Trás-os-Montes dispõe de cirurgia vascular e evita deslocações ao Porto
Joana Ferreira e Pedro Sousa vieram do litoral norte trabalhar no centro hospitalar, com sede em Vila Real, onde estão a desenvolver serviços que disponibilizam agora terapêuticas que eram, até então, apenas realizadas nos hospitais centrais do Porto.
Médica de cirurgia vascular, Joana Ferreira afirmou que o diagnóstico para a maioria dos doentes desta especialidade é feito agora no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), onde também já é possível realizar algumas intervenções.
Ali fazem-se os acessos vasculares e tratamentos endovasculares, enquanto, para cirurgias diferenciadas os pacientes têm que continuar a ir aos hospitais do Porto.
“No ano passado fizemos cerca de 200 intervenções”, salientou a clínica.
Os ganhos são significativos já que se evitam deslocações entre uma população que é muito idosa, poupam-se despesas, e como o diagnóstico é feito no centro hospitalar, o tratamento dos pacientes no litoral é mais rápido.
Como é a única médica desta especialidade em Trás-os-Montes, Joana Ferreira articula-se diretamente com os centros de saúde da região, bem como a Unidade de Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE), no distrito de Bragança.
“Algumas patologias não podem esperar, têm de ser vistas o mais rapidamente possível. E a forma mais fácil é ligarem-me e combinarmos uma hora. O objetivo é dar resposta às patologias mais urgentes”, salientou.
Nesta região a doença mais prevalente e grave é a arterial periférica, que pode levar a amputações se os pacientes ficarem com falta de sangue nos membros inferiores.
“E são esses doentes que são prioritários na cirurgia vascular”, frisou.
Os fatores de risco desta doença são a diabetes, o tabagismo e a idade, aquele que é preponderante neste território envelhecido.
Joana Ferreira ambiciona, no entanto, que todos os doentes possam ser tratados na região e, para isso, diz que são necessários mais médicos da especialidade, anestesistas e ainda mais equipamento, nomeadamente um angiógrafo, um aparelho que melhora a qualidade da imagem e ajuda numa maior rapidez nos procedimentos.
A reivindicação deste equipamento é também feita por Pedro Sousa, que veio para Vila Real desenvolver a área da radiologia de intervenção.
Segundo o especialista, cerca de 90 a 95% dos procedimentos já são feitos no centro hospitalar, desde as biopsias de tiroide e fígado ao TIPSS (transjugular intra-hepatic portosystemic shunt), usado para tratar casos de hipertensão portal.
Outras situações, como as embolizações, requerem o uso do angiógrafo, pelo que, para a realização deste procedimento, os pacientes têm que viajar até aos hospitais centrais do Porto.
“É um equipamento que é necessário para o centro hospitalar crescer”, frisou.
O angiógrafo representa cerca um milhão de euros de investimento.
A CHTMAD agrega os hospitais de Vila Real, Chaves e Lamego, unidades por onde esta equipa se desloca semanalmente e onde Joana Ferreira e Pedro Sousa dizem que querem continuar a desenvolver estas especialidades.
No início desta semana, o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, Vila denunciou uma “sangria de médicos” deste centro hospitalar, que diz que perdeu 10 clínicos em cerca de três meses.
Segundo o autarca socialista, do CHTMAD saíram seis anestesistas e também um neurologista, urologista, um dermatologista e um otorrinolaringologista.