Uso racional

Evite a utilização inadequada e excessiva dos antibióticos

Atualizado: 
16/05/2019 - 17:12
O Dia Europeu dos Antibióticos é promovido pela União Europeia em estreita colaboração com a Organização Mundial de Saúde, com o objectivo de alertar para o uso racional destes medicamentos, para manter a sua eficácia e prevenir a emergência de microrganismos resistentes.
Dia Europeu dos Antibióticos

Todos os anos a 18 de Novembro assinala-se o Dia Europeu dos Antibióticos com o objectivo de sensibilizar a população para os riscos decorrentes da utilização inadequada e excessiva destes medicamentos e da consequente resistência microbiana aos antibióticos. É preciso que os doentes percebam que a toma de um antibiótico deve ser apenas feita após prescrição médica e a forma e tempo de toma devem ser escrupulosamente respeitadas. Desta forma, estaremos a ajudar a evitar o desenvolvimento de bactérias resistentes e a preservar a eficácia destes fármacos para as gerações futuras.

O que são os antibióticos?
Os antibióticos, também denominados agentes antimicrobianos, são medicamentos que matam ou inibem o crescimento de bactérias, ajudando a curar infecções em pessoas, animais e, por vezes, plantas. Os antibióticos destinam-se a tratar infecções causadas por bactérias (como a pneumonia pneumocócica ou as infecções sanguíneas causadas por estafilococos); os agentes antimicrobianos eficazes contra vírus são, normalmente, denominados medicamentos antivirais (como os medicamentos para a gripe, o VIH e o herpes). Nem todos os antibióticos são activos contra todas as bactérias. Existem mais de 15 classes diferentes de antibióticos que se diferenciam entre si pela sua estrutura química e pelo seu modo de acção contra as bactérias. Um antibiótico pode ser eficaz contra vários tipos de bactérias ou contra apenas um.

Quando devo tomar antibióticos?
Os antibióticos não são a solução para infecções causadas por vírus, como as vulgares constipações ou a gripe. Os antibióticos apenas são eficazes contra infecções bacterianas. Apenas um médico pode realizar o diagnóstico correcto e decidir se um antibiótico é ou não necessário.

O que é a resistência aos antibióticos?
As bactérias apresentam resistência aos antibióticos quando determinados antibióticos específicos perderam a sua capacidade de as matar ou impedir o seu desenvolvimento. Algumas bactérias são naturalmente resistentes a certos antibióticos (resistência intrínseca). Um problema mais preocupante ocorre quando algumas bactérias, que são normalmente susceptíveis aos antibióticos, desenvolvem resistência em resultado de alterações genéticas (resistência adquirida). As bactérias resistentes sobrevivem na presença do antibiótico e continuam a multiplicar-se, causando uma doença mais prolongada ou, mesmo, a morte. As infecções causadas por bactérias resistentes são habitualmente mais perigosas, exigindo antibióticos alternativos mais dispendiosos com efeitos secundários mais graves. 

Causas da resistência

Qual é a causa mais importante da resistência aos antibióticos?
A resistência aos antibióticos é uma situação natural causada por mutações nos genes das bactérias. Porém, a utilização excessiva ou inadequada de antibióticos acelera o aparecimento e a propagação das bactérias resistentes ao antibiótico utilizado e também a outros. Quando expostas aos antibióticos, as bactérias susceptíveis morrem, mas as bactérias resistentes podem continuar a viver e a multiplicar-se. Estas bactérias resistentes podem propagar-se e causar infecções noutras pessoas que não tenham tomado quaisquer antibióticos.

O que é o uso “inadequado” dos antibióticos?
Usar os antibióticos sem necessidade: constipações e gripes são causadas por vírus contra os quais os antibióticos não são eficazes. Nestes casos, não irá melhorar o seu estado clínico tomando antibióticos: os antibióticos não baixam a febre nem melhoram os sintomas, como por exemplo o espirro.

Usar os antibióticos de forma incorrecta: quando encurta a duração do tratamento, baixa a dose, não cumpre a frequência correcta de administração (isto é, se aumenta ou diminui o intervalo de tempo entre duas tomas do antibiótico), a quantidade necessária e adequada de antibiótico no organismo não é atingida e as bactérias sobrevivem, podendo tornar-se resistentes. Portanto, não se auto-medique e respeite sempre as recomendações do seu médico sobre quando e como tomar os antibióticos.

Que doenças são causadas por bactérias resistentes?
As bactérias multirresistentes podem causar um vasto conjunto de infecções: infecções do tracto urinário, pneumonia, infecções da pele, diarreia, infecções da corrente sanguínea. O local da infecção depende da bactéria e do estado clínico do doente.

As bactérias multirresistentes ocorrem mais frequentemente nas infecções adquiridas no hospital ou associadas aos cuidados de saúde (IACS), mas a sua incidência aumenta significativamente na comunidade, muitas vezes relacionada à utilização prévia de antibióticos.

O problema da resistência

Por que razão é a resistência aos antibióticos um problema?
O tratamento das infecções causadas por bactérias resistentes é um desafio: os antibióticos habitualmente utilizados já não são eficazes e os médicos têm de escolher outros antibióticos. Este facto poderá causar o atraso na implementação do tratamento correcto e resultar em complicações, incluindo a morte. O doente poderá também necessitar de mais cuidados, assim como de antibióticos alternativos mais dispendiosos e que podem causar efeitos secundários mais graves.

Qual é a gravidade do problema?
A situação agrava-se com o aparecimento de novas estirpes de bactérias resistentes a vários antibióticos em simultâneo (conhecidas como bactérias multirresistentes). Estas bactérias podem, eventualmente, tornar-se resistentes a todos os antibióticos conhecidos. Sem antibióticos, há o risco de regressarmos à “era pré-antibiótica”, em que as doenças infecciosas causadas por bactérias passariam a não poder ser tratadas com sucesso, resultando na morte. Nesta situação, os transplantes de órgãos, a quimioterapia para o cancro, os cuidados intensivos e outras actividades e procedimentos médicos deixarão de ser possíveis.

O problema é pior do que no passado?
Antes da descoberta dos antibióticos, milhares de pessoas morriam devido a doenças bacterianas, como a pneumonia ou infecções na sequência de procedimentos cirúrgicos.Com o aparecimento e desenvolvimento dos antibióticos, a mortalidade por infecções diminuiu marcadamente. No entanto, a sua crescente utilização levou a que cada vez mais bactérias originalmente susceptíveis aos antibióticos desenvolvam estratégias para os combater e se tornem resistentes. Os níveis de resistência estão a aumentar e o problema da resistência aos antibióticos é agora uma importante ameaça para a saúde pública.

O que pode ser feito para resolver o problema?
Manter a eficácia dos antibióticos é uma responsabilidade de todos. A utilização responsável de antibióticos pode ajudar a combater o desenvolvimento de bactérias resistentes e a manter a eficácia dos antibióticos para utilização pelas gerações futuras. Com base neste facto, torna-se importante saber em que ocasiões é apropriado tomar antibióticos e como os usar de forma responsável.

Todas as pessoas podem desempenhar um papel importante na redução da resistência aos antibióticos:

Os doentes:

  • Respeitar os conselhos do médico ao tomar antibióticos
  • Sempre que possível, prevenindo as infecções por meio de vacinação adequada
  • Lavar as suas mãos, e as mãos dos seus filhos, com regularidade – por exemplo, depois de espirrar ou tossir e antes de tocar em objectos ou em pessoas
  • Usar sempre antibióticos mediante receita médica, não tomando “sobras” nem antibióticos obtidos sem receita médica.
  • Perguntar ao farmacêutico qual a forma apropriada de eliminar os medicamentos não consumidos.

Os médicos e outros profissionais de saúde:

  • Explicar aos doentes como aliviar os sintomas de constipações e de gripe sem utilizar antibióticos
  • Informar os doentes sobre a importância de cumprir o tratamento quando recebem uma receita de antibióticos passada pelo médico
  • Prescrever antibióticos apenas quando são necessários, em conformidade com as orientações baseadas em factos científicos.

Lembre-se:

  • Os antibióticos apenas são eficazes contra infecções bacterianas – não irão ajudar a recuperar de infecções causadas por vírus como constipações comuns ou gripes
  • Os antibióticos não evitam a propagação de vírus para outras pessoas
  • Tomar antibióticos pelas razões erradas, como em caso de constipações ou de gripe, não lhe irá trazer qualquer benefício
  • A utilização inadequada de antibióticos resulta apenas no desenvolvimento de resistência aos tratamentos com antibióticos por parte das bactérias. Por conseguinte, quando necessitar de tomar antibióticos no futuro, estes poderão já não funcionar
  • Os antibióticos têm frequentemente efeitos secundários, como diarreia
  • Respeite sempre os conselhos do médico antes de tomar antibióticos
  • A utilização de antibióticos resulta no desenvolvimento de resistência aos tratamentos com antibióticos por parte das bactérias, por isso, é importante não tomar antibióticos pelas razões erradas ou de forma incorrecta
  • Tome antibióticos apenas quando prescritos por um médico e respeite os conselhos do médico sobre como tomá-los de modo a que possam manter a sua eficácia também no futuro
  • Não guarde restos de antibióticos não utilizados. Caso tenha recebido mais doses que as que lhe foram prescritas pergunte ao seu farmacêutico como pode eliminar os medicamentos excedentes.
Fonte: 
ecdc.europa.eu/pt
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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