Citometria de Fluxo: uma tecnologia em expansão
Desde há muitos anos que a citometria de fluxo, fruto da sua capacidade de estudar vários parâmetros simultaneamente numa única célula, se tem afirmado como uma ferramenta de utilidade reconhecida na área clínica, nomeadamente no diagnóstico, prognóstico e monitorização terapêutica das hemopatias malignas, na monitorização da infecção pelo VIH, e também na investigação aplicada à clínica e na investigação básica.
O aparecimento de novos citometros de fluxo, com uma maior capacidade multiparamétrica e de processar uma grande quantidade de células em menor tempo, associado a softwares de análise mais versáteis e capazes de realizar uma análise automática de todas as populações celulares presentes numa amostra e, acima de tudo, capazes de cruzar a informação obtida nessa amostra com uma base de dados representativa da maioria das hemopatias malignas, vai reduzir de forma significativa a subjectividade diagnóstica dependente do “expertise” de quem analisa e permitir, através da estandardização dos painéis de diagnóstico e de calibração dos equipamentos, que se obtenha, para uma mesma amostra processada em laboratórios diferentes, o mesmo resultado.
Estes avanços irão, seguramente, colocar a citometria de fluxo numa posição de maior relevo na área clínica das hemopatias malignas, quer ao nível do diagnóstico, quer no aumento da sensibilidade para a pesquisa da doença mínima residual. Estes mesmos avanços tecnológicos em citometria de fluxo serão igualmente uma mais-valia no que respeita ao diagnóstico das imunodeficiências primárias.
Perspectivam-se, também, novas áreas de intervenção da citometria de fluxo, nomeadamente no estudo de alterações periféricas (numéricas ou funcionais) que ocorrem nas células do sistema imune, após terapêutica imunomoduladora, em particular as com base em anticorpos monoclonais, e que estão a ser cada vez mais utilizadas no tratamento de tumores.
Finalmente, fruto da capacidade que alguns citometros de fluxo têm de funcionar como separadores celulares (“cell sorters”), e cuja utilização é já uma realidade, em alguns laboratórios clínicos, poder-se-ão estabelecer interfaces de colaboração e de complementaridade com outras tecnologias, também importantes na área do diagnóstico das hemopatias malignas, como a hibridação in situ de fluorescência (FISH) e a biologia molecular, em particular, e ainda em fase de implementação, a sequenciação de nova geração (NGS). Estes separadores celulares já são largamente utilizados por muitos grupos de investigação, sendo uma ferramenta fundamental para os novos avanços científicos em diferentes áreas.
Estes e outros avanços serão abordados na 15.ª edição do Congresso da Sociedade Ibérica de Citometria (SIC), que vai ter lugar entre os dias 25 e 27 de maio, em Lisboa. Os detalhes sobre o evento poderão ser consultados no website oficial: http://www.transalpino-eventos.com.