A aprovação de hoje permite a introdução no mercado de nivolumab nos 28 Estados-Membros da União Europeia (UE). Segue-se a um procedimento de avaliação acelerado por parte do Comité dos Medicamentos para Uso Humano (CHMP), que foi anunciado a 24 de abril de 2015. Este procedimento de avaliação acelerado foi possível na medida em que nivolumab se qualificava para a designação de “medicamento de maior interesse do ponto de vista da saúde pública e em particular do ponto de vista de inovação terapêutica”. Nivolumab é o único inibidor do checkpoint imunitário PD-1 sujeito a um procedimento de avaliação acelerado na Europa, e é a primeira aprovação concedida pela Comissão Europeia para um inibidor PD-1 em qualquer tipo de cancro.
A incidência de melanoma tem continuado a aumentar em quase todos os países europeus, estimando-se que um em cada cinco doentes desenvolva doença metastática ou avançada. Historicamente, o prognóstico para o melanoma metastático em estadio avançado é fraco: a taxa de sobrevivência média para o estadio IV é de apenas 6 meses, com uma taxa de mortalidade de 75% a 1 ano.
“Na Bristol-Myers Squibb, estamos continuamente focados no desenvolvimento de novas formas de transformar a perspetiva dos doentes em relação a alguns dos cancros mais difíceis de tratar e mais mortíferos”, referiu Emmanuel Blin, vice-presidente sénior, diretor de comercialização, políticas e operações da Bristol-Myers Squibb. “Temos o prazer de apresentar à União Europeia o primeiro inibidor do checkpoint imunitário PD-1, para tratamento do melanoma avançado. Estamos a trabalhar arduamente, e a uma velocidade muito elevada, para continuarmos a desenvolver a nossa ciência de Imuno-Oncologia de modo a proporcionarmos novas opções de tratamento, com o objetivo de melhorar a sobrevivência a longo prazo dos doentes”.
Sobre os ensaios CheckMate -066, -037
A aprovação da Comissão Europeia baseia-se em dados de dois estudos de fase 3 (CheckMate -066, -037). Em conjunto, os ensaios investigaram nivolumab entre linhas de tratamento e estados mutacionais, com uma dose consistente de 3 mg/kg a cada duas semanas, que foi bem estabelecida no programa de desenvolvimento clínico de fase 3 para nivolumab.
“Os dados de fase 3 que sustentam a aprovação de nivolumab demonstram uma sobrevivência global e uma taxa de resposta superiores em doentes com melanoma avançado sem tratamento prévio, relativamente ao tratamento padrão”, disse o Dr. Dirk Schadendorf, M.D., professor, diretor e presidente da Clínica de Dermatologia do Hospital Universitário de Essen, na Alemanha. “É um importante passo em frente para oferecer uma nova opção para os doentes com melanoma avançado na União Europeia, sobretudo considerando que os benefícios a longo prazo têm sido bastante difíceis de alcançar no tratamento do melanoma”.
O CheckMate -066 é um estudo de fase 3 aleatorizado, em dupla ocultação, que compara Opdivo® (n=210) com quimioterapia com dacarbazina (n=208) em doentes com melanoma avançado sem tratamento prévio. É o primeiro ensaio de fase 3 de um inibidor de checkpoint imunitário PD-1 a demonstrar uma sobrevivência global superior no melanoma avançado, demonstrando uma taxa de sobrevivência a um ano de 73% para nivolumab versus 42% para a dacarbazina , tendo havido uma diminuição de 58% no risco de morte para os doentes tratados com nivolumab, com base numa taxa de risco de 0,42 (IC a 95%, 0,30 - 0,60; P < 0,0001). A taxa de resposta objetiva foi também significativamente mais elevada para nivolumab do que para a dacarbazina (40% vs. 14%, P < 0,0001). O parâmetro de eficácia primária deste ensaio foi a sobrevivência global (SG). Os parâmetros de avaliação secundários incluíram a sobrevivência livre de progressão (SLP) e a taxa de resposta objetiva (objective response rate – ORR) segundo os critérios RECIST v1.1.
A segurança foi notificada em todos os doentes tratados nos braços de nivolumab e de dacarbazina . Observaram-se menos descontinuações com nivolumab do que com dacarbazina (6,8% vs. 11,7%), bem como para os eventos adversos (EA) de Grau 3/4 relacionados com o tratamento (11,7% vs. 17,6%), que foram controlados utilizando algoritmos de segurança estabelecidos. Os EA mais frequentes relacionados com o tratamento com nivolumab foram a fadiga (20%), prurido (17%) e náuseas (16,5%). Os eventos adversos frequentes no braço de dacarbazina foram consistentes com os de relatórios anteriores e incluíram náuseas (41,5%), vómitos (21%), fadiga (15%), diarreia (15%) e toxicidades hematológicas. Não houve mortes atribuídas à toxicidade do medicamento do estudo em nenhum dos braços.
O CheckMate -037 é um estudo controlado de fase 3 aleatorizado,sem ocultação, de Opdivo®(n=272) versus uma quimioterapia à escolha do investigador [QEI] (n=133) (ou dacarbazina em monoterapia ou carboplatina mais paclitaxel) em doentes com melanoma avançado que foram previamente tratados com Yervoy® (ipilimumab). Os parâmetros de eficácia primária do estudo são a ORR e a SG. Numa análise intermédia planeada da ORR, observou-se uma melhoria de 32% na ORR no braço de nivolumab (IC a 95%, 23,5%-40,8%) versus 11% no braço de quimioterapia à escolha do investigador (IC a 95%, 3,5%-23,1%). A maioria das respostas (95%) foram continuadas nos doentes aos quais se administrou nivolumab . As respostas a nivolumab foram demonstradas em doentes com ou sem a mutação BRAF e independentemente da expressão de PD-L1.
A segurança foi notificada em todos os doentes tratados nos braços de nivolumab (n=268) e de QEI (n=102). A maioria dos eventos adversos relacionados com o tratamento com nivolumab foram de grau 1/2 e foram controlados utilizando-se algoritmos de tratamento recomendados. Os EA de grau 3/4 relacionados com o tratamento foram menos frequentes para o braço de nivolumab (9% vs. 31% dos doentes tratados com quimioterapia). As descontinuações devido a EA de qualquer grau relacionados com o medicamento ocorreram em 2% dos doentes tratados com nivolumab e em 8% dos doentes aos quais foi administrada QEI. Não houve mortes relacionadas com a toxicidade do medicamento do estudo.
A aprovação também se baseou em dados de um estudo de fase 1b (Estudo -003) com melanoma recidivante avançado ou metastático, que demonstrou a primeira caracterização da razão benefício/risco de nivolumab no melanoma avançado. Dos 306 doentes previamente tratados e recrutados para o estudo, 107 tinham melanoma, tendo-lhes sido administrado nivolumab numa dose de 0,1mg/kg, 0,3mg/kg, 1mg/kg, 3mg/kg ou 10mg/kg num máximo de 2 anos. Nesta população de doentes, a resposta objetiva foi notificada em 33 doentes (31%) com uma duração mediana de resposta de 22,9 meses (IC a 95%: 17,0, NR). A mediana da SLP foi de 3,7 meses (IC a 95%: 1,9, 9,3). A mediana da SG foi de 17,3 meses (IC a 95%: 12,5, 36,7), e as taxas de SG estimadas foram de 63% (IC a 95%: 53, 71) a 1 ano, 48% (IC a 95%: 38, 57) a 2 anos, e 41% (IC a 95%: 31, 51) a 3 anos.
Sobre Opdivo® (nivolumab)
A Bristol-Myers Squibb tem um programa alargado de desenvolvimento global para estudar Opdivo® (nivolumab) em múltiplos tipos tumorais, que consiste em mais de 50 ensaios clínicos – em monoterapia ou em associação com outras terapêuticas – no qual já foram incluídos mais de 8000 doentes em todo o mundo.
Nivolumab tornou-se o primeiro inibidor do checkpoint imunitário PD-1 a receber aprovação regulamentar a nível mundial, a 4 de julho de 2014, quando a Ono Pharmaceutical Co. anunciou que tinha recebido aprovação para o fabrico e introdução no mercado no Japão, para o tratamento de doentes com melanoma irressecável. A 22 de dezembro de 2014, a FDA (Food and Drug Administration) concedeu a sua primeira aprovação para Opdivo®, para o tratamento de doentes com melanoma irressecável ou metastático e com progressão da doença após a terapêutica com Yervoy® (ipilimumab) e, se positivos para a mutação BRAF V600, como inibidor BRAF. A 4 de março de 2015, Opdivo® recebeu a sua segunda aprovação da FDA para o tratamento de doentes com cancro do pulmão de células não-pequenas (CPCNP) de histologia escamosa metastático, com progressão durante ou após quimioterapia à base de platina.
Informação importante de segurança
Pneumonite imunitária
· Foram observadas pneumonite ou doença intersticial pulmonar graves, incluindo casos fatais, com o tratamento com OPDIVO. Na experiência de ensaios clínicos em 691 doentes com tumores sólidos, a pneumonite imunitária fatal, ocorreu em 0,7% (5/691) dos doentes com o tratamento com OPDIVO; não ocorreram casos no ensaio 1 nem no ensaio 3. No ensaio 1, a pneumonite, incluindo a doença intersticial pulmonar, ocorreu em 3,4% (9/268) dos doentes com o tratamento com OPDIVO e em nenhum dos 102 doentes com tratamento com quimioterapia. A pneumonite imunitária ocorreu em 2,2% (6/268) dos doentes com o tratamento com OPDIVO; um com casos de grau 3 e cinco de grau 2. No ensaio 3, a pneumonite imunitária ocorreu em 6% (7/117) dos doentes com tratamento com OPDIVO, incluindo cinco casos de grau 3 e dois casos de grau 2. Monitorizar os doentes quanto a sinais e sintomas de pneumonite. Administrar corticosteroides para a pneumonite de grau 2 ou superior. Descontinuar permanentemente OPDIVO nos casos de grau 3 ou 4 e suspender OPDIVO até à resolução para casos de grau 2.
Colite imunitária
· No ensaio 1, a diarreia ou colite ocorreram em 21% (57/268) dos doentes com tratamento com OPDIVO e em 18% (18/102) dos doentes com tratamento com quimioterapia. A colite imunitária ocorreu em 2,2% (6/268) dos doentes com tratamento com OPDIVO; cinco de grau 3 e uma de grau 2. No ensaio 3, a diarreia ocorreu em 21% (24/117) dos doentes com tratamento com OPDIVO. A colite imunitária de grau 3 ocorreu em 0,9% (1/117) dos doentes. Monitorizar os doentes quanto à colite imunitária. Administrar corticosteroides no caso de colite de grau 2 (com duração superior a 5 dias), 3 ou 4. Suspender OPDIVO para os casos de grau 2 ou 3. Descontinuar permanentemente OPDIVO nos casos de colite de grau 4, ou no caso de recorrência de colite ao retomar OPDIVO.
Hepatite imunitária
· No ensaio 1, houve uma incidência aumentada de alterações nos testes de função hepática no grupo tratado com OPDIVO, em comparação com o grupo tratado com quimioterapia, com aumentos na AST (28% vs. 12%), fosfatase alcalina (22% vs. 13%), ALT (16% vs. 5%) e bilirrubina total (9% vs. 0). A hepatite imunitária ocorreu em 1,1% (3/268) dos doentes com tratamento com OPDIVO; dois casos de grau 3 e um de grau 2. No ensaio 3, as incidências de valores aumentados nos testes de função hepática foram na AST (16%), fosfatase alcalina (14%), ALT (12%) e bilirrubina total (2,7%). Monitorizar os doentes quanto a alterações nos testes de função hepática antes do tratamento e periodicamente durante o tratamento. Administrar corticosteroides no caso de elevações de grau 2 das transaminases ou superior. Suspender OPDIVO no caso de grau 2 e descontinuar permanentemente OPDIVO no caso de hepatite imunitária de grau 3 ou 4.
Nefrite e insuficiência renal imunitárias
· No ensaio 1, houve uma incidência aumentada de creatinina elevada no grupo tratado com OPDIVO, em comparação com o grupo tratado com quimioterapia (13% vs. 9%). A nefrite ou insuficiência renal imunitárias de grau 2 ou 3 ocorreram em 0,7% (2/268) dos doentes. No ensaio 3, a incidência de creatinina elevada foi de 22%. A insuficiência renal imunitária (grau 2) ocorreu em 0,9% (1/117) dos doentes. Monitorizar os doentes quanto à creatinina sérica elevada antes do tratamento e periodicamente durante o tratamento. Para a elevação na creatinina sérica de grau 2 ou 3, suspender OPDIVO e administrar corticosteroides; caso haja agravamento ou não haja melhoria, descontinuar permanentemente OPDIVO. Administrar corticosteroides no caso de elevação da creatinina sérica de grau 4 e descontinuar permanentemente OPDIVO.
Hipotiroidismo e hipertiroidismo imunitários
· No ensaio 1, o hipotiroidismo de grau 1 ou 2 ocorreu em 8% (21/268) dos doentes com tratamento com OPDIVO e em nenhum dos 102 doentes com tratamento com quimioterapia. O hipertiroidismo de grau 1 ou 2 ocorreu em 3% (8/268) dos doentes com tratamento com OPDIVO e em 1% (1/102) dos com tratamento com quimioterapia. No ensaio 3, o hipotiroidismo ocorreu em 4,3% (5/117) dos doentes a com tratamento com OPDIVO. O hipertiroidismo ocorreu em 1,7% (2/117) dos doentes, incluindo um caso de grau 2. Monitorizar a função da tiroide antes do tratamento e periodicamente depois do tratamento. Administrar terapêutica hormonal de substituição no caso de hipotiroidismo. Iniciar tratamento médico para controlo do hipertiroidismo.
Outras reações adversas imunitárias
· Nos ensaios 1 e 3 (n=385), as seguintes reações adversas imunitárias clinicamente significativas ocorreram em <2% dos doentes tratados com OPDIVO: insuficiência das suprar-renais, uveíte, pancreatite, paralisia facial e do nervo abducente, desmielinização, neuropatia autoimune, disfunção motora e vasculite. Em todos os ensaios clínicos de OPDIVO administrado em doses de 3mg/kg e 10mg/kg, identificaram-se reações adversas imunitárias adicionais clinicamente significativas: hipofisite, cetoacidose diabética, hipopituitarismo, síndrome de Guillain-Barré e síndrome miasténico. Com base na gravidade da reação adversa, suspender OPDIVO, administrar corticosteroides em doses elevadas e, se adequado, iniciar terapêutica hormonal de substituição.
Toxicidade embriofetal
· Com base no seu mecanismo de ação, OPDIVO pode causar danos fetais quando administrado a uma mulher grávida. Alertar as mulheres grávidas quanto ao risco potencial para o feto. Aconselhar as mulheres em idade fértil quanto à utilização de métodos contracetivos eficazes durante o tratamento com OPDIVO e durante, pelo menos, 5 meses após a última dose de OPDIVO.
Amamentação
· Desconhece-se se OPDIVO é secretado no leite humano. Pelo facto de inúmeros medicamentos, incluindo anticorpos, poderem ser secretados no leite humano, e uma vez que há potencial para a ocorrência de reações adversas graves nos bebés a amamentar devido a OPDIVO, aconselhar as mulheres a descontinuar a amamentação durante o tratamento.
Reações adversas graves
· No ensaio 1, ocorreram reações adversas graves em 41% dos doentes com tratamento com OPDIVO. Ocorreram reações adversas de grau 3 e 4 em 42% dos doentes com tratamento com OPDIVO. As reações adversas medicamentosas de grau 3 e 4 notificadas mais frequentemente em 2% a <5% dos doentes com tratamento com OPDIVO foram dor abdominal, hiponatremia, aspartato aminotransferase aumentada e lipase aumentada.
· No ensaio 3, ocorreram reações adversas graves em 59% dos doentes com tratamento com OPDIVO. As reações adversas medicamentosas graves notificadas mais frequentemente em ≥2% dos doentes foram dispneia, pneumonia, exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crónica, pneumonite, hipercalcemia, derrame pleural, hemoptise e dor.
Reações adversas frequentes
· As reações adversas mais frequentes (≥20%) notificadas com OPDIVO no ensaio 1 foram exantema (21%) e no ensaio 3 foram fadiga (50%), dispneia (38%), dor musculoesquelética (36%), perda de apetite (35%), tosse (32%), náuseas (29%) e obstipação (24%).