Vacina experimental contra múltiplas estirpes de malária
Indivíduos saudáveis foram protegidos da infeção por uma estirpe que não estava contida na vacina, segundo uma investigação de cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland e do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infeciosas, Estados Unidos, publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
Os responsáveis pela investigação salientaram a importância do ensaio clínico, porque em locais onde há malária é comum haver mais de um tipo da doença - a maioria dos casos de malária em todo o mundo é causada pelos parasitas 'plasmodium vivax' e 'plasmodium falciparum' -, pelo que uma vacina, para ser eficaz, deve ser o mais abrangente possível.
Kirsten Lyke, investigadora principal do estudo, salientou como promissora a versatilidade da vacina, acrescentando: “O nosso estudo mostra que a vacina pode proteger contra pelo menos duas estirpes da malária. Precisamos de continuar a nossa pesquisa mas esta é uma descoberta fantástica”.
A malária é transmitida aos humanos através da picada de mosquitos infetados do género 'Anopheles', que injetam o parasita (esporozoíto) na corrente sanguínea e que se instalam no fígado, onde se desenvolvem. Segundo a Organização Mundial de Saúde em 2015 foram infetadas com a doença 212 milhões de pessoas e morreram 429.000, principalmente crianças africanas.
A vacina usada nos testes contém esporozoítos enfraquecidos, que não causam a infeção mas que conseguem gerar uma resposta imunológica protetora que protege contra a infeção. Pesquisas anteriores demonstraram que é segura, bem tolerada, e que protege durante pelo menos um ano.
O estudo envolveu 31 adultos entre os 18 e os 45 anos, que receberam três doses da vacina em vários meses. Dezanove semanas após a última tomada parte dos participantes no estudo juntou-se a um grupo de voluntários não vacinados e todos foram expostos de forma controlada a mosquitos infetados com a estirpe mais comum em África, a 'plasmodium falciparum'.
Como resultado nove dos 14 participantes (64%) vacinados não demonstraram evidência de parasitas da malária, mas todos os seis não vacinados estavam infetados.
Desses nove, seis foram novamente expostos a um parasita da malária mas diferente do anterior e destes cinco também foram protegidos.
A equipa de investigação descobriu que a vacina ativava as células T, glóbulos brancos que defendem o organismo e são um componente chave das defesas contra a malária, que produziram respostas contras as duas estirpes.
Estudos no sentido de se chegar a uma vacina contra a malária são avançados ciclicamente. Este mês já foram divulgadas mais duas investigações com resultados considerados promissores para uma vacina eficaz a curto prazo.