Estudo

Ter prazer aumenta imunidade, o que pode explicar placebos

Estimular artificialmente o centro de prazer do cérebro - seja com sexo ou comida - aumenta a imunidade em ratos, o que pode ajudar a explicar o poder dos "medicamentos" placebos, de acordo com um estudo publicado na semana passada.

"As nossas descobertas indicam que a ativação de áreas do cérebro associadas a expectativas positivas pode afetar a forma como o corpo lida com as doenças", avança a autora Asya Rolls, professora assistente na faculdade de Medicina do Instituto Technion-Israel de Tecnologia.

As conclusões, publicadas na revista britânica Nature Medicine, "podem levar ao desenvolvimento de novas drogas que utilizem o potencial de cura do cérebro", disse Rolls.

Os cientistas já sabiam que o sistema de recompensa do cérebro humano, que controla o prazer, pode ser ativado com um placebo se a pessoa que o tomar acreditar que se trata de um medicamento verdadeiro, escreve o Sapo.

"Mas não estava claro se isto poderia interferir no bem-estar físico", disse Rolls à AFP.

Rolls e colegas incubaram células do sistema imunitário de ratos expostos à bactéria mortal E. coli depois de estimularem os seus centros de recompensa. Estas células do sistema imune foram pelo menos duas vezes mais eficazes para matar as bactérias do que as células normais, de acordo com os cientistas.

Num segundo teste, os cientistas vacinaram diferentes camundongos com essas mesmas células do sistema imunitário. Trinta dias depois, o grupo de ratos tinha duas vezes mais capacidade no combate da infeção.

A parte do cérebro estimulada foi a chamada área tegmental ventral, onde está o sistema de recompensa.

Esta área é ativada, por exemplo, quando um rato, ou um ser humano, sabe que uma refeição saborosa ou um encontro sexual estão próximos.

A partir daí, a mensagem é encaminhada através do sistema nervoso simpático, que é responsável por dar respostas em situações de crise, até desencadear uma resposta imune de combate às bactérias, revela o estudo.

"A alimentação e o sexo expõem um indivíduo a bactérias", disse Rolls. "Isso daria uma vantagem evolutiva se, quando o sistema de recompensa é ativado, a imunidade também aumentasse", completou.

O próximo passo será realizar experiências em ratos para encontrar moléculas - potenciais drogas - que possam reproduzir esta relação de causa e efeito.

Fonte: 
Sapo
Nota: 
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