SIRT, a dieta que promete acelerar o metabolismo
“A dieta SIRT é uma dieta da moda que se baseia no consumo de um grupo específico de alimentos, ricos em fitonutrientes (polifenóis), e que segundo os seus autores, ativam as moléculas denominadas sirtuínas – Silent Information Regulators ou SIRTs”, explica Rita Fonseca Silva.
Na realidade, Aidan Goggins e Glen Matten, os dois expecialistas em nutrição que “criaram” este novo plano alimentar, descobriram, durante o estudo que permitiu desenvolver a dieta SIRT, que alguns povos (como os japoneses de Okinawa ou os Índios americanos Kuna) que baseava a sua dieta em alimentos ricos em sirtuínas, se mantinham mais magros e mais saudáveis do que os outros.
“As sirtuínas são proteínas que, de acordo com estudos realizados em animais e ao nível celular, parecem contribuir para regular o metabolismo e o processo de envelhecimento”, adianta a nutricionista.
Esta descoberta levou os dois britânicos a criar uma dieta que defendem ser rica em nutrientes que são capazes de despertar o “gene” do emagrecimento.
No entanto, Rita Fonseca Silva adverte que, embora nas últimas décadas tenham surgido muitos estudos sobre estas proteínas, “mais estudos serão necessários para aprofundar o conhecimento no tema e sobre a relação entre a ingestão de determinado alimento e estas moléculas”.
A verdade é que, de acordo com esta especialista, o fator que hoje em dia mais condiciona a regulação do peso coporal é essencialmente o nosso estilo de vida. “No geral sedentário e com pouca atividade física diária”, adianta.
No grupo dos alimentos que supostamente ativam o gene magro encontram-se, essencialmente, produtos de origem vegetal como o azeite virgem extra, as cebolas roxas, a salsa, a couve, as nozes, os morangos, a curcuma ou o açafrão, os produtos à base de soja, o cacau, o chá verde e o café.
“Estes alimentos contêm de facto alguns fitonutrientes, ou seja, substâncias que existem naturalmente nos alimentos e plantas, que apresentam características associadas à proteção contra o envelhecimento prevenção de doenças crónicas”, refere Rita Fonseca Silva que admite ser inquestionável que os alimentos escolhidos apresentem alto teor nutritivo. São “ricos em fitonutrientes importantes, não só em polifenóis mas também de bioflavonoides, carotenoides, licopeno, isoflavonas, sulforafanos”, entre outros.
Por outro lado, “a parte mais apelativa desta dieta parece ser o consumo de vinho e cacau, mas não existem ainda evidências dos benefícios desta dieta na perda de massa gorda ou no aumento do metabolismo em seres humanos”.
Deste modo, a nutricionista defende que a alimentação deve ser variada sendo “crucial a sinergia existente no consumo diário de uma ampla variedade de alimentos, e não apenas alguns”. É que a dieta SIRT não é mais do que uma dieta restritiva, até em termos calóricos, o que constitui, por si, um risco.
“Estas restrições podem levar a perdas de peso repentinas, que não são consideradas sustentáveis”, afirma a nutricionista acrescentando que, este tipo de dieta, a curto prazo, vai promover “sobretudo a perda de glicogénio e água no organismo” e como não é acompanhada de mudanças no estilo de vida, pode mesmo resultar no aumento de hormonas que estimulam o apetite.
“A perda de gordura corporal deverá sempre ser gradual, à custa de uma reeducação dos hábitos alimentares e com a prática regular de exercício físico”, defende.
Para Rita Fonseca Silva a dieta ideal passa sobretudo por uma alimentação equilibrada. “A dieta ideal inclui, não exclui. Assim, os alimentos propostos nesta dieta (SIRT) podem e devem ser incluídos e consumidos como parte de uma dieta completa (com alimentos dos sete grupos alimentares), variada (com vários tipos de alimentos dentro de cada grupo alimentar) e equilibrada (na proporção diária adequada)”, defende.
“Na perda de massa gorda não existem soluções rápidas, existe trabalho, empenho e um bom acompanhamento (com um profissional da área) para atingir os objetivos pretendidos”, afirma.
Por isso, para aqueles que estão a ponderar perder peso, a especialista aconselha ajuda profissional. “Consulte um profissional da área credenciado (inscrito na ordem dos nutricionistas), para melhor estar informado e para ser acompanhado tendo em conta a sua situação em particular”, conclui.