital Amadora-Sintra e no de Loures a percentagem é ainda superior (54% em cada). Lisboa e Vale do Tejo é a região com maior percentagem de urgências desnecessárias. Além do CHLN, os centros hospitalares de Lisboa Ocidental e Lisboa Central têm percentagem elevadas (44% cada).

Na região norte, esta percentagem é substancialmente inferior. No Centro Hospitalar do Porto é de apenas 17% e no de S. João, 29%. No entanto, também há centros hospitalares a norte com elevadas percentagens de urgências desnecessárias, como o da Póvoa Varzim

Vila do Conde (58%)e o de Barcelos (54%). No região centro, apenas um quarto dos doentes que procuram o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra têm pulseiras brancas, azuis e verdes. No Centro Hospitalar do Algarve são 39%. O peso das urgências está expresso noutro indicador: há hospitais que fazem menos consultas externas do que atendimentos em SU, caso de Cascais, do Centro Hospitalar do Oeste, da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo e do Centro Hospitalar do Algarve.

Um documento de trabalho da OCDE divulgado no final de 2015 revelava a dimensão do nosso problema a nível internacional. No conjunto de 21 países estudados, Portugal era aquele que tinha mais atendimentos nos SU per capita. Eram, entre 2001 e 2011 (e, desde então, a situação não se alterou) quase 70 admissões na urgência por 100 habitantes, bem acima do segundo da lista (Espanha) e muito longe de países como a Suíça, a Holanda e a Alemanha. Mesmo com o aumento substancial das taxas moderadoras em 2011, o ritmo da procura não se alterou entretanto. 

Pesquisa
Crianças de 1 ano sofrem mais de lesões permanentes nos olhos causadas por produtos de limpeza do que qualquer outra pessoa,...

Os resultados são surpreendentes: anteriormente acreditava-se que jovens adultos estavam expostos a um maior risco de lesões na vista, devido ao local de trabalho. Mas agora bebés com 1 ano de idade têm duas vezes mais probabilidade de sofrer uma lesão permanente nos olhos do que adultos de 24 anos, idade que tinha a taxa mais elevada.

Um novo estudo, liderado pela Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, analisou dados recolhidos entre 2010 e 2013 pelo Departamento de Emergência. Os dados revelam que houve 900 milhões de visitas às urgências em cerca de 900 hospitais nos Estados Unidos. Durante esse período, ocorreram mais de 144 mil visitas às urgências relacionadas com queimaduras na vista provocadas por químicos. Os médicos relataram que este é o pior tipo lesão que se pode ter na vista. Quanto mais tempo um agente alcalino permanece no olho, maior a lesão e as estruturas internas podem sofrer danos irreparáveis.

A maior parte dos bebés sofre de lesões nos olhos provocadas por químicos que existem nos produtos de limpeza que temos em casa e que, geralmente, são guardados por debaixo no lava louça ou num móvel baixo.

Os produtos mais perigosos são aqueles que se apresentam em formato de spray, pois são mais fáceis de manusear.

As lesões acontecem também com maior frequência em casas com rendimentos mais baixos.

"Estas lesões são terríveis, ocorrem com frequência em crianças pequenas mas são muito fáceis de prevenir", revela o líder do estudo R. Sterling Haring.

Ciência e tecnologia
Investigadores do Porto desenvolveram um sistema integrado para medição e avaliação de parâmetros associados à saúde, que...

Este sistema "retira dos centros e das urgências hospitalares um número significativo de utentes, que podem ser diagnosticados, seguidos e auxiliados nas suas residências", indicou à Lusa um dos responsáveis pelo projeto, Vítor Hugo.

O RUDAC - Unidade Remota de Análise e Controlo, tal como foi concebido, permite, por exemplo, avaliar o nível de glicose, determinar a tensão arterial, medir a temperatura e o pH da saliva e da urina e analisar a retina.

Alertar para a toma da medicação, dar instruções audiovisuais para a sua administração, marcação de consultas e repetição de análises são outras das funcionalidades do sistema, ao qual podem ser inseridos mais sensores.

Não substituindo as análises de laboratório, "tem por princípio o conceito de triagem, com aconselhamento imediato, audiovisual, por um profissional de saúde que, mesmo fisicamente afastado, pode recomendar procedimentos", explicou o investigador.

"Um clínico que presta apoio domiciliário e que não pode estar permanentemente com o doente, tendo um aparelho deste género, consegue programar o tempo de recolha dos dados do paciente, que lhe são enviados, e, através de um computador ou de um ‘smartphone', analisá-los, podendo dar indicações ao paciente, mesmo à distância".

Além disso, e "mais importante", é útil para as pessoas que vivem isoladas em locais remotos, onde não existem médicos ou centros de auxílio disponíveis, e para pessoas com dificuldade de locomoção, que podem utilizar o equipamento em casa e partilhar a informação com o seu médico.

O facto de permitir uma comunicação bidirecional, possibilita uma troca de informações entre o clínico ou familiar e o paciente, bem como a transferência do contacto diretamente para o 112, caso o médico não esteja disponível naquele momento ou a situação seja urgente.

A ideia para a criação do sistema surgiu a partir das constantes notícias sobre a "falta de profissionais de saúde nos respetivos centros", as "longas e indetermináveis filas para obtenção de consultas" e as "urgências sem capacidade de intervir em casos considerados graves", devido ao excessivo número de utentes.

Neste projeto, juntamente com Vítor Hugo, fazem parte o investigador Alexandre Riera, antigo aluno do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), e o consultor económico e financeiro José Braga.

Segundo o consultor, a fase seguinte é a produção do equipamento, visto que o sistema está todo testado, sendo necessário um "investimento externo para produzir o equipamento ou alterar algum já existente, e que o faça expandir".

Estudo
Novo estudo sugere que a alimentação rica em gordura e açúcar durante a gestação aumenta o risco de o filho desenvolver...

Fazer uma má alimentação na gravidez, rica em gordura e açúcar, aumenta o risco de a criança desenvolver um transtorno de comportamento e transtorno de défice de atenção e hiperatividade (TDAH). Esta é a conclusão de um estudo publicado na quinta-feira na revista científica Journal of Child Psychology and Psychiatry.

Um grupo de investigadores da King’s College London e da Universidade de Bristol, ambas na Inglaterra, analisaram o desenvolvimento e amostras de sangue de 164 crianças e a alimentação das suas mães na gestação. Destas, 83 crianças tinham transtorno de comportamento prematuro e outras 81 tinham baixos níveis do problema.

Os resultados mostraram que nos dois grupos de crianças estudados, aquelas cujas mães tiveram uma alimentação rica em gordura e açúcar durante a gestação apresentaram uma quantidade maior de alterações no gene IGF2, um gene relacionado com o desenvolvimento fetal, em comparação com os filhos de mães que seguiram uma dieta saudável. As crianças que tinham tais alterações genéticas e também desenvolveram transtorno de comportamento prematuro tinham maior probabilidade de apresentar uma quantidade maior de sintomas de TDAH entre os 7 e os 13 anos de idade.

Os investigadores concluíram que a alimentação da mãe pode alterar o ADN do feto e aumentar o seu risco de problemas de comportamento em criança.

O IGF2 é um gene que desempenha um papel importante não só no desenvolvimento fetal, mas também de partes do cérebro envolvidas no TDAH, como o cerebelo e o hipocampo.

Os resultados deste estudo sugerem ainda que “promover uma dieta pré-natal saudável pode reduzir os sintomas de TDAH e problemas de comportamento nas crianças. Isso é encorajador.”, disse Edward Barker, coautor do estudo e investigador da King’s College London.

Pílula do dia seguinte
Em Portugal fazem-se cerca de 14 mil interrupções voluntárias da gravidez por ano. Pelo menos 30 a 40% devem-se à falta de...

A lei do aborto foi referendada, em 2007, e por ano em Portugal fazem-se cerca de 14 mil interrupções voluntárias da gravidez por ano. A contraceção de emergência poderia evitar algumas? E como é que funciona a dispensa da pílula do dia seguinte?

 “Uma gravidez indesejada é um problema de saúde pública de grande dimensão, portanto tudo o que não se faz tem um grande impacto na saúde”, destaca o Dr. Henrique Mateus Santos, farmacêutico comunitário, em declarações aoLifestyle ao Minuto.

Henrique Mateus Santos admite que nem sempre é possível fazer a ‘entrevista’ que os farmacêuticos devem fazer aos utentes antes de sugerir a pílula do dia seguinte mais indicada para si. Seja porque a paciente já pede o medicamento que quer ou porque está nervosa ou pouco recetiva.

Conta que a dispensa de uma pílula do dia seguinte obedece ao mesmo protocolo de dispensa de qualquer medicamento. Ou seja: o farmacêutico avalia a indicação do problema de saúde, verifica se o medicamento é adequado à doente para aquele problema de saúde, avalia se a posologia está adequada para combater ou resolver o problema de saúde e informa e avalia o paciente para tentar garantir que o medicamento faça efeito e seja seguro.

Em cada dispensa de medicamentos que é feita na farmácia o processo central não é a entrega, é a avaliação do problema de saúde, destaca.

E aqui também é importante, como descreve, perceber há quanto tempo a paciente teve relações sexuais, se tem uma menstruação regular, se usou alguma proteção de barreira por causa das doenças sexualmente transmissíveis e se faz algum tipo de contracetivo.

Destaca que “muitas mulheres engravidam por desconhecimento”, pois não se fala muito da contraceção hormonal de emergência – e com ela poderiam ser evitadas várias interrupções voluntárias da gravidez das 30 a 40% que ocorrem por falta de prevenção.

Assegura que é um medicamento seguro e que “não é nenhum aborto”. Sublinha que a pílula do dia seguinte se limita a “impedir que o espermatozóide chegue ao ovócito”, a atrasar, portanto o processo de fecundação que ocorre nos primeiros cinco dias após a relação sexual desprotegida.

A nova geração de pílula do dia seguinte pode ser tomada até ao quinto dia com o mesmo grau de eficácia, enquanto a antiga geração pode ser tomada até ao terceiro dia, sendo que o grau de eficácia vai diminuindo com o passar dos dias.

Quanto aos efeitos secundários? O Dr. Henrique Mateus Santos destaca que o único relevante é mesmo o vómito, pois se a mulher tiver vómitos no espaço de três horas após a toma da pílula do dia seguinte, esta não será absorvida e a gravidez poderá ocorrer.

O especialista diz que a pílula do dia seguinte é subutilizada em Portugal, especialmente devido aos estigmas culturais e à “sociedade machista” que não valoriza esta questão. Mas destaca: “A gravidez não desejada é uma tragédia social”, especialmente se falamos de adolescentes, continua.

É importante que o farmacêutico aconselhe a paciente a visitar o médico de família ou ginecologista uns dias após a toma da pílula do dia seguinte para que esta possa escolher um método de contraceção para fazer.

Em Portugal são comercializadas três marcas de pílula do dia seguinte e, segundo um estudo desenvolvido pelo IMS Health a pedido da HRA Pharma, laboratório farmacêutico que comercializa um dos produtos de contraceção de emergência em Portugal, os farmacêuticos têm acesso às diretrizes para a indicação farmacêutica da contraceção de emergência e devem fazer uma entrevista a cada paciente antes de dispensar o medicamento.

Investigação médica
Pesquisas com ratos em laboratório mostraram, pela primeira vez, o efeito devastador do Zika num determinado tipo de células do...

As células adultas envolvidas nas funções de aprendizagem e memória podem ser destruídas pelo vírus, ao qual se atribui a microcefalia, de acordo com o estudo publicado na revista científica Cell Stem Cell.

“O Zika pode penetrar claramente no cérebro de adultos e causar danos”, afirmou Sujan Shresta, coautora do estudo e professora no Instituto de Alergia e Imunologia de La Jolla.

Se o efeito do vírus nos fetos se encontra documentado, em particular o risco de provocar uma microcefalia, o mesmo não se pode dizer relativamente aos adultos.

Os investigadores sabem que o Zika pode ser “catastrófico para a fase inicial de desenvolvimento do cérebro”, sublinhou Sujan Shresta, mas frequentemente adultos infetados não apresentam sintomas. Os que se sentem doentes podem relatar nomeadamente erupção cutânea, dores no corpo e olhos vermelhos.

“O seu efeito no cérebro adulto pode ser mais subtil, mas agora sabemos do que estamos à procura”, disse.

Os investigadores concentraram-se nas células progenitoras neurais, as quais constituem as primeiras formas das células do cérebro que se vão tornar neurónios, descritas como as "células estaminais" do mesmo.

O Zika pode atacar essas células nos fetos em desenvolvimento, levando à microcefalia nos bebés, que nascem com cabeças mais pequenas do que o normal, danos no cérebro e deficiências.

O cérebro dos adultos retém alguns nichos dessas células progenitoras neuronais, as quais reabastecem neurónios em partes do cérebro ligadas à aprendizagem e memória.

Recorrendo a biomarcadores fluorescentes em ratos, os investigadores viram que as células progenitoras neurais que foram concebidas para ser vulneráveis ao Zika eram mortas pelo vírus.

O estudo revela que a infeção do Zika estava relacionada com uma queda – entre quatro a 10 vezes – da proliferação das células progenitoras neuronais nos ratos adultos.

Duas partes do cérebro, incluindo o hipocampo, associado à memória, mostraram provas da morte das células e da redução da geração de novos neurónios, segundo o estudo.

“Os nossos resultados são bastante dramáticos”, disse Joseph Gleeson, coautor do estudo e professor adjunto na Universidade Rockefeller.

“Em partes do cérebro que se ‘iluminaram’ parecia uma árvore de natal”, sublinhou o investigador.

O efeito que o vírus Zika pode ter no cérebro humano adulto ao longo do tempo permanece, contudo, incerto.

Os investigadores sabem, a partir de estudos anteriores sobre o cérebro, que integrar novos neurónios nos circuitos da aprendizagem e memória é fundamental para a habilidade do cérebro para se adaptar e mudar.

Sem este processo, o cérebro "escorrega" para um declínio cognitivo e outras condições, tais como depressão e doença de Alzheimer, podem aparecer.

“Ficou muito claro que o vírus não estava a afetar sequer o cérebro todo como as pessoas estão a ver no feto” humano, disse Gleeson, ao referir-se à investigação em ratos.

“Nos adultos, são apenas estas duas populações que são muito específicas para as células-tronco que são afetadas pelo vírus. Estas células são especiais, e de algum modo muito suscetíveis à infeção”, acrescentou.

Transmitido pelo mosquito ‘Aedes aegypti’, o Zika surgiu no Brasil há cerca de dois anos e desde então espalhou-se rapidamente pelo país e parte do hemisfério sul.

Até ao momento, o maior foco de preocupação assenta no perigo que o Zika representa para grávidas e fetos, dado que surge associado a problemas congénitos quando ocorre infeção na gravidez, nomeadamente a microcefalia e a síndrome Guillain-Barré, uma doença autoimune.

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