Alergias Sazonais: prevenção também se faz à mesa
A alergia é uma resposta inadequada e exagerada do nosso sistema imunitário a substâncias habitualmente inofensivas, designadas de alérgenos.
“Na presença de um agente causador de alergia a reação do corpo pode assumir muitas formas, entre elas, uma reação inflamatória com precipitação de sangue e/ou muco na área de contacto ou local de invasão”, começa por explicar Vera Belchior.
De acordo com a naturopata esta reação é, geralmente, saudável e normal e ocorre como forma de proteção. “O que não é normal é quando o corpo aumenta este tipo de resposta contra algo que não é de facto uma ameaça para o corpo, como a relva, o tomate ou as penas”, diz.
Entre os principais alérgenos encontram-se algumas substâncias presentes no ar, produtos químicos, alguns pólenes e pelos de animais. “Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, a Rinite é a alergia mais frequente, afetando cerca de 2,5 milhões de portugueses, onde se junta a asma a um terço destes”, adianta Vera Belchior quanto aos dados oficiais.
A alergia sazonal ocorre sempre na mesma época do ano e é, habitualmente, despoletada pela presença de elevadas concentrações de pólenes no ar, ocorrendo sobretudo em dias quentes, secos e com vento.
A Primavera é a estação da alergia por excelência, apresentando um período crítico que se pode estender entre os meses de março a julho.
“As alergias sazonais trazem consigo uma série de sintomas desagradáveis, incluindo olhos lacrimejantes, comichão, espirro, nariz congestionado e dor de garganta, entre outros, que podem perturbar o dia-a-dia de quem delas sofre”, refere a especialista em naturopatia.
Sprays nasais de corticosteroides, anti-histamínicos e descongestionantes são recomendados para aliviar os sintomas.
No entanto, de acordo com Vera Belchior, é na alimentação que está a chave para o tratamento e prevenção da alergia. “A alimentação é extremamente importante, diria até que é a base de qualquer tratamento de saúde, pois nos nutrientes encontram-se componentes que nos vão ajudar a combater as mais diversas patologias, incluindo as alergias”, afirma.
Saiba mais sobre a especialista na página: www.verabelchior.com
Sabendo que 70% do nosso sistema imunitário se encontra localizado no intestino é compreensível, na opinião desta especialista, que “as alergias sejam impactadas e pioradas pela má saúde intestinal”, sendo um reflexo daquilo que comemos. Não é, portanto, de admirar que o número de doentes alérgicos tenha vindo a aumentar, sobretudo, nos países desenvolvidos onde se regista um maior consumo de alimentos processados e ricos em açúcar e gordura.
Deste modo, “o tratamento de uma pessoa que sofre de alergias deve sempre começar pela sua base, ou seja, pelos intestinos devido à relação que estes têm com as reações alérgicas”, explica a naturopata.
Segundo Vera Belchior, os indivíduos que tomam probióticos, por exemplo, apresentam uma redução dos sintomas de lacrimejamento do olho, comichão, rinirreia e bloqueio nasal. “Por outro lado, vamos tendo cada vez mais a noção que os baixos níveis de vitamina D também influenciam o desenvolvimento de alergias, pelo que é sempre um plus verificar se os seus níveis de vitamina D se encontram em conformidade com os valores de referência”, acrescenta.
Juntamente com a alimentação, a Naturopatia faz uso de plantas com propriedades anti-inflamatórias e anti-histamínicas eficazes. “Em Portugal, encontramos, quase em qualquer canto, uma das plantas mais eficientes para alergias: as urtigas. Embora não lhe seja dado grande crédito, as urtigas possuem propriedades anti-histamínicas que podem ser muito úteis a pessoas que sofrem de alergias”, refere a especialista.
A cebola e o alho são dois alimentos que se destacam no combate à alergia. “São ótimos alimentos com propriedades anti-alergénicas. Além da quercetina, ambos os bulbos inibem uma enzima, a lipoxigenase, que gera um produto químico inflamatório, pelo que a alimentação é um pilar importantíssimo para nos ajudar a recuperar das alergias”, afiança Vera.
No entanto, não se pense que estamos a falar de uma cura. “O conceito de cura é muito relativo, pois a eficácia dos tratamentos depende muito de pessoa para pessoa, bem como das alterações que esta se compromete a realizar para que possa ver a sua condição resolvida. Na maioria dos casos, consegue-se controlar as reações alérgicas para que não incomodem com a mesma intensidade, mas não nos podemos referir a esse benefício como cura”, adverte a especialista em naturopatia.
Em matéria de prevenção, Vera Belchior deixa o conselho: deve eliminar o consumo de lacticínios (queijo, leite e manteiga) e apostar no consumo de hortícolas, “que além de serem uma fonte essencial de nutrientes, também alimentam as boas bactérias intestinais que como consequência beneficiam o nosso intestino e fortalecem o sistema imunitário”.