Uma em cada nove pessoas passa fome no mundo
“O número de pessoas que sofrem de fome a nível mundial diminuiu mais de 100 milhões na última década e mais de 200 milhões desde 1990-92”, lê-se no relatório sobre insegurança alimentar no mundo publicado hoje em Roma pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Esta diminuição, segundo o documento, significa que pode ser alcançado o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) de reduzir para metade o número de pessoas desnutridas em 2015, desde que “se intensifiquem os esforços”.
A percentagem da população mundial a sofrer de subnutrição passou, nos últimos dez anos, de 18,7% para 11,3%.
Nos países em desenvolvimento, essa percentagem passou de 23,4% para 13,5%. Até à data, segundo o relatório, 63 países em desenvolvimento alcançaram aquele objectivo e seis deverão consegui-lo em 2015.
“Isto prova que podemos vencer a guerra contra a fome. Devemos inspirar os países a seguir em frente, com o apoio da comunidade internacional”, afirmam o director-geral da FAO, José Graziano da Silva, o presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Kanayo F. Nwanze, e a directora executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Ertharin Cousin.
Estes progressos assentam no entanto em profundas disparidades regionais. “O acesso aos alimentos melhorou significativamente em países que experimentaram um progresso económico, especialmente em zonas do leste e sudeste da Ásia”.
Em contrapartida, “persistem várias regiões e sub-regiões que estão muito atrasadas”, na Ásia e na África subsaariana, onde uma em cada quatro pessoas passa fome.
As organizações sublinham a necessidade de renovar o compromisso político para o combate à fome através de acções concretas e encorajam o cumprimento do acordo alcançado na Cimeira da União Africana de Junho passado, de acabar com a fome no continente até 2025.
Sublinhando que a insegurança alimentar e a subnutrição são problemas complexos que exigem soluções coordenadas, as organizações pedem aos governos que trabalhem em estreita colaboração com o sector privado e a sociedade civil.
“A erradicação da fome requer o estabelecimento de um ambiente favorável e um enfoque integrado”, que inclua investimentos privados e públicos para aumentar a produtividade agrícola, o acesso à terra, aos serviços, às tecnologias e aos mercados.
O relatório aponta ainda a necessidade de medidas para promover o desenvolvimento rural e a protecção social dos mais vulneráveis e de programas de nutrição específicos para mães e crianças menores de cinco anos.