Traumatismo e asfixia são as principais causas de lesão cerebral durante o parto
Paralisia cerebral define-se como uma disfunção motora não progressiva resultante de uma lesão cerebral ocorrida na vida fetal ou numa fase precoce do desenvolvimento.
Contudo, não sendo uma doença progressiva, com agravamento, manifesta-se de modo evolutivo: a constituição/«cicatrização» da lesão e o desenvolvimento do bebé nos primeiros anos de vida são dois processos de sinal oposto e o resultado final não é imediatamente aparente após a ocorrência da lesão e requer uma observação cuidada, experiente e prolongada no tempo.
Múltiplos eventos anteriores ao parto, como a exposição tóxicos, anomalias genéticas, acidentes vasculares cerebrais, infeção fetal podem produzir uma lesão cerebral. Na vida pós natal o parto é um momento chave: traumatismo e asfixia são as principais agressões. Infeção continua a ser uma causa importante de paralisia cerebral na vida pós natal.
Asfixia intraparto parece com os métodos actualmente disponíveis (sobretudo a Ressonância Magnética cerebral) ser causa de paralisia cerebral em apenas 10% dos casos.
As lesões cerebrais dependem na verdade mais do estado de desenvolvimento em que o feto ou a criança se encontram que do agente agressor que pode, como vimos, ser diverso. Por exemplo asfixia no período perinatal actuando num bébé que nasce no termo da gestação (40 semanas) produz um padrão de paralisia diferente do de um bébé prematuro. Mesmo no contexto de prematuridade existem variantes relacionadas por exemplo com a prematuridade extrema.
Paralisia cerebral ocorre um cerca de 2/1000 crianças.
A disfunção motora mais comum é a paralisia e uma «rigidez» muscular associada chamada hipertonia espástica.
Existe um padrão unilateral de paralisia cerebral chamada «hemiplégica» em que sómente os membros superior e inferior direitos ou esquerdos são afectados, a variante com envolvimento mais grave nos membros inferiores que nos membros superiores (chamada «diplégica»), a forma «extrapiramidal» que se manifesta por movimentos involuntários do tipo «torsão» nos membros e no tronco e a forma mais grave com os 4 membros afectados, «tetraplégica».
Além da doença motora 20 a 60% das crianças com paralisia cerebral manifestam dificuldades de aprendizagem e défice cognitivo, 30% epilepsia, 40% problemas visuais (frequentemente estrabismo). Salientamos contudo que um número significativo de crianças com paralisia cerebral irá ter (em alguns casos mesmo quando afectado por uma doença motora grave) uma aprendizagem escolar adequada.
A hipotermia (arrefecimento corporal) protege o cérebro (e os outros órgãos) da privação de oxigénio e do défice de compostos energéticos e demonstrou ter um efeito não só sobre a mortalidade como também sobre a gravidade das sequelas quando usada nas horas subsequentes ao parto. Está a ser actualmente usada como uma intervenção profilática de paralisia cerebral.
A intervenção sobre paralisia cerebral usa diferentes métodos e técnicas, salientando-se a Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Terapia da fala, tecnologias de comunicação aumentativa, toxina botulínica, intervenções cirúrgicas ortopédicas.