Tétano
O tétano é uma doença aguda causada por uma toxina produzida pelo Clostridium tetani, uma bactéria produtora de esporos que podem persistir no solo durante meses ou anos. A doença é adquirida quando a bactéria Clostridium tetani entra no organismo através de lesões da pele - como cortes, arranhão, mordidas ou picadas de animais, etc. -, drogas injectáveis ou mesmo após realização de procedimentos cirúrgicos sem condições de higiene adequadas.
Uma vez dentro da pele, as bactérias multiplicam-se e produzem uma toxina, ou veneno, que afecta os nervos do organismo. A toxina do tétano produz espasmos musculares graves, cãibras e convulsões. O espasmo dos músculos da mandíbula causa o trismo (situação em que a pessoa não consegue abrir a boca). Os espasmos também afectam os músculos da garganta, do tórax, do abdómen e dos membros. Finalmente, os efeitos da toxina a nível dos músculos respiratórios vão interferir com a respiração e o doente pode morrer por sufocação.
Não se trata de uma doença contagiosa e é cada vez menos frequente nos países desenvolvidos. Em Portugal estima-se que, anualmente, ocorram cerca de 10 casos de tétano, um número baixo graças ao facto de grande parte da população estar vacinada. Nesse sentido, a maioria dos casos de tétano verifica-se em indivíduos que não estavam imunizados e numa população mais idosa, faixa onde existe menor cobertura vacinal.
Sintomas
Os sintomas costumam aparecer entre cinco e 10 dias após a contaminação, mas por vezes surgem mesmo já aos dois dias ou então tão tarde como aos 50. O sintoma mais frequente é a rigidez dos maxilares.
Outros sintomas incluem inquietação, dificuldade em engolir, irritabilidade, dor de cabeça, febre, dor de garganta, arrepios, espasmos musculares e rigidez da nuca, braços e pernas.
À medida que a doença avança, o doente pode ter dificuldade em abrir a boca (trismo). Os espasmos dos músculos da face levam a uma expressão facial com um sorriso fixo e as sobrancelhas levantadas. A rigidez ou os espasmos nos músculos abdominais, do pescoço e das costas podem ocasionar uma postura característica, na qual a cabeça e os calcanhares se desloquem para trás e o corpo esteja curvado para a frente. O espasmo dos esfíncteres musculares pode causar obstipação e retenção de urina.
Certos incómodos menores, como o ruído, uma corrente de ar ou o facto de a cama se mexer, podem desencadear espasmos musculares dolorosos e sudação profusa. Durante os espasmos em todo o corpo, o doente não consegue gritar, nem sequer falar, devido à rigidez dos músculos do tórax e ao espasmo da garganta. Esta situação impede também de respirar com normalidade e, como consequência, o indivíduo não recebe oxigénio suficiente e pode morrer por asfixia.
Em regra não costuma haver febre. A respiração e os batimentos cardíacos aceleram-se e os reflexos podem estar exagerados. O tétano pode ainda limitar-se a um grupo de músculos em torno da ferida e os espasmos próximos dela podem durar semanas.
Diagnóstico
Não existe nenhum teste laboratorial para o diagnóstico do tétano. O diagnóstico baseia-se nos sintomas, na história recente de ferida ou outra lesão da pele e no historial de vacinação.
O médico suspeita da presença de tétano quando uma pessoa que se feriu apresenta rigidez muscular ou um espasmo. Apesar de as bactérias Clostridium tetani se poderem, por vezes, cultivar a partir de uma amostra tirada da ferida, os resultados negativos não excluem o diagnóstico.
Prognóstico
A maior parte dos doentes com tétano sobrevive e recupera as suas funções prévias. As pessoas idosas e que apresentam uma progressão rápida desde o momento da infecção até ao aparecimento de sintomas graves têm um risco mais elevado de mortalidade. Por isso, o tétano tem um índice de mortalidade global de 50 por cento.
Prevenção
A vacinação anti-tetânica é a medida preventiva mais eficiente contra todos os casos de tétano, e a vacinação de todos os adultos é um dos principais objectivos do Programa Nacional de Vacinação (PNV). Segundo este, os indivíduos devem ser vacinados aos 2, 4, 6 e 18 meses de idade, aos 5-6 anos e 10-13 anos e, posteriormente, de 10 em 10 anos durante toda a vida.
Para além disso, a população deve ser sensibilizada e educada a limpar e desinfectar o mais rapidamente possível qualquer ferida, mordidas de animais ou queimaduras para evitar a proliferação das bactérias e minimizar o risco de tétano.
Tratamento
Uma pessoa com um quadro completo de tétano deve ser tratada num hospital, onde lhe será administrada imunoglobulina antitetânica para neutralizar a toxina do tétano.
Os espasmos musculares são tratados com relaxantes musculares, podendo ser igualmente administrados sedativos. Se necessário, o doente deverá ser ligado a um ventilador para o ajudar a respirar.
Se o doente apresentar uma infecção evidente de uma ferida, esta deverá, por vezes, ser tratada com antibióticos. Quando a situação clínica começa a melhorar, a pessoa irá receber uma série de vacinações para restabelecer a imunidade contra o tétano, uma vez que ter um tétano não garante imunidade contra esta doença.