Dia mundial do chocolate: Neurocientista fala dos benefícios e malefícios do chocolate
"Quando falamos em chocolate no meio científico o conectamos a coisas boas em sua grande maioria. Contudo, quando em excesso é algo que se torna prejudicial. Mas é inevitável não pensar em flavonoides e, no meu caso, pensar em memória", inicia.
Ainda segundo Abreu, "Os flavonoides ou bioflavonoides são compostos bioativos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Eles podem ser encontrados no chá preto, sumo de laranja, vinho tinto, chocolate, morango, frutos secos, café, brócolos, açaí, chá verde, alho, soja, framboesas e outros alimentos. Alimentos ricos em flavonoides, reduzem em até quatro vezes o risco de desenvolver Alzheimer e outras demências.
Os flavonoides trazem benefícios para a saúde do coração e podem aumentar a quantidade de sangue presente no giro denteado do hipocampo, sistema límbico do cérebro. Essa região do cérebro é particularmente afetada pelo envelhecimento e está relacionada com o processo de transformação de memória de curta para longa duração."
O chocolate quando consumido corretamente e moderadamente pode trazer diversos benefícios.
"O consumo de chocolate já comprovou ser eficaz no ganho nas funções cognitivas e também no efeito do humor. Levando em consideração que o processo de armazenamento de memória envolve a emoção e a serotonina torna a aprendizagem mais eficiente, além de ser um neurotransmissor relacionado à felicidade, que quando em baixa é o responsável pela depressão, logo percebemos a importância do chocolate neste processo de memorização", explica o neurocientista.
Como refere Abreu, "Níveis mais altos de serotonina elevam a eficácia na aprendizagem e o chocolate, mais especificamente nas sementes do cacau, tem a presença do aminoácido triptofano, que sintetiza a serotonina. Inclusive, este neurotransmissor tem relações com a ansiedade, já que atua no cérebro regulando-a. Baixos níveis desta molécula podem causar aumento de ansiedade e levar à depressão. "
Mas os benefícios e a sua lista podem ainda ser alargados.
"Há também no chocolate a teobromina, um não seletivo da fosfodiesterase (PDE); é um alcaloide da família das metilxantinas, da qual também fazem parte a teofilina e a cafeína. Ela pode ser útil no tratamento da fadiga e hipotensão ortostática. Além de ser um estimulante no processo de memorização. Mas não para por aí, o chocolate também influencia na liberação da dopamina, famoso neurotransmissor da recompensa que, na falta dele, aumenta a ansiedade em busca de sua liberação.", refere.
Contudo, nem tudo é bom. Há regras para o seu consumo para potencializar os benefícios e reduzir os malefícios.
"Mas nem tudo são mil maravilhas. Chocolate em excesso faz mal, não só pela liberação deste neurotransmissor dopamina que é viciante, pedindo para que coma mais chocolate, mas também pela gordura e o açúcar que além do envolvimento dessas substâncias com a dopamina, também há a relação com a diabetes e aumento de peso. O recomendado são chocolates amargos acima de 70% de concentração de cacau", analisa.
Em jeito de conclusão Abreu explica como devemos consumir este alimento muitas vezes difícil de regrar: "Minha dica: Chocolate meio amargo com moderação, 70% cacau e se puder, que tenha frutos secos em pedaços. Que tenha uma quantidade de açúcar inferior a 10g e que seja consumido cerca de 10 a 15 gramas por dia. Há também no chocolate proteína, cálcio, ferro, entre outras substâncias que interferem em nossos neurotransmissores e hormonas. O cálcio, por exemplo, ajuda a controlar o nervosismo. O sódio, por sua vez, estudos indicam que tem impacto negativo, quando consumido em excesso, nas células endoteliais dentro dos vasos sanguíneos cerebrais. Não dá para ser perfeito também".