Um em cada três doentes com tumores neuroendócrinos tem doença avançada
O Grupo de Estudos de Tumores Neuroendócrinos vai apresentar os resultados de um estudo nacional que envolveu quase 300 doentes de 15 hospitais, no Congresso de Endocrinologia 2015, que decorre no Funchal.
Segundo Ana Paula Santos, coordenadora do grupo, “um em cada três doentes já apresentava a doença disseminada para outros órgãos, sobretudo o fígado”.
Nos casos em que o tumor estava ainda localizado, a maioria dos doentes foi operada, ficando sem doença aparente.
No caso dos tumores avançados, a maioria fez tratamento médico, com poucos efeitos adversos, tendo a quimioterapia sido instituída numa pequena percentagem de doentes, principalmente nos casos mais graves.
A responsável explica ainda que quase todos os doentes se mantiveram activos, “o que demonstra o bom estado geral que estes doentes apresentam, mesmo em casos de doença avançada”.
“A grande maioria dos tumores primários estava localizada no pâncreas, seguida do intestino delgado e estômago. Os tumores bem diferenciados foram os mais frequentes”, acrescenta.
As conclusões do estudo salientam ainda a idade média “relativamente jovem” à altura do diagnóstico (57 anos) e a igual distribuição entre os géneros.
O Estudo Transversal de Caracterização das Neoplasias Neuroendócrinas em Portugal envolveu 293 doentes com tumores neuroendócrinos do tubo digestivo distribuídos por 15 hospitais do norte, centro e sul do país.
Trata-se de um estudo observacional, multicêntrico, que incluiu dados demográficos, assim como de diagnóstico e terapêutica, de doentes seguidos nas consultas dos centros envolvidos, durante um período de 18 meses.
O Grupo de Estudos de Tumores Neuroendócrinos pertence à Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) que está a organizar o Congresso Nacional de Endocrinologia.
Este evento visa promover o debate, entre especialistas nacionais e internacionais, sobre trabalhos desenvolvidos na área de endocrinologia.