Não fumar, um caminho…
O tabaco é uma das causas principais do cancro do pulmão e da doença pulmonar obstrutiva crónica. Em Portugal, estima-se que o consumo de tabaco seja responsável por 1 em cada 10 mortes verificadas na população adulta e por cerca de 1 em cada 4 mortes verificadas na população dos 45 aos 59 anos (WHO, 2012).
Mais de 90% dos fumadores portugueses iniciaram o consumo antes dos 25 anos. Dados recentes parecem revelar um aumento do consumo de tabaco entre os jovens escolarizados. Esta questão é preocupante. A pergunta é, com que dinheiro compram os cigarros? Qual o papel dos Pais? Um pai/mãe que seja fumador tem credibilidade para pedir ao seu filho/a que não fume?
Adultos expõem crianças ao fumo e proibição de venda a menores não é cumprida
No Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, podemos encontrar conclusões de alguns estudos que mostram que os adultos expõem as crianças ao tabaco quando fumam dentro de casa ou das viaturas e que a proibição da venda de tabaco a menores não é totalmente cumprida.
Todos conhecem os malefícios do tabaco e as desvantagens não só para a saúde como a nível económico, uma vez que é dispendioso. O que leva as pessoas, mesmo assim, a tornarem-se fumadores?
Apesar de todas as campanhas e ações de sensibilização, porque é que não conseguimos efetivamente diminuir a percentagem de fumadores? O que estará por trás desta dependência? Será fraqueza humana? Será um jogo de interesses em torno deste negócio? Será um comportamento compensatório de algo? Mas o que se tem feito na área prevenção do tabagismo?
Metade dos fumadores portugueses nunca tentaram deixar de fumar
Cerca de metade dos fumadores portugueses nunca fizeram qualquer tentativa para parar de fumar. A cessação tabágica é, frequentemente, um processo difícil e sujeito a múltiplas recaídas, portanto um caminho composto por várias etapas.
O tratamento, é possível mas exige acompanhamento e técnicos de diversas áreas, também sabemos que as recaídas após cessação tabágica são frequentes. Assim, o objetivo de “erradicação” do tabagismo é algo difícil de ser alcançado.
Sem dúvida que há muito a fazer. Para isso é necessário que se proceda efetivamente a uma revisão das leis do tabaco, que se formem profissionais nesta área a trabalhar em contextos estratégicos de intervenção, que se promova literacia em saúde nesta temática e em especial para as camadas mais jovens, que existam instituições onde se possa oferecer apoio especializado aos utentes nesta área e que os programas de prevenção passem do papel para a prática com os recursos adequados.
Andreia Eunice Pinto Magina, Enfermeira Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica
Este artigo foi escrito ao abrigo no novo acordo ortográfico