Tratamento de grávidas poderia evitar infecção de 107 mil bebés com VIH em África
O estudo, realizado pelo Guttmacher Institute e pelo Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), refere que apenas 27% dos 1,4 milhões de mulheres grávidas infectadas com o vírus da SIDA naquela região, que inclui Moçambique e Angola, recebem medicamentos que protegeriam a sua saúde e evitaria a transmissão aos recém-nascidos.
Como resultado, 115.000 crianças são infectadas com VIH anualmente durante a gravidez, número que poderia ser reduzido em 93%, para apenas oito mil, se fossem prestados cuidados de saúde adequados.
Segundo o documento, intitulado "Somar: Custos e Benefícios de Investir em Serviços de Saúde Reprodutiva" e apresentado hoje em Londres, custaria 3,1 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros) testar e tratar com medicamentos anti-retrovirais durante seis semanas todas as grávidas e recém-nascidos.
Ao todo, estima-se que 183 mil mulheres morram na África subsaariana de causas relacionadas com a gravidez, 1,2 milhões de bebés não sobrevive para além do primeiro mês, valores que podem ser reduzidos em 69 e 82%, estimam os autores.
Todavia, dar resposta a todas as necessidades de serviços de contracepção, medicamentos, acompanhamento médico e instalações médicas para grávidas implicaria gastar 17,2 mil milhões de dólares (14 mil milhões de euros), cinco vezes mais do que o valor gasto actualmente.
O estudo conclui que, globalmente, as necessidades das mulheres ao nível da saúde reprodutiva estão abaixo das necessidades, nomeadamente o uso de contraceptivos: 225 milhões de mulheres querem, mas não têm acesso a meios de planeamento das gravidezes.
"O relatório indica que existe esta necessidade substancial para mulheres que querem evitar gravidezes indesejadas. Há uma grande variedade de métodos eficientes, mas a nossa recomendação é que seja a mais variada possível", disse a presidente do Guttmacher Institute, Ann Starrs.
Susheela Singh, responsável pela investigação da mesma instituição, admitiu que estes números acompanharam o crescimento populacional, mas não só.
"Há cada vez mais mulheres querem ter famílias pequenas ou controlar a altura em que têm filhos, em particular em África", vincou.