Carcinoma Hepatocelular: A realidade do cancro do fígado e os desafios dos doentes
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O carcinoma hepatocelular é um tipo de cancro que tem origem nos hepatócitos, as células principais que constituem o fígado. Representa cerca de 75% dos casos de cancro primário do fígado em adultos, tornando-se um tema central no âmbito da saúde hepática. A sua prevalência é maior em regiões onde doenças crónicas do fígado, como a hepatite B e C, são mais comuns. Contudo, fatores como o consumo excessivo de álcool, obesidade, diabetes e a esteatose hepática não-alcoólica também contribuem significativamente para o aumento do risco.
O fígado desempenha funções essenciais para a vida, incluindo a produção de proteínas, a desintoxicação do organismo e o armazenamento de nutrientes. Assim, o diagnóstico de carcinoma hepatocelular traz consigo desafios significativos para os doentes, tanto a nível físico como emocional. Os sintomas na maioria das vezes aparecem tardiamente, incluindo perda de peso inexplicada, dor abdominal, icterícia e fadiga. Este atraso no diagnóstico sublinha a importância de campanhas de sensibilização, especialmente em populações de risco, sendo o rastreio, que deve ser realizado de forma sistemática nesses casos, a única forma de tornar possível o diagnóstico precoce.
O tratamento do carcinoma hepatocelular depende do estádio da doença, da saúde geral do doente e da função hepática. As opções podem incluir cirurgia, terapias locorregionais (como a ablação por radiofrequência e a quimioembolização trans-arterial) e terapias-alvo, nomeadamente a imunoterapia. Em casos mais avançados, o transplante hepático pode ser a única solução viável. No entanto, a acessibilidade e a eficácia dos tratamentos variam.
A vivência com um diagnóstico de carcinoma hepatocelular é um percurso desafiante. Para além das dificuldades físicas impostas pela doença e pelos tratamentos, os doentes enfrentam frequentemente um impacto significativo no seu bem-estar psicológico e social. Neste contexto, o apoio multidisciplinar, que inclui médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e grupos de apoio, é fundamental para melhorar a qualidade de vida.
No Dia Mundial do Cancro e no Dia Mundial do Doente, é crucial reforçar a importância de políticas de saúde que promovam o diagnóstico precoce, o acesso equitativo aos tratamentos e o apoio integral aos doentes e suas famílias. Estas datas lembram-nos da necessidade de continuar a investir em investigação, prevenção e educação, para que, juntos, possamos combater o impacto devastador do cancro do fígado e garantir uma abordagem mais humana e solidária na gestão da doença.