Confederação dos Agricultores de Portugal

Uso de herbicidas alternativos ao glifosato é "recomendável"

A Confederação dos Agricultores de Portugal considera que a utilização de herbicidas alternativos aos que usam glifosato “é recomendável” porque a abrangência deste produto “não é total” e pode criar resistências.

“Eles [os herbicidas alternativos] existem e são aplicados, não apenas porque a abrangência do glifosato sobre todas as infestantes não é total, como também porque, tal como a maioria dos produtos fitofarmacêuticos, podem eventualmente induzir resistências. Se estas se manifestarem, o herbicida deixa de actuar como será suposto”, explicou a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).

Questionada sobre se tinha informado os seus associados sobre os avisos da Organização Mundial de Saúde (OMS), que considerou o glifosato como uma substância “possível ou provavelmente” cancerígena, a CAP respondeu que partilha a informação relativa a “normas e regulamentações de uso de produtos fitofarmacêuticos na União Europeia e em Portugal”, mas “não tem competência técnica sobre este tipo de produtos”.

Sublinhou ainda que este herbicida é utilizado em praticamente todas as culturas no sentido de eliminar infestantes.

O glifosato, herbicida cuja produção é a mais significativa em volume, é a substância activa do ‘Roundup’, um dos produtos com maiores vendas no mundo, pois, além da agricultura, onde a sua aplicação tem aumentado bastante, também é usado nas florestas e em jardins privados.

De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC), estrutura especializada da Organização Mundial de Saúde (OMS), o glifosato foi encontrado no ar, na água e nos alimentos, e a população está particularmente exposta, por viver perto de áreas intervencionadas com o herbicida, ainda que os níveis de exposição observados sejam "geralmente baixos".

Após o alerta, 11 organizações não-governamentais das áreas do ambiente e agricultura reunidas na Plataforma Transgénicos Fora pediram ao governo português para adoptar medidas para proteger os cidadãos.

Para a Plataforma, a situação em Portugal "é particularmente grave" pois, em 2012, foram aplicadas para fins agrícolas mais de 1.400 toneladas de glifosato, quantidade que é mais do dobro daquela registada 10 anos antes.

O glifosato comercializado em Portugal é também vendido livremente para uso doméstico em hipermercados, hortos e outras lojas e é usado "com abundância" por quase todas as autarquias para limpeza de arruamentos, sendo esta uma das formas mais relevantes de exposição das populações.

Um dos impactos identificados pela IARC foi entre exposição ao glifosato e o Linfoma não Hodgkin (LNH) - um tipo de cancro no sangue - e, entre 41 países europeus, Portugal apresenta uma taxa de mortalidade "claramente superior à média da União Europeia", sendo o sétimo país onde mais se morre daquela doença.

A nível nacional, o LNH é o 9º cancro mais frequente, com 1.700 novos casos por ano, segundo dados citados pela Plataforma.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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