Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos

“Valorizar a profissão” é o apelo na comemoração do Dia do Médico

A Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos promove, a 18 de Junho, o Dia do Médico, uma cerimónia onde são homenageados os médicos que completam 25 e 50 anos de atividade e onde é atribuído o Prémio Daniel Serrão ao aluno que concluiu o curso de Medicina em 2015 com a melhor classificação nas três escolas médicas da região Norte.

Esta iniciativa anual pretende assinalar a qualidade da Medicina portuguesa, tomando como exemplo o trabalho desenvolvido por duas gerações de médicos que contribuíram para fazer do SNS um serviço público de Saúde de referência a nível internacional.

Este ano, a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM) escolhe como tema do Dia do Médico o ‘ser médico hoje’ centrado no património da relação médico-doente e na valorização da profissão médica. E destaca a necessidade de um maior reconhecimento e respeito pelos profissionais como uma atitude que possa prevenir fenómenos como a emigração excessiva, a aposentação antecipada e a opção exclusiva pelo sector privado.

"É urgente oferecer condições de trabalho dignas que estimulem os médicos a optar pelo SNS", alerta o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, ressalvando que não está em causa apenas o fator remuneratório: "é essencial respeitar a relação médico-doente, melhorar a organização e o planeamento do sector público, revitalizar a carreira médica e aplicar na prática os mecanismos de progressão na carreira. No fundo valorizar e recompensar as pessoas de acordo com as suas competências e a sua diferenciação técnica".

No entender do presidente do CRNOM, este seria um passo importante para atenuar a saída de profissionais do sistema. "Em 2014 e 2015 emigraram 875 médicos. A grande maioria apresentou como justificação melhores condições de trabalho", aponta o dirigente, recordando, por outro lado, que se aposentaram 3172 médicos entre 2012 a 2015, a maioria de forma antecipada.

"A tudo isto, acresce um número cada vez maior de médicos que trabalham apenas no sector privado. Um número que, atualmente, já ultrapassa os 15 mil médicos", adverte. O que, frisa Miguel Guimarães, "contribui para que os portugueses continuem a sentir que faltam médicos nos hospitais, nos centros de saúde, no serviço público de saúde. Mesmo existindo no país um número claramente superior às necessidades".

"As causas estão identificadas. Falta trabalhar nas soluções que permitam o reforço do capital humano no SNS", refere o responsável do Conselho Regional do Norte. Começando desde logo pelos jovens médicos que agora estão a efetuar o Internato do Ano Comum e a efetuar a sua escolha para a formação especializada.

Também por isso a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos dedica parte do Dia do Médico aos mais novos, com a atribuição do Prémio Daniel Serrão, que honra, estimula e premeia a qualidade da formação pré-graduada e recorda a importância do caminho entre a academia e a enfermaria. "Tal como a Dr.ª Filipa Martins Silva, que foi a melhor aluna finalista da região Norte no ano letivo de 2014/2015, muitos jovens médicos preferiam fazer a sua formação especializada em Portugal e ficar a trabalhar no nosso país", sustenta Miguel Guimarães.

Lembrando que "os jovens hoje têm uma visão do mercado de trabalho mais global do que há algumas décadas", o presidente do Conselho Regional do Norte admite que só será possível "atrair estes médicos se formos competitivos face às propostas vindas do estrangeiro, se lhes oferecermos boas condições de trabalho, incentivos que os atraiam para as regiões mais carenciadas", sustenta. "Os jovens médicos que agora estão a escolher a área em que querem fazer a sua formação específica aspiram ficar em Portugal e só saem porque, de algum modo, não lhes são proporcionadas as condições desejadas", adverte Miguel Guimarães.

Entre as soluções preconizadas para equilibrar o capital humano no SNS e, em particular, nas zonas mais carenciadas, encontram-se medidas como "a promoção de incentivos fiscais, incentivos para alojamento e recolocação da família no mercado de trabalho local e nas escolas, oferta de maior qualidade em termos de equipamentos, dispositivos e materiais que permitam aos médicos a prestação de cuidados de saúde de acordo com o estado da arte, bem como o acesso a formação contínua qualificada".

"Só desta forma conseguiremos garantir que os jovens especialistas, que podem e devem ser o garante da sustentabilidade, inovação e qualidade do SNS, continuem a trabalhar em Portugal", adverte Miguel Guimarães. "Ao Ministério da Saúde cabe o papel de reforçar o capital humano do SNS e contribuir para que este continue a ser um serviço de saúde de excelência, universal e tendencialmente gratuito", frisa.

A edição deste ano do Dia do Médico irá ainda contar com uma conferência de Artur Santos Silva, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian. Uma palestra que promete ser enriquecedora e que irá abordar a temática dos aspetos culturais e éticos do ser médico.

A cerimónia está agendada para as 18h00 e irá decorrer no Salão Nobre do Centro de Cultura e Congressos da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos.

Fonte: 
SNORM - Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos
Nota: 
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