Artigo de Opinião

A Verdade tem de ser transmitida aos doentes

Atualizado: 
24/07/2017 - 11:22
O ideal profissional do médico terá de ser sempre verdadeiro, baseado no sigilo, na lei e no cumprimento das boas práticas cuja experiência e arte de bem fazer terá de respeitar sempre a intimidade e a personalidade da natureza humana.

Através das várias gerações Humanas muitos conceitos mudaram, porém a Verdade é apenas uma só e jamais mudará ao longo dos séculos, fazendo do Dever uma obrigação própria das pessoas livres, iguais e puras.

Jacques de Molay foi morto, como um santo, pela Verdade martirizado. Mas a palavra Verdade não desapareceu.

O Homem de bons costumes deve manter sempre como pilar da sua missão a força suficiente para obter a Vitória da Verdade no comando da sua vida.

Sem dúvida que a Verdade e a Justiça representam valores que a Humanidade tem de manter e defender para conseguir obter a permanente integridade que se exige numa sociedade de Direito.

Não há fracos, nem humildes, não há fortes nem vitoriosos que impeçam que o triunfo da Verdade impere sobre a mentira.

O poder que é transmitido ao Homem vincula-o a uma obrigação que por maiores que sejam os obstáculos, os sacrifício, as dificuldades, as barreiras politicas, religiosas, morais ou sociais não conseguiram abater a Moral e a Virtude que leva a enterrar os Vícios.

É através do caráter, da serenidade e do saber que o médico suportado pelo conhecimento da ciência, pela justiça e pela inflexibilidade cumprirá os seus deveres, agindo sempre com bondade e inteligência na transmissão da Verdade aos seus doentes.

O ideal profissional do médico terá de ser sempre verdadeiro, baseado no sigilo, na lei e no cumprimento das boas práticas cuja experiência e arte de bem fazer terá de respeitar sempre a intimidade e a personalidade da natureza humana.

É com base no sentimento profundo da Vida Humana, no verdadeiro lugar que o Homem ocupa no Universo, na suprema interiorização dos problemas mais sérios vivenciados pelos doentes que a nobre missão do médico se diferencia e o vincula a transmitir uma mensagem inesperada, cujo impacto negativo gerado no paciente não pode ser previamente avaliado, nem muito menos previsto, pelo que o profissional médico tem o dever de revelar o diagnóstico de uma doença grave de forma suave, com carinho, respeito e de forma entendível e perfeita.

Todas as justificações são possíveis e permitidas para minimizar o desgosto, a tristeza e o desejo de viver sem oprimir a esperança e sem gerar revolta, levando o paciente a aceitar e a resignar-se sem ficar desorientado abrindo-lhe uma porta que seja suficientemente clara e precisa, cujo princípio não é apenas o fim, mas a continuidade justificada de um limite para a nossa passagem efémera no mundo terrestre, cuja continuidade não acaba mas se transforma noutra vivência complementar em que a missão não termina, apenas muda.

O ato médico de transmissão da mensagem não pode ser impessoal, mas solidário cuja arte de bem compreender o doente e a doença o farão adaptar as exigências, às coisas e às circunstâncias de acordo com as necessidades do momento, fazendo a comunicação das suas decisões clínicas de forma a imprimir o cunho da proteção, da fraternidade, sem descurar a razão e a moral prestando um serviço precioso proclamado no respeito dos Direitos Humanos e nos Direitos do Doente que tem de ser esclarecido de forma precisa, livre e completa, cuja particularidade será baseada nos factos verdadeiros sem comprometer a devida recompensa em outro mundo para além deste.

Em suma, a Verdade é só uma, todavia a forma como a transmitimos deve ser feita com arte,  com rigor, com positividade e sem falhas de ciência ou humanidade.

Autor: 
Professora Dra. Antonieta Dias - Especialista em Medicina Geral e Familiar Hospital Lusíadas Porto
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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