Tomar a pílula pode reduzir risco de cancro mesmo 30 anos depois
Os investigadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, estimam que nas últimas cinco décadas, a pílula “salvou” do cancro umas 400.000 mulheres, que na sua juventude tomaram o medicamento, escreve o Diário Digital.
“O forte efeito de proteção dos contracetivos orais contra o cancro endometrial – que persiste durante décadas após a paragem da ingestão – significa que as mulheres que tomam nos seus vintes ou até mais novas, continuam a beneficiar [do efeito protetor] até aos seus cinquentas ou mais velhas, quando o cancro se torna mais comum”, sublinhou em comunicado à imprensa Valerie Beral, que lidera a autoria do estudo.
Uma quantidade impressionante de informação foi analisada neste âmbito, com cerca de 36 estudos dos quatro cantos do mundo, contendo dados de 27.276 mulheres com cancro do útero.
Nas conclusões, a equipa de Beral destaca que este “efeito protetor” acumula-se: por cada cinco anos de toma da pílula, a mulher vê reduzida em 25% a probabilidade de vir a contrair cancro do útero.
Na investigação, publicada no The Lancet, estima-se que 400.000 casos deste tipo de cancro foram prevenidos nos últimos 50 anos, com metade (200.000) evitados só na última década.
Os investigadores indicam que nos países de maiores rendimentos, tomar a pilula durante dez anos reduz - de dois terços (66,6%) para apenas um terço (33,3%) - o risco de contrair este tipo de cancro para as mulheres com idade inferior a 75 anos.
No geral, o estudo surpreende tendo em conta que, durante muito tempo, a pílula foi um assunto controverso.
“As pessoas temiam que a pílula causava cancro”, recordou Valerie Beral. “Mas no final de contas, a longo prazo, tomar a pílula reduz o risco de ter cancro”.
Uma consideração dos peritos do National Cancer Institute dos EUA acerca deste estudo destaca que a descoberta, com base em estatísticas, deverá ser levada em conta na descrição geral do que sabemos sobre os riscos e os benefícios de tomar a pílula:
“Ainda que os mecanismos biológicos permaneçam por decifrar, e ainda que faltem as provas necessárias para que justifique receitar [a toma da pílula como prevenção do cancro], as mulheres devem estar cientes dos benefícios não intencionais e dos riscos dos contracetivos orais, para que possam tomar decisões bem informadas”, lê-se no comentário de Nicolas Wentzensen e Amy Berrington de Gonzalez.