Saiba o que são

Dores de crescimento

Atualizado: 
20/05/2015 - 15:31
Chamam-se "dores de crescimento" mas em nada têm que ver com o crescimento. São, no entanto, dores reais e podem ser muito incomodativas.

As dores de crescimento são o mais frequente motivo de dor nos membros inferiores em idade pediátrica. As causas são indeterminadas, uma vez que não há explicação científica estabelecida para a sua origem. A verdade é que apesar de se chamarem "dores de crescimento” não estão relacionadas com o crescimento, na medida em que não se iniciam, nem têm maior incidência nas fases de maior crescimento (nos dois primeiros anos de vida e na puberdade), e também porque não se referem às zonas de crescimento ósseo, uma vez que ocorre de uma forma muito lenta e progressiva.

Por não haver uma explicação científica quanto à causa da dor, acredita-se que muitas vezes, os sintomas estão associados a distúrbios emocionais ou situações próprias da idade, como a entrada na escola, o nascimento de um irmão, um conflito familiar, entre outros. A questão emocional não é causa da dor, mas predispõe ao seu aparecimento, assim como o facto de os pais terem sentido na sua infância dores crónicas semelhantes.

Ocorrem principalmente em crianças entre os três e os cinco anos e, mais tarde, entre os oito e os 12 mas podem acontecer em qualquer idade. Calcula-se que cerca de 30 por cento das crianças apresentam estas queixas.

São crianças saudáveis que subitamente se queixam de dores que tão depressa vêm como vão. Não têm dores em outros locais, não têm febre, não estão associadas a qualquer inflamação ou vermelhidão, nem equimoses. Não existem outros sinais ou sintomas clínicos.

São dores benignas intermitentes (diárias ou esporádicas), vespertinas (final da tarde) ou nocturnas (normalmente na primeira metade da noite), nunca de manhã ao acordar. Têm uma duração inferior a 30 minutos, sem relação directa com o esforço, e ocorrem durante vários meses ou anos. Regra geral, a maioria das crianças deixa de apresentar crises no prazo máximo de dois anos.

A principal preocupação dos pais é, na maioria dos casos, o de não saberem da possibilidade de ocorrência destas queixas. E para quase todos os pais, se a criança se queixa de dores é porque é grave. No entanto, estas dores não estão associadas a qualquer doença.

Contudo, se se registarem queixas de dor, inchaço ou rigidez pela manhã ou ao levantar, se existirem outros sintomas para além da dor, se a dor for bem localizada e a criança a conseguir apontar com o dedo, se for referida sempre e apenas no mesmo membro, se surgir durante o esforço, se a queixa for contínua ou se a massagem exacerbar a dor, então será prudente recorrer ao médico assistente.

Uma vez que não existe nenhum exame que permita efectuar o diagnóstico da dor de crescimento, o exame físico geral e o exame do aparelho locomotor, em especial, são normais, assim como o exame radiológico e as provas laboratoriais.

Normalmente uma massagem ou calor local, com ajuda, por exemplo, de um saco de água quente, é suficiente para aliviar os sintomas. Por vezes, pode ser necessário um analgésico, contudo, e dado que a dor é de curta duração, o interesse deste é questionável pois, na maior parte dos casos, a dor desaparecerá antes de o fármaco surtir efeito. Se as queixas forem nocturnas e muito frequentes, poderá dar-lhe o analgésico (nomeadamente paracetamol) ao adormecer.

Principais características
As principais características destas dores, chamadas "de crescimento" são:

Local
Ocorrem sempre na parte anterior das coxas, ou nas pernas. Podem manifestar-se um dia numa perna mas no dia seguinte na outra perna, o que baralha (e muitas vezes assusta) os pais.

Frequência
São intermitentes. Um dia a criança queixa-se, no outro não. Algumas crianças podem ocasionalmente ter queixas todos os dias, outras apenas uma vez por semana, outras uma vez por mês.

Horário
Ocorrem no fim do dia ou durante a noite, depois de um dia agitado em que a criança gastou muita energia. De manhã a criança levanta-se sem qualquer dor.

Duração
Geralmente não ultrapassam os 20 minutos. Muitas vezes duram menos tempo.

Outras queixas
Não existem outras queixas ou sinais de doença como febre ou mal-estar.

Alterações locais
Não existem quaisquer alterações na zona onde a criança se queixa. Não está inchada ou vermelha ou quente ao toque.

Alívio
Dobrando o pé para cima para distender os músculos da perna e com massagem suave sobre os músculos. A criança agradece a massagem e fica mais calma. Também pode ocorrer algum alívio com a aplicação de calor (como uma toalha embebida em água morna). Só em casos mais raros pode ser necessário dar um analgésico.

Quando procurar o especialista
Em alguns casos surgem dúvidas sobre a inocência das queixas dolorosas da criança. Deve, por isso, contactar o pediatra para que este observe a criança se:
- As dores ocorrem em outras zonas do corpo como o pescoço, braços, dedos ou costas;
- As dores ocorrem sempre na mesma zona da mesma perna;
- As dores ocorrem sobre o joelho ou outras articulações;
- A criança coxeia;
- As queixas ocorrem tanto de dia como de noite, principalmente se a criança se queixa logo pela manhã;
- A dor é demorada, ultrapassando uma hora de duração;
- A criança tem febre, mal-estar, falta de apetite ou perde peso; 
- Existem alterações no local onde a criança se queixa como inchaço, vermelhidão ou a zona está mais quente que o resto da perna;
- Nada parece aliviar as queixas e, principalmente, se a criança se queixa ainda mais quando tentamos massajar a perna ou pegar-lhe ao colo;

Fonte: 
Gerações.net
Educare.pt
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Foto: 
ShutterStock