Em todas as ilhas dos Açores
O projeto "Haja Saúde" vai promover hábitos de vida saudáveis nas nove ilhas dos Açores, nos próximos dois anos, com...

"É uma unidade móvel de proximidade, que visa promover a saúde no contexto escolar, recreativo, familiar, laboral e comunitário. Em cada contexto destes há um conjunto de ferramentas pedagógicas e educativas, que são feitas junto de cada público-alvo", explicou, em declarações aos jornalistas, Durval Santos, presidente da Casa do Povo de Santa Bárbara (Angra do Heroísmo), responsável pela iniciativa.

A viatura do projeto "Haja Saúde", que vai percorrer numa primeira fase a ilha Terceira e posteriormente todo o arquipélago, "tem uma célula interativa e pedagógica e uma célula de rastreio e aconselhamento".

A equipa multidisciplinar que vai aplicar o projeto é composta por um enfermeiro, um psicólogo clínico, um animador sociocultural e um assistente social.

O projeto abrange várias áreas, como promoção da saúde em contexto escolar, saúde infanto-juvenil, saúde da mulher, promoção da saúde oral, dependências, doenças crónicas e infeciosas, educação sexual, prevenção de acidentes de trabalho, da violência e rodoviária, e promoção do envelhecimento ativo.

Além da distribuição de panfletos informativos, a equipa vai promover rastreios, jogos e atividades, como aulas de psicomotricidade para idosos ou sessões de confeção de alimentação saudável.

No próximo verão, a unidade vai deslocar-se a todas as ilhas dos Açores, estando prevista uma intervenção de prevenção de comportamentos de risco nas festas concelhias, sobretudo junto das camadas mais jovens.

"Não serve pôr jovens num auditório, com um orador a apelar e alertar para os riscos do consumo. Não funciona pedagogicamente e não é esta a nossa política", salientou o presidente da Casa do Povo de Santa Bárbara.

O Governo Regional dos Açores investiu 200 mil euros neste projeto, que terá dois anos de duração, o que incluiu a aquisição da viatura por 64 mil euros.

Segundo o secretário regional da Saúde, Luís Cabral, alguns indicadores deste setor no arquipélago "não têm sido muito favoráveis" e, por isso, exigiam uma "dinâmica diferente".

"Essa dinâmica na nossa perspetiva só é possível se houver intervenientes e estruturas locais que dinamizem e que, conhecendo as problemáticas de cada uma das freguesias, possam levar esta mensagem", salientou.

A intervenção deste projeto junto das camadas mais jovens será avaliada através de um estudo de vigilância de comportamentos de risco na população escolar, lançado há quatro anos na região.

De acordo com os últimos estudos, foi possível perceber, por exemplo, que na área das dependências está a aumentar o consumo de drogas sintéticas, em detrimento das drogas clássicas, havendo, por outro lado, um decréscimo dos casos de ‘bullying’.

Para Luís Cabral, o importante agora é intervir para prevenir estes comportamentos e avaliar a eficácia das ações realizadas.

"Com as avaliações que são feitas de forma rigorosa e anual, temos uma ideia dos índices de comportamentos de risco na população estudantil e com estas intervenções pretendemos perceber de que forma é que vamos poder modelar ou não estes fatores de risco", salientou.

Investigação
A Universidade de Coimbra é a instituição portuguesa com mais projetos aprovados no programa comunitário Horizonte 2020.

“A Universidade de Coimbra (UC) viu aprovadas três dezenas de candidaturas, obtendo mais de 8,5 milhões de euros de financiamento, que vão contribuir para estudos nas mais diversas áreas de investigação”, revela a assessoria de imprensa da Reitoria da UC em comunicado.

A informação foi disponibilizada pelo “Learn from the champions in Horizon 2020", um ‘ebook’ que identifica os campeões do programa Horizonte 2020 na Europa e em cada país, além de explicar por que foram “tão bem sucedidos neste programa comunitário altamente competitivo”.

Na publicação, tendo por base dados oficiais da Comissão Europeia, são analisados 4.190 projetos e 7.804 organizações contempladas com financiamentos do Horizonte 2020 que totalizam 8.855.053,24 euros.

A liderança da UC a nível nacional reflete “a excelente capacidade dos investigadores em se adaptarem a uma nova realidade, mais competitiva, mais exigente, mas também mais compensadora para quem pretende estar na vanguarda da criação de conhecimento”, refere Amílcar Falcão, o vice-reitor responsável pela área de investigação, citado na nota.

“Enhancing Research in Ageing at the University of Coimbra” foi o projeto que mais financiamento conseguiu, mais de dois milhões de euros.

O projeto visa “promover a excelência na investigação científica na área do envelhecimento ativo, estando prevista a criação de um Instituto Multidisciplinar de Investigação especializado (MIA, a sigla em inglês).

“Outro projeto europeu emblemático, coordenado pela UC, o Shaping European Policies to Promote Health Equity, tem como objetivo principal avançar no conhecimento das políticas que têm o maior potencial para melhorar a saúde e a equidade na saúde entre as regiões europeias, com especial incidência nas zonas metropolitanas” (273 regiões europeias e nove áreas metropolitanas), salienta a Reitoria da Universidade de Coimbra.

A instituição destaca também “Nomorfilm – Novel Marine Biomolecules Against Biofilm. Application to Medical Devices”, projeto que tem como objetivo “descobrir antibióticos produzidos por microalgas para combater de forma eficaz as infeções hospitalares”.

Doença rara
A Associação de Esclerose Tuberosa em Portugal (AETN) alertou hoje para a falta de equipas multidisciplinares nos hospitais...

“Continuamos a lutar para colmatar a falta de informação, apoio e integração de todos os doentes com esclerose tuberosa e o acesso ao tratamento e acompanhamento adequado”, afirmou Micaela Rozenberg, a presidente da AETN, que quarta-feira transmitiu esta situação aos deputados da Comissão Parlamentar da Saúde.

A esclerose tuberosa é num distúrbio genético que se traduz no desenvolvimento de tumores benignos em órgãos vitais como o coração, olhos, cérebro, rins, pulmões e pele.

Para Micaela Rozenberg, “a existência de equipas multidisciplinares é fundamental no tratamento da esclerose tuberosa, visto que esta é uma doença multissistémica e evolutiva, que exige um acompanhamento regular, e todas as decisões clínicas relacionadas com o desenvolvimento da doença num órgão podem afetar a evolução da patologia num outro órgão com impacto muito relevante na qualidade de vida do doente”.

A presidente da AETN acrescentou que “a esclerose tuberosa é uma doença de acompanhamento dispendioso devido ao número e frequência de exames de diagnóstico necessários, ou seja, a duplicação da realização destes exames fora das guidelines representam um custo desnecessário e não benéfico para os doentes”.

“Se o doente for seguido nas diversas especialidades médicas vai beneficiar tanto ao nível do acompanhamento evolutivo da doença como na melhoria significativa da sua qualidade de vida e dos seus cuidadores”, conclui Micaela Rozenberg.

 

Investigadora defende
A investigadora Milena Paneque, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), do Porto, defendeu hoje uma “orientação...

Milena Paneque falava no âmbito da comemoração dos 30 Anos da Genética Preditiva em Portugal, organizada pelo I3S, e que incluiu uma homenagem à neurologista e investigadora, Paula Coutinho, que se dedicou ao estudo das doenças neurodegenerativas, em particular à paramiloidose e à doença de Machado-Joseph, e uma das maiores impulsionadoras da genética preditiva em Portugal.

“O confronto com o risco de vir a desenvolver uma doença tem um enorme impacto na vida de um indivíduo que se estende ao núcleo familiar e social”, sendo por isso essencial “uma orientação psicossocial a par dos testes genéticos laboratoriais”, sublinhou Milena Paneque.

Milena Paneque lembrou que foi em 1986 que começaram a ser feitos os primeiros testes bioquímicos a pessoas saudáveis em risco para a paramiloidose (PAF), vulgarmente conhecida por “doença dos pezinhos”.

“Só cerca de 10 anos mais tarde se consolidaria a prática da Genética Preditiva”, com recurso a marcadores genéticos e com uma prática orientada por um “Protocolo de Teste Preditivo”, documento fundador, escrito por Jorge Sequeiros, atualmente investigador do i3S e fundador e diretor do GPPP (Centro de Genética Preditiva e Preventiva), um serviço clínico de diagnóstico do mesmo instituto.

“No Dia Mundial do Coração...dê força à sua vida”
No âmbito do Dia Mundial do Coração, que se assinala a 29 de setembro, o Núcleo de Estudos de Risco e Prevenção Cardiovascular...

Em 2013, em Portugal, apesar da tendência progressiva decrescente (pela 1ª vez, um valor inferior a 30%), as doenças do aparelho circulatório foram responsáveis por uma taxa de mortalidade padronizada de 144,7 por 100.000 habitantes. O número de óbitos por doença vascular cerebral, em 2013, foi de 11.751, correspondente a uma taxa de mortalidade de 54,6 por 100 mil habitantes (assinale-se que, depois dos 65 anos, este valor cresce exponencialmente atingindo 630,2 por 100.000 habitantes). A doença cardíaca isquémica, por sua vez, foi causa de 6.526 óbitos. Em termos comparativos, os óbitos por enfarte do miocárdio, no mesmo período, afetaram 4.292 indivíduos (taxa de mortalidade padronizada de 22,2).

Pedro Marques da Silva, coordenador do Núcleo de Estudos de Risco e Prevenção cardiovascular, considera que “a Medicina Interna – pela sua responsabilidade no sistema de saúde português, pelo carácter holístico do seu saber médico e pela sua maior dedicação à prevenção da doença e a melhoria da qualidade de vida – tem, neste contexto, uma dupla aptidão. Estas são: de racionalizar o conhecimento e de implementar os esquemas de prevenção e tratamento que, em fases diversas e em momentos complementares, são tão indispensáveis”. Desta forma, o Núcleo de Estudos de Risco e Prevenção Cardiovascular da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna inscrevem-se na Comunidade a que pertencem. “Com isso, pretendemos tornar real, abrir o real a uma outra realidade: a prevenção cardiovascular. Tornar plausível o lema deste ano do Dia Mundial do Coração: ‘Power you Life’. Reafirmar, perante todos, perante a Sociedade e o Doente, diante os nossos pares e todas as Sociedades congéneres, que gostaríamos de estar irmanados num projeto comum. A realidade epidemiológica da sociedade portuguesa assim o exige”, conclui o especialista.

Campanha de consciencialização da Ordem dos Farmacêuticos
A Ordem dos Farmacêuticos assinala, a 26 de setembro, o Dia do Farmacêutico. No presente ano, cabe à Secção Regional do Sul e...

De todo o pograma que vai assinalar o Dia do Farmacêutico 2016 releva-se, a 12 de Setembro, o lançamento da campanha de consciencialização, desenvolvida pela Ordem dos Farmacêuticos (OF) e destinada a enaltecer a importância da intervenção farmacêutica na sociedade. As atividades e iniciativas dirigem-se à população em geral, profissionais de saúde, decisores políticos e farmacêuticos.

Fazem parte dos materiais da campanha “um compromisso para a saúde: o valor do farmacêutico”: um vídeo de promoção da profissão farmacêutica protagonizado por Ema Paulino, Presidente da Direção da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas; vários vídeos, em formato vox pop, com a opinião da população em geral e dos próprios profissionais sobre as funções e o papel do farmacêutico; um quiz “Que farmacêutico sou eu?” que desafia as pessoas a responderem a algumas questões para descobrirem que tipo de funções desempenhariam se fossem farmacêuticos; um microsite e uma página de facebook.

Sobre o Dia do Farmacêutico 2016, Ema Paulino, Presidente da Direção da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas, sublinha que “neste dia de grande importância para a profissão farmacêutica comemoramos o relevantíssimo capital de confiança que ao longo de séculos foi conquistado junto da população pelos farmacêuticos. Comemoramos, ainda, o futuro e o caminho que temos que percorrer em prol da constante afirmação profissional, da prestação de cada vez mais e melhores cuidados, e do reconhecimento das nossas capacidades e competências técnico-científicas. É dentro deste quadro que nos disponibilizamos para apoiar um país cada vez mais envelhecido e com carências económicas e sociais que requerem um apoio e uma proximidade de cuidados que só os farmacêuticos podem dar”.

“Consideramos, no entanto, que não o poderemos fazer sozinhos”, acrescenta Ema Paulino. “Neste âmbito, destacamos a importância da prestação de cuidados de saúde multidisciplinares visando um objetivo comum, integrando os profissionais dos mais variados ramos, e a construção de pontes e relações profissionais entre os farmacêuticos nas suas diversas áreas de intervenção”.

“Salienta-se, por fim, a importância da envolvência e capacitação do cidadão, que se revela uma pedra basilar do nosso sistema de saúde”, conclui Ema Paulino.

Mais informações sobre a Campanha de Consciencialização em www.valordofarmaceutico.com e sobre as Comemorações do Dia do Farmacêutico em www.ordemfarmaceuticos.pt/df2016.

Na última década
Aplicação de selantes na população escolar através do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral é o grande contributo.

A aplicação de selantes, uma espécie de resina protetora, nos dentes molares na altura em que estes irrompem é decisiva para uma grande diminuição do aparecimento de cáries dentárias. É isso que demonstram os estudos e a prática, nomeadamente em Portugal, onde a vulgarização deste tipo de intervenção na população escolar entre os 6 e os 16 anos, na última década e meia, permitiu reduzir em 75% o surgimento de cáries nas crianças e jovens. Na faixa etária dos 12 anos, Portugal atingiu, aliás, em 2006 a meta da OMS para 2020 em termos de saúde oral.

No centro desta mudança esteve - e está - o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral da Direção-Geral de Saúde, que em 2000 passou a incluir tratamentos dentários da população escolar, mediante a contratualização de médicos dentistas, escreve o Diário de Notícias. Depois, em 2008, nasceu o cheque-dentista para grávidas e idosos, que no ano seguinte passou a abranger todas as crianças dos 6, 10 e 13 anos das escolas públicas e das IPSS. Em 2010 juntaram-se-lhes todas as outras até aos 14 anos, em 2013, a idade foi estendida aos 16 e, mais recentemente, aos 18.

O terceiro e mais recente estudo nacional de prevalência das doenças orais, publicado no fim do ano passado pela DGS, mostra que se andou muito desde que se iniciaram estas intervenções na população escolar portuguesa.

Um dos principais parâmetros para medir esta evolução é o índice CPOD (de dentes cariados, perdidos e obturados), que para a faixa etária dos 12 anos era, em 2000, de 2,95 dentes e, em 2006, de 1,48. Em 2013, baixou mais ainda, para 1,18.

A par disso, registou-se um aumento da percentagem de jovens com gengivas saudáveis, como mostra a comparação dos dados de estudos anteriores. Em 2006, o valor era, aos 12 anos, de 29% e, aos 15, de 22%. Em 2013, tinham subido para 51,7% aos 12 anos e para 41,8% aos 18.

Menos bons são os indicadores para as idades inferiores a 6 anos, que mostram uma menor evolução positiva da saúde oral daquele grupo da população infantil.

"Mesmo antes de termos os dados deste último estudo já tínhamos essa perceção, o que nos levou há dois anos a introduzir uma nova recomendação no programa para a aplicação dos vernizes de flúor às crianças com menos de 6 anos nos jardins-de-infância", explica Cristina Ferreira, higienista oral e técnica do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral da Direção-Geral de Saúde.

Este verniz de flúor, que à semelhança dos selantes dentários tem um efeito protetor dos dentes, "permitirá ter muito bons resultados a curto prazo", asseguram os técnicos da DGS.

É esse afinal o objetivo destas intervenções precoces com aplicação de selantes dentários. "Sem isso, os níveis de cáries em Portugal seriam quatro vezes superiores ao que são hoje", diz Cristina Ferreira, notando no entanto que o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral "não é só aplicação de selantes", mas abrange uma série de atividades e ações de sensibilização da população escolar e dos seus familiares para a importância dos hábitos alimentares e de higiene para a saúde oral. Uma dessas iniciativas é o projeto SOBE, desenvolvido em parceria com o Plano Nacional de Leitura e a Rede de Bibliotecas Escolares, que através de atividades como concursos de contos e da distribuição de materiais didáticos e de kits de lavagem dos dentes passa justamente essa mensagem. Não por acaso, o SOBE ganhou em 2013 o prémio de melhor projeto da Associação Mundial de Higienistas Orais.

Nações Unidas
Líderes do mundo inteiro pediram a mobilização de governos, médicos, laboratórios e consumidores para travar a ameaça crescente...

"A resistência antimicrobiana representa uma ameaça fundamental a longo prazo para a saúde humana, produção de alimentos e desenvolvimento", declarou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, ao abrir a primeira reunião sobre este assunto convocada pela Assembleia-Geral.

"Estamos a perder a nossa capacidade de proteger tanto os humanos como os animais de infeções mortais", acrescentou.

Como exemplo, citou a epidemia de febre tifoide resistente a antibióticos que está se esta a espalhar em África, a crescente resistência aos tratamentos contra a Sida e a progressão de uma forma de tuberculose resistente a antibióticos já registada em 105 países, escreve o Sapo. Segundo um estudo britânico recente, estas superbactérias podem chegar a matar até 10 milhões de pessoas por ano em 2050, ou seja, serão tão mortais como o cancro.

"A situação é má e está piorar. Alguns cientistas falam de um tsunami em câmara lenta", expressou a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan. "Se continuarmos assim, uma doença banal como a gonorreia tornar-se-á incurável. Iremos ao médico e ele dir-nos-á: 'sinto muito, não posso fazer nada por si'", disse.

Chan ressaltou que durante anos não se desenvolveu nenhuma nova classe de antibióticos e que o retorno do investimento neste tipo de medicamentos é insuficiente para a indústria farmacêutica.

A diretora-geral da OMS pediu por isso uma ação coordenada de todos os setores, tanto públicos como privados, governos, profissionais de saúde, laboratórios e consumidores.

Estes últimos "devem poder comer carne sem antibióticos", disse, em relação à transmissão de infeções resistentes aos antibióticos a partir da carne de animais para os consumidores.

Para impulsar todos os agentes públicos e privados a participarem nesta luta, os líderes reunidos em Nova Iorque aprovaram uma declaração em que se comprometem a reforçar a regulação do uso de antibióticos, disseminar o conhecimento sobre este fenómeno, incentivar a procura de novas classes de antibióticos e estimular os tratamentos alternativos.

A partir de outubro
Cerca de 1,2 milhões de doses de vacina contra a gripe serão este ano distribuídas gratuitamente no Serviço Nacional de Saúde,...

Segundo um comunicado da Direção-Geral da Saúde (DGS), a vacinação contra a gripe arranca no próximo mês e vai continuar a ser gratuita para pessoas a partir dos 65 anos e para internados em instituições.

As vacinas gratuitas para aqueles grupos não requerem receita médica nem pagamento de taxa moderadora.

As vacinas dadas pelo Serviço Nacional de Saúde foram selecionadas em concurso e são de marcas comerciais que também estarão disponíveis em farmácias, refere a DGS.

Quanto às receitas médicas das vacinas contra a gripe, têm uma validade até 31 de dezembro, à semelhança do que aconteceu em anos anteriores.

Por “razões pessoais”
O presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação, Hélder Trindade, pediu a demissão ao ministro da Saúde,...

A demissão do especialista em transplantação, que estava no cargo desde 2011, foi confirmada hoje à agência Lusa pelo Ministério da Saúde. A mesma fonte disse que Helder Trindade invocou "motivos pessoais".

O pedido de demissão ocorre poucos dias depois de a Direção-Geral da Saúde (DGS) ter divulgado uma norma de orientação clínica no sentido de permitir a dádiva de sangue por parte de homossexuais e bissexuais, embora condicionada a um período de abstinência de um ano.

Estas novas regras vêm pôr fim à proibição total de homens que fazem sexo com homens (HSH) - homossexuais e bissexuais - poderem dar sangue, passando aquilo que é hoje considerado como “critério de suspensão definitiva” para “critério de suspensão temporária”.

Na prática, os HSH passam a poder ser dadores de sangue, estando sujeitos à aplicação de um período de suspensão temporária de 12 meses após o último contacto sexual, com avaliação analítica posterior.

A norma, publicada na página da DGS na segunda-feira, vem também estabelecer um período de suspensão de 12 meses após o último contacto sexual para pessoas que tenham tido parceiros portadores de infeção por VIH, hepatite B e hepatite C.

Hélder Trindade já tinha sido contestado pelo Bloco de Esquerda em 2015, por este ter afirmado que só admitia dadores homossexuais que fossem abstinentes.

Promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Um dispositivo que promete ajudar a reduzir a sinistralidade rodoviária associada à condução sob o efeito do álcool, concebido...

O projeto “Pitbox”, de Jimmy Martins, Tiago Silva e Teresa Barroso, ficou classificado em 5º lugar neste concurso patrocinado pelo Governo de Portugal, foi anunciado, ontem à tarde em Lisboa, num evento com a presença, entre outros, do primeiro-ministro português, António Costa, e do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.

Os agora enfermeiros recém-diplomados foram, assim, premiados com bilhetes para a “Web Summit”, o maior evento de empreendedorismo, tecnologia e inovação da Europa, que este ano (e nos dois anos seguintes) decorre em Lisboa, de 7 a 10 de novembro, e com a participação num programa/ação de imersão promovido pela Agência Nacional de Inovação, prémio apenas atribuído às 10 melhores ideias de negócio de produtos de base científica ou tecnológica apresentadas por equipas compostas por estudantes do ensino superior e investigadores.

O “Pitbox” é uma ideia inovadora que está inserida no projeto de investigação H2Q: “Home to Queima: come and go safe”, inscrito na Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem, da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC).

O “Pitbox”, que em junho deste ano ganhou o 3º prémio da fase regional do 13º Concurso Poliempreende, consiste num dispositivo através do qual “o utilizador pode avaliar a taxa de alcoolemia, receber informações sobre o enquadramento legal do valor obtido, bem como receber sugestões e descontos em transportes e alternativas para o regresso a casa em segurança”, explicam os promotores da ideia de negócio.

“Ao mesmo tempo, este dispositivo poderá recolher dados importantes sobre a população utilizadora, o que poderá ser útil para efeitos de investigação científica, bem como para a colaboração na transformação das cidades portuguesas em smart cities”, sustentam Jimmy Martins, Tiago Silva e a professora Teresa Barroso.

Trabalho na área da obesidade infantil
A investigadora Liane Costa, que este ano terminou o Internato de Formação Específica em Pediatria, no Hospital de São João,...

Segundo a investigadora, o trabalho, denominado “Childhood Obesity - Related Inflammation and Vascular Injury – Impact on the Kidney”, “contribuiu substancialmente para a compreensão do impacto da obesidade no rim e na vasculatura de crianças em idade escolar”.

Liane Costa explicou que “a maioria dos mecanismos envolvidos na associação entre obesidade, disfunção vascular e lesão renal são ainda largamente desconhecidos e têm sido muito pouco explorados em idade pediátrica”.

Assim, “foi nosso objetivo contribuir para um melhor conhecimento destes mecanismos, através do estudo de uma amostra de crianças pré-púberes saudáveis, provenientes de uma coorte de nascimentos portuguesa (Geração XXI)”, acrescentou.

No seu trabalho, a investigadora observou que “o consumo de álcool durante a gravidez e a obesidade materna contribuíram para o impacto da obesidade na função renal das crianças”, o que, em seu entender, “reforça a necessidade de estratégias preventivas em relação à obesidade, ainda antes do nascimento”.

“Propusemos uma nova forma de ajuste da função renal ao tamanho corporal, o que constitui um resultado com importantes implicações na investigação e prática clínica”, explicou.

Para a jovem médica, de 32 anos, este prémio é “uma motivação suplementar para conjugar as duas vertentes – clínica assistencial e de investigação”.

“Espero que seja um bom exemplo, sobretudo, para os colegas mais novos de que, de facto, é possível fazer clínica, sermos internos da especialidade e ao mesmo tempo fazermos investigação. Espero que sirva como motivação extra, sobretudo, para os meus colegas mais novos”, sublinhou.

Liane Costa pretende continuar com a sua formação, na área da nefrologia pediátrica, mantendo, em simultâneo, a sua atividade de investigação.

“Irei tentar aplicar este prémio na prossecução de objetivos nesta linha de investigação em que estou agora envolvida”, acrescentou.

Segundo o estudo 2013-2014 da Associação Portuguesa contra a Obesidade Infantil (APCOI), que contou com 18.374 crianças (uma das maiores amostras neste tipo de investigação), 33,3% das crianças entre os 02 e os 12 anos têm excesso de peso, das quais 16,8% são obesas. De acordo com a Comissão Europeia, Portugal está entre os países da Europa com maior número de crianças afetadas por esta epidemia.

O Prémio Banco Carregosa/ Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos tem um valor total de 25 mil euros - 20 mil euros para o projeto classificado em 1.º ligar e cinco mil euros a dividir por duas menções honrosas, e será hoje entregue no Porto.

Criado pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, patrocinado pelo Banco Carregosa e com coordenação científica de Sobrinho Simões, recentemente considerado o patologista mais influente do mundo, o galardão visa distinguir projetos de investigação clínica em Portugal.

Numa declaração, o presidente da SRNOM, defende que a Ordem tem que estimular mais a atividade de investigação clínica junto dos jovens médicos e apoiá-los na sua formação.

“Esta questão dos prémios, nomeadamente do estímulo que existe à investigação, pode funcionar neste duplo sentido e pode servir para melhorar a qualidade do exercício da medicina por parte dos jovens e o interesse na investigação”, referiu.

Dia Mundial da Leucemia Mieloide Crónica
Assinala-se hoje o Dia Mundial da Leucemia Mieloide Crónica, uma doença oncológica que atinge, sobre

A Leucemia Mieloide Crónica (LMC) é uma doença oncológica caracterizada por uma desregulação da medula óssea (local onde se produz o sangue) que se traduz numa proliferação desmesurada dos progenitores dos glóbulos brancos, mais particularmente dos que dão origem aos neutrófilos, eosinófilos e basófilos.

Esta proliferação é equilibrada entre os vários tipos de células, com presença de todos os estádios de maturação destas, havendo muito poucas células ditas indiferenciadas (blastos).

Embora tenha um nome ao qual se associa um estigma de gravidade, esta doença actualmente é controlada com medicação oral, fazendo com que as pessoas com LMC tenham uma vida perfeitamente normal. Esta doença é mais frequentemente diagnosticada acima dos 65 anos de idade.

Actualmente, a maioria das pessoas que são diagnosticadas com Leucemia Mieloide Crónica, são-no de uma forma incidental, ou seja, fazem análises de rotina que mostram um aumento do número dos glóbulos brancos, à custa de uma produção aumentada de neutrófilos, basófilos e eosinófilos. Nas análises é frequentemente possível também observar formas mais precoces destas células, tais como os promielocitos, mielocitos e metamielocitos. Estes 3 tipos de células habitualmente não andam a circular no sangue, encontrando-se somente na medula óssea. Mas, como a medula está a produzir tantas células, fica “cheia e transborda” células para a corrente sanguínea. Além dos glóbulos brancos, também as plaquetas podem estar aumentadas (também por proliferação dos percursores plaquetares).

Há vários anos, as pessoas, não tendo disponível os cuidados de saúde que agora têm, eram frequentemente diagnosticadas já em fases mais avançadas, quando a doença já se manifestava com mais sintomas. Os sintomas são relativos às alterações orgânicas que a LMC produz: cansaço (por anemia), dor abdominal, enfartamento (por baço aumentado), febre e perda de peso.

Houve um grande progresso no estudo desta doença e dos mecanismos que estão na sua origem. Actualmente sabe-se que a LMC é provocada por uma alteração genética específica que leva a uma sinalização permanente na medula para as células proliferarem.

Essa alteração genética é “visível” numa alteração cromossomómica, com partilha de material entre dois cromossomas (o 9 e o 22), ao qual se dá o nome de cromossoma de Filadélfia.

Há 30 anos, após o diagnóstico desta patologia, os doentes tinham uma expectativa de vida de cerca de 20 anos, acabando por falecer por progressão para leucemia aguda. Os tratamentos não mudavam a história natural da doença, à excepção do transplante alogénico de medula que tinha potencial curativo, mas à custa de muita toxicidade e só acessível a indivíduos mais jovens.

Com a descoberta da causa subjacente para o aparecimento da LMC, foi desenvolvido um fármaco que actua especificamente sobre a alteração genética, fazendo “desligar” o sinal que faz as células proliferarem, o imatinib.

Desde então, houve uma revolução completa no tratamento da LMC e a sobrevivência dos doentes, fazendo com que, com um comprimido diário, haja uma total normalização da medula e, enquanto este for tomado, a doença mantém-se “adormecida”.

A forma como se foi aprendendo como é que esta doença aparecia e se criou um medicamento que tem um alvo molecular específico, havendo uma normalização da medula, continua a ser um marco importantíssimo na oncologia no geral, sendo esta doença o paradigma do que a investigação nesta área deve tentar almejar. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Durante a próxima década
O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e a sua mulher prometeram doar três mil milhões de dólares durante a próxima década...

“Esta é uma meta ambiciosa”, afirmou Mark Zuckerberg, em São Francisco, ao anunciar o donativo (de cerca de 2,6 mil milhões de euros), salientando que passou os últimos anos a discutir com especialistas que acreditam que é possível.

Mark Zuckerberg disse acreditar que, dada a esperança média de vida, o donativo vai permitir que no final do século tenham sido encontrados tratamentos contra quaisquer doenças.

A sua mulher, Priscilla Chan, médica, disse que não significa que as crianças não vão estar doentes, mas que as doenças serão menos frequentes.

Aquele investimento será o primeiro de um esforço que o casal espera que seja “coletivo” e que pretende apoiar a criação de um centro biológico em São Francisco, onde investigadores e cientistas possam desenvolver ferramentas para melhor estudarem e compreenderem as doenças.

Estudo
O mundo registou progressos na saúde desde 2000, nomeadamente na mortalidade infantil e neonatal ou no acesso aos cuidados de...

Publicado na revista científica The Lancet e apresentado num evento nas Nações Unidas, em Nova Iorque, o estudo é o primeiro a avaliar o desempenho dos países nas metas relativas à Saúde inscritas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Definidos em 2015 para suceder aos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, que expiraram nesse ano, os ODS são 17 objetivos universais, 169 metas, e 230 indicadores que visam abordar problemas globais como a segurança alimentar, a pobreza, o acesso à água ou as alterações climáticas e que têm como prazo o ano 2030.

A saúde é um setor central nos ODS: o terceiro objetivo é “garantir vidas saudáveis e promover o bem-estar para todos, em todas as idades” e há indicadores relacionados com a saúde em 11 dos outros 16 objetivos.

Na sua investigação, os cientistas liderados por Stephen Lim, do Instituto para a Métrica e a Avaliação da Saúde na Universidade de Washington, em Seattle, EUA, usaram dados do estudo sobre o Peso Global da Doença para avaliarem o desempenho de 188 países em 33 dos 47 indicadores relativos à saúde nos ODS, classificando-os num índice que vai de zero (o pior) a 100 (o melhor).

Nas suas conclusões, os autores escrevem que se verificam progressos nos indicadores que já estavam abrangidos pelos ODM, mas não tanto nos indicadores que vão além dos ODM, alguns dos quais até pioraram - como o excesso de peso na infância, a violência doméstica ou o consumo excessivo de álcool.

Com efeito, os progressos a nível mundial variam muito consoante os indicadores, acrescentam os cientistas.

Embora 60% dos países já tenham alcançado algumas metas para 2030 - redução da mortalidade materna (menos de 70 mortes em cada 100 mil nados vivos) e infantil (25 mortes em cada mil nados vivos), - nenhum país alcançou qualquer das nove metas para a eliminação total de doenças como a tuberculose e o VIH.

O frágil progresso no combate a estas duas doenças nos últimos 25 anos leva mesmo os autores a considerar irrealista o objetivo de eliminá-las nos próximos 25 anos.

O estudo permite ainda concluir que menos de um quinto dos países conseguiu eliminar o baixo peso e baixa estatura nas crianças com menos de cinco anos ou alcançar o acesso universal a fontes seguras e económicas de água e saneamento.

Os investigadores compararam os desempenhos em saúde com um índice socio-demográfico (ISD) que criaram para medir o nível de desenvolvimento dos países, baseado no rendimento ‘per capita’, sucesso escolar e taxa de fertilidade.

Esta comparação permitiu-lhes concluir que alguns países, como Timor-Leste, o Tadjiquistão, Taiwan ou a Islândia registaram melhorias maiores do que o esperado para o seu desenvolvimento, enquanto outros, incluindo a Líbia e a Síria, tiveram desempenhos piores na saúde do que o seu nível de desenvolvimento faria supor.

Embora o ISD fosse fortemente condicionante do desempenho na maioria dos indicadores de saúde, não tinha o mesmo impacto em fatores também contabilizados, como a violência interpessoal, a automutilação, a poluição, a poluição atmosférica ou a obesidade infantil.

Os autores concluíram por isso que investir no aumento do rendimento ‘per capita’, na educação e no planeamento familiar não será suficiente para alcançar as metas dos ODS em 2030.

"O nosso estudo é um ponto de partida para mais investigação sobre como e por que motivo os países estão a ter desempenhos melhores ou piores do que a média. Será um esforço anual para garantir que o progresso se mantém e que as lições dos casos de sucesso são rapidamente apreendidas e transferidas para outros países onde o progresso é menos impressionante", disse Stephen Lim, citado pela Lancet.

Neste índice, a Islândia, Singapura e a Suécia são os mais bem classificados (todos têm 85 pontos), enquanto no extremo oposto surgem a República Centro-Africana (20 pontos), a Somália e o Sudão do Sul (ambos com 22 pontos).

Com 78 pontos, Portugal surge na 22.ª posição, pressionada pelos maus resultados em indicadores como o VIH ou o excesso de peso.

Portugal surge acima de países como França (24.º), Grécia (26.º) ou os EUA (28.º), mas abaixo de Espanha (7.º), Irlanda (13.º) ou Itália (20.º).

Entre os outros países lusófonos, o Brasil reúne 60 pontos e fica na 90.ª posição, com a violência como o pior indicador; Timor-Leste e Cabo Verde, no 122.º e 123.º lugares, respetivamente, têm ambos 53 pontos.

Timor-Leste tem a malária como o pior indicador, enquanto em Cabo Verde são a água e a higiene os indicadores com piores resultados.

A Guiné Equatorial tem 36 pontos e está na 157.ª posição, enquanto Angola está na 170.ª, com 32 valores, sendo ambos os países prejudicados pelos indicadores malária, água e higiene.

A Guiné-Bissau e Moçambique (176.º e 177.º lugares, respetivamente, têm ambos 29 pontos, sendo os indicadores mais preocupantes o acesso à água, higiene e a poluição do ar interior).

Polícia polaca anuncia
A polícia polaca anunciou hoje ter desmantelado o maior laboratório do mundo de produção ilegal de esteroides anabolizantes e...

“Era o maior laboratório do mundo em contrafação de drogas contra a impotência [sexual] de acordo com os representantes de quatro companhias farmacêuticas cujos produtos eram falsificados”, afirmou à agência France Press Agnieszka Hamelusz, uma porta-voz da polícia polaca.

De acordo com a mesma fonte, a polícia apreendeu 100 mil comprimidos falsos para a disfunção erétil e 430 mil ampolas de esteroides no valor estimado de 17 milhões de zlotys (3,95 milhões de euros).

As autoridades polacas detiveram nos últimos meses 14 suspeitos de pertencer à rede que comercializava os produtos, ainda de acordo com a mesma fonte.

A rede agora desmantelada terá feito milhões de euros com a venda pela internet de drogas contrafeitas, às quais davam os nomes mais populares no mercado.

A polícia apreendeu maquinaria com um valor na ordem do milhão de euros na casa nos arredores de Bydgoszcz, na margem do rio Brahe, no norte da Polónia.

Os componentes utilizados nas drogas falsificadas eram provenientes da China, via Grécia, Reino Unido e Roménia.

Demência
Cuidar de alguém com Doença de Alzheimer é um processo longo e desgastante que pode trazer consequên

A Doença de Alzheimer é o tipo de demência mais comum, estimando-se que afete entre 50 a 70 por cento de todos os casos registados. Um número que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, se espera que  aumente nas próximas décadas como consequência do crescimento das taxas de envelhecimento.

Com causa desconhecida, trata-se de uma doença neurodegenerativa progressiva e irreversível, que afeta as capacidades cognitivas do doente, culminando na perda total da sua autonomia.

Os sintomas iniciais  da doença incluem perda de memória, desorientação espacial e temporal, confusão e problemas de raciocínio e/ou pensamento que levam, consequentemente, a alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa, que mostra ter grandes dificuldades na realização das suas atividades de vida diária ao ponto de a tornar completamente dependente.

Nestas condições, o cuidador (familiar ou não) assume um papel de extrema importância na vida do doente de Alzheimer.

“Cuidar de uma pessoa com demência implica um dispêndio significativo de tempo, energia e dinheiro durante, potencialmente, longos períodos. As tarefas podem ser desagradáveis e desconfortávies, psicologicamente stressantes e fisicamente desgastantes”, começa por explicar Catarina Alvarez, psicóloga coordenadora dos Projetos ‘Cuidar Melhor’ e ‘Café Memória’ da Associação Alzheimer Portugal.

A verdade é que, ao contrário do que acontece com outras doenças crónicas, a demência leva ao desenvolvimento de necessidades especiais, de apoio e cuidados, muitas vezes em fases iniciais da doença, que requerem supervisão e vigilância constantes.

De acordo com a especialista, este é um processo longo e que sofre alterações conforme a progressão da doença, provocando um enorme desgaste junto do cuidador.

“O início do processo pode preceder o diagnóstico quando são os familiares que identificam as alterações e encaminham a pessoa para uma avaliação, ou estabelecer-se como consequência deste. A partir daqui, os cuidadores familiares são confrontados com a realidade de terem de assumir funções e tarefas que até então eram asseguradas pela pessoa com demência”, explica.

Deste modo, inicialmente, ajudam o doente “nas atividades instrumentais da vida diária”, como a preparação de refeiçoes, nas tarefas domésticas, na gestão das finanças ou  no apoio à medicação.

Por outro lado, Catarina Alvarez refere que “o seu contributo também é fundamental para atenuar as alterações de comportamento e os sintomas psicológicos associados à doença”.

“Numa fase posterior, as pessoas com demência precisam de apoio nas atividades mais básicas da vida diária, tais como, alimentar-se, cuidados de higiene e a vestir-se”, acrescenta.

A especialista admite que os primeiros tempos são, “para a maioria dos cuidadores e doentes, tempos muito duros”. Não só pelo choque provocado pela inversão dos papeis (quando se trata de filhos a cuidarem dos pais) ou à perda dos referenciais do familiar mas, sobretudo, pelos desentendimentos que a doença, naturalmente, estabelece.

“A demência pode ter um grande impacto no comportamento da pessoa e gerar ansiedade, desorientação, confusão e frustração”, justifica.

Embora, tal como explica, cada pessoa com demência lide de forma diferente e única com estes sentimentos, “são comuns alguns comportamentos” – discurso repetitivo, agitação, desconfiança e, por vezes, agressividade  - que colocam em causa o relacionamento.

Por outro lado, do ponto de vista do cuidador, as preocupações centram-se no futuro e nas repercurssões que a doença possa vir a ter a nível profissional e familiar. “Verificam-se também as preocupações relacionadas com a antecipação de fases mais avançadas da doença e à possível exigência de cuidados exceder a capacidade e recursos do cuidador”, acrescenta a psicóloga.

Deste modo, torna-se vital o apoio ao cuidador. “Importa procurar informação, formação e apoio emocional”, revela acrescentando que o apoio à pessoa com demência e cuidadores deve “ser dado a partir do diagnóstico até aos cuidados de fim de vida”.

Cuidadores queixam-se de falta de apoio

José Lopes acorda todos os dias entre as 6 e as 7 horas para se dedicar em exclusivo à mulher, Alice de 74 anos, que há 12 convive com a doença de Alzheimer.

Apesar dos primeiros sintomas terem surgido há mais de uma década, apenas há quatro chegou o diagnóstico. “Havia sintomas pouco comuns, como a perda de memória...”, revela.

“Naquela altura havia pouca sensibilidade, até na classe médica, para os sintomas de Alzheimer”, justifica José.

A verdade é que,  durante os primeiros oito anos da doença o casal consultou vários médicos e ouviram várias opiniões. “Isso é da idade, é uma demência vascular,  outro dizia que era um défice cognitivo ligeiro...”, enumera.

O diagnóstico surge, em 2012, depois de Alice ter feito “uma ressonância magnética especial e uma punção lombar”. “Já tinha realizados várias TAC mas nos primeiros anos da doença eles não mostravam nada”, acrescenta.

Confirmado o diagnóstico, José admite que foi um choque. “Acabou por ser a confirmação de uma suspeita recente. Embora fosse lendo algumas coisas, nunca cheguei a desconfiar da doença, até aos últimos anos”, afirma.

“Ninguém está preparado para uma situação destas”, revela, sobretudo quando se vê confrontado com uma realidade diferente daquela que encontra na literatura.

“É uma doença sem cura mas o doente pode durar 20 e 25 anos... Ninguém pode imaginar como eu vou aguentar esses 25 anos!”, diz.

Os primeiros sintomas de Alice consistiam, sobretudo, na perda de memória. “Deixou de conseguir usar o cartão multibanco, não sabia como preencher um cheque, ia às compras e vinha com outras coisas que não aquelas que precisava comprar, perdia o rol das compras”, recorda.

Há quatro anos Alice deixou de conseguir cozinhar, de se lembrar que tem de tomar banho ou tomar a medicação.

“Teve ainda uma fase de grande agressividade, porque percebera que perdera as capacidades mas não conseguia compreender o que estava a acontecer”, revela José acrescentando que a doença evolui de mês para mês.

Perante a situação que viveu inicialmente, José admite que existiu dentro dele um conflito ético a respeito da continuidade dos tratamentos. “Se eu não faço nada isto precipita-se e eu livro-me disto mais cedo, se faço prolongo a situação e o meu sofrimento”, chegou a pensar.

“Passada a fase inicial, verifica-se o grande problema de apoio ao cuidador”, acrescenta justificando-se. “Não há para o doente, nem para o cuidador...”, reforça.

Lamenta-se pela falta de apoio médico, referindo que as consultas têm listas de espera demasiado longas – “esperamos um ano para ter consulta” – e revela que os medicamentos têm apenas comparticipação quando receitados pelo especialista.

“O médico de família pode passar a medicação mas ela não tem comparticipação. Para ir ao especialista espero um ano...”, diz.

Perante o desamparo que sentia, José teve de agir por conta própria e aprender sozinho como lidar com a doença.

“Se eu quero fazer alguma coisa tenho de o fazer sozinho”, diz. “Cheguei a ir a um psicólogo mas desisti... Não se consegue encontrar um psicólogo que saiba o que é um doente de Alzheimer”, justifica.

Para além disso, lamenta a falta de apoio familiar que diz existir, por uma razão ou por outra, em todas as famílias. “Todos os cuidadores de Alzheimer passam por esta situação. Os filhos casam, moram fora, durante a semana estão preocupados com o trabalho e no fim-de-semana estão ocupados com os filhos ou os amigos. Outros porque não conseguem ver o familiar assim...”, justifica.

Hoje em dia, Alice “é muito pacífica” e sabe que sofre da doença. “Andei a adiar o ato de lhe explicar a doença. Agora sabe o que tem mas já não compreende muito bem o que isso é”, conta.

Ao fim destes 12 anos, ainda reconhece o marido, os filhos e os netos mas troca os nomes das noras e já não se lembra de familiares mais afastados.

“Eu já estou adaptado”, diz resignado o marido que, por sua iniciativa, aprendeu tudo o que podia aprender para cuidar das necessidades da mulher. “Sou eu que lhe faço os exercícios cognitivos e ela ainda gosta de fazer recortes e sudoku sozinha”, conclui.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dia Mundial da Doença de Alzheimer - 21 de setembro
Um estudo que acaba de ser publicado na conceituada revista Scientific Reports, do grupo Nature, liderado por investigadores do...

O estudo, desenvolvido durante três anos por uma equipa constituída por cientistas alemães, norte-americanos e franceses, contou com a coordenação de Luísa Lopes, investigadora do Instituto de Medicina Molecular (iMM). Num primeiro momento, a investigação demonstrou que o aumento de expressão de A2A, um recetor de adenosina, no cérebro de animais jovens lhes causava défices de memória e alterações no sistema de resposta ao stress semelhantes ao envelhecimento.

“O simples facto de alterarmos a quantidade deste recetor em neurónios do hipocampo e córtex, áreas associadas à memória, induziu um perfil que designamos por envelhecimento precoce, já que causa défices cognitivos e, ainda mais surpreendente, aumento nas hormonas de stress no sangue (o cortisol), tal como se observa em idosos”, explica Luísa Lopes.

Num segundo momento, a investigação constatou que quando estes animais foram tratados com um fármaco análogo à cafeína, tanto as alterações de memória como as alterações ligadas ao stress foram normalizadas. “Isto lança, não só, pistas importantes na relação entre o stress crónico e as perdas de memória ligadas ao envelhecimento, como também identifica a sobreativação do recetor A2A como possível desencadeador das alterações que ocorrem com o envelhecimento”, conclui a investigadora portuguesa.

Este estudo reforça ainda a ideia de que os efeitos benéficos da cafeína, nomeadamente na doença de Alzheimer, são uma consequência da sua capacidade de restabelecer a resposta ao stress ao longo da idade.

Ogilvy Portugal
A Campanha Instantes Alzheimer, para a Associação Alzheimer Portugal, volta a utilizar as redes sociais para sensibilizar a...

Ao longo do dia de hoje, várias figuras públicas e influenciadores irão estar a partilhar uma fotografia desfocada no seu perfil do Instagram. Trata-se da Campanha Instantes Alzheimer, desenvolvida pela Ogilvy para a Associação Alzheimer Portugal, no âmbito do Dia Mundial da Doença de Alzheimer, que se assinala hoje, dia 21 de setembro.

Mariana Monteiro, Nuno Markl, Adelaide de Sousa, Ana Galvão, Helena Costa, Andreia Dinis, Diana Bouça-Nova, Paula Lobo Antunes, Kelly Bailley, Mónica Lince (Blog Mini-Saia) e Sofia Novais de Paula (Blog Diário de um Batom) são alguns dos muitos influenciadores (lista completa em anexo) que não hesitaram em juntar-se a esta campanha, partilhando no seu perfil de Instagram uma fotografia desfocada de um momento que gostavam de recordar para sempre. A publicação apropria-se de uma característica desta rede social, quando as fotografias ainda não estão totalmente carregadas e aparecem desfocadas. Contudo, as fotografias de quem aderiu à campanha nunca irão aparecer focadas.

Cada publicação destes influenciadores terá identificada a página de Instagram da Campanha, InstantesAlzheimer, onde será possível encontrar várias fotografias em branco, numa analogia à memória que os doentes de Alzheimer têm dos momentos mais especiais das suas vidas, um vazio. Um alerta para esta doença que afeta mais de 182 mil pessoas em Portugal.

A campanha dá assim continuidade ao site www.esqueci-me.pt, criado pela Ogilvy em 2014, onde é ainda possível partilhar um “Instante” e fazer um donativo no valor que desejar para a Alzheimer Portugal.

“Esta campanha é mais um ‘grito’ de alerta para esta doença que afeta não só as pessoas com doença de Alzheimer mas também as suas famílias, que veem os seus mais queridos esquecerem-se de todos os momentos e pessoas com quem se cruzaram ao longo da sua vida. É importante estarmos conscientes do que é a doença e em alerta para os primeiros sinais da mesma, quer em nós, quer nos nossos familiares”, alerta Tatiana Nunes, Responsável de Comunicação da Alzheimer Portugal.

A doença de Alzheimer provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas como memória, atenção, concentração, linguagem e pensamento. Ainda sem cura, esta doença afeta mais de 182 mil portugueses.

Para mais informações consultar a página de Instagram InstantesAlzheimer e o site InstantesAlzheimer.

Associação Zero
As cinco cidades portuguesas onde a Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável promoveu hoje medições de ruído com recurso...

"Todas as medições estiveram bem acima do limite legal. A [cidade] que se comportou melhor foi Faro. Estamos muito longe do cumprimento da legislação ", disse Carla Graça, da Zero.

De acordo com os dados recolhidos pela associação, em 24 medições efetuadas em períodos mínimos de 10 minutos, na hora de ponta da manhã (entre as 07:35 e as 09:40), Lisboa registou os valores mais elevados (entre 71 e 72 dBA), seguida de Leiria (69 a 71 dBA), Porto (69 e 70 dBA) e Funchal (65 a 68 dBA).

Faro foi a única cidade a registar valores médios abaixo do limite legal (57 decibéis antes das 08:00 e o mesmo valor em três medições entre as 08:10 e as 08:55), mas às 09:05 o registo subiu para os 69 dBA "talvez porque em Faro a hora de ponta comece mais tarde", notou Carla Graça.

A responsável disse ainda que Leiria constituiu "uma surpresa" pelos valores "elevados" ali registados - as medições foram efetuadas na Praça da República, junto à Câmara Municipal - precisando que embora os valores das cinco cidades "possam parecer baixos", um aumento de um decibel "é um aumento considerável do nível de ruído, porque é uma escala logarítmica e não aritmética".

Ainda segundo Carla Graça, todas as cinco cidades alvo das medições possuem mapas de ruído, mas apenas Lisboa tem medidas de redução aprovadas: "O Porto ou não tem ou não estão certificadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e em Leiria estão em desenvolvimento, o que mostra que há muito ainda a fazer neste campo", declarou.

Carla Graça lembrou ainda que as medições hoje efetuadas, no penúltimo dia da Semana Europeia da Mobilidade, "não são propriamente legais"- já que utilizaram uma aplicação para telemóvel que pode ser descarregada gratuitamente e não equipamentos certificados - mas que a ação teve como objetivo "alertar as pessoas" para o ruído em "zonas críticas" das cidades.

"Qualquer pessoa pode utilizar uma aplicação [do género da utilizada] e assim ter a noção dos níveis de ruído que a rodeiam", adiantou.

As medições foram realizadas em zonas de muito trânsito automóvel - denominadas zonas mistas - em Lisboa (Campo Grande), Porto (viaduto sobre a VCI da Avenida da Boavista), Faro (Avenida Calouste Gulbenkian), Funchal (Avenida Calouste Gulbenkian) e Leiria (Praça da República).

Segundo a Zero, os níveis de ruído ambiente nas zonas mistas não deverão ultrapassar 65 dBA durante o dia e os 55 dBA entre as 23:00 e as 07:00. Em zonas de escolas, hospitais, jardins ou exclusivamente residenciais, que deveriam estar classificadas como zonas sensíveis, os níveis deverão ser 10 dBA abaixo dos verificados em zonas mistas.

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