Nutrigenética: a dieta que otimiza o funcionamento do organismo e previne doenças
Quando comemos de forma adequada às nossas necessidades estamos emocionalmente estáveis, fisicamente ativos e temos menos problemas de saúde.
Mas a procura pela alimentação ideal é ainda mais importante quando não nos preocupamos em apenas suprimir as nossas necessidades nutricionais gerais, mas sim, quando nos nutrimos de acordo com as nossas necessidades específicas e que fazem de cada um de nós um ser único. Para isso não basta apenas contar calorias e quantificar macronutrientes. É necessário ser um pouco mais pormenorizado e falar em nutrigenética.
Este tipo de alimentação corresponde a uma forma de comer com objectivo de otimizar o funcionamento do nosso organismo para podermos disfrutar de uma vida longa e saudável.
O que é a Nutrigenética?
Antes de mais convém relembrar que os genes são os segmentos de ADN que contêm a nossa informação genética. Durante toda a nossa vida o nosso ADN vai sendo replicado para gerar novas células e é durante este processo de “cópia” que surgem erros (mutações).
Sabemos também que os genes são responsáveis por mais de 50% de alterações nos níveis de colesterol HDL e LDL, nos níveis de triglicéridos, na densidade óssea, na propensão de adição ao álcool e nicotina, bem como no envelhecimento biológico. Por isso mutações no nosso código genético podem ter consequências desastrosas, mesmo que apenas a médio/longo prazo.
A nutrigenética representa uma área da epigenética, que se foca na modulação da expressão dos nossos genes, através da alimentação correta. Hoje em dia já são disponibilizados no mercado vários testes de avaliação nutrigenética, realizados em laboratórios de análises clinicas credenciados. Para isso basta apenas proceder a uma recolha de amostras biológicas, como por exemplo sangue ou células da mucosa oral.
De todos os fatores ambientais a alimentação é aquela que mais influencia a expressão dos nossos genes. Mas não apenas a alimentação que fazemos atualmente. A alimentação que nos define inicia-se ainda dentro da barriga da nossa mãe.
Os principais fatores nutricionais que regulam a epigenética são os relacionados com o processo de metilação da molécula de ADN e o consequente encurtamento dos telómeros.
Sendo assim os alimentos que doam grupos metilos são importantes na prevenção das mutações genéticas que provocam doenças, como por exemplo o cancro.
Que nutrientes são esses?
Na prática podemos afirmar que é importante incluirmos na nossa dieta alimentos ricos em ácido fólico, metionina, colina, vitamina B6, vitamina B12 e antioxidantes como o resveratrol e o sulforanato.
Em que alimentos estão presentes?
Ácido fólico: verduras de folhas verdes, fígado, beterraba, leguminosas, sementes de girassol, chia e linhaça.
Metionina: nozes do Brasil, borrego, pescado e ovos.
Colina: gema de ovo, fígado, soja, carne, frango, vitela e peru
Vitamina B6: carne, cereais integrais, espinafre e avelã
Vitamina B12: carne, fígado e marisco
Resveratrol: vinho tinto, uvas pretas, mirtilos
Sulforafano: brócolos e outras brassicas como couves de bruxelas, repolho, couve branca, couve lombarda, couve roxa, grelos, rúcula, entre outras.
Não nos podemos esquecer também de outros nutrientes como o zinco, o selénio, o magnésio, as vitaminas C, A, D e E e as gorduras insaturadas como ómega 3 e 9.
Em suma, podemos conseguir modelar a expressão dos genes menos bons e evitar ou retardar o aparecimento de doenças. Para isso é necessário uma alimentação cuidada e restringir fatores externos que induzem alterações epigenéticas negativas, como o stress, o tabaco e o álcool.
O papel da alimentação na nossa saúde é mais importante do que se possa pensar à partida. Não interessa apenas comer bem. É preciso comer de acordo com a nossa genética e é necessário escolher alimentos que nos nutram e não apenas que nos saciem. É relevante também ter em conta que devemos optar sempre por alimentos biológicos, sem químicos, sejam de origem vegetal ou animal.
Feliz Dia Mundial da Alimentação!