Federação Europeia dos Hospitais
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra recebeu durante um mês o programa de intercâmbio da Federação Europeia dos...

O programa Federação Europeia dos Hospitais (HOPE), que este ano se dedicou à inovação em saúde, é tido como uma "montra de produtos": a apresentação de diversas parcerias entre empresas da região e o centro hospitalar, o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra e o Hospital Rovisco Pais permitiu facilitar a abertura de novos mercados de exportação, disse o administrador hospitalar do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) Alexandre Lourenço.

Entre 09 de maio e 06 de junho, o CHUC recebeu a 35.ª edição do programa HOPE, acolhendo profissionais de saúde da Polónia e Inglaterra.

Durante esse mês, o CHUC recebeu também duas visitas de representantes dos restantes oito países do programa, tendo também tido a oportunidade de apresentar os resultados das parcerias entre o hospital e o tecido empresarial da região na conferência final do HOPE, em Roma, a 08 de junho.

A maioria das empresas com as quais o hospital tem vindo a criar parcerias, nomeadamente do Instituto Pedro Nunes (IPN) e do Biocant, já são exportadoras, mas o programa surgiu como uma oportunidade de se criarem novos mercados, realçou o também Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.

Neste âmbito, "o prestígio do CHUC ajuda a reconhecer a qualidade dos produtos" desenvolvidos no âmbito das parcerias, permitindo atrair mais interesse no estrangeiro, explanou Alexandre Lourenço, frisando que um dos mercados "mais interessantes" neste momento será o norte da Europa.

Serviço de ensino médico, produto na área das células estaminais ou um carro automatizado que funciona como um elevador horizontal foram alguns dos produtos apresentados aos participantes do programa, informou Alexandre Lourenço.

O ecossistema de Coimbra "está a criar um conjunto de empresas muito sofisticado", que cruza "a saúde e a inovação", sendo que iniciativas como o programa HOPE ajudam as empresas da região a "afirmarem-se internacionalmente", frisou.

Martins Nunes, presidente do conselho de administração do CHUC, referiu também, citado em nota de imprensa, que, "estes programas de intercâmbio são uma enorme mais-valia, pois constituem-se como uma oportunidade para o CHUC prosseguir com espírito liderante na área da inovação e como um hospital que a par dos serviços prestados às populações também concorre para a criação de produtos de base saúde, capazes de contribuir não só para a sua projeção e reforço financeiro como, também, para o desenvolvimento da Região”.

A HOPE, Federação Europeia dos Hospitais, é uma organização internacional sem fins lucrativos, criada em 1966. Representa as associações de hospitais nacionais públicos ou privados e os próprios hospitais, sejam elas as federações das autoridades locais e regionais ou os serviços nacionais de saúde. Atualmente, o HOPE é composto por 32 organizações, das quais 26 são Estados-Membros da União Europeia, e a Suíça.

Rastreio
Os primeiros resultados do rastreio de desnutrição realizado no Centro Hospitalar de São João do Porto e na sua zona de...

O estudo, realizado entre novembro de 2015 e março deste ano, conclui também que na comunidade em questão cerca de 10% dos idosos estão na mesma situação.

O rastreio realizou-se no âmbito do projeto QuaLife+, criado com o objetivo de monitorizar o estado nutricional da população com mais de 65 anos, quer no internamento do CHSJ quer na comunidade das suas áreas de referenciação.

A partir da candidatura do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) ao mecanismo financiado pela Noruega, Islândia e Liechtenstein através dos EEA Grants, surgiu uma parceria do São João com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Porto Oriental e o ACeS Santo Tirso/Trofa.

Na comunidade pretende-se avaliar o risco nutricional de uma amostra representativa da população idosa das áreas de influência. Assim, foi definida uma amostra aleatória de cerca de 1.500 utentes em cada um dos ACES parceiros. No hospital, o objetivo é avaliar todos os doentes internados com mais de 65 anos.

Segundo a coordenadora da Unidade de Nutrição e Dietética do CHSJ e gestora do projeto, Sandra Silva, os resultados gerais do projeto serão conhecidos em 2017.

Contudo, a investigadora salientou que desde que se iniciou o rastreio, em novembro de 2015, e até março de 2016, quatro mil idosos foram submetidos ao rastreio nutricional, dos quais cerca de metade se encontra em risco de desnutrição.

Sabe-se que “a desnutrição leva a aumento da morbilidade, do tempo de internamento, de readmissões e da mortalidade”, sublinhou Sandra Silva.

Segundo a gestora do projeto, o QuaLife+ possibilitou “equipar todo o hospital com diferentes tipos de balanças mais adequados à prática hospitalar e a todas as condições clínicas (por exemplo doentes acamados ou em cadeira de rodas) e que permitirão a todos os profissionais de saúde poderem facilmente recolher indicadores importantes do estado nutricional dos doentes na admissão e durante o internamento, incluindo a estatura, o peso e a composição corporal”.

“Este projeto, de cariz multidisciplinar, envolve outros profissionais para além dos nutricionistas, em concreto, os enfermeiros na avaliação do risco e os médicos na discussão das medidas a implementar, permitindo uma maior sensibilização e alerta para a fragilidade desta população”, acrescentou.

Sandra Silva referiu, ainda, que “os dados resultantes do rastreio da avaliação do estado nutricional, bem como a tipologia de intervenção nutricional, permitirão uma adequada monitorização do projeto”.

Este financiamento tornou possível, também, a implementação da rede sem fios em todo o hospital, sendo esta considerada uma ferramenta facilitadora no acesso às plataformas clínicas existentes.

Além disso, a nível comunitário, “a estreita relação interinstitucional dos nutricionistas dos cuidados de saúde primários com os seus pares no hospital está a permitir definir estratégias de articulação dos cuidados dos utentes de forma integrada”, disse.

Em França
O ensaio clínico da farmacêutica portuguesa Bial que resultou na morte de um homem em França vai ser alvo de uma investigação...

De acordo com a agência de notícias francesa France Presse, a procuradoria de Paris abriu uma investigação judicial "por homicídio involuntário" para apurar as circunstâncias que resultaram na morte de um homem que participou no ensaio clínico da Bial em janeiro, em Rennes (Oeste de França).

Na altura do ensaio (relativo à fase 1 de uma molécula da Bial), seis voluntários foram hospitalizados, dos quais um acabaria por morrer. Quatro dos sobreviventes sofreram lesões cerebrais.

A investigação judicial foi também aberta por "lesões involuntárias" relativas a estes quatro afetados.

Em comunicado citado pela France Presse, o procurador de Paris, François Molins, indicou que os juízes designados para o caso vão "determinar se falhas de natureza penal contribuíram de forma decisiva para a morte e lesões das vítimas ou se os factos se inscrevem no quadro de uma ocorrência científica aleatória".

Este procedimento segue-se a um inquérito preliminar aberto a 15 de janeiro, após a morte do voluntário do ensaio da Bial.

A investigação preliminar concluiu que a "vítima mortal era portador, muito antes da sua participação no ensaio, de uma patologia vascular endocraniana oculta, suscetível de explicar a fatalidade", acrescentou o procurador.

"Nesta fase das investigações, ainda não é claro [o papel] da molécula-teste, desconhecendo-se também o mecanismo fisio-patológico provocado.

Estudo
Uma dieta com três porções diárias de cereais integrais pode ajudar as pessoas a viverem mais tempo, reduzindo as taxas de...

Investigadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, observaram que o consumo de uma porção diária de 16 gramas de cereais integrais reduzia em 7% o risco de morte em geral, incluindo uma queda de 9% do risco de morte por doença cardíaca e de 5% do risco de morte por cancro.

Aumentando o consumo de grãos integrais para três porções diárias, ou 48 gramas, o risco de morte caiu 20%, incluindo uma diminuição de 25% do risco de morte por doença cardíaca e de 14% do risco de morte por cancro, escreve o Sapo.

Para a investigação, os cientistas analisaram resultados de 12 estudos realizados entre 1970 e 2010 nos Estados Unidos, no Reino Unido e nos países escandinavos, envolvendo 786.076 homens e mulheres.

"Estes resultados apoiam ainda mais as orientações alimentares atuais, que recomendam pelo menos três porções diárias (ou 48 gramas) de grãos integrais para melhorar a saúde a longo prazo e evitar a morte prematura", disse o autor principal do estudo, Qi Sun, do Departamento de Nutrição da Universidade de Harvard, em comunicado.

O investigador alerta ainda para as dietas populares de baixa ingestão de hidratos de carbono, que ignoram os benefícios dos grãos integrais, dizendo que estas deveriam ser "adotadas com cautela" porque podem estar associadas a um maior risco de doença cardíaca e morte.

Os cereais integrais incluem alimentos como trigo integral, aveia, arroz integral e quinoa. Estes contêm fibras, que podem melhorar os níveis de colesterol e diminuir o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral, obesidade e diabetes do tipo 2.

Os grãos integrais também fornecem nutrientes como vitamina B e minerais que são perdidos durante o processo de refinação.

A Associação Americana do Coração recomenda uma dieta rica em frutas e legumes e diz que pelo menos metade dos grãos ingeridos devem ser integrais.

Entre os participantes dos estudos analisados, houve um total de 97.867 mortes, incluindo 23.597 mortes por doenças cardiovasculares e 37.492 mortes por cancro.

“Rir é o melhor remédio?”
“Rir é o melhor remédio?” conclui que 92% das crianças esquecem-se que estão num hospital graças aos Doutores Palhaços.

A Operação Nariz Vermelho vai apresentar em seis hospitais da região de Lisboa, os resultados de um projeto de investigação desenvolvido nos últimos seis anos, em parceria com o Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho, que vem comprovar os benefícios da intervenção dos Doutores Palhaços na recuperação das crianças hospitalizadas.

Os resultados foram compilados num livro intitulado “Rir é o melhor remédio?”, no qual se comprova que 92% das crianças esquecerem-se que estão num hospital quando são visitadas pelos Doutores Palhaços da ONV. O objetivo destas sessões nos hospitais é partilhar com a comunidade médica as mais valias do trabalho destes profissionais.

A investigação apresenta conclusões irrefutáveis no que respeita ao trabalho dos Doutores Palhaços e à sua credibilidade. “Estes resultados refletem as evidências científicas do nosso trabalho junto das crianças, familiares e profissionais de saúde” explica Susana Ribeiro, coordenadora do Núcleo de Investigação da ONV. “Há muito que conhecemos este impacto e agora o “Rir é o melhor remédio?” permite-nos partilhá-lo com a sociedade”, reforça a responsável.

São os próprios profissionais de saúde que o reconhecem: 92% indicam que os Doutores Palhaços ajudam as crianças a esquecerem que estão num hospital, 85% referem que as crianças colaboraram mais com os tratamentos ou exames e 73% sublinham que as crianças apresentam maiores e/ou mais rápidas evidências clínicas de melhora após contacto com os Doutores Palhaços da ONV.

Entre os familiares e acompanhantes das crianças a satisfação também é evidente. Entre os inquiridos para esta investigação, em vários hospitais do país visitados pela ONV, 99% dos pais sentem gratidão pelos Doutores Palhaços. Ainda, 98% dos pais consideram que os Doutores Palhaços são uma parte importante da equipa de cuidados das crianças hospitalizadas e 99% referem que gostariam que os Doutores Palhaços visitassem as crianças com mais frequência.

A produção do livro “Rir é o melhor remédio?” foi possível através do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), tendo como Estados doadores a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein. Em Portugal a gestão destes fundos está a cargo da Fundação Calouste Gulbenkian.

Agenda das sessões nos hospitais:

Hospital Garcia de Orta: 21/06, 12h, Sala de Conferências (Piso 2)
Hospital Dona Estefânia: 22/06, 12, Sala de Conferências
IPO Lisboa: 23/06, 10h30, Anfiteatro
Hospital São Francisco Xavier: 4/07, 12h, Auditório do Edifício Escolar de S. Francisco Xavier
Hospital Santa Marta: 4/07, 15h, Museu McBride
Hospital de Cascais: 5/07, 11h30, Auditório

Universidade do Porto
Investigadores da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto desenvolveram uma Roda dos Alimentos...

Nesta adaptação, são valorizados aspetos como a cultura, a tradição e o equilíbrio, o ponto diferencial deste novo modelo em relação à Roda da Alimentação tradicional, lê-se na informação sobre o projeto na página oficial da Universidade do Porto (UP).

Diferentemente do formato habitual (pirâmide), este modelo apresenta-se em forma de roda - "que reflete o prato e o convívio mediterrâneo à volta da mesa" - e evidencia os alimentos mediterrâneos mais relacionados com o padrão português, em diferentes grupos.

Pode-se identificar a azeitona e o azeite (fruto de origem e respetivo produto), no grupo dos óleos e gorduras, e a cebola, o alho, a couve-galega, os grelos, o tomate, os pimentos e as beldroegas, por exemplo, no grupo das hortícolas.

No que diz respeito ao grupo da fruta, destacam-se o melão, o figo, a laranja, a tangerina, a nêspera, e a romã, enquanto nos cereais, nos tubérculos e nos frutos amiláceos, podem ser encontrados a batata-doce, a castanha, a massa e o arroz integral.

A carne, o pescado e ovos, outro dos grupos, dá destaque ao peixe - em especial à sardinha, ao carapau, à cavala e ao atum -, nos laticínios são referidos o queijo e o iogurte, e no grupo das leguminosas é indicado que sejam todas ingeridas.

Este novo guia alimentar apresenta ainda duas mensagens relativas ao consumo de frutos gordos - havendo um apelo à sua ingestão - e de vinho - aconselha-se que seja moderado, às refeições, e proibido a crianças, adolescentes, grávidas e aleitantes.

As investigadoras da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) envolvidas no projeto, Sara Rodrigues e Bela Franchini, apelam ainda à preferência pela proveniência local dos alimentos e à incorporação de ervas aromáticas para evitar o abuso do sal.

Salientam a importância de uma gastronomia saudável, recorrendo a técnicas culinárias sadias tradicionais, como sopas, ensopados e caldeiradas, e à inserção da confeção dos alimentos no quotidiano através da partilha com família e amigos, bem como o combate ao sedentarismo.

Na criação deste novo modelo colaboraram a Direção-Geral do Consumidor e peritos de diferentes instituições e áreas, como por exemplo do design, que auxiliaram "no sentido de concretização de uma representação gráfica atrativa e clara da mensagem a transmitir".

A construção da Roda da Alimentação Mediterrânea foi iniciada em setembro de 2015 e apresentada na passada quarta-feira.

14 de Junho - Dia Mundial de Luta contra a Dor
“A presença de dor crónica impede o seu humano de um direito constitucional: o exercício da sua cidadania plena”.

1) De que forma é que a dor afeta a população portuguesa?
A população portuguesa é profundamente afetada pela presença de dor, mormente pela dor crónica (DC), aquela que persiste há mais de 3 meses.

O impacto da DC é grande e pode ser interpretado do ponto de vista individual, relacional, laboral, económico, etc. Como a existência continuada de uma dor há mais de 3 meses conduz ao aparecimento de uma constelação de sintomas - ansiedade, tristeza, irritabilidade, perda de líbido, desesperança, insónia, entre outros – o mais correto é falar-se de uma doença crónica chamada “síndrome dolorosa crónica” (SDC).

A presença de dor pode afetar a pressão arterial, as frequências respiratória e cardíaca, a glicémia, ou seja, a presença de dor afeta o normal funcionamento do corpo.

Assim se entende que a presença de uma dor afeta a totalidade do ser humano e o seu bem-estar. Ficam comprometidas, por vezes, as atividades básicas de vida (higiene pessoal, vestir/despir, comer, por exemplo) e as instrumentais (fazer compras, limpar a casa, etc.). O ser humano com dor persistente perde, além da sua harmonia interna, a sua função gregária, tendendo para o isolamento social.

São gastos mais de 3000 milhões de euros no combate à SDC. Os custos indiretos (baixas médicas e falta de produtividade) representaram mais de 740 milhões de euros em 2010 relativos a problemas de dores nas articulações e das costas (desde a região cervical até a lombar). A presença de uma DC impede o seu humano de um direito constitucional: o exercício da sua cidadania plena.

2) Há números relativos à população que sofre de dor crónica?
A DC afeta quase 4 em cada 10 portugueses adultos. Se nos concentrarmos nas pessoas com 65 anos ou mais então 6 em cada 10 indivíduos desse grupo tem DC.

3) Quais são as patologias que mais provocam dor crónica?
Muitas pessoas pensam que a principal causa de dor moderada a intensa em Portugal é o cancro. Estão enganados. O verdadeiro flagelo que atenta contra a saúde dos portugueses é a DC causada por problemas nas distintas articulações do corpo, quer as artroses (deformações) quer as artrites (inflamações); fragilidade da massa óssea (osteoporose); e perturbações nas vértebras (como as hérnias, p.e.).

4) Como é que a dor pode ser avaliada/medida?
Para se entender como a dor pode ser avaliada é importante que os portugueses entendam – parafraseando Fernando Pessoa – que “a dor que deveras sentem nem sempre é dor”. O que quer isto dizer? Certas vezes a dor pode não afetar os ossos, músculos ou vísceras da maneira como estamos habituados a senti-la desde a infância; aquilo que vulgarmente chamamos “mal”, “dor” ou “pressão”. Alguns doentes podem não sentir nada disso: podem apenas ter “ardor”, “formigueiro”, “moinha”, “vidrinhos”, “descargas elétricas” que vão e vêm, etc. Todos estes são descritivos de DC e o doente (ainda que não os sinta como dor) deve ser instruído a comunicá-los, sem receio, ao seu enfermeiro ou médico de família. Por conseguinte, tentando congregar estes aspetos, em 1979, a dor foi definida como sendo “uma sensação ou uma experiência emocional desagradável”. Para alguns doentes a sua maleita não é bem dor; é o tal desconforto, desagrado, que o próprio e/ou a família desprezam.

A Direcção-Geral da Saúde tem feito um grande esforço para divulgar algumas estratégias para mensurar a DC nas consultas de cuidados primários e nos hospitais. São usadas escalas unidimensionais que apenas medem a dor, como as numéricas simples (pontuadas de zero a dez, o valor máximo) e as qualitativas (avaliando a dor como: ausente, ligeira, moderada, intensa e insuportável). Nas crianças são usadas escalas de faces com 5 expressões desde o choro até ao riso. Nas populações com défices de comunicação ou de compreensão (bébés, dementes, por exemplo) existem as escalas comportamentais que indiretamente predizem a dor sentida (vocalizações, expressão facial, posição corporal e comportamentos, consolo possível). Há ainda escalas multidimensionais que para além da avaliação da dor verificam o impacto desta nas atividades de vida diária (como sono, alimentação, marcha, comunicação, etc.).

5) Quais as principais estratégias de combate à dor que são utilizadas hoje em dia nos hospitais e unidades de cuidados primários portugueses?
Os hospitais têm políticas de controlo da dor e muitos tiveram campanhas sobre a “dor como 5.º sinal vital”.

Existem protocolos de dor aguda no pós-operatório imediato, os quais estão desenhados principalmente por anestesiologistas.

Todavia os doentes internados em distintos serviços hospitalares, mesmo doentes intervencionados que já não estão sob a observação direta da anestesiologia, e doentes de algumas especialidades médicas sem necessidade cirúrgica podem ter a dor não totalmente controlada. Certos poderão ter alta com medicação analgésica insuficiente ou ausente. Outros mantém-se em consultas de diferentes especialidades com tratamentos pouco idóneos.

É certo que existem nos hospitais as Consultas/Clínicas/Unidades de Dor mas que não podem receber todos os casos, seguindo apenas os doentes complexos, sendo utilizadas técnicas mais específicas (como os bloqueios de nervos periféricos e centrais).

Qualquer médico de qualquer especialidade deve saber tratar a dor e não ter receio de usar analgésicos com potência fraca (se a dor é ligeira a moderada) e com potência superior (se a dor é intensa).

Compete aos profissionais de saúde dos hospitais educar os doentes que o adágio “a dor não mata mas mói” é verdade mas não tem sentido no século XXI. A dor inevitável (aquela que o doente considera moderada a intensa, que nunca a esquece e que afeta todas as suas funções humanas) pode e deve ser combatida. Também há que dizer aos doentes que alguma dor pode ser inevitável pois está associada a um dano (fratura, ferida, artrose, etc.) mas este tipo de dor deve ser ligeiro de intensidade e nunca intenso. É totalmente desajustado um doente afirmar que “a dor é imensa… mas há-de passar!” e é negligente o profissional que perante esta expressão de sofrimento nada faz. O profissional de saúde deve ter uma solicitude perante a dor do outro e fazer tudo para ela ser controlada, nunca a banalizando.

Já nos cuidados de saúde primários (CSP), a dor não é um indicador de qualidade obrigatório. É obrigatória a avaliação da dor apenas no seio das equipas de cuidados continuados integrados.

Há poucos protocolos de tratamento da dor na “sala de curativos”, dependendo o tratamento não de normas mas de opinião de cada profissional em relação ao caso. É urgente a existência de protocolos analgésicos uniformes nos CSP.

No futuro deveria haver consultas básicas de dor nos CSP. O controlo da dor deveria começar nos CSP e apenas os casos refratários deveriam ser encaminhados para as consultas de dor hospitalares.

A gestão da DC passa por medicação oral e transdérmica segundo a OMS e não pelo uso repetido de injeções intramusculares. Mais de 80% dos casos de DC podem ser geridos com medicação que se vende nas farmácias de bairro.

É oneroso (tempo, transporte, incómodo) para um doente ter que ir ao hospital mais próximo a uma consulta de dor.

Os médicos e os enfermeiros de família treinados (formação e estágios) poderiam ser a ponte para a resolução da maioria dos casos de DC na comunidade.

6) A causa da dor deve ser sempre conhecida antes de iniciar um tratamento, ou pode tratar-se uma dor cuja origem não é detetável?
A pergunta é ambivalente. Obviamente que para melhor tratar um doente tenho que saber qual o problema que existe para adequar as estratégias e os medicamentos. Há que saber a causa da dor. Esta aparece em exames complementares de diagnóstico.

Os analgésicos existem para combater a dor (fenómeno subjetivo de sofrimento individual, intransmissível, incomparável por único) e não a causa de dor (dano objetivável ou estímulo ou lesão, que pode ser similar ou comparável em vários indivíduos, por exemplo, grau de artrose ou de osteoporose).

A maioria dos doentes com DC já tem a causa de dor mais do que conhecida e ainda não está a ser exposto a um tratamento exemplar. Por alguma razão todos os medicamentos para a dor – divulgados em diversos programas de TV por meio de figuras públicas – têm bastante saída comercial. No meu entender não pela sua maravilha científica mas pela promessa feita: retirar a dor, que é o que o doente mais procura, e cuja resolução está nas mãos dos profissionais de saúde.

7) As estratégias de combate à dor são apenas farmacológicas ou há abordagens alternativas que os médicos podem/devem considerar?
Todas as medidas que distraiam o ser humano do seu sofrimento são bem-vindas.

Assim como todas as medidas que validam a presença da sua dor. O doente tem que se sentir apoiado. O pior é não acreditar na dor do doente. O primeiro passo é ouvir, esclarecer, recomendar: como evitar os fatores que agravam a dor (posicionamentos corporais, uso de sapatos apertados, etc.) e como beneficiar de tudo o que possa atenuá-la (sestas, cintas, ligaduras, almofadas, pensos atraumáticos, por exemplo).

O objetivo é iludir/confundir o sistema nervoso para que ele não identifique com dor um determinado fenómeno. Por isso às vezes aplicamos calor com relaxante muscular. Outras vezes aplicamos frio nas lesões mais recentes e agudas. Estes agentes físicos têm sido usados desde há dezenas de anos.

Outras medidas passam por “confundir” o ponto doloroso com massagem terapêutica, medidas de relaxamento, acupunctura, electroestimulação nervosa transcutânea, etc.

Algumas medidas visam também controlar a dor com medidas mais cognitivas e comportamentais como a imagética (ensinar ao doente a pensar numa imagem agradável quando chega a dor), os pensamentos construtivos e positivos, a hipnose, etc.

A arte-terapia com ajuda da música, da representação teatral, da pintura pode ajudar a trazer a dor à colação e ajustar medidas para o seu controlo.

SPACV promove
No dia 17 de junho, venha correr pela saúde das suas pernas na “Corrida e Caminhada Contra o Sedentarismo”. A corrida...

Esta iniciativa decorre durante o XVI Congresso da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) e está integrada no âmbito da Campanha Alerta Doença Venosa que pretende sensibilizar a população para o elevado impacto que a Doença Venosa tem no dia-a-dia dos doentes. Este cenário é ainda mais preocupante, considerando que esta patologia é crónica, evolutiva e está frequentemente subestimada e subvalorizada! Em Portugal, cerca de 2 milhões de mulheres com mais de 30 anos que sofrem de Doença Venosa e nos últimos anos têm surgido nos hospitais casos cada vez mais graves, o que indicia um tratamento deficitário, inadequado ou tardio.

Assim, esta iniciativa da SPACV (corrida/caminhada) tem como objetivo chamar a atenção para a Doença Venosa e um dos seus fatores de risco: o sedentarismo.

Para promover a prática de exercício físico junto de toda a população, o percurso tem uma distância de 5 km que podem ser percorrido a correr ou a caminhar, de acordo com a condição física de cada participante. O importante é participar! As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site www.atletica.pt ou no local da corrida, no dia 17 de junho, a partir das 14h00.

Participe pela sua saúde e pela saúde das suas pernas na “Corrida e Caminhada Contra o Sedentarismo”. 

Bastonária da Ordem dos Nutricionistas
O Ministério da Saúde publicou um despacho relativo à melhoria da oferta alimentar nas máquinas de venda automática disponíveis...

A Ordem dos Nutricionistas, que esteve envolvida na preparação deste projeto, aplaude esta medida, reforçando a Bastonária Alexandra Bento que “a promoção de alimentos saudáveis em locais do Estado deve ser um imperativo, de forma a promover uma sociedade com mais saúde”.

Existe uma evidência robusta sobre os efeitos nocivos à saúde dos alimentos com elevada densidade energética, ricos em açúcar, sal e gordura na saúde, pelo que deve ser uma preocupação do Estado a alteração da disponibilidade alimentar de forma a tornar mais acessíveis à população os alimentos mais saudáveis. Desta forma, prevê-se que, a médio prazo, as repercussões se façam sentir não só na oferta alimentar do próprio mercado, como também na escolha de alimentos mais saudáveis por parte do consumidor.

“Embora possa parecer um pequeno passo, é graças a este tipo de ações que se podem alcançar grandes ganhos em saúde e ver surgir outras medidas capazes de fazer a diferença na saúde dos portugueses e na sustentabilidade do SNS”, reforça a Bastonária dos Nutricionistas.

O ambiente e a disponibilidade alimentar no local de trabalho têm influência nos hábitos alimentares dos indivíduos, pelo que é importante que as instituições se imponham como promotoras de saúde, devendo assumir práticas que promovam, junto dos seus profissionais e utentes, a adoção de comportamentos saudáveis e em conformidade com a política de saúde.

Para a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, esta ação pode ser sinónimo de um “impacto económico positivo, nomeadamente pela obtenção de ganhos em saúde, tais como a diminuição do risco de desenvolvimento de doenças crónicas, como a obesidade e a diabetes, que acarretam uma grande carga para a economia e para os serviços de saúde”.

Contudo, o sucesso desta medida depende de diversos fatores, nomeadamente da implementação de uma política alimentar e nutricional coerente, materializada em diversas medidas de promoção de literacia e vigilância alimentar, mas também da criação de uma sinergia entre outras instituições nacionais, replicando esta medida para a sua respetiva realidade.

Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Primeiro estudo feito em Portugal sobre a realização de histerectomias, da iniciativa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia,...

Os miomas uterinos afetam cerca de dois milhões de mulheres em Portugal, 40% das quais ainda em idade reprodutiva, e são a primeira causa das histerectomias. Fernanda Águas, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), revela que “há uns anos atras havia um maior número de úteros que eram removidos por patologia uterina benigna, sendo os miomas uterinos a indicação mais frequente para a realização dessa cirurgia. Atualmente estamos perante uma alteração no paradigma do tratamento dos miomas uterinos, tanto pelo recurso a cirurgias mais conservadoras como pela disponibilidade de novas alternativas de tratamento médico e este estudo é prova disso.”

Preservar o útero pode trazer benefícios em termos de autoimagem, algumas mulheres associam-nos ao conceito de feminilidade, é também um órgão fundamental no caso de a mulher ainda pretender engravidar. Podem existir igualmente benefícios orçamentais para o Serviço Nacional de Saúde, ao evitar uma cirurgia que requer internamento e um período de recuperação que pode variar entre 4 a 6 semanas.

Segundo o estudo, esta cirurgia, onde é retirado o útero, continua a ter indicação nas mulheres que sofrem de patologias oncológicas ou prolapsos uterinos (quando os úteros saem da posição original), nestas situações, ao contrário do que aconteceu com os miomas uterinos, não se verificou a redução do número de histerectomias. 

Em Portugal
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde avisa que é preciso assumir como problema de saúde pública a prescrição de...

“Sem querer diabolizar esta classe farmacológica, útil e necessária, é preciso assumir a existência de um problema de saúde pública na prescrição de benzodiazepinas”, refere o Relatório de Primavera 2016 do Observatório.

Estes medicamentos tranquilizantes, associados a casos de dependência ou privação, estão sob controlo e vigilância internacional, lembram os autores do estudo, mas não há ainda métodos eficazes que monitorizar estas substâncias na comunidade.

Além de ”uma atenção redobrada” e de uma estreita colaboração entre os serviços especializados de saúde mental e os centros de saúde, os autores do relatório dizem ser absolutamente necessário estudar este problema e perceber se a venda livre destas substâncias ainda continua a ocorrer.

No documento é citado um estudo com uma amostra de doentes internados ao longo de um ano num serviço de psiquiatria em Portugal a quem foram doseadas as benzodiazepinas na altura do internamento.

Quatro quintos dos doentes apresentavam valores superiores a uma média de oito comprimidos de 10 miligramas de diazepam por dia (80 mg), o que o Observatório considera “deveras preocupante”.

Ainda no capítulo da Saúde Mental, o Relatório de Primavera 2016 lembra que o Plano Nacional para as Demências é um objetivo antigo, mas que o número de serviços e consultas especializados é escasso.

A zona sul do país parece ser a mais negligenciada. No Alentejo e no Algarve existe apenas uma equipa de Psiquiatria Geriátrica - na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo - e que luta com “acentuada falta” de pessoal e de apoio logístico.

O relatório lembra que o Alentejo apresenta uma das maiores taxas de envelhecimento da Europa. Em 2013, 90% dos doentes que chegavam aos cuidados de saúde primários devido a perturbações mentais nesta região apresentavam sinais de demência.

Relatório de Primavera
Os autores do Relatório de Primavera defendem a dispensa de medicamentos contra o cancro em farmácia comunitária, tal como está...

Elaborado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), o Relatório de Primavera, este ano intitulado “Saúde – procuram-se novos caminhos”, foi apresentado, em Lisboa.

Nas conclusões do documento, que entre outros temas analisou a questão do acesso aos medicamentos, os autores analisaram as questões relacionadas com as garantias de adesão à terapêutica antirretroviral.

Na base desta análise esteve um despacho deste ano “que valoriza o papel das farmácias comunitárias enquanto agentes de prestação de cuidados e do desenvolvimento de medidas de apoio à utilização racional do medicamento para nelas se ensaiar a delegação parcial da administração de terapêutica oral em oncologia e doenças transmissíveis”.

“O ensaio piloto está a ser aguardado com grande expectativa, pois permitirá verificar as questões processuais e as potenciais implicações na acessibilidade e na adesão à terapêutica por parte dos doentes”, lê-se no documento.

Os autores consideram premente a “necessidade de capacitar os doentes e os profissionais de saúde, nomeadamente os que irão começar a efetuar a dispensa destes medicamentos, para que possam prestar um melhor serviço e acompanhamento aos doentes VIH/Sida”.

Nesta matéria, alerta para “a importância de alargar este tipo de ensaio à terapêutica oncológica oral, em conformidade com o preconizado no Plano Nacional de Saúde, revisão e extensão a 2020, onde são identificadas as metas para 2020, que se centram nomeadamente na mortalidade prematura”.

“Sendo o cancro um dos claros determinantes para a mortalidade prematura, seria expectável que o acesso à terapêutica oncológica fosse identificado como prioritário”, prossegue o documento.

Na visão dos autores, os novos caminhos nesta área devem passar por medidas legislativas promotoras da melhoria no acesso ao tratamento, envolvendo todos os elos da cadeia do sistema de saúde, eliminando todo o tipo de desigualdades, e exigindo uma monitorização contínua que permita uma correta e esclarecida tomada de decisão”.

O OPSS é uma parceria entre a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, o Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra, Universidade de Évora, e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

Relatório de Primavera
O dinheiro que deixou de ser gasto nos três hospitais psiquiátricos encerrados em Portugal deve ser reinvestido na área da...

No Relatório de Primavera 2016, o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), da Escola Nacional de Saúde Pública, considera que o encerramento dos três hospitais psiquiátricos nos últimos anos em Portugal não foi acompanhado pela criação de novas estruturas nem pela aplicação de uma Rede de Cuidados Integrados de Saúde Mental.

Contudo, admite que foram encontradas opções residenciais para os doentes internados das três unidades: Hospital Miguel Bombarda, Centro Psiquiátrico de Recuperação de Arnes e Hospital do Lorvão.

“Importa também referir a oportunidade do reinvestimento na saúde mental dos valores que deixaram de ser gastos com os três hospitais encerrados, bem como a inclusão nos contratos-programa de experiência de gestão autónoma, com avaliação dos resultados, e a necessidade de um modelo de pagamento integrado, que vá além da doença e do internamento e acompanhe os cuidados continuados integrados e seja transversal a todo fluxo de cuidados entre os diferentes níveis”, recomendam os autores.

O Observatório aconselha ainda a estudar a necessidade de criar incentivos (financeiros ou não) para projetos que promovam a saúde mental e a continuidade dos cuidados.

É ainda recomendado que seja ponderada a compra centralizada dos medicamentos de psiquiatria, principalmente os de toma prolongada.

Os autores indicam que continuam a verificar-se grandes assimetrias quanto aos recursos humanos, mais evidentes no interior do país, dificultando a acessibilidade aos cuidados especializados, o que pode também justificar o elevado consumo de medicamentos para o sistema nervoso central.

Sobre os Cuidados Integrados de Saúde Mental, o Observatório vinca que apresentam “lacunas graves” de aplicação.

Relatório indica
O aumento do número de suicídios em Portugal e do consumo de medicamentos para o sistema nervoso pode ser explicado com o...

O relatório anual do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) refere que o aumento do número de mortes por suicídio em Portugal “não favorece o cumprimento dos objetivos da Organização Mundial da Saúde de reduzir a taxa global de suicídio em 10% até 2020”.

“Nos momentos de crise, os grupos mais vulneráveis veem aumentadas as suas dificuldades, particularmente se falarmos de crianças, adolescentes, mulheres e idosos, com um agravamento se tivermos em conta a elevada taxa de desemprego, com repercussões a nível individual e familiar”, referem os autores do documento, lembrando que houve um aumento de suicídios coincidente com o período de crise (2008 – 2012).

Aliás, afirmam que os fatores da crise e do desemprego podem “parcialmente justificar o aumento de consumo de medicamentos para o sistema nervoso e, de alguma forma, o aumento do número de casos de suicídio em Portugal”.

O documento aponta para a fragilidade das estatísticas sobre suicídio, sobretudo porque ainda há um número elevado de mortes por causa não identificada (em 2014 foram 882 casos).

Apesar disso, em 2014 a taxa padronizada de suicídio foi de 8,9 por 100 mil habitantes, abaixo da média da União Europeia (UE).

Contudo, quando se considera o grupo acima dos 65 anos, Portugal regista uma média superior à da UE. No caso dos homens apresenta uma taxa de 36,1 por 100 mil, que compara com uma média de 29 na União Europeia.

Por região, em Portugal esbateram-se as diferenças entre Norte e Sul, mas continua a ser o norte com menor taxa padronizada, sobretudo nos homens. Nas mulheres, a região Centro tem a taxa mais reduzida (3,4).

A taxa padronizada mais elevada para os homens regista-se na região do Algarve (20,7), enquanto para as mulheres a taxa mais elevada é de 6,8 no Alentejo.

O relatório destaca em particular a elevada taxa bruta de suicídio nos jovens (15-24 anos) nos Açores e também acima dos 25 anos.

“Dado tanto mais grave quanto o isolamento e as dificuldades de acesso a cuidados de saúde especializados específicos”, reporta o documento.

O OPSS é uma parceria entre a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, o Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra, Universidade de Évora, e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

Relatório de Primavera
As desigualdades em saúde em Portugal são elevadas e os anos de “profunda recessão económica e de cortes orçamentais” tiveram...

“Portugal tem vivido anos de profunda recessão económica e de cortes orçamentais em várias áreas, incluindo a saúde, educação e segurança social. Neste sentido, as desigualdades em saúde representam uma preocupação acrescida, à luz dos custos elevados que acarretam”, lê-se no documento, elaborado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS).

Intitulado “Saúde – procuram-se novos caminhos”, o documento começa por recordar os relatórios elaborados nos últimos seis anos, nomeadamente sobre a questão da crise na saúde.

“Constatamos que a crise e o seu impacto na saúde dominou as atenções nesses anos tendo o OPSS apresentado ao longo desses anos diversas sugestões e alertas que poucas vezes foram tidos em conta”, lê-se no relatório apresentado em Lisboa, na presença do ministro da Saúde.

Os autores indicam que “o acentuado corte nas despesas com saúde", que "fizeram baixar alguns pontos no ranking da OCDE, tiveram efeito mais acentuado nas despesas com medicamentos e recursos humanos”.

“Esses cortes ultrapassaram os cortes propostos pela troika no Memorando de Entendimento e ainda estamos longe de conhecer o verdadeiro impacto no sistema nacional de saúde, nomeadamente nos ganhos em saúde obtidos ao longo dos últimos anos”.

Em relação às desigualdades sociais em saúde, os autores concluíram que estas são uma “evidência recente para Portugal”, país onde existem “razões adicionais de preocupação”.

“A evidência prévia demonstra que as desigualdades em saúde em Portugal são elevadas. Uma revisão sistemática recente aponta para a existência de disparidades em vários indicadores de saúde (como saúde auto-reportada, saúde mental, sintomas cardiovasculares e obesidade), relacionadas principalmente com instrução e género”.

O OPSS recorda que “Portugal é um dos países mais desiguais da Europa em termos de rendimento”, encontrando-se “entre os países com maior desigualdade, próximo de outros países do Sul da Europa, como Espanha, Grécia, Itália, ou Chipre, e países de Leste”.

“No mesmo sentido, o risco de pobreza ou exclusão social é elevado em Portugal, quando comparado com outros países europeus, com taxas semelhantes àquelas observadas noutros países do Sul da Europa”.

Um dos dados apresentados refere que “as pessoas sem formação têm um risco de ter má saúde seis vezes superior, em comparação com as pessoas com mais formação (ensino secundário ou mais)”.

“O risco de diabetes é mais de quatro vezes superior no grupo sem formação, e o risco de hipertensão e Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é três vezes superior. Para a depressão, o risco é mais elevado nos grupos com menor educação, embora seja superior para as pessoas com ensino básico comparado com as pessoas sem formação”.

“Seja qual for a doença, a desigualdade aumentou claramente entre 2005 e 2014, independentemente do sexo e da idade”.

Nos idosos, as desigualdades em saúde são ainda mais marcadas: “O risco de má saúde é cinco vezes superior nas pessoas sem educação e mais de duas vezes superior nas pessoas com ensino básico. O risco de doença crónica é quatro vezes superior nas pessoas sem educação e o risco de limitações mais de três vezes superior”.

Os autores concluem ainda que, “apesar do carácter universal e tendencialmente gratuito do Serviço Nacional de Saúde (SNS), os cuidados de especialidade estão desigualmente distribuídos na população, a favor dos mais educados. Este facto também poderá contribuir para as desigualdades em saúde”.

Para o OPSS, os dados analisados “indicam claramente que o SNS, apesar dos seus grandes e demonstrados benefícios para a saúde da população, e do seu carácter universal e tendencialmente gratuito, não é suficiente para combater as desigualdades em saúde”.

Entre as várias estratégias para combater as desigualdades em saúde, os autores defendem que “as políticas de saúde pública devem focar os comportamentos de risco – álcool, tabagismo, sedentarismo, dieta inadequada – através de instrumentos económicos (impostos) e da regulação (por exemplo das gorduras, do sal ou do açúcar)”.

“Os programas de rastreio devem ser acessíveis a todos, assim como os cuidados de saúde”, preconiza o Observatório.

O OPSS é uma parceria entre a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, o Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra, Universidade de Évora, e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

Direção-Geral da Saúde
O diretor-geral da Saúde, Francisco George, aconselhou os portugueses que vão para a praia ou para a serra a adotarem medidas...

A recomendação de Francisco George surgiu na sequência da informação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), segundo a qual as regiões do interior centro e sul do país e o município da Calheta, na Madeira, estariam sob risco extremo de exposição à radiação ultravioleta (UV).

Em declarações, o diretor-geral da Saúde afirmou que “é absolutamente essencial” ter em conta “a proteção em relação a riscos que podem ser reduzidos com o nosso comportamento”.

Para prevenir esses riscos, Francisco George recomendou o uso de “vestuário adequado, sobretudo muito claro, branco de preferência, e a utilização criteriosa de protetores solares”.

“A utilização de óculos escuros é recomendada”, assim como a utilização de chapéu de abas largas, mas o principal é “evitar a exposição ao sol durante o período mais preocupante”, entre o meio-dia e as 15:00”, sublinhou.

Para quem pretende ir à praia ou passear na serra, Francisco George deixou um conselho: Adotar “as precauções máximas em relação a este risco que é máximo”.

Apesar dos portugueses já estarem bem alertados para os efeitos nocivos da radiação solar, Francisco George explicou que a preocupação das autoridades de saúde é, sobretudo, informar sobre “os riscos da exposição quando o corpo não está devidamente protegido”.

“Antes de mais nada temos o problema do aumento - que também é preocupante - dos casos novos de cancro da pele, que é um problema que em Portugal está a ser vigiado muito de perto porque tem havido um aumento significativo e, por outro lado, as questões da proteção ocular”, adiantou.

A incidência dos vários tipos de cancros da pele tem vindo a aumentar em todo o mundo, estimando-se que em Portugal, em 2016, sejam diagnosticados mais de 12.000 novos casos de cancros da pele e cerca de 1.000 serão novos casos de melanoma.

Os cancros da pele mais frequentes são o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma.

Autoridade Marítima do Sul
A Autoridade Marítima do Sul, em Faro, alertou os banhistas para a importância de utilizarem praias vigiadas como forma de...

“Consideramos essencial que as pessoas privilegiem cada vez mais as praias vigiadas”, sublinhou o chefe do Departamento Marítimo do Sul, Paulo Isabel.

Aquele responsável vincou que os alertas são dados antes e durante a época balnear e que o afogamento, de um jovem de 16 anos, na praia dos Três Pauzinhos, em Vila Real de Santo António, relembra a importância destes cuidados.

“Não é por causa do acidente que ocorreu ontem, mas este acidente relembra-nos a razão destes alertas”, afirmou, acrescentando que “as praias não vigiadas acarretam perigos que a maior parte das pessoas desconhece” e que podem dar origem a acidentes fatais.

A morte por afogamento do jovem ocorreu na única praia da área da capitania de Vila Real de Santo António cuja concessão não abriu no início da época balnear, a 01 de junho, não estando ainda vigiada.

Paulo Isabel explicou que os concessionários são obrigados por lei a colocar informação de praia não vigiada quando estão encerrados e que as autoridades não encontraram qualquer placa informativa no local.

As causas do acidente estão a ser investigadas, mas Paulo Isabel disse ser cedo para apresentar conclusões, até porque, algumas vezes, as placas colocadas nos locais são furtadas.

Das 240 concessões existentes em praias algarvias este ano, dez ainda não estão abertas, mantendo-se as respetivas praias sem vigilância, esclareceu Paulo Isabel adiantando que as 230 concessões já em funcionamento têm vindo a ser fiscalizadas e que, desde 01 de junho, a Polícia Marítima já levantou mais de 20 autos devido a irregularidades.

“Os nadadores salvadores não servem apenas para salvar as pessoas, também têm o trabalho preventivo de alertar as pessoas para os perigos que existem nas praias”, observou aquele responsável, apelando ao usufruto responsável das praias.

Portugal cumpre
Dez países da União Europeia continuaram em 2014 a ultrapassar os limites nacionais de emissão de poluentes do ar, mas Portugal...

O relatório da entidade europeia, EEA na sigla em inglês, refere que "a poluição do ar de fontes como os transportes ou a agricultura ainda está acima dos limites legais em 10 Estados membros da União Europeia (UE)".

A Alemanha foi o único país que excedeu três das quatro metas, uma para cada poluente com limites fixados, em 2014, ou seja, as emissões de óxido de azoto (NOx), NMVOCs (compostos orgânicos não voláteis) e amoníaco (NH3) foram superiores ao estipulado.

A EEA explica que, com base nos dados recolhidos em cada país, desde 2010, foram 10 os Estados membros que "persistentemente excederam os respetivos tetos de emissões" para NOx, NMVOCs e NH3, poluentes que podem afetar a saúde das populações.

No caso do incumprimento da meta para NOx, a lista é composta pela Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Irlanda e Luxemburgo.

Dinamarca, Alemanha, Irlanda e Luxemburgo apresentaram emissões de NMVOCs acima dos limites, enquanto que para o NH3 a Irlanda sai deste grupo e entram Áustria, Finlândia, Holanda e Espanha.

No período entre 2010 e 2014, não houve qualquer país a exceder os limites fixados por diretiva comunitária para o dióxido de enxofre (S02).

Além de Portugal, mais 12 países conseguiram ter emissões abaixo dos limites fixados em todos os poluentes.

O poluente NOx está mais relacionado com o tráfego automóvel, enquanto a maior parte (95%) do NH3 tem origem na atividade agrícola, principalmente devido aos fertilizantes e ao tratamento do estrume dos animais.

Altas concentrações de um dos componentes do NOx podem causar a inflamação das vias respiratórias e levar a problemas do sistema respiratório e a doença cardiovascular, recorda a EEA, acrescentando que o NH3 forma partículas nefastas na atmosfera e que ambos os poluentes afetam o equilíbrio os ecossistemas.

A revisão da diretiva dos limites de emissões de poluentes está a ser negociada pelo Parlamento Europeu e pelos Estados membros, um trabalho a decorrer durante a presidência holandesa da UE.

A proposta apresentada pela Comissão Europeia inclui os novos compromissos de redução fixados para 2020 e 2030 para aqueles quatro poluentes, a que se juntam limites para as partículas finas (PM2.5) e o metano (CH4).

Portugal continental
Os pólenes vão estar com níveis muito elevados, nos próximos sete dias, em todas as regiões de Portugal continental, informou...

Entre sexta-feira e o dia 16 de junho, os níveis de pólenes vão manter-se elevados devido à previsão de elevada temperatura, vento de norte e de noroeste, agravado por rara precipitação em todo o país, adianta a SPAIC, que divulga o Boletim Polínico todas as quintas-feiras durante a primavera, estação propícia a alergias.

Segundo o Boletim Polínico, os pólenes predominantes em Portugal continental serão das árvores oliveira, carvalhos, castanheiro e pinheiro, sobreiro, e das ervas gramíneas, azedas, tanchagem e parietária.

Nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores esperam-se concentrações baixas de pólenes, com predomínio dos pólenes da árvore pinheiro, palmeira e bétula e das ervas gramíneas, tanchagem e parietária.

Sociedade Portuguesa de Reumatologia
Reumatologistas portugueses destacam-se na Liga Europeia contra as Doenças Reumáticas, com uma distinção internacional de...

Segundo a Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR), a reumatologista Raquel Campanilho Marques, do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, recebeu a distinção durante o Congresso Anual da Liga por explorar a eficácia e a segurança de uma terapêutica que recorre à utilização de antagonistas do fator de necrose tumoral (anti-TNF)) num grande grupo de doentes com dermatomiosite juvenil – uma doença rara mas grave que afeta quer a pele quer os músculos.

O estudo envolveu 66 doentes com dermatomiosite juvenil ativamente tratados com agentes anti-TNF durante um período médio de 2.76 anos, revelando que tanto os músculos como a pele parecem melhorar após a terapêutica.

A dermatomiosite juvenil é uma doença rara grave que afeta a pele e os músculos, podendo provocar incapacidade variável e ser potencialmente fatal.

O trabalho de Raquel Campanilho Marques foi realizado no Institute for Child Health da University College London, no Departamento de Reumatologia do Great Ormond Street Hospital for Children NHS Foundation Trust, em Londres.

Também João Eurico Cabral da Fonseca, reumatologista do Hospital de Santa Maria e Professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, foi reconhecido no congresso da EULAR, sendo o primeiro português a liderar a comissão científica da Liga.

A Liga Europeia contra as Doenças Reumáticas (EULAR) é uma organização que representa sociedades científicas, associações de profissionais de saúde e organizações de pessoas com doenças reumáticas por toda a Europa que pretende promover, estimular e apoiar a investigação, prevenção, tratamento das doenças reumáticas e a reabilitação dos doentes.

O Congresso Anual da Liga está a decorrer até sábado em Londres.

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