Conheça os sintomas

A Hipertensão Pulmonar pode surgir em qualquer idade

Atualizado: 
03/12/2020 - 16:24
Cansaço, falta de ar e inchaço (edema), sobretudo, na zona do abdómen e nas pernas estão entre os principais sintomas da Hipertensão Pulmonar – uma doença potencialmente fatal, mas que passa despercebida nas fases mais iniciais. Apesar de a maioria dos casos de hipertensão pulmonar surgirem associados a doença cardíaca e respiratória crónica, mais frequente a partir de determinadas faixas etárias, a verdade é que esta condição pode surgir em qualquer idade. Quando existe “obstrução aguda das artérias do pulmão por um coagulo”, designa-se por Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crónica.

Caracterizada por um aumento de pressão na artéria pulmonar, estima-se que, a Hipertensão Pulmonar afete cerca de 300 portugueses. De acordo com Ana Mineiro, Assistente Graduada de Pneumologia no Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte, esta condição pode ocorrer por diversos motivos: “porque as artérias pulmonares ficam mais estreitas (alterações da sua parede, obstruções no seu interior), porque há insuficiência cardíaca esquerda, porque o oxigénio no sangue se encontra baixo (por exemplo nos doentes com doenças pulmonares crónicas), entre outras”.

É importante referir que a Hipertensão Pulmonar se encontra classificada em cinco grupos consoante as causas associadas. A insuficiência cardíaca ou as doenças pulmonares, como é o caso da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, estão entre as principais causas da Hipertensão Pulmonar. No entanto, há uma percentagem de casos (e que constitui o Grupo 1 da classificação) que aparece associada a “doenças cardíacas congénitas, as doenças do tecido conectivo (como o lúpus e a esclerodermia), a doença hepática crónica, a infeção pelo VIH e algumas drogas como, por exemplo, as metanfetaminas”, entre outras, embora seja menos frequente.

Partindo deste pressuposto, alerta a especialista, “podemos então considerar os doentes com estes diagnósticos como grupos de risco a que devemos estar mais atentos aos sintomas e, em alguns casos, como na esclerodermia, fazer o rastreio ativo de hipertensão pulmonar”.

A Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crónica constitui o Grupo 4, um dos menos frequentes mais igualmente grave. “Numa percentagem pequena de doentes que tiveram tromboembolismo pulmonar agudo (obstrução aguda das artérias do pulmão por um coagulo) permanece uma oclusão residual que, pela sua cronicidade, leva também a alterações da própria artéria. Estes dois fatores têm como consequência a hipertensão pulmonar tromboembólica crónica”, explica.

Não obstante, a hipertensão pulmonar pode surgir em qualquer idade, estimando-se que em 10% dos casos esteja associada a fatores hereditários. Por isso, há que conhecer os seus sinais, valorizando a sintomatologia associada. “Numa fase inicial, os sinais de alerta são muito inespecíficos e pouco valorizados como, por exemplo, o cansaço e a falta de ar (dispneia), inicialmente ligeiros e que se agravam ao longo do tempo. Em fases avançadas, surge a dor torácica, perda de consciência (sincope) e palpitações”, sublinha Ana Mineiro.

“Se conhecerem bem a sua doença saberão detetar sinais de alarme e como reagir à sua presença. Por outro lado, penso que, conhecendo a doença e sabendo a razão pela qual fazem determinados medicamentos, bem como os seus eventuais efeitos adversos, estarão mais aptos para cumprir o tratamento regularmente, o que é essencial”, reforça a médica.

Caso exista sugestão da doença, “o primeiro exame a efetuar é o ecocardiograma. Se este for sugestivo, a confirmação é efetuada por cateterismo direito”.

Quanto ao tratamento, a especialista revela que apenas 2 grupos “têm tratamento específico”. “O grupo 4 (hipertensão pulmonar tromboembólica crónica) tem possibilidade de cura através de cirurgia: a endarterectomia. Se esta não puder ser realizada, a angioplastia (repermeabilização através de cateter das artérias obstruídas) e medicação oral são alternativas terapêuticas. No que diz respeito ao tratamento do Grupo 1, a medicação pode ser administrada por via oral, inalada, subcutânea ou endovenosa”, explica.

“Por outro lado, (…), a maioria dos casos de hipertensão pulmonar surgem associados a doença cardíaca e respiratória crónica. Estes doentes têm o seu prognóstico muito agravado quando se associa à sua doença de base a hipertensão pulmonar e estão muito limitados nas suas atividades diárias. Para eles não temos, de momento, qualquer terapêutica dirigida à hipertensão pulmonar aprovada, mas está a ser feita investigação com esse objetivo”, acrescenta.

De modo a evitar um agravamento da condição, o doente é aconselhado a ter um estilo de vida saudável – “o que inclui não fumar, ter uma alimentação variada e com baixo teor em sal e praticar exercício físico adaptado”. Segundo a pneumologista, “nas consultas e, nalguns casos, em programas específicos de reabilitação, são ensinadas várias técnicas que permitem realizar esforços com menos gasto de energia”.

“É ainda importante evitar fatores de descompensação tais como as infeções, vacinando-se contra a gripe e a pneumonia. Por último, o doente tem de se ver como parte integrante de uma equipa. Além do que já foi dito, isso implica também, na medida das suas capacidades, envolver-se ativamente em grupos de doentes que possam ter impacto nos decisores a nível político. Isto levará a melhores condições de tratamento e de apoio social”, conclui Ana Mineiro.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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