Número de obesos cresce em Portugal
Para além da má alimentação, da falta de exercício físico, do aumento do sedentarismo e do abandono da dieta mediterrânea, existem outras condições que levam a que o numero de obesos esteja a aumentar em Portugal.
Entre estas outras condições podemos enumerar alterações no perfil biológico, o aumento dos índices de stress, os polimorfismos genéticos, e outros desequilíbrios funcionais (como hormonais, disbioses). Estas condições tanto podem condicionar negativamente adultos como crianças, na gestão da sua saúde e do seu peso.
Apesar de nos alimentarmos bem, os alimentos que ingerimos atualmente não têm a mesma concentração e riqueza nutricional que tinham no tempo dos nossos avós. Para agravar ainda mais a situação não nos podemos esquecer que o recurso a químicos na nossa agricultura influência negativamente a absorção dos nutrientes contidos nos alimentos. Esta situação pode ainda sobrecarregar os sistemas de excreção do nosso corpo, deixando-nos intoxicados e inflamados.
E esta é apenas a ponta do iceberg…
Ao nos focarmos na prevenção da obesidade, temos de ter em conta que apesar de comermos bem, podemos estar malnutridos, quando não o fazemos de forma funcional.
Lutar contra este flagelo da obesidade é difícil, mas urgente e por isso é necessário investir e insistir na mudança de hábitos comportamentais, atuando na prevenção de comportamentos de risco junto dos mais jovens.
Segundo diretivas do relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) é essencial criar medidas que permitam identificar jovens que se encontram em risco elevado de se tornarem obesos e atuar junto dos mesmos.
Esta prevenção deve ocorrer em pelo menos três planos distintos: escola, família e comunidade.
Começar nas escolas envolve, por exemplo, que sejam disponibilizadas refeições saudáveis e equilibradas por parte das Instituições/Entidades, em relação à oferta em refeitório e bar como em máquinas de self-service. Para além disso palestras de sensibilização também poderia ser positivo.
Na comunidade em geral, onde estes mesmos jovens se incluem também é essencial atuar de forma ativa e neste caso depende de todos nós. Seria benéfico a aplicação de medidas que permitam um acesso a opções alimentares mais equilibradas, bem como o acesso facilitado a espaços de prática de atividade física (in ou outdoor). Por exemplo, há mais de 10 anos que se previa que a obesidade seria a epidemia deste século, contudo ainda hoje em dia é difícil termos opções mais equilibradas incluídas nos nossos restaurantes típicos. Continua também a ser difícil colocar em prática a convivência entre família e entre amigos sem ser exclusivamente à mesa. No entanto, muitos ginásios já dispõem “pack família” como preços mais acessíveis.
Para terminar, é preciso mudar mentalidades e atuar no núcleo familiar. Todos estas recomendações de estilo de vida deviam fazer parte da educação das nossas crianças. Se desde cedo lhes forem incutidos hábitos de alimentação saudável e de prática de atividade física adequada, é natural que os mesmos se tornem parte integrante do dia a dia da criança. Na prática os pais devem comer exatamente o mesmo que colocam no prato dos filhos, não devem por exemplo rejeitar comer legumes, pois são eles o exemplo dos filhos. Atividades ao ar livre também podem e devem ser incutidas como o brincar na rua, andar de bicicleta, entre outras.
Independentemente do adulto que se tornar, dos hábitos que nessa altura escolher ter, cabe aos pais e responsáveis pelas nossas crianças “lançar a semente”, dando também um exemplo saudável que servirá de base na educação alimentar.
Outros problemas funcionais e de saúde poderão sempre existir, por isso é importante atuar antes que a obesidade se instale. Não se pode comer mal e esperar não ter problemas de peso e de saúde num futuro, tal como também podemos adotar estilos de vida saudáveis e mesmo assim lutar contra esta doença. Independentemente da causa que nos leva a aumentar de peso ou a não conseguir emagrecer é importante valorizar a alimentação e o exercício físico.
Não existe melhor forma de vencer a obesidade do que prevenir o seu aparecimento. Este deverá sempre ser o objetivo.